A história da Igreja da Candelária é a história de muitas Marias
Não havia outra solução para Portugal! Era necessário estruturar a Capitania de São Paulo para dar suporte logístico e militar contra as invasões espanholas que ocorriam no sul do Brasil em meados do século XVIII. Para tanto, o Morgado de Mateus, governador da Capitania, trouxe, de Portugal para a região, qualquer um que tivesse renda para construir um engenho e produzir açúcar. A regra era simples: ocupar para não entregar - ou perder. A região entre Sorocaba, Piracicaba, Mogi Guaçu e Jundiaí formaram um quadrilátero que se destacava pela crescente economia açucareira.
A Vila de Itu localizava-se nesse quadirlátero e, dentre seus diversos bairros, havia um que abrangia a bacia hidrográfica do Rio Jundiaí, e era chamado pelo mesmo nome. Nesta época a hidrografia era a referência geográfica que nomeava a maioria das localidades.
Em 1791, após cinco anos enveredando o caminho dos Goyases, o ituano Pedro Gonçalves Meira volta com fortuna considerável e adquire terras as margens do “Ribeirão Indayatuba”, no Bairro de Jundiaí da Vila de Itú (atual Itaici). A escritura de compra destas terras é o documento onde, pela primeira vez, encontramos menção ao “Ribeirão Indayatuba” (atual córrego Barnabé).
Em 1793, parte destas terras foram doadas para que um padre constituísse patrimônio eclesiástico, na escritura de doação, estas terras eram descritas como pertencentes a Paragem de Indayatuba, fazendo parte do Bairro de Jundiaí da Vila de Itu.
Em 1796, Pedro Gonçalves Meira, anteriormente recenseado no Bairro de Jundiaí de Itú passa a ser recenseado no Bairro de Indaiatuba, da Vila de Itú.
Com base em documentos de propriedade e recenseamentos da Vila de Itu, podemos dizer que ainda no final dos anos 1700 Indaiatuba passa a ser uma localidade, inicialmente uma paragem e depois bairo rural de Itu.
Em 1813, cerca de 22 anos após a compra de suas terras, Pedro Gonçalves Meira foi o curador de uma capela, onde segundo relatos já estava em construção uma igreja muito maior, cuja nave cercava a capela. Esta capela fora curada anteriormente por Joaquim Gonçalves Bicudo, irmão de Pedro Gonçalves Meira, em homenagem a N. Sra da Conceição, a mesma padroeira da Vila de São Carlos (atual Campinas); no mesmo ano Meira falece e é enterrado dentro desta capela.
Em 1819, há despachos de casamento realizados na Capela de Indaiatuba, que fora curada novamente como Capela do Santíssimo Coração de Maria do Santíssimo.
Acerca deste ano de 1819, o Padre Dias Paes Leme escreveu no livro de registros sobre a história das capelas de Indaiatuba:
“Foi primeiramente capella sem ser Curada, e depois passou a ser Curada, e depois deixou de ser curada, os tempos em que estas alternativas tiverão lugar, não achei documento, nem pessoa que me pudesse informar, com tudo haverá mais ou menos 23 annos”.
Em 1830, foi finalizada a construção da Igreja cuja nave cercava a capela inicialmente chamada de Capela de N. Sra da Conceição, e que mudou de nome para Capela do Sagrado Coração de Maria. Com a finalização da grande igreja de Indaiatuba, acabou por ser demolida a Capela que ficava localizada no seu interior. Esta igreja, que já estaria em construção há mais tempo que os autos de doação destas capelas, fora chamada, a partir de 1830, de Igreja de N. Sra da Candelária.
Apesar de ser curada (doada ou registrada a igreja) em 1830, há ao menos 39 anos de história que precedem a finalização da igreja da Candelária, remontando a história da paragem de Indaiatuba a uma ocupação setecentista, e que são marcadas pela construção da capela original destas terras nas margens do Ribeirão Indaiatuba, onde, em curto espaço de tempo, deu-se a construção da obra da igreja grande em taipa de pilão que circundava a capela, mais singela feita em pau a pique.
Nestes 233 anos (1791/2024) que remontam a história de nosso povoado desde os tempos onde se construiu a primeira capela, podemos dizer que nossa tradição sempre foi homenagear Maria, a Mãe de Jesus, e o fizemos em toda a sua santa trajetoria, desde a concepção da Virgem, representada por N. Sra da Conceição, passando pela purificação do nascimento, representada por N. Sra. da Candelária até a dor da crucificação e o luto, representada pelo Sagrado Coração de Maria.
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