Na Sessão Ordinária da Câmara Municipal de Indaiatuba na noite de hoje (segunda-feira, dia 25 de abril de 2022), por unanimidade, os vereadores aprovaram o Projeto de Lei 62/2022 apresentado pelo vereador Arthur Machado Spíndola que renomeia a biblioteca municipal, que passará a se chamar "Biblioteca Municipal Antonio Modanesi".
Assim que o prefeito municipal Nilson Alcides Gaspar sancionar o PL, nossa cidade estará corrigindo uma grande injustiça feita com o homenageado pois reconhecerá - mesmo que só agora - o verdadeiro patrono de nossa biblioteca, que até então recebia o nome de Biblioteca Rui Barbosa.
A "Biblioteca Municipal Antonio Modanesi" fica na "Casa da Memória Prof. José Luiz Sigrist", junto com o Arquivo Público Municipal "Nilson Cardoso de Carvalho".
Quem foi Antonio Modanesi
Em 1964, através da lei 825 de 25 de março, o acervo que ele organizou foi doado para a Prefeitura Municipal e passou a funcionar na Rua 15 de Novembro, esquina com a Rua Cerqueira César, no próprio Paço Municipal, sendo organizada pelo então estudante de Direito Fernando Stein. Em 1976 ganhou um prédio próprio (vide foto abaixo), e até mudar para o atual endereço, na Casa da Memória "José Luiz Sigrist" no dia 27 de junho de 2019, passou por vários locais, inclusive no Casarão Pau Preto.
Para colocar o Projeto de Lei em votação e discussão na Casa de Leis de Indaiatuba, o vereador Arthur Spíndola justificou que
"Antonio Modanesi, nascido em 10 de Maio de 1903, é um entre muitos que, não nascendo na cidade de Indaiatuba, adotou-a, mesmo assim, como cidade do coração. Autodidata, conhecido também por sua honestidade, Antonio trabalhou durante grande parte do começo do séc. XX como funcionário da Light, antiga companhia de energia da cidade. Àquela época, os pagamentos de conta de energia eram feitos diretamente em suas mãos. Periodicamente, Modanesi se dirigia até a sede da empresa, em São Paulo, para efetuar as baixas dos boletos. Nessas viagens, ao longo do tempo, o homenageado trazia livros da mais diversa gama de assuntos: Artes, Filosofia, Engenharia, Direito, Botânica, etc. Perto dos seus 50 anos de idade, tendo aplicado na cidade uma série de ofícios elétricos que aprendera em seus anos de trabalho na Light, Antonio emprestava livros de sua residência para quem viesse à sua porta. A procura foi ficando cada vez maior, junto com seu acervo que também continha doações. Até que, realizando um sonho, empreendeu-se na compra de um imóvel na rua XV de Novembro, nascendo assim a primeira Biblioteca Municipal de Indaiatuba. Por ocasião do recebimento de "Cidadão Indaiatubano" Antônio de Pádua Constant Pires, amigo do então falecido Antonio Modanesi, comentou que teria sido Modanesi — depois de anos aprendendo os ofícios de eletricista - quem levara energia elétrica para o seu sítio.
Sócrates, filósofo grego da antiguidade, era filho de Fenerate, uma doula. Platão, seu discípulo, nos conta que Sócrates dizia que seu ofício era o mesmo que o da sua mãe. Porém, ao invés de parir crianças, ele paria ideias. Antonio Modanesi, assim como Sócrates, também foi um parteiro, mas um parteiro de Luz: a elétrica — trazendo fios de energia para alguns pontos da cidade -; e uma que Luz não se apaga: o conhecimento democratizado, materializado na forma de livros. Por isso, proponho o Projeto de Lei que nomeia a Biblioteca Pública Municipal como "Biblioteca Pública Antonio Modanesi".
O presidente da Câmara Municipal, Jorge Luis Lepinsk "Pepo" manifestou-se favorável à homenagem, citando o histórico do homenageado, destacando que ele "doou todo o acervo que ele construiu em uma vida toda para os leitores da nossa cidade" e ainda parabenizou o autor do PL.
Antonio Modanesi nasceu em Atibaia e morou em Indaiatuba durante 41 anos, quando trabalhou na Light como eletricitário. Foi casado com Eva Moraes Modanesi com quem teve nove filhos. Chegou a candidatar-se à vereança, mas não foi eleito. O reconhecimento ao seu trabalho honesto e dedicado foi dado pela empresa Light Serviços de Eletricidade S/A, que o premiou por várias vezes pela competência e dedicação.
Antonio Modanesi faleceu em Piracicaba, no dia 11 de dezembro de 1964 e agora, passados mais de 57 anos de sua morte, a Câmara Municipal reconhece seu valor para nossa terra e nossa sua gente.
MUITO JUSTO!
Se um homem é gentil com desconhecidos, isto mostra que ele é um cidadão do mundo, e que seu coração não é uma ilha que foi arrancada de outras terras, mas um continente que se une a eles. (Francis Bacon)
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