segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

Rua Antônio Zoppi

 



Antônio Zoppi nasceu no dia 23 de outubro de 1904, filho do imigrante italiano Cesari Zoppi e da senhora Teodora Cerqueira Leite e faleceu no dia 6 de abril de 1961 em sua residência, após ser confortado pelos santos sacramentos da Igreja Católica, onde sempre frequentou. Teve os filhos Gentil Zoppi, casado com Alayde Zoppi, Maria Mercedes Zoppi Bonito, casada com Rubens Bonito e Waldyr Zoppi, casado com Anita Zoppi.


No centro da imagem, Césare Zoppi e esposa. Os demais são os dez filhos: os homens Themístocles, Antônio, Rêmulo, Vitório e Homero e as mulheres: Duilia, Itália, Leonor Fausta e Ercília.
Antônio Zoppi é o de terno branco.


Foi construtor como o pai e, entre suas muitas obras em Indaiatuba, destacam-se o Cine Rex e o Cotonifício Indaiatuba.

Em 1996, o memorialista Nilson Cardoso de Carvalho escreveu que ... "presenciou o desmonte de uma de suas obras, que foi o prédio do Cotonifício Indaiatuba; quanta dificuldade e sacrifício para derrubar as formidáveis paredes internas, as colunas e vigas de concreto, o mesmo acontecendo no Cine Rex, também uma obra sua, pois era um dos principais projetistas-construtores de Indaiatuba, e não só construiu indústrias como também uma infinidade de residências."

Construção do Cine Rex, obra feita por Antônio Zoppi

Como vários membros da família Zoppi, Antoninho, como era chamado, tinha "uma vocação musical que cultivou desde menino". Quem afirma isso é Arquimedes Prandini, que conta ainda que "ele aprendeu música com o saudoso maestro Esterlino Minioli com a idade de treze anos e, após um ano, já tocava sax na Corporação Musical Internacional. Essa banda tocava num cinema de zinco chamado Cine Teatro Íris, que ficava onde mais tarde seria o Hotel Savioli, na Praça Prudente de Morais.

Hotel Savioli, ficava do lado esquerdo de onde atualmente é o Bradesco (Cine Rex) na Praça Prudente de Morais.

Cine Rex, construído por Antônio Zoppi e, do lado esquerdo, o Hotel Savioli


Os filmes que passavam no Cine Teatro Íris eram mudos, então uma banda musicalizava a obra ao vivo. Conta Prandini que "o músico tinha que tocar de ouvido porque o cinema era escuro e naturalmente não havia luz para ler a música e o Antoninho, nesse ponto era grande, pois era capaz de tocar dois dias seguidos sem repetir uma só música só de ouvido.

Em 1930 deixou de existir o cinema mudo e o Antoninho foi tocar na Corporação Musical 7 de Setembro cujo mestre era o grande músico Paschoalino Boffa. Nesse tempo começou a tocar trombone de harmonia, depois gênis e por fim tocava todos os instrumentos, exceto baixo e clarinete.

Lembro-me de que na família havia cinco irmãos e quatro eram músicos de banda: um é o senhor Themístocles, violinista e cantor; Rêmulo tocava o primeiro trombone, Vitório o primeiro pistão, Homero o primeiro clarinete e o Antoninho o primeiro bombardino. Os quatro faziam parte do canto.

Em um concerto que a nossa banda realizou na cidade de Itapira, o Antoninho fez um perfeito solo de gênis na música clássica 'Eva', arrancando calorosos aplausos de uma enorme assistência. Outra ocasião, na cidade de Salto, terra de grandes músicos, ele chamou a atenção de uma multidão que assistia um concerto com a nossa Banda ao executar, no bombardino, um solo quando da execução da ópera 'Aída": foi grandemente aplaudido.

O Antoninho gostava de tocar na procissão do enterro da Sexta-feira Santa e muitos ainda lembram se que seu irmão Rêmulo fazia com seu trombone, o canto; e o Antoninho o contracanto naquelas marchas fúnebres que que emocionavam qualquer cristão - por mais duro de coração que fosse.

Foi merecidamente presidente da Corporação Musical Sete de Setembro. Mas em 1942 por necessidade de extrair os dentes, nunca mais soprou um instrumento e assim também nunca mais tivemos o prazer de ouvir e sentir na alma aqueles acordes maviosos que saíam da alma daquele grande indaiatubano. Mas não parou nisso. Dedicando-se ao jornalismo amador saiu-se esplendidamente. [...] Era um grande humorista, inventava as piadas às vezes de improviso e quando saía com as suas era um estrondo, arrancando risadas do mais sisudo ouvinte."


quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

Os primeiros automóveis

Pelo ano de 1913 apareceu, em Indaiatuba um moço dentista cujo nome era Odilon. Morava em um velho prédio onde atualmente (1961) se acha o Hotel Candelária. Este dentista tinha um automóvel e esta foi a primeira vez que nós vimos esse tipo de veículo.

Aquele belo carro era de fabricação europeia e pintado em vistosa cor vermelho vivo. O sistema de direção era na direita, e o câmbio ficava por fora. Coisa difícil era fazer funcionar o motor. Tinha se que arranjar uma turma de crianças para empurrar o carro na Rua da Palha. Quando dava a primeira explosão, todos subiam no automóvel, mas logo parava novamente. Isto se repetia por muitas vezes. Um dia, após ser muito empurrado e ter ameaçado funcionar por muitas vezes, começou a fazer um calor abrasador. Odilon, que estava na direção, saltou do carro e abriu a tampa do cofre do motor. Nós vimos, então, que o cabeçote estava vermelho como brasa, pois o dono esquecera-se de pôr água. Naquele momento houve grande confusão quando o dono saiu gritando que iria explodir. Foi um salve-se que puder.

Em 1915, Zuzuca, filho de Nhá Felícia Doceira, ganhou dez contos de réis na “União Mútua”, e assim pôde comprar, também, um automóvel do mesmo tipo, se bem que a marca era Motobroque. A cor, porém, era aquela mesma de vermelho sangue. Com este carro, fazia algumas viagens e, certa vez, quando tinha que passar pela ponte de Itaici, Zuzuca mandou todos os ocupantes do veículo descerem, temendo que a ponte não resistisse ao peso do carro.

Logo a seguir, em 1916, apareceu um moço com um Ford de bigode. Este era o homem mais falado de Indaiatuba, porque era motorista. Para grande orgulho dos rapazes, estes podiam alugar, em quatro pessoas, o Ford, por dez mil réis a hora, e assim subiam a rua Candelária e desciam a rua 15 de novembro. Isto era uma grandeza para os rapazes, que depois ficavam a narrar o grande fato.

Por essa ocasião, para se fazer um estilingue, existia uma borracha preta quadradinha chamada “tripa de mico”, mas era vendida aos pares, por um preço muito alto e nem todos os moleques podiam comprá-la.  Foi aí que Eduardo Miguel Ferreira, que gostava muito de crianças, passou a aproveitar velhas câmaras de ar para cortar e vender muito barato à criançada. Para alguns meninos pobres, ele dava de graça. Por essa razão, a casa do Eduardo estava sempre cheia de garotos que queriam ter o seu par de tiras de borracha. E tudo isso porque o maior prazer dos moleques era caçar passarinho e até quebrar vidros de casas.

Mais tarde, apareceu por aqui e hospedou-se no Hotel Bela Vista de propriedade de Hemetério Rodrigues, um moço que tinha também um Ford de bigode. Este tipo de automóvel era provido de duas marchas. Quando a primeira não conseguia puxar, o jeito era descer e ajudar empurrando o carro.

No ano de 1920, Tico de Nhô Teco, um moço filho de um fazendeiro proprietário da fazenda Monte Branco (que mais tarde chamaria Fazenda Santa Alice, de propriedade de Rafael Cintra Leite) cujo nome era Felipe de Almeida, comprou outro Fordinho e o colocou na praça, mas logo vendeu-o para Francisco Boselli. Boselli era proprietário do Hotel Bella Jardineira e tinha dois cavalos pretos de rabos cortados, os quais puxavam um trole que servia para levar e trazer viajantes de Itaici. Vendeu os animais e comprou um Ford novo, por seis contos de réis.

Em 1921, Germano Stahl, que viera do sítio, vendeu o carro de boi comprou um Ford de um moço de Itu, e assim aprendeu a dirigir o carro. Foi aí que muita gente começou a vender carros de boi, carroças etc., para comprar caminhões e automóveis. Domingos Gaspar tinha um Chevrolet conhecido por melindrosa e com o correr do tempo foram aparecendo os últimos tipos como a Ramona, Cabeça de Cavalo, Pé de Bode... carros americanos que aqui surgiram eram denominados com esses nomes populares.

 O primeiro mecânico de automóvel que apareceu aqui foi Dito Giorgi; algum tempo depois, muitos outros aprenderam com ele a andar sujos de graxa.

Enfim, eis o que se pode chamar de uma grande dor de cabeça: um homem comprar um caminhão ou carro de passeio velho.

Para quem não tem o que fazer é até uma distração...

 

Primeira bomba de gasolina de Indaiatuba - década de 1930

Augusto de Oliveira Camargo (de chapéu) e a esposa Leonor de Barros Camargo em veículo perto do HAOC na década de 1930




Década de 1940





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Texto de Antônio Zoppi, originalmente publicado no jornal "Tribuna de Indaiá" da edição do dia 19 de fevereiro de 1961.


segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Calçadas de Indaiatuba: elemento arquitetônico, político e de conflitos

 Eliana Belo Silva

 

[...] mesmo numa cidade perdida nos confins da história ou da geografia há pelo menos uma calçada ou praça que é de todos e não é de ninguém. (Raquel Rolnik, 2004, p.20)


SOBRE A FUNCIONALIDADE DAS CALÇADAS

   Neuza Zattar, em seu texto “Calçadas: espaços públicos ou privados?” propõe um estudo sobre a natureza das calçadas, demonstrando, em um discurso jurídico, após o estudo das leis na cidade de Cáceres, no Mato Grosso, que as calçadas são apropriadas pelos cidadãos que, amparados pelas leis, fazem seu uso privado, em fenômeno que ela define como invasionismo. A definição advém de inúmeros casos nos quais vê-se que as calçadas deixaram de ser um passeio público e passaram a servir aos interesses privados a tal ponto de interditar o acesso aos pedestres.

    O invasionismo citado pela autora foi, durante muitos anos, denunciado pelo Padre Xico no jornal indaiatubano Tribuna de Indaiá, quando ele era articulista semanal e insistentemente reivindicava providências sobre a ocupação dos passeios públicos por mesas e cadeiras de bares e restaurantes. A autora citada define o conceito como a presença de equipamentos "permitidos ou legais (postes de iluminação e de trânsito; telefone público [orelhão], hidrômetros), entre outros; e equipamentos não permitidos ou ilegais (os mobiliários comerciais, jardins, entulhos, plantação, publicidade, comércio ambulante), e outras funções imputadas às calçadas, que estabelecem limites ou interdição à passagem do pedestre". 

    Há, pois, uma tensão entre os que disputam os espaços para passeio e fins particulares e/ou comerciais e considerando a multiplicidade dessas funções, a autora ainda afirma que "a referência do invasionismo não é fixa, não é estável, e muda conforme a relação que o pedestre estabelece com a interdição material e simbólica que se interpõe em seu caminho".

        Considerando esta "instabilidade", o Arquiteto e Urbanista Charles Fernandes, reconhecido por ser um estudioso do espaço indaiatubano e sua ocupação, pontua que "os passeios públicos, são o limite em degradê do público e do privado na cidade. Fazem parte, e são propriedade do sistema viário público, mas sua manutenção e construção são responsabilidade do proprietário do lote. Acomoda mobiliário urbano público, mas também é usado como acesso dos lotes, recebe lixeiras, rampas para garagens, pode ser utilizada em estabelecimentos como área de atendimento."

Zattar também ainda cita Aldaísa Sposati, que defende que 

"a calçada é o espaço que interliga vizinhos, amigos e conflitantes, em usos e ocupações. Daí dizer que a calçada não é compreendida somente como espaço físico, geográfico ou ambiental, mas como espaço simbólico que significa pela sua história, pela conviviabilidade e conflitos entre vizinhos, passantes e ocupantes e pela demarcação de um território que é público pela localização na espacialidade da cidade, e privado pela re-funcionalidade que lhe é atribuída."


SOBRE UM POUCO DE HISTÓRIA

    A história das calçadas em Indaiatuba foi objeto de registro, pela primeira vez, em texto escrito pelo memorialista Antônio Zoppi, que era construtor e privilegiou os métodos construtivos em sua análise, conforme texto escrito e publicado 1960:

“Há mais de cinquenta anos [portanto, início do século XX], as calçadas de Indaiatuba eram feitas com lajes vindas de Itu [varvito]. Tais pedras variavam no tamanho e, após a cintadas as juntas entre elas, eram enchidas com cimento. Havia pessoas que entregavam essas lajes na soleira de suas residências. Acontece que este tipo de pedra é de fácil desgaste; então, não foram mais aproveitadas para a soleiras, nem para a calçadas. Estas começaram a ser feitas de tijolos cimentados, roletados e riscados, imitando lajes.

Devido ao calor abrasador do sol de verão, as calçadas cimentadas dilataram-se e naturalmente abriram-se fendas, ficando fácil para as águas pluviais penetrarem.

No ano de 1924, quando meu pai [o construtor Césare Zoppi] construiu o prédio para a Empresa de Força e Luz de Jundiaí, o engenheiro quis que a calçada defronte ao prédio fosse feita com ladrilhos de cimento de doze quadros e assentados com argamassa mista. O mesmo ocorreu no ano de 1945, quando eu construí o Cine Teatro Rex. Como eu tinha visto em Rio Claro ladrilhos de cimento de nove quadros, coloquei defronte do cinema o mesmo tipo de ladrilho. Mas é necessário compreender que estes ladrilhos foram adquiridos em Campinas. Mais tarde, ao asfaltarem as ruas da cidade, foram colocadas guias de granito com nível diferente do já existente. Quer dizer: as calçadas ficaram estragadas.

A Câmara Municipal aprovou uma lei que regulamentava a construção de calçadas para serem feitas com ladrilhos de cimento de nove quadros e cujo serviço era feito pelos construtores e fabricantes de ladrilhos da cidade. Mas a ignorância e a falta de competência dos fabricantes de ladrilhos implicaram na confecção dos ladrilhos, os quais eram feitos não se observando um processo especial, e sim tais ladrilhos eram feitos comumente. Ora, o efeito se fez surgir quando, com o calor solar, os ladrilhos soltavam-se da argamassa. Talvez os fabricantes não soubessem que existe a dilatação dos corpos com o calor; podemos admitir isto, então, a culpa cabe somente a eles porque os ladrilhos feitos em Campinas também sofriam a dilatação, é lógico, mas não se destacavam da argamassa. O exemplo marcante dessa afirmativa são as calçadas feitas defronte à Empresa de Luz e Força e do Cine Rex que, para serem demolidas, foram necessárias picaretas o que não alcança não acontecia com as calçadas feitas de ladrilhos de Indaiatuba: estes com simples tropeção, já saíam.

O mais bonito é que a Prefeitura, em vez de mandar um técnico no assunto examinar a causa de tudo, isso obrigar os fabricantes a manufaturarem os ladrilhos com a mesma técnica de Campinas, e continuar as calçadas com o mesmo tipo de ladrilho, achou que aqueles ladrilhos não serviam para a calçada e ideou fazer com pedrinhas de basalto o que se chama de mosaico português. Eu creio que “portugueses” no outro sentido da palavra, foram esses que acharam de modificar o tipo da calçada. Será que não tinham um pouco de massa cinzenta, para ver que se faria uma mistura de tipos e tirar-se-ia a estética? Bem já que veio “de cima” tinha que ser feito; mas quem de Indaiatuba poderia fazer essa calçada?

Não havia ninguém aqui que soubesse executar aquele mosaico e o remédio foi trazer gente de outras localidades. Com tanto serviço para fazer, começou a concorrência entre muitos daqueles que vieram para Indaiatuba unicamente para assentar essas pedrinhas. Mas nem todos que vieram eram honestos e a concorrência de preços incidiu sobre o trabalho. Usou-se a má fé, e os serviços executados deixavam muito a desejar...

Isto não é nada se considerarmos que quando requeremos uma ligação de água domiciliar, a caixinha de ferro onde será colocado o registro e que deve ser assentada na calçada, nós pagamos, mas a falta de fiscalização e coisas mais, faz com que muitas calçadas fossem feitas e, a caixinha de ferro, nem por sonho...

Uma boa iniciativa do atual prefeito [Alberto Brizola] foi facilitar, a todos os proprietários, para que eles fizessem calçadas; para isso ordenou que se fizesse um orçamento por metro quadrado de um tipo de calçada de concreto, como se faz em São Paulo; este tipo é muito mais barato que as pedrinhas portuguesas. Bom até aqui; porém não ficou nessa: eis que apareceram os “empreiteiros” entre aspas, porque de empreitada não entendem nada - e se puseram a fazer calçada de tijolos cimentados; mas não de tijolos cimentados, roletados e riscados como antigamente; mas sim de tijolos cimentado imitando os ladrilhos de nove quadros. Não podemos negar que fica bonito. mas esperemos o correr do tempo...

Enfim, Indaiatuba merece o que tem. Em tipos de calçada, é campeã. Se tudo isso for erro, errar é humano; mas não tanto assim...”

 



Calçadas de Indaiatuba (1): As duas fotos acima (2025) respondem à pergunta proposta por Antônio Zoppi em 1960

 

SOBRE POLÍTICAS PÚBLICAS 

A organização de um espaço híbrido entre o público e o privado deve ser escopo de ordenação para manter os cidadãos nos limites de seus deveres públicos. Embora pareça ambíguo, pois em nossa cidade  ela seja conceitualmente um passeio público, a responsabilidade pela execução é do proprietário do lote, fazendo, com que muitas vezes, ela seja tratada como "propriedade privada", urge que requisitos legais e regulatórios disciplinem o uso, reduzindo as instabilidades.

Mesmo com leis que exigem a acessibilidade nas calçadas sendo editadas desde a década de 1980 nas esferas federal e estadual, Indaiatuba ainda não possui uma Lei Municipal consolidada específica para tal fim. Charles Fernandes pontua que há sim, alguns regramentos que devem ser considerados: a norma ABNT NBR 9050, por exemplo, que estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem observados quanto ao projeto, construção, instalação e adaptação do meio urbano e rural, e de edificações quanto às condições de acessibilidade, que embora não resolva uma as demandas aplicáveis aos passeios públicos, pode ser complementada, em certa parte, com o Plano Diretor de Mobilidade Urbana de Indaiatuba, que sugere (mas não normatiza) diversas soluções para tornar os passeios universalmente acessíveis, enxergando o pedestre em posição equalitária aos outros modais de transporte. Fernandes ainda complementa que é necessário "criar um dispositivo legal que entenda os passeios públicos de forma mais ampla, enxergando toda a sua relação com a cidade, as pessoas, a mobilidade, o meio ambiente e o desenvolvimento econômico e social."


Os vereadores da Câmara Municipal não possuem alçada para apresentar Projeto de Lei com esse escopo, sendo essa responsabilidade de cunho exclusivo do Prefeito. Mesmo assim, os vereadores locais já pautaram o assunto inúmeras vezes, apresentando a necessidade através de Indicações protocoladas e apresentadas no Plenário. De acordo com o que pode ser consultado no site da Câmara Municipal, todo o conjunto de trabalho dos vereadores neste sentido, está parado na Secretaria de Relações Institucionais e Comunicação, ou ainda: não é possível consultar se tramitou ou não a partir dali e quais foram as atitudes tomadas.


Confira abaixo as matérias dos vereadores apresentadas no ano passado (2024) sobre o tema:

Implantar um programa para a padronização das calçadas do município com base no princípio de acessibilidade universal.

Autoria: ALEXANDRE CARLOS PERES

Realizar fiscalização quanto aos padrões adotados nas calçadas do município.

Autoria: ANA MARIA DOS SANTOS

Realizar estudos técnicos e tomar providências quanto à acessibilidade das calçadas em nossa cidade, visando garantir o trânsito seguro e acessível para todos os pedestres, especialmente pessoas com deficiência (PCD) e mobilidade reduzida.

Autoria: ANA MARIA DOS SANTOS

Realizar estudo de viabilidade e aplicar as ações decorrentes para incluir a calçada no Projeto Arquitetônico de novas obras.

Autoria: EDUARDO TONIN

Intensificar a fiscalização para construção de rampas de acessibilidade nas calçadas de diversos bairros.

Autoria: SÉRGIO JOSÉ TEIXEIRA



Calçada de Indaiatuba (2): É para atravessar na faixa ou não?
Esta é uma cena comum quando o sistema viário tradicional das cidades se depara com novas necessidades, como por exemplo, cruzamentos em vias antigas que possuem curvaturas que proporcionam pouca visibilidade. A faixa de pedestres  RECUOU, para que o veículo possa ter maior visibilidade sem invadir seu domínio. A faixa é elevada para proporcionar área acessível ao pedestre, sem degraus. No entanto, outra lei, obriga a esquina a ter rampas acessíveis, neste caso, levando  o pedestre direto para via, fora da faixa. Em cidades que possuem projetos ARROJADOS para acessibilidade, é  usado o piso dos passeio na faixa de pedestre, para que se perceba que a prioridade de uso daquela área é do pedestre. (Imagem e parecer de Charles Fernandes).

terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Rua Padre Francisco Eduardo Paes Moreira

"Lá pelo ano de 1913, chegou em Indaiatuba um padre português de nome Francisco Eduardo Paes Moreira. Vinha substituir o Cônego Oscar Sampaio Peixoto, um moço muito alegre e divertido, pois gostava de brincar de barra-manteiga com as crianças ao lado da igreja. Porém, havia ficado pouco tempo quando chegou o novo padre.

A casa paroquial era um prédio muito antigo, feito de barrote então em estado precário. O o padre Moreira, pouco tempo depois de sua vinda, fez amizade com meu pai (1), pois eram vizinhos. Não tardou para que fosse feito um contrato para construção de uma casa paroquial nova. Em 1914, isto teve início, com a derrubada da velha casa e a construção da outra.

A nova casa era enorme, com vários dormitórios; no lado do quintal construíram-se muitas arcadas, seguindo-se o sistema romano. Mas eis que surge um imprevisto: faltou dinheiro e o acabamento da casa forçosamente parou, ficando toda a parte externa sem revestimento. Mesmo parando o serviço, restou uma dívida, que o padre teve de saldar aos poucos; aos domingos meu pai recebia pequenas parcelas de dez a quinze mil réis, esmolas dadas durante a missa.

O padre, logo após mudar-se na nova casa, começou a trabalhar em seu quintal; primeiramente ajuntou todos os cargos de telhas e tijolos com as próprias mãos e atirava-os na Rua São José, por cima da taipa. A tarde inteira via-se aqueles cacos amontoarem-se na rua, vindos, um por um, do quintal da casa paroquial. Desta maneira, o padre conseguiu limpar o terreno e plantar; trabalhava arduamente com a enxada e, quando alguém o procurava, só depois de muito bater na porta é que o padre vinha atender, sem a batina e com a calça feita de dois panos diferentes.

No Largo da Matriz existia uma ‘avenida’ ladeada de palmeiras, plantadas quando da construção do largo; essas palmeiras elevavam-se a enormes alturas de mais de vinte metros, e nos dias de vento forte, desprendiam se as folhas grandes, estatelando-se no chão com um tremendo estrondo. À noite, então, a molecada aproveitava as grandes folhas para brincar e arrastavam-nas pelo Largo. O barulho, porém, era ensurdecedor e atormentava os moradores da vizinhança, principalmente uma escola noturna de adultos que havia na esquina. O mestre ficava furioso e saí a correr atrás dos moleques - mas pegar, como? Então, querendo surpreendê-los, escondia-se atrás da porta; mas nem mesmo assim conseguia o seu intento, pois a molecada era esperta por demais.

A fachada da nossa igreja defronte ao Largo era lisa. Onde agora estão as torres havia apenas quatro efeitos de cimento em forma de pião. O sino ficava mais abaixo, na janela ao lado.


IGREJA NOSSA SENHORA DA CANDELÁRIA SEM AS TORRES


No limiar de 1915, veio para cá, a fim de passar uns dias e sua terra natal, um indaiatubano muito rico e católico de nome João Bueno de Camargo. Hospedou-se no Hotel União situado à rua 7 de Setembro. O nosso padre, então, teve a ideia de ir pedir um auxílio para a paróquia. A nobre pessoa inteirou se de tudo que faltava e às suas expensas mandou meu pai construir as torres da igreja; esse serviço muito melhorou a fachada do templo católico que até hoje, desafia o tempo.

Depois, o padre trocou toda todas as imagens dos altares e a imagem de São Benedito foi transferida para a fazenda Cachoeira. Nas paredes da capela-mor colocou enormes quadros pintados a óleo, focalizando cenas sagradas. Construiu os primeiros armários embutidos na sacristia da igreja, aproveitando a grossura da parede de taipa. Ainda mais, em 1919, mandou fazer uma grande reforma na capela-mor, tirando todo o assoalho e degraus de tábuas velhas, trocando-os por degraus de mármore de Carrara e por mosaicos de diversas cores, feitos em São Paulo.

Por ocasião da primeira conflagração mundial, o padre era a favor dos alemães, mas não se manifestava abertamente e nem discutia política. Foi sempre um homem trabalhador e de pouca conversa. Seu passatempo à noite era ir à Farmácia Candelária e lá ficar com vem conversando, até que o sino da cadeia batesse a recolhida, geralmente às 21 horas. Nessa hora, porém, o padre estava recurvado e sentado ao contrário - dormia no encosto da cadeira. Nessa ocasião, o pobre homem já sofria do estômago. Com muito sacrifício, arranjou o dinheiro e, no ano de 1920, partiu para a sua terra natal a fim de fazer uma intervenção cirúrgica. Mas, em meio à viagem veio a falecer sendo sepultado no mar.

 Indaiatuba já tem uma rua dentro denominada Padre Bento Dias Pacheco e não seria demais ter outra com o nome do Padre Francisco Eduardo Paes Moreira." (2)

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No dia 12 de novembro de 2020, após Projeto de Lei apresentado pelo vereador Alexandre Peres, o então Prefeito Nilson Alcides Gaspar sancionou a Lei Municipal 7484 para homenagear o Padre Francisco Eduardo Paes Moreira, que você pode ler aqui.

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Notas de Eliana Belo Silva:

(1) O pai do autor é o italiano Cesare Zoppi, construtor que migrou da Itália para o Brasil no final do século XIX. O texto foi publicado originalmente na Tribuna de Indaiá e, em 1998, foi publicado no livro "Reminiscências de Indaiatuba", de Antônio Zoppi.

(2)  Antônio Zoppi, indaiatubano que nasceu em 23 de outubro de 1904.


quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

A história da escravizada Querubina Galvão

BINA 

Texto de Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro (1)

 

"Essa preta simpática, de semblante calmo e fisionomia sorridente era a Bina, assim chamada carinhosamente por todos nós, porém o seu nome era Querubina Galvão. Foi adquirida ainda menina, como escrava, pelo meu avô (2) juntamente com o irmão gêmeo chamado Querubim Galvão. foram comprados pelo preço de dois contos de réis cada um, quantia elevada paga somente a escravos fortes de canela fina. No cativeiro do meu avô permaneceram sempre, mesmo depois da alforria (3).


Querubina Galvão - BINA
Nasceu em 1830 e faleceu em 1938

A Bina criou todos os filhos dos meus avós e quando adulta, tornou-se ótima cozinheira, famosa pelo seu tempero, muito elogiado. Após a morte dos meus avós, ela ficou em companhia de uma tia solteira até o seu falecimento, ocasião em que veio morar com minha mãe (4), acabando de nos criar.

Quando moça presenciou e participou da procissão dos escravos que trouxeram o "crucifixo" que pertenceu ao Frei Galvão fundador do Convento da Luz, em São Paulo, até a fazenda do meu avô em Itu, carregando-o sobre uma almofada pelo caminho das fazendas. Esse crucifixo é uma relíquia de família que está agora em minha casa e o seu retrato figura no 'Livro da Vida', de Frei Antônio de  Santana Galvão como "pertencente a família Teixeira de Camargo de Indaiatuba" (5) (6).

Uma passagem pitoresca ocorrida na vida da nossa família testemunhava o grau de confiança que nela depositávamos. O meu tio avô Inácio de Paula Leite de Barros, o Nhô Barros (7), era dono de duas fazendas em Itaici, casas na cidade, solteiro, e tinha naquela época, no banco, a estimada quantia de 600 contos de réis, sendo por isso considerado um bom partido casamenteiro.

Acontece que Nhô Barros desejava esposar a sua sobrinha Zica, irmã de minha mãe mas, ela não aceitou por ser seu tio. Achava o parentesco muito próximo.

Mas a fama de um bom partido foi longe e um parente mais afastado, fazendeiro em Jaú, o major Prado é esperado em Indaiatuba. Deveria chegar em trem especial com a família, para oferecer a Nhô Barros a mão de uma filha em casamento.

Grandes preparativos, todo mundo feliz com o acontecimento, mas o imprevisto aconteceu: Nhô Barros desapareceu!

Procuraram-no na cidade, nas fazendas, por toda parte porém, nada de encontrá-lo.

Meu avô, que hospedava a família, teve de apresentar desculpas e o pessoal, despedindo-se, regressou para Jaú sem ter conseguido o objetivo. Quando tudo voltou à calma, sai o Nhô Barros de dentro de um guarda-roupa muito grande que existia em casa do meu avô.

A única pessoa que sabia do esconderijo era Bina, a quem ele havia confiado o segredo. Esta, disfarçadamente, tratou de de pensar todo o cuidado com o fugitivo, inclusive escondendo a chave consigo. 

Esse guarda roupa ainda hoje existe. Esse episódio revela a confiança, a discrição e o zelo demonstrados pela Bina mediante aquela situação delicada.

Outra ocasião, quando eu já era moça formada, aguardava a nomeação para o magistério; dizia se naquela época que esperava uma cadeira, ou seja, uma classe.

Como era importante ingresso no magistério, em casa se referiam ao assunto da cadeira. A Bina, estando sempre em nosso meio, ouvia a prosa e, na sua cabecinha encanecida, fazia conjecturas, sem nunca se manifestar sobre o assunto até que um dia chega a nossa casa uma bonita poltrona de madeira, com assento e encosto de legítimo couro, presente de um irmão para nossa mãe.

Estávamos admirando a cadeira quando a Bina surge na varanda e muito feliz externa a sua alegria pela "chegada da cadeira da Nhá Sylvia", como ela dizia.

Todos nós participamos da sua alegria, mas não a decepcionamos. Somente mais tarde lhe dissemos a verdade.

No aconchego da nossa família, do carinho que dedicávamos, viveu a sua longa vida: 108 anos de muito trabalho, de muita dedicação e de muita saúde.

Internada no Hospital Augusto de Oliveira Camargo, desta cidade, nos últimos meses de sua existência, para ter melhor assistência, pois o peso dos anos a mantinha quase sempre na cama, veio a falecer dormindo, posição em que foi encontrada morta, numa certa manhã."


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Notas de Eliana Belo Silva:

(1) Texto publicado originalmente no Jornal Votura de 22 de fevereiro de 1991 e depois no livro "O Tempo e a Gente", publicado pela autora em 1997.

(2) A autora se refere ao avô materno dela, Joaquim Galvão de Barros Leite, fazendeiro escravocrata. Em seu texto "Notas sobre os escravos de Indaiatuba" (publicado originalmente no Jornal Votura de 18 de janeiro de 1991), a autora registra que esse avô foi proprietário de uma fazenda onde mais tarde seria o Jardim Morada do Sol e também da Fazenda Boa Esperança. Os escravizados nessas fazendas receberam o sobrenome do proprietário: "Galvão" - como Querubina e seu irmão gêmeo, e "Barros Leite".

(3) Lei Áurea, sancionada pela Princesa Isabel em 13 de maio de 1888, abolindo a escravidão no Brasil. 

(4) Donária Augusta Galvão de Paula Leite, casada com Luiz Teixeira de Camargo.

(5) MARISTELA, Frei Galvão - Bandeirante de Cristo. Ed. Escolar, Profissionais Salesianas, 2a. edição, 1978.

(6) A autora conta que: "Manoel Galvão de França, [...] depois de ter recebido os Sacramentos, pediu o crucifixo e mantendo-o nas mãos, disse à família: esse crucifixo recebemo-lo de Frei Galvão. Desejava que depois de morto lhe tirassem das mãos e o entregassem ao filho mais novo, Joaquim. Aí acrescentou: "fiquem vocês sabendo que foi Frei Galvão quem deu a este crucifixo a indulgência da morte". Dirigindo-se á filha mais velha, disse: Tinhanhã, você é a responsável para que ele seja entregue a Joaquim". Ficaram os filhos muito tristes com a última vontade do pai, pois que pois queriam entregar o crucifixo ao irmão mais novo. [...] Semanas depois do falecimento de Manoel, apareceu na fazenda do seu filho Joaquim a escrava Germana. Trazia sobre uma almofada com o maior respeito o crucifixo acompanhada de outras pessoas como em procissão, para assim cumprir a instância de Tinhanhã, a última vontade do pai." 

(7) Também conhecido como Barrindo, Inácio de Paula Leite de Barros foi proprietário de uma fazenda chamada Bairrinhos em Itaici: afirma a autora que parte dessa fazenda hoje é o Vale das Laranjeiras. Era proprietário também da Fazenda Solidão. Ainda segundo a autora, "ele tinha muitos escravos" e todos foram registrados e batizados com o sobrenome dele: Paula Leite ou Paula Leite de Barros. Ele foi dono de uma casa no antigo Centro de Indaiatuba, na Rua Pedro de Toledo - Herdada por Messias - a qual foi vendida para o Dr. Adib Pedro e que depois pertenceu a Eduardo Guimarães Fernandes. Nesta casa, durante muito tempo, funcionou o jornal Tribuna de Indaiá. A construção original não existe mais.


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segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

RUFINA

    "Há cerca de sessenta anos (1) anos, aqui em Indaiatuba, vivia uma criatura muito simples, mas muito simpática e estimada por todos, principalmente pelas crianças que em sua casa encontravam um pequenino mundo encantado: balaios cheios de bonecas de pano.

    Ela era Rufina, a fazedeira de bonecas, escrava que pertenceu ao cativeiro da família Estanislau do Amaral.

    Terminada a escravidão, continuou sendo protegida por dona Maria Rita, membro desta família e de quem Rufina fora babá. Essa rica senhora a mantinha em uma de suas propriedades, uma casa que ainda existe aqui na rua 9 de Julho, número 98, a primeira direita de quem sobe do pontilhão da Sorocabana.

    Rufina era preta baixinha de porte franzino, rosto bem redondo. Quase sempre de pé no chão e, pela falta de um dedo, andava meio mancando; usava saias bem compridas e rodadas, sobre as quais caía uma bata - blusa bem soltinha, que também se chamava matinê - quase sempre branca de mangas compridas e golinha afogadinha, bem justa ao pescoço.

    Limpa e asseada, Rufina sentava em sua tripeça,  dava-se ao préstimo de fazer bonecas de pano, pequenas bruxas, costuradas à mão, feitas de retalhos ganhos de pessoas suas amigas que prazerosamente lhe ofertavam para tão habilidosa confecção.

    Eram diversos modelos e tamanhos das bonecas que Rufina fazia, variando no cabelo curto, comprido ou de tranças - feitos de meias tendo a boca, os olhos e o nariz bordados com linhas e o corado das faces dado com um papel de seda vermelho umedecido.

    Umas eram de pernas retas, outras porém de pezinhos, mas o detalhe mais importante estava nas mãos que às vezes eram inteiriças e mais caprichas, mais perfeitas, consequentemente mais caras,  com os cinco dedinhos separados e bem feitinhos.

    Então, quando a gente ia comprar uma boneca,  a Rufina perguntava: _ você quer uma de mãozinha inteira ou de dedinhos?

    Conforme a opção, tomava o balaio onde estavam as bonecas solicitadas, deixando a freguesa manuseá-las à vontade para escolher a preferida.

    A gente saía feliz com aquele brinquedo tão querido, que custava 200 réis... 500 réis... um dinheirão!

    Aqui, poder-se-ia dizer que com que Rufina com seus retalhos, agulha e linha, aliados à sua extraordinária habilidade, tinha em sua casa uma indústria manufatureira em miniatura.

    Mas a história de Rufina não termina aí. Ela era uma das únicas pessoas da cidade que, naquele tempo, possuía bonecas de porcelana; coisa rara pois as mais finas existentes no comércio eram feitas de massa de papel e de celuloide. Dona Maria Rita, sua protetora, fez-lhe presente de duas lindas bonecas de biscuit, recordação da sua infância: um boneco branco chamado Paulo e uma graciosa pretinha chamada Benedita. Paulo e Benedita eram o encanto da meninada e o atrativo da Rufina,  que os punha sentados sobre uma cômoda, onde recebia sua clientela, e mantinha mantinha-os como dois ídolos, adorados pelas freguesas que não podendo ter iguais, contentavam-se em poder admirá-los.

    Pois essa criatura habilidosa e humilde é parte integrante da nossa memória, figurando neste livro pela sua valiosa participação na felicidade daquela infância que hoje saudosa recorda-a e coloca-a do lado das minhas figuras inesquecíveis."

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(1) A autora se refere ao início do século XX, uma vez que o texto foi originalmente publicado em 1974 no jornal Tribuna de Indaiá. Posteriormente o texto foi publicado no livro "O Tempo e a Gente", de Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro, da Rumograf Industria Gráfica Ltda. em 1997.

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Ilustração feita por Salatiel Krug- a partir de uma oficina na universidade Uerj pelo curso de Design. O nome da Oficina foi Ilustratona da Wikipedia.

Imagem disponibilizada no Wikipédia no link https://pt.wikipedia.org/wiki/Abayomi#/media/Ficheiro:Abayomi_-_SalatielKrug.jpg

O dia que um teco-teco pousou forçadamente em Indaiatuba - 1921

Esta crônica é de autoria de Antônio Zoppi e foi redigida por Maria Nazareth Pimentel tendo sido sua primeira publicação em maio de 1955 no jornal "A Gazeta de Indaiatuba". Em 1998 a extinta Fundação Pró-Memória de Indaiatuba publicou as crônicas do autor no livro "Reminiscências de Indaiatuba".


"Outro fato pitoresco foi o aparecimento do primeiro avião em Indaiatuba lá pelo alvorecer de 1921. 

Atraído pelo barulho do motor, o povo saiu à rua, ansioso por ver a grande novidade. Para a sua felicidade e infelicidade do piloto, o minúsculo teco-teco, por um desarranjo qualquer, foi obrigado a aterrissar no terreno onde hoje se ergue o Hospital Augusto de Oliveira Camargo. No mesmo instante, como que acionados por uma mola, saíram todos correndo em debanda para o local: pedreiros abandonaram os seus instrumentos de trabalho, um padeiro deixou o pão no forno a queimar - tendo sido até despedido do emprego, mulheres calçadas com tamancos num ruído ensurdecedor correram pela rua Francisco de Paula Leite, naquele tempo Rua Araújo em busca da grande maravilha.

O avião, ao cair, teve a hélice partida, sendo preciso buscar outro em Campinas, o que se daria só no dia seguinte, pois o último trem já havia passado e não existia estrada de rodagem.

Por incrível que  pareça, o povo permaneceu três dias - tempo que levou para os reparos em volta do avião, não saindo nem para tomar água: saciava a sede com as laranjas do pomar de uma chácara vizinha.

Um doceiro da cidade instalou o seu tabuleiro no local fazendo grandes negócios.

Reparado o teco-teco, foi marcada a hora de partida ao movimentar-se a hélice, foi tal o deslocamento de ar que o tabuleiro de doces, inclusive o doceiro, voaram longe juntamente com o chapéu de muita gente que caiu de susto...


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Imagem gerada por IA (gemini.google.com) em 20/01/25 na tentativa de possibilitar a visualização desta pérola pinçada da história indaiatubana, diretamente de 1921.







quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

A UNIÃO DA MOCIDADE PRESBITERIANA - U.M.P. DE INDAIATUBA E SUA HISTÓRIA

 

A UNIÃO DA MOCIDADE PRESBITERIANA - U.M.P. DE INDAIATUBA

E SUA HISTÓRIA


Texto de Fernando Stein (1996)


A história da União da Mocidade Presbiteriana – U.M.P. de Indaiatuba se confunde com a própria existência da Igreja Presbiteriana de Indaiatuba.

Ela está registrada nas 222 atas (368 páginas) das suas reuniões plenárias, em 2 livros, e nas 85 atas (100 páginas) das reuniões da diretoria, e nas 18 edições dos periódicos “O Atalaia” e “Recado Legal”.

 

GRÊMIO EVANGÉLICO ERASMO BRAGA – PRECURSOR

 

Precedeu-a o Grêmio Evangélico Erasmo Braga, fundado em 30 de janeiro de 1944 numa assembleia geral presidida pelo Rev. Paulo Villon, realizada no tempo da Igreja Presbiteriana de Indaiatuba, à Rua Bernardino de Campos, 644, com a presença dos seguintes sócios: Henrique Krahembuhl (que a secretariou), Dolores Steffen, Christiano Eduardo Stein, Francisco Henrique Krahembuhl, Anésia Steffen, Isaura de Almeida, Eduardo Volpi, Milton Inhauser, Lúcia Steffen, Alda Inhauser, Olga Fahl, Walter Fahl, João Fahl, Paulo Fahl, Ema Fahl, Mathilde Fahl, Nicolau Fahl, Arnoldo Fahl, Natanael de Almeida, Oswaldo Stein, Nair Paratelli Stein, Alberto Stahl, Ada Stahl, Geni Stahl, Iolanda Stahl, Sarah Stahl, Vicente Benedito de Almeida, Paulina Pacheli e Nair Santos.

O estatuto social do Grêmio é aprovado aos 7 de maio de 1944.

O Grêmio, que levava o nome de um dos evangélicos mais ilustres (conhecido a nível nacional pelo seu trabalho na área do ensino), sem personalidade jurídica própria, funcionava como uma sociedade interna da Igreja Presbiteriana de Indaiatuba.

Tinha por objetivo o desenvolvimento espiritual, intelectual, social e físico dos seus sócios, especialmente da juventude, auxiliando a Igreja no trabalho de evangelização.

Sua primeira diretoria ficou assim constituída: Presidente: Milton Inhauser, Vice-Presidente: Lúcia Steffen, 1º Secretário: Anésia Steffen, 2º Secretário: Henrique Krahembuhl, Tesoureiro: João Fahl.

O Grêmio realizava suas atividades através de suas Comissões, nomeadas pela Diretoria: Comissões de Evangelização ou Missionária, de Visitas, e Social.

Para 1945 foi reeleita a mesma diretoria do ano anterior.

Nesse ano o Grêmio se associava à Associação Evangélica Beneficiente, passando a arrecadar e mandar contribuições esporádicas para a mesma.

Para o ano de 1946 foram eleitos: Francisco Krahembuhl para presidente, Paulo Fahl para secretário e Nicolau Fahl para Tesoureiro.

Nesse ano o Grêmio participava da Convenção da Mocidade em Sorocaba com os delegados Milton Inhauser e Nicolau Fahl, e criava a Escola Dominical no Bairro Mirim.

 


A U.M.P. – SEU INÍCIO

Na histórica reunião do dia 21 de julho de 1946 os sócios presentes decidiram alterar a denominação do Grêmio para UNIÃO DA MOCIDADE PRESBITERIANA – U.M.P. DE INDAIATUBA, adotando os Estatutos Sociais apresentados pela Confederação da U.M.P. (a nível nacional), o Hino 134 do Salmos e Hinos como hino oficial, e o MOTO: “alegres na esperança, fortes na fé, dedicados no amor e unidos no trabalho.”

A U.M.P. era, então, e até o início da década de 50, constituída por sócios que, na sua maioria, eram mais adultos do que jovens propriamente ditos.

A U.M.P. a exemplo do Grêmio, atuava com vários departamentos de trabalho: espiritual, intelectual, recreativo e de ação social.

Em 1947 a U.M.P. foi presidida por Lúcia Steffen, até 20 de setembro, quando pede demissão do cargo e é substituída por Milton Inhauser (vice-presidente). Atuaram como secretários Paulo Fahl e Olga Fahl e como tesoureiro Nicolau Fahl.

Em razão de dificuldades, a UMP, em reunião realizada aos 08/05/1948, presidida pela Vice-Presidente Lúcia Steffen, se auto dissolveu, em votação secreta, por 6 votos contra 1.

Mas um mês depois o pastor da Igreja, Rev. Matatias Campos Fernandes, revertia a situação. Em reunião por ele presidida aos 13/06/1948, a UMP era reorganizada. Lúcia Steffen era eleita presidente, Oswaldo Stein 1º secretário e Dolores Steffen 1ª tesoureira.

Em 1948 a UMP fazia contribuições para a Campanha Pró Missão Caiuá em Dourados (Mato Grosso do Sul) e participava das campanhas para a construção do novo Seminário Presbiteriano do Sul, em Campinas, e para a construção do Pavilhão Social da Igreja.

Para o ano de 1949 foram eleitos: Nicolau Fahl para presidente, Oswaldo Stein para secretário e Dolores Steffen para tesoureira.

A partir de 1949 a UMP iniciava sua fase de crescimento, com atividades mais acentuadas.

Participava de vários congressos de jovens presbiterianos, enviando delegados para os mesmos: Congressinho em Itu (Benedito de Lima, Nilza Candello e Esbelta Stahl), Congresso de Votorantim (Benedito de Lima e Cleodomiro Leite) e novo Congresso em Itu em 14 e 15 de abril de 1949 (Lúcia Steffen e Nilza Candello).

Realizou a Festa das Estações, com renda destinada à construção do Pavilhão.

Realizou o Natal dos Pobres pela Comissão constituída por Lúcia Steffen, Benedito de Lima, Dirce Fahl e Oswaldo Schroeder.

Nesses primeiros 4 anos de atividades a UMP contava com poucos jovens, mas foi aos poucos ganhando experiência em suas atividades.

Para melhor abordar a história da UMP dividimo-la em quatro períodos: seu início (acima), década de 50, década de 60, e seu final.

 

A UMP NA DÉCADA DE 50

Nesta época a UMP contava com a participação de mais de 20 jovens, sócios ativos que compareciam regularmente às reuniões. Mas as atividades da UMP normalmente envolviam toda a Igreja.

Os novos sócios eram admitidos nas reuniões plenárias, por aclamação geral. Haviam dois tipos de sócios: o ativo e o auxiliar; este participava esporadicamente, auxiliando quando solicitado.

Quem se casasse desligava-se da sociedade depois de um ano. Mas essa regra não era rigorosa, pois alguns jovens permaneciam ativos na UMP por vários anos depois de seu casamento.

No início da década de 50 a primeira geração dos primeiros membros da Igreja vai atingindo a juventude e, ao se incorporar à mocidade organizada, vai lhe dando novo impulso, transformando-a em Igreja atuante, e no braço direito da direção da Igreja local.

É a época em que surgem, depois do início difícil conduzido por Milton Inhauser e Lúcia Steffen, nova e notáveis lideranças, no pastorado do Rev. Miguel Orlando de Freitas (1949 a 1958), tais como: Dirce Fahl, Gelsy Krahembuhl, Nilza Candello, Ana Carlota Klinke, Ida Klinke, Amires Candello, Miriam de Freitas, Orlando Rodrigues, entre outros.

As moças predominavam em relação aos rapazes, que eram poucos. O equilíbrio surgiria na década de 60.

Na década de 50 ocuparam os cargos de presidente, secretário e tesoureiro da UMP de Indaiatuba os seguintes jovens:




A partir de 1950, com a conclusão do Pavilhão, um amplo salão social, construído nos fundos do terreno onde estava construído o templo, as atividades sociais, recreativas, intelectuais e espirituais da mocidade eram intensificadas.

A UMP tinha seu grupo teatral, que encenava peças e promovia atividades artísticas no palco do Pavilhão.

Realizava inúmeras festas, tais como: do Amigo Secreto, das Flores, dos Meses, da Amizade, da Toalha, dos Corações, da Quermesse.

A Festa do Natal e das Mães eram preparadas e levadas a efeito pelo trabalho intenso de várias comissões designadas pela direção da UMP.

Mas o trabalho de ação social não era esquecido. Realizavam-se as campanhas do quilo, a “mala da boa vontade”, levando-se roupas e alimentos a algumas famílias pobres.

Realizavam-se outras atividades especiais denominadas Mensageiro do Amor, Concurso da Simpatia, Bola de Neve, Colcha de Retalhos, etc.

Na década de 50 a UMP participava de diversos congressos a nível regional e nacional, enviando seus representantes.

  • Em 1951 Dirce Fahl e Gelsy Krahembuhl participavam, em Sorocaba, do Congresso Presbiterial.
  • O VI Congresso da Mocidade era realizado em Indaiatuba, em julho de 1955. Os delegados locais foram: Nilza Candello, Laura Fahl, Ana Carlota Klinke, Gelsy Krahembuhl e Júlio Carlos Stein.
  • Ao IV Congresso Nacional das UMP’s em Salvador-BA, em 1955, compareciam as seguintes delegadas: Nilza Candello, Gelsy Krahembuhl e Ana Carlota Klinke.
  • Congresso Presbiterial da Mocidade em Bragança Paulista, de 3 a 7 de julho de 1957 (delegados: Amires, Júlio, Laura e Miriam).
  • Congresso Nacional em 1957 (Nilson Sales, sócio da UMP, era o representante da Federação da Mocidade de Sorocaba).
  • Congresso Nacional em 1959 (delegadas: Oscarlina Wolf e Laura Fahl).
  • Congresso em Bragança Paulista em 1959 (delegadas: Ana Helena e Marta de Freitas; presentes Amires Candello e Miriam de Freitas, que foram eleitas, nessa ocasião, Presidente e 2ª Secretária, respectivamente, da Federação da Mocidade do Presbitério de Sorocaba).

Em 1959 a UMP participava ativamente das comemorações do Primeiro Centenário do Presbiterianismo no Brasil, tendo à frente dos eventos a jovem Miriam de Freitas.

Nessa década a UMP inicia os encontros de confraternizações com outras UMP’s da região: recebia a UMP de Sorocaba em 16/10/54 e visitava a UMP de Jundiaí em 29 e 30/10/55.

Nessa época cada departamento realizava suas atividades num dos domingos de cada mês. As reuniões recreativas eram realizadas semanalmente às sextas-feiras, à noite, no Pavilhão.

A UMP manteve, permanentemente, um representante junto ao JORNAL MOCIDADE, editado pela Confederação da Mocidade Presbiteriana, para todo o país, desde maio de 1944. Foi distribuído aos jovens até 1960, quando foi substituído pela revista Mocidade Presbiteriana em Revista.

Era comum a realização de piqueniques pela UMP; deles participavam não só os jovens mas também os adolescentes e adultos. Os registros nos dão conta dos seguintes: na Fazenda Boa Vista em 1º/05/51, na Fazenda Santa Eliza em 21/04/54, na Fazenda Cachoeira em 21/05/55, na Fazenda Cruz Alta em 30/05/57, na Fazenda Campo Grande em 21/04/58, e no Sítio Mirim em 21/04/59.

Financeiramente a UMP ia até bem, pois destinava verbas de sua tesouraria para as Festas de Natal e para a reinauguração do templo em 1953.

Eram marcantes, nessa época, os seus trabalhos de evangelização e de participação nas atividades gerais da igreja local.

Em 1957 a UMP iniciava um trabalho de evangelização na Vila Georgina.

Realizava cultos no Bairro do Mirim (família Almeida), em Itaicí (família Stein), e em outras localidades.

Recebia a colaboração esporádica de Arlete Martins Barbosa, da Igreja de Jundiaí.

Dirigia o culto dominical, no templo, uma vez por mês.

Realizava retiros espirituais (em 05/03/57 foi em Friburgo) e concursos bíblicos.

Oferecia atividades culturais aos jovens, através de palestras, concurso de leitura e diversos cursos.

Aos 06/06/54 começava a funcionar a Biblioteca Daria Sarmento de Barros. Ela contava com 165 volumes em 1958. Os concursos de leitura movimentavam a biblioteca, proporcionando cultura e instrução religiosa aos jovens. Hoje seus volumes estão guardados e esquecidos.

Em janeiro de 1958 a UMP criava o seu próprio jornal, o periódico O ATALAIA, que tinha teve em Miriam de Freitas e Amires Candello as primeiras redatoras. O tablóide, inicialmente mimeografado, passou a ser impresso na Tipografia São José, da família Miranda, a partir de 1960, e iria circular durante 13 anos, até ser substituído, como veremos adiante.

As atividades sociais e recreativas eram realizadas quase que semanalmente, no Pavilhão, onde os jovens se reuniam para as brincadeiras de salão, cânticos, jogos de ping-pong, peteleco, etc.

Nos eventos sociais e nas festas, que contavam com a presença de toda a comunidade, a mocidade apresentava peças teatrais, esquetes, cânticos, etc.

No fim desta década era notável o talento teatral de alguns dos participantes do Grupo Teatral Simonton, criado pela UMP, como a Ana Helena Krahembuhl, a Amires Candello, a Lúcia Steffen, a Belmira Miranda, a Teresinha Miranda, o Ismael de Lima, a Vera Lúcia Narezzi, e tantos outros.

Época de intensa atividade dos jovens, os quais participavam diretamente de todos os eventos importantes realizados pela Igreja. A intensa vitalidade da UMP se deve principalmente pelo empenho e pelo apoio constante do então pastor Rev. Miguel Orlando de Freitas, e pela colaboração direta e incansável dos presbíteros Milton Inhauser e Carlos Klinke.

Contava-se ainda com a colaboração de alunos do Seminário Presbiteriano do Sul, de Campinas.

Na década de 50 colaboraram com a UMP, entre outros, os seminaristas José Cordeiro, João Emerick, Obedes Cunha, Silvino Nogueira, Rubens de Almeida, Samuel de Paula, Ademar Godoi, José de Ataíde, Mateus Benevenuto, Naor Garcia, Daniel Silveira, Joaquim Silveira Costa, Lemuel Nascimento, Antonio Tomaz da Costa, Graciano Chagas dos Reis, Nilo R. Junior, José Calixto, Ismael Leandro, Silas Jorge, e muitos outros cujos nomes não ficaram registrados.

Na década de 50 vários pastores de outras igrejas também colaboraram com as atividades da UMP: Alfredo Thone Stein, Jader Gomes Coelho, Frank Backer, José Cordeiro, entre outros.

Nesse período continuavam a existir duas categorias de sócios: ativos e auxiliares. Auxiliares eram aqueles que colaboravam esporadicamente com as atividades da UMP, não participando de todos os trabalhos, em razão da idade, porque já eram casados, ou por qualquer outro motivo.

Em 1955 eram sócios ativos da UMP: Adriano Manoel Francisco, Oscarlina Wolf, Orlando Krahembuhl, Dirce Fahl, Laura Fahl, Irene Fahl, Gelsy Krahembuhl, Holanda Stahl, Júlio Carlos Stein, Miram de Freitas, Milton Inhauser, Maria de Lourdes Papa, Nilza Candello, Ondina Berti, Wanda Albrecht, Janira Bohmé e Silas Stahl.

Eram sócios auxiliares: Lúcia Steffen, que ocupava o cargo de Secretária Presbiterial da Mocidade, Dolores Steffen, Gertes Krahembuhl, Ida Klinke e Oscar Petrait.

No início da década de 50 ainda passaram pela UMP, como seus sócios: Idalina Benetti, Eduardo Volpi, Leonor Volpi, Abel Ims, Silvério Fahl, Alice Azal, Leonilda Krahembuhl, Olga Krahembuhl, Waldemar Stahl, Idalina Stahl, Esbelta Stahl, Carlos Klinke, Gustavo Klinke, Matias Klinke, José Belarmino Alves, Helenice Stahl, Débora de Lima, Cleodomiro Leite e Oswaldo Schroeder.

Ingressaram como sócios da UMP, ainda, até o final da década, os seguintes jovens: Joel de Lima, Homero Alexandrino de Souza, Haroldo Lesler Krahembuhl, Carlos Daniel Krahembuhl, Orlando Manoel Rodrigues, Jandira Rodrigues, Lenira Vieira Paes, Nilson Salles, Antonieta Zacarias, Marta de Freitas, Jorge Fahl, Zenilda Pereira, Reginaldo Bearzotti, Geraldo de Almeida, Nadir Paratello, Denise Stein, Dora Alice Stahl, Raquel Pazini, Nilte Pereira, Ivani Laudite Candello, Wilma Ims, Ivone Ims, Darcí Ferrari, Dalva Fahl, Leonardo Wolf, Edson de Oliveira e outros cujos nomes não chegaram a ser registrados. Alguns mudaram-se de Indaiatuba, outros frequentam outras igrejas e álbuns abandonaram o convívio cristão na igreja.

 

DÉCADA DE 60

Na década de 60 a UMP cresceu e continuou participando ativamente das atividades da igreja local.

Em 1961 contava com 26 sócios; 30 sócios ativos em 1964; 45 sócios em 1968 (24 rapazes e 21 moças, dos quais 35 ativos).

Nesse período surgiram novas lideranças que foram sendo preparadas pelo então seminarista Ataídes Antonio da Costa, que assumiu os trabalhos da Igreja Presbiteriana de Indaiatuba em 1961. Ordenado ao ministério em 1962, aqui permaneceu até o fim do ano de 1968, dando prioridade absoluta à mocidade, acompanhando-a em quase todas as suas atividades, incentivando os jovens em todos os seus trabalhos, e chegando a convidá-los um por um sempre que a UMP programava eventos espirituais importantes, como os retiros espirituais.

A UMP continuou contando com a colaboração importante dos presbíteros Milton Inhauser, Carlos Klinke e Benedito de Lima.

Nos anos 60 ocuparam os cargos de presidente, secretário e tesoureiro da UMP de Indaiatuba os seguintes jovens:

 

Em 1961 a UMP realizava a Campanha da Bíblia, levando-a aos presos e a inúmeras famílias da cidade.

Nesse mesmo ano, incentivados pelo Milton Inhauser, invernizavam os bancos do templo e pintavam o Pavilhão.

Se a década de 50 correspondeu à época dos congressos, a década de 60 foi o período das confraternizações com outras UMP’s. Entre as visitas e os encontros, uns breves, outros prolongados, com mocidades presbiterianas, presbiterianas independentes e metodistas, localizadas neste Estado, foram realizados os seguintes encontros e visitas nessa época:

  • 16 e 17/06/60 – vinda da UMP de Votorantim;
  • 31/01/61 – visita da juventude luterana local;
  • 21 e 22/10/61 – vinda da UMP de Americana;
  • 26/05/62 – visita à UMP de Monte Mor;
  • 01, 02, 03 e 04/11/61 visita à UMPI de Santos;
  •  04/11/61 – visita à UMP da Igreja Unida de São Paulo;
  • 25/08/62 – visita à UMP de Hortolândia;
  • 24/11/62 – vinda da UMP de Hortolândia;
  • 03/03/63 – visita à UMP de Itu;
  • 21 e 22/09/63 – visita à UMP de Jundiaí;
  • 26 e 27/10/63 – vinda da UMP da Igreja Unida de São Paulo;
  • 29/02 e 01/03/64 – visita à UMP da Igreja Unida de São Paulo;
  • 01, 02 e 03/05/64 vinda da UMPI de Vila Yara de Osasco;
  • 15 e 16/08/64 – visita aos jovens da Igreja Metodista de Piracicaba;
  • 1965 – vinda da UMP de Limeira e da UMPI de Santos;
  • 1965 – visita à UMP de Vila Yara de Osasco;
  • 1966 – vinda da UMP central de Campinas;
  • 19 e 20/08/66 – visita à UMP da Penha, em São Paulo;
  • 1966 – visita à UMP de Itu;
  • 24, 25 e 26/03/67 – visita à UMPI de Santos;
  • 21/01/68 – visita à UMP de Salto;
  • 09 e 10/03/68 – visita à UMP de São João da Boa Vista;
  •  28/04/68 – visita à UMP de Itu;
  • 20 e 21/07/68 – vinda da UMP da Igreja Ebenezer de Campinas;
  • 17/08/68 – visita à UMP de Jardim Proença em Campinas;
  • 08 e 09/03/69 – visita à UMP de Jundiaí;
  • 16 e 17/08/69 – visita à UMP de Santos; e
  • 02 e 03/08/69 – vinda da UMP de Jundiaí.

A UMP fazia ainda várias visitas aos jovens da congregação presbiteriana de Elias Fausto, vinculada à Igreja Presbiteriana de Indaiatuba.

Essas viagens e encontros entre as UMP’s incentivavam os jovens da UMP local e constituíam uma fonte de inspiração para os seus trabalhos especiais. A UMP sempre contava com a colaboração da SAF (Sociedade Auxiliadora Feminina) na realização de almoços ou jantares em conjunto, quando os encontros de confraternização eram realizados em Indaiatuba.

Destaque-se ainda que aos 29/06/63 a UMP realizou uma festa social no Pavilhão em conjunto com jovens luteranos, batistas e marianos, todos de Indaiatuba, e com a presença da UMP de Itu e jovens da congregação de Elias Fausto.

Em 1966 foi demolido o antigo Pavilhão, criando-se uma dificuldade para as atividades da UMP. Entretanto, sempre que necessitou de um salão social para a recepção de outras UMP’s, recebeu-se a colaboração da Igreja Luterana local, que sempre cedia à UMP o seu salão à Rua 11 de Junho.

A partir daí as reuniões recreativas eram realizadas na garagem da casa pastoral, às quintas-feiras à noite.

Os retiros espirituais eram promovidos anualmente, sempre com a presença do pastor titular da Igreja, de seminaristas e de outros pastores preletores.

As atas registram a realização dos seguintes retiros: em 23/04/61 no sítio de Christiano Eduardo Stein; aos 08/04/62 no sítio de Inácio Ambiel, com jovens da congregação de Elias Fausto; em 28/04/63, num sítio em Monte Mor, com jovens de Monte Mor e Elias Fausto; em 27/05/64 na “Vila Presbiteriana”; em 20/02/66 na chácara de Inácio Ambiel; em 07/08/66 num sítio de Elias Fausto. Outros foram realizados em 1967 e 1968 mas não ficaram registrados.

A UMP organizava e treinava seu time de futebol de salão. O primeiro jogo era realizado contra o Esporte Clube Estrela do Mar da Congregação Mariana de Indaiatuba (9 x 7 a favor da UMP aos 08/03/62).

A partir daí, até o fim da década, a UMP praticou essa atividade esportiva, participando de inúmeras competições com outras UMP’s, com os seminaristas de Campinas e com agremiações esportivas locais. Jogavam pela UMP, entre outros: Manoel, José Luís, Eloy, Ismael (goleiro), Jorge, Francisco, Moacir, Fubá (goleiro), Milton Rodrigues, Gilbertinho, etc. Treinava-se e disputava-se na antiga quadra do TEJUSA.

Só em 1969 a sua equipe de futebol de salão disputou 10 partidas sem perder nenhuma delas. Algumas delas: UMP Indaiá 10 X UMP Santos 4; UMP Indaiá 6 X UMP Jundiaí 0. Artilheiros do ano: José Luís: 30 gols; Manoel: 29 gols.

Em 1969 a UMP participou da II Olimpíada Evangélica em Campinas (nível estadual) em várias modalidades, mas só obteve a 4ª colocação no futebol de salão.

A idéia de se construir um acampamento que se denominou “Vila Presbiteriana”, a partir de 1963, foi apenas um sonho. Chegou-se a executar serviços de terraplanagem na área localizada junto ao cruzamento da rodovia com a ferrovia. A idéia de Milton Inhauser, defendida inicialmente pelo pastor, foi abandonada pelo Conselho da Igreja em 1967, para se prosseguir nos planos de construção do prédio de educação religiosa e do novo templo, pois a Igreja não contava com salas para as aulas de Escola Dominical e o templo estava pequeno.

Nessa ocasião o Pavilhão, construído em 1949, já havia sido demolido (1966).

A UMP colaborava com a construção do Edifício de Educação Religiosa, arrecadando fundos.

Os piqueniques nessa época, promovidos pela UMP, tinham a participação exclusiva dos jovens. Eles eram costumeiramente, precedidos de uma devocional. Consta terem sido realizados os seguintes: em 21/04/61 na Fazendinha, em Monte Serrat; em 21/04/66, na Fazendinha, com as UMP’s de Salto e de Itu; 02/02/67 na Fazenda Amstalden; em 07/09/67 e 02/11/67, na Fazenda Itaóca; em 02/02/68 no Sítio Porteira de Ferro, no Morro Torto; em 01/08/68 no Acampamento Palavra da Vida, em Atibaia; em 02/02/69 na Fazenda Itaóca; e em 21/04/69, no Recanto Ebenezer, em Jaguariúna.

Na década de 60 a UMP continuou a participar de alguns congressos regionais:

·  12 e 13/08/61: Encontro de Líderes em Bragança Paulista. Representantes enviados: Dora Alice Stahl, Laura Fahl, Oscarlina Wolf, Belmira Miranda e Leonardo Wolf;

·        31/03/63: IX Encontro de Líderes do Presbitério de Jundiaí.

·   Em 1964 participava de várias reuniões de representantes do Presbitério de Jundiaí, organizados pelo pastor Osias Costa.

·  08 a 12/07/64: Congresso Sinodal (Sínodo de São Paulo), em Jandira, no Instituto José Manoel da Conceição. Delegados: Darcí Ferrari e Fernando Stein.

·  18/05/69: Encontro de Líderes do Presbitério de Campinas, no Seminário Presbiteriano em Campinas> Representantes: Marcos Roberto Inhauser, Fernando Stein e Antonia Moreira.

·     11, 12 e 13/07/69: III Congresso da Federação da Mocidade do Presbitério de Campinas, realizado no Acampamento Batista de Sumaré.

A partir de 1964 passava-se a divulgar e circular entre os jovens a revista Cruz de Malta.

Nos anos 60 a UMP programava e realizava cultos de evangelização. Adquiriu aparelhos de som, utilizava projetor de “slides” e, com o apoio do Rev. Ataídes Costa, de seminaristas, de seus pregadores leigos (Milton Rodrigues, Fernando, Marcos Roberto, Eliezer, Ismael, Antonia, etc.) e dos presbíteros Calos Klinke e Benedito de Lima, visitava sítios e residências, fazendo o seu trabalho de evangelização, especialmente durante as férias escolares.

Em 1969, iniciava os trabalhos de evangelização regular na residência e Dna. Marcelina de Almeida, com a cooperação do Rev. Astrogildo de Oliveira Godoy (novo pastor da igreja nos anos de 1969 a 1971), iniciativa essa que daria origem à Igreja Presbiteriana do Jardim Califórnia.

Os cultos de aniversário eram realizados nas residências dos aniversariantes, periodicamente.

Às chamadas “reuniões surpresa” eram convidados preletores para abordagem dos mais variados assuntos sociais e culturais.

Em 1969 era aberta uma Escola Dominical no Bairro Santa Cruz a cargo da UMP (Antonia Moreira e Ismael de Lima eram os responsáveis por esse trabalho), na chácara de Júlia Stahl, depois transferida para a residência de Marcelina de Almeida.

Em dezembro de 1969 a UMP realizava um programa especial de Natal na antiga sede central do Indaiatuba Clube (na Praça Prudente de Moraes), com a atuação do Coral Eliseu Narciso de Campinas, a encenação e o relato do nascimento de Cristo, lotando aquele amplo salão.

Em 1969 surgia o Quarteto JOTA durante a realização, pela UMP, de um retiro espiritual para os jovens. Ele era composto inicialmente por Jorge Fahl, Jairo de Almeida, Jaime Nunes de Oliveira e João Fahl. Ismael de Lima e Eloy Klinke, depois de algum tempo, ingressariam no quarteto que finalmente ganharia seu nome definitivo:  QUARTETO EBENEZER. 25 anos depois o mesmo quarteto ainda está cantando seus hinos, sempre sob a direção do Jorge Fahl, embora com outros cantores.

Nos anos 60 eram intensas as atividades da UMP. No relatório de suas atividades, só no ano de 1966, por exemplo, os jovens participaram dos seguintes eventos:

2 retiros espirituais; 2 pequeniques (na Fazendinha e na Fazenda Amstalden); 7 cultos de evangelização; 2 encontros de confraternização (com as UMP’s de Campinas e do bairro da Penha em São Paulo); 1 culto familiar; 4 cultos de aniversário; 1 culto comemorativo da Semana do Lar; 2 comemorações (Dias das Mães e Aniversário da UMP); 1 concurso bíblico; 1 encontro com o Secretário Presbiterial da Mocidade; 1 encontro com uma Caravana Evangelística de São Paulo; 2 visitas à UMP de Itu, em apoio à reorganização daquela UMP; participação na III Olimpíada Evangélica em Campinas; 3 disputas de futebol de salão com mocidades evangélicas: UMP’s de Campinas e Osasco e SMJ de Campinas; 1 disputa de ping-pong com a UMP de Itu; reorganização do conjunto coral da UMP; 1 social; reabertura da Biblioteca Dario Sarmento de Barros; e impressão de 4 edições do jornal “O ATALAIA”.

Os anos 60 foram os anos mais favoráveis para o trabalho da UMP (a própria época depois ficou conhecida por “anos dourados”), especialmente porque os jovens recebiam constante incentivo e um persistente apoio espiritual por parte do Rev. Ataídes Antonio da Costa.

Nesse período também foram muitos os pastores e seminaristas que apoiaram as ações da UMP.

Entre os seminaristas que participaram das atividades da UMP, estão registrados os nomes de: Ana Maria, Daniel Luís, Décio Azevedo, Edwald Vali, Eleny Alves, Jarbas Rodrigues Filho, Edwart Cavalcanti Albuquerque, Abeneir Jorge Pereira de Moura, Isauro Carriel, Paulo Venâncio (que se casou com a sócia Mirna Krahembuhl), Benjamim Benedito Bernardes, Dario Pereira de Oliveira e Elpídio Gonçalves.

Entre os pastores que contribuíram com a UMP constam: Reverendos Eládio Afonso, Floyd Sovereingn, Avelino Boa Morte, Floyd Graid, João Guiseline, Ademar Godoy, Herculano Gouveia, Júlio Andrade Ferreira, Ozias Mendes Ribeiro, Delfino Correia, Osias Costa, Jaime Afonso Ferreira, Oswaldo Soares, Hélio Cerqueira Leite, Carlos Aranha Neto e Antonio Lemos.

Dentre os jovens que participaram da UMP na década de 60, CINCO deles se tornaram pastores: ORLANDO MANOEL RODRIGUES, ISMAEL DE LIMA, GILMAR DE LIMA, MARCOS ROBERTO INHAUSER E ROBERTO MARCOS INHAUSER.

Além deles, outros dois jovens dessa época, da Congregação Presbiteriana de Elias Fausto, que pertencia à Igreja de Indaiatuba, também abraçaram a vida ministerial: MILTON CAMARGO e ELI BARBOSA.

Já o pastor AGENOR PEREIRA DA SILVA ingressou na UMP nos anos 70, fruto de trabalho evangelístico na Fazenda Engenho D’Água (hoje Jardim Morada do Sol) em 1972.

Durante a década de 60 participaram da vida da UMP de Indaiatuba, além daqueles que já vinham da década anterior, os jovens constantes da relação abaixo, que ingressaram na UMP no período de 1960 a 1969:

Francisco Henrique Krahembuhl, Clemente Reinaldo Sannazzaro, Elza Inês Fahl, Marta Fahl, Belmira da Silva Miranda, Décio Ferrari, Antonio Carlos Pappa, Terezinha da Silva Miranda, Lilian Candello, Eloy Klinke, Juraci Laurenciano, Evani Bianchini, Moacir Bianchini, Ércio Bianchini, Manoel Ferreira de Miranda, Fernando Stein, Ismael de Lima, Rosmary de Lima, Vera Lúcia Narezzi, Marcos Roberto Inhauser, José Luís da Silva Miranda, Geralda de Moura, Marina de Moura, Elida Berti, Maria do Carmo Bastida, Léia Paiva, Oswaldo Stein Jr., Célia Inhauser, Paulo Roberto Stein, Hilda de Moura, Ana Maria Sannazzaro, Marli Stahl, Neide Mary Berti, Waldemar Stein Filho, Alcides Costa, Osny Stahl, Marilena, Ruth Stahl, Jane Stahl, Jací Stahl, Antonia Moreira, Edenilza Bianchini, Maria de Lourdes Martins, Eliezer Rocha, Roberto Marcos Inhauser, Maria Eulâmpio de Moraes, Odacyr Gama, Marcos Antonio Geraldo, Marta Helena Paiva, Celena Ribeiro, Gilmar de Lima, Angelita Ortiz de Oliveira, Elenita Ortiz de Oliveira, Valsíria de Almeida, Roseídes Costa, Rute de Moraes, Gilberto Candello Jr., Paulo Kataquiri, Célia Casagrande, Zenaide Baroni, Zoraide Germano Nogueira, Hélio Cerqueira Leite Jr., Jaime Nunes de Oliveira, Flamínio Stahl, Júlio Luízze, Divanir, Cleusa Stahl, Werner Fahl, Odacil Wolf, Mirna H. Krahembuhl, Wladimir Novachi, Joni Ninchim, Wilson Ninchim, João Carlos de Camargo e Emília Fahl.

Desses jovens, vários deles mudaram-se para outras cidades, outros frequentam outras igrejas ou simplesmente abandonaram a Igreja Presbiteriana de Indaiatuba.

 

PERÍODO FINAL

A UMP sobreviveu por mais alguns anos durante a década de 70 (até 1976).

Nos anos 70 a UMP encontrou novas lideranças nos jovens Ismael de Lima e Antonia Moreira.

Nessa época os registros não são tão minuciosos como na década de 50, e é provável que várias de suas ações não chegaram a ser registradas.

Nesses últimos sete anos ocuparam os cargos de presidente, secretário e tesoureiro da UMP os seguintes jovens:


Em 1970 visitava a UMP de Rio Claro e participava do 4º Congresso do Sínodo Meridional em Londrina (delegados: Ismael de Lima e Fernando Stein).

Em 1971 a UMP, com 42 unionistas, visitava as mocidades das igrejas de Jardim Licínia, em Campinas (20/06/71) e de Salto (04/07/71).

O jornal “O Atalaia” era substituído pelo periódico “Recado Legal”, que já não era impresso mas mimeografado.

A UMP prosseguia na realização dos cultos de evangelização nas residências.

Nesse ano era demolido o templo velho, e o novo salão social, sem acabamento, passou a funcionar como templo.

Em 1972 a UMP, com 33 sócios ativos, realizava retiro espiritual, na Semana Santa, com a UMP de Itu, na Fazenda Cachoeira do Jica, com preleções do Rev. Antonio Lemos, recebia a visita do Coral “Conjunto Luz” da UMP de Santos (05/11/72) e dos Cantores de Sião (07/04/74, e iniciava a realização de cultos de evangelização na Fazenda Engenho D’Água (hoje Jardim Morada do Sol). Agenor Pereira da Silva, hoje pastor da Igreja Presbiteriana Renova local, era evangelizado lá.

Em 05/10/1973 acontecia o Encontro Regional de UMP’s em Indaiatuba.

Realizava-se piquenique em Friburgo (02/11/73). Prosseguiam os cultos de evangelização e as reuniões sociais.

Ainda no final de 1973, alguns jovens, encabeçados por Antonia Moreira, então Presidente da UMP, se desligavam da UMP e da Igreja Presbiteriana de Indaiatuba, para participar da Igreja Batista Peniel. A divisão interna, que atingiu exclusivamente os jovens, ocorreu por razões doutrinária (pentecostalismo), quando era pastor o Rev. Francisco Xavier da Cunha.

Em 1974 a UMP realizava um retiro espiritual no período do carnaval, dirigido pelo Rev. Orlando Manoel Rodrigues (ex-sócio da UMP), e um piquenique na Fazenda Itaóca.

Em 1975 a UMP recebia a visita da UMP de Limeira. Nesse ano ressurgia o periódico “O Atalaia”, mimeografado, mas cessaria de ser produzido logo em seguida.

Em 1976 a UMP participava, em Itu, do Congresso das UMP’s do Presbitério de Jundiaí, nos dias 28 e 29 de fevereiro e 01 e 02 de março, no Colégio Agrícola Estadual.

Na década de 70 ingressaram na UMP os seguintes jovens: Marisa Stein, Arlete Schmidt, Cristiane Cerqueira Leite, Antonio Claret de Castro, Fabiano de Castro, Inês de Castro, Agenor Pereira da Silva, Gislaine de Lima, Roseli de Lima, Manoel Ferreira Rodrigues, Sheila Borghezani, Francisco Borghezani, Odete Paiva, Nelson Batista Pereira, Vanda Sueli Rodrigues, Elizabeth Riggio, José Maria Rodrigues, Antonio Silva Semente, Diva Celina Stein, Elizete Schmidt, Lucas Schmidt, Glauco Xavier, Osni Ims, Waldir Stein, Edésio Stahl, Marcos Marini, Alcebíades Lima, Sueli Marini, Luís Carlos Pacheco, Solange Narezzi, Eunice Stein, João Batista da Silva, Claudia Peres, Emerson dos Santos, Maria Augusta Cerqueira Leite, Tobino Marcos Berti, Odinei Novachi, Rosani Stahl, Merli Melikardi, Mary Hebling de Lima, Gilsemar de Lima, Edson de Lima e Cleide Stahl.

O texto acima relata apenas as atividades principais que foram desenvolvidas pela UMP nos seus 30 anos de existência. Muitas, inclusive, nem sequer foram registradas.

1976, ano em que a UMP completou os seus 30 anos em 21 de julho, sem qualquer comemoração, é também o último ano de suas atividades como departamento organizado da mocidade presbiteriana de Indaiatuba.

O último presidente não convocou os jovens para eleição de nova diretoria para 1977.

Não há mais qualquer registro em ata a partir de 23/02/1976, data da ata derradeira, de nº 222, às fls. 167/168 do 2º Livro de Atas. A UMP deixa de existir, ou se dissolve de fato, a partir de 1977, transparecendo que essa omissão contava com a orientação da direção da Igreja, que tinha à sua frente o Rev. João Marinho Filho.

Passaram-se 20 (vinte) anos. Os jovens presbiterianos remanescentes, nesse período, desorganizados, não deixaram mais qualquer registro de suas ações esporádicas. Um período sem memória e sem direção, o que é uma pena.

No dia 21 de julho de 1996 poderiam ter comemorados 50 anos da UMP.

Entretanto, a data passou completamente desapercebida.

Nesses últimos 20 anos vai ocorrendo uma evasão contínua e sem precedentes de jovens da igreja; quase todos os novos jovens que ingressam na Escola Dominical vão, paulatinamente, um a um, todos eles, abandonando o convívio com os demais à Rua Bernardino de Campos, 644. E todos aqueles que se casaram nestes últimos 20 anos também abandonaram esse convívio. Essa é uma verdade incontestável, que ninguém pode negar, infelizmente.

O grupo remanescente de jovens fica, por isso mesmo, reduzido a um pequeno grupo em torno de uma dúzia.

É o período que coincide com o rompimento da igreja local com a Igreja Presbiteriana do Brasil – IPB, com a divisão da Igreja Presbiteriana de Indaiatuba, e com a fundação de mais uma denominação religiosa, a IPU – Igreja Presbiteriana Unida, e com o pastorado do Rev. João Marinho Filho.

É provável que o rompimento com o passado, o preconceito contra as Igrejas Presbiterianas, a rejeição de ensinamentos recebidos nas décadas de 50 e de 60, a condenação de tradições e valores presbiterianos, o abandono da evangelização, o ensino superficial com ênfase às questões político-sociais, a divisão da igreja, a introdução de um liberalismo exagerado, a adoção do ecumenismo com a Igreja Católica, a preocupação em demonstrar que a Igreja Romana mudara e as contínuas aproximações litúrgicas em relação à mesma, o distanciamento em relação às Igrejas Presbiterianas da região, impossibilitando as confraternizações com as UMP’s dessas igrejas, é provável que todos esses fatores, aliados às mudanças ocorridas no mundo das comunicações nas últimas duas décadas, contribuíram para o fim da UMP, para as evasões dos jovens e para o definhamento dos remanescentes sem história.

Outra UMP surgiria, na década de 80, na Primeira Igreja Presbiteriana de Indaiatuba, à Rua Tuiutí, 253 (oriunda da divisão da Igreja Presbiteriana de Indaiatuba na Rua Bernardino de Campos, 644, em 1975), numerosa e atuante, que confirma tal probabilidade. Mas essa é uma outra história.

Essa foi a caminhada da UMP na Rua Bernardino de Campos, 644. Esse foi o fim dela. Muitos contribuíram para a sua caminhada. Bastou a ação de alguns para definhá-la e fazê-la desaparecer.

Uma igreja sem uma mocidade atuante e sem campanhas de evangelização não tem futuro. Ou tem? Não tem porque tende a se tornar uma igreja de idosos e a encolher-se.

Os jovens que restaram não têm consciência disso. Podem ser esperançosos. Mas nada podem fazer: sempre foram conduzidos pelo deserto a “rodear Edom”.

A dinâmica que caracterizava a vida da mocidade nos anos 50 e 60 e a sua participação nos trabalhos da Igreja Presbiteriana inspirava e impulsionava a comunidade religiosa. Mas é coisa do passado. Aconteceu. Não existe mais, porque à Rua Bernardino de Campos, 644, não existe mais uma Igreja Presbiteriana.

Alguns daqueles que viveram aquela época sentem, com saudade, a grande diferença.

Se alguém ainda pensa que dos acontecimentos do passado não se pode extrair nenhum ensinamento útil, está muito enganado.

A história da UMP é um painel que convida, aqueles que dela fizeram parte e os jovens de outras Igrejas Presbiterianas, a um exame introspectivo e retrospectivo. À medida em que a neblina do passado for se esvaindo e as lembranças forem surgindo, suas cores poderão ir mudando e mostrando formas, imagens e perspectivas reveladoras.

Há um caminho, sim, para reavivar a juventude e com ela toda a Igreja. A revelação apocalíptica dirigida à Igreja de Éfeso diz: “Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor.” (Ap. 2:4)

Esta é, seguramente, a receita para reavivar a juventude cristã: o retorno ao verdadeiro amor a Deus e ao seu Reino. 

 Fernando Stein

21 de julho de 1996.

 

 

AVIVA  A TUA MOCIDADE

 

Senhor, aviva a Tua Mocidade!

Faze outra vez bater seu coração,

Na cadência do Amor e da Verdade,

Para levar ao mundo a Salvação!

 

Esclarecendo os homens da cidade,

E convencendo o povo do sertão,

Que ela seja o farol da humanidade,

Mostrando ao mundo a cruz da redenção!

 

Nossa Pátria precisa tanto dela!

E o nosso esforço missionário apela

Para o seu entusiasmo e o seu vigor!

 

(autor desconhecido)

 

 

 

 

 

 


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