quarta-feira, 29 de dezembro de 2021
Estação Ferroviária de Indaiatuba - Fatos & Memórias
terça-feira, 28 de dezembro de 2021
Criação da Escola Mista de Itaici
(1) Em 24 de julho de 1892, o jornal "O Correio Paulistano" publicou o projeto de lei que criaria a Escola Mista da Estação de Itaicy:
O projeto foi aprovado pelo Congresso Legislativo do Estado de São Paulo, que promulgou a lei no dia 24 de setembro de 1892 através da Lei nº 101, que você pode ler aqui.
Para conhecer sobre a História da Educação em Indaiatuba, leia a tese de mestrado da Profa. Silvane Leite Poltronieri que está aqui.
Veterano indaiatubano da Guerra do Paraguai
A Guerra do Paraguai foi o maior conflito
armado entre países da América do Sul.
Na segunda metade do século XIX, Brasil, Argentina, Uruguai, que
juntos formaram a Tríplice Aliança, se uniram contra o Paraguai em um embate longo e sangrento, que durou entre 1864 e 1870 e que trouxe
prejuízos e perdas para todos, mas principalmente para o Paraguai, que foi
devastado. Estima-se que
aproximadamente 80% da população masculina foi dizimada e o que restou eram idosos,
crianças e mutilados de guerra.
No Brasil, até a
metade do século passado, a descrição da guerra dava ênfase ao heroísmo
nacional, sendo descrita como uma sucessão de feitos e fatos militares com
excessiva dose de ufanismo. Por esse motivo, diversas ruas de Indaiatuba e de
outras cidades foram nomeadas com nomes das diferentes batalhas dessa guerra,
como por exemplo as ruas 11 de junho, 24 de Maio, Tuiuti, Humaitá e
Itororó.
Também
por isso, muitos dos que entraram no conflito passaram a compor a construção da
imagem dos militares como heróis, salvadores e/ou defensores da pátria,
corajosos e honestos que perdurou e se intensificou durante a República Velha,
só sendo abalada após 1964.
Nessa perspectiva, vemos um indaiatubano sendo homenageado como veterano da Guerra do Paraguai.
Trata-se do cabo de esquadra Benedicto Gomes da Silva nascido em
Indaiatuba em 1842, que você pode conferir na imagem (sentado, à direita) e
reportagem abaixo, publicada pelo jornal “O Commércio de São Paulo” do dia 16
de novembro de 1909.
Padre Jerônimo Migliani
Foi pároco da paróquia Nossa Senhora da Candelária de Indaiatuba entre 7 de dezembro de 1897 até 21 de dezembro de 1901.
Padre Jerônimo Migliani ou Girolano Migliano foi:
professor diplomado em Cosenza pelo “providore agli studii” da província de Calábria Citeriore em 1876;
professor do Seminário Ginásio de São Marco Bisignano Argentano entre 1882 e 1884;
conciliador do município de Mongrassano na mesma província durante um triênio, por decreto do Rei Humberto I, assinado no dia 1º de abril de 1886 e;
sacerdote na paróquia de Mongrassano em 1888.
No final de 1893 recebeu licença por um ano para celebrar no bispado do Rio de Janeiro e, em 1897, com carta assinada pelo bispo Vicento Ricotta, do bispado de São Marco Bisignano, foi apresentado ao bispado de São Paulo, o qual o nomeou vigário de Indaiatuba, pelo prazo de apenas 15 dias.
Padre Migliani gostou tanto que acabou ficando em Indaiatuba durante 4 anos. Neste período as provisões do pároco foram sendo renovadas anualmente até que, ao final de 1901, foi nomeado para a paróquia de Mato Grosso de Batatais. Se último batizado foi realizado a 21 de dezembro de 1901.
O padre Jerônimo era o vigário de Indaiatuba quando houve na cidade a epidemia de febre amarela que dizimou muitos habitantes. O jornal o Estado de São Paulo assim noticiou:
Indaiatuba / A febre amarela tem-se alastrado de um modo assustador nos últimos dias. No hospital de isolamento existem 14 enfermos e em casas particulares, outros tantos. Já se está sentindo a falta de recursos em muitos lares. O comércio, quase todo fechado, dificulta horrivelmente o meio de subsistência. Nestes dias retiraram-se desta Vila trinta e tantas famílias.
No dia 6 de julho de 1899 voltou a noticiar:
Indaiatuba / No dia 30 passado retiraram-se desta Vila os inspetores sanitários que felizmente deram por extinta a epidemia, que durante três meses devastou esse lugar. Durante esses três meses em que reinou a Febre Amarela, faleceram desse mal 64 pessoas, na sua maioria de 30 anos para cima.
Padre Jerônimo tinha influência no Bispado, tanto que é uma das poucas vezes que se anuncia que foi enviado proventos para Indaiatuba, em vez do contrário, como mostra a publicação do jornal "O Commércio de São Paulo, do dia 7 de dezembro de 1899:
segunda-feira, 27 de dezembro de 2021
Violência e morte na "Fazenda Sertão" de José Estanislau do Amaral
José Estanislau do Amaral nasceu em 9 de julho de 1817 em São Roque, faleceu em 10 de dezembro de 1899 e foi um fazendeiro de Indaiatuba no século XIX (veja aqui). Filho de Estanislau do Amaral Campos e Ana Leoniza de Camargo, foi casado com Teresa de Jesus Aguirre e pai de Anna Leonizia do Amaral, Estanislau do Amaral Campos, Antonia do Amaral, Maria Rita do Amaral, Antonio Estanislau do Amaral e José Estanislau do Amaral este último, homônimo, foi pai da artista Tarsila do Amaral.
186 alforriados em Indaiatuba
No dia 13 de maio de 1888, após seis dias de votações e debates no Congresso, a Princesa Isabel, sem ter outra opção assinou a Lei Áurea, que decretava a libertação dos escravos no país.
Sobre este dia, Machado de Assis escreveu anos depois na coluna “A Semana”, no jornal carioca Gazeta de Notícias: “Verdadeiramente, foi o único dia de delírio público que me lembra ter visto”.
Alguns meses antes, era anunciado em jornal que a fazendeira Francisca Amalia de Oliveira Camargo - de Indaiatuba - libertara seus 186 trabalhadores negros escravizados.
Francisca Amalia de Oliveira Camargo era filha de Agostinho Rodrigues de Camargo (1820-1876) e Francisca Amália de Oliveira (1817-1881) e irmã de Augusto de Oliveira Camargo que, junto com sua esposa Leonor de Paula Leite de Barros construíram o Hospital Augusto de Oliveira Camargo.
Indaiatuba e a Colônia Militar do Avanhandava
Durante o século XIX, principalmente a partir de 1850, o império brasileiro planejou a instalação de colônias militares que deveriam ser implantadas por todo o território.
Enquanto na maioria dos países o problema é a falta de espaço geográfico, no Brasil, a imensidão de terras constituiu-se como permanente preocupação dos administradores. Assim, as colônias militares tinham por principal função promover a “povoação e cultura agrícola” de determinadas regiões, bem como a de “policiar e proteger” o interior do país.
Ambos os modelos, colônias militares e civis, representavam, antes de tudo, um esforço de levar a “civilização” e marcar presença em locais não ocupados ou mal ocupados pelo homem branco. Na província de São Paulo duas colônias foram implantadas: Itapura e Avanhandava.
No recorte abaixo, retirado do jornal Correio Paulistano do dia 7 de abril de 1888 onde se lê que a Câmara Municipal de Indaiatuba solicita ao Governo da Província de São Paulo a abertura de uma estrada ligando Indaiatuba até o Salto de Avanhandava demonstrando que a propaganda oficial que divulgava a necessidade da ocupação do local chegou a sensibilizar os nossos vereadores.
Para saber mais sobre a Colônia Militar do Avanhandava, leia a dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, campus de Bauru, como requisito final para a obtenção do título de Mestre feita por Daniel Candeloro Ferrari. Além (1) de aprender sobre o tema e uma pesquisa única até então, (2) você poderá aprender como a metodologia do trabalho científico é aplicada em Ciências Humanas. Em um período onde a ciência e os cientistas estão sendo consecutivamente atacados por extremistas de direita para sustentar um sistema de poder, é relevante conhecer como a História é construída de maneira sistemática. Leitura indispensável.
História da Educação em Indaiatuba - Fragmentos
Edital publicado no jornal de 11 de novembro de 1858 - vaga de professor para sexo masculino
quarta-feira, 22 de dezembro de 2021
Casarão e Museu Municipal passam por manutenção preventiva durante o mês de janeiro
Espaço expositivo será readequado e abertura está prevista para fevereiro
Durante o mês de janeiro de 2022, o Casarão Municipal Pau Preto passará por uma completa manutenção preventiva do prédio, com o objetivo de prepará-lo para se tornar um polo cultural de Indaiatuba, com diversas atrações e a inauguração do Núcleo Musical Nabor Pires Camargo.
Aproveitando todo processo de manutenção, o Departamento de Preservação e Memória irá readequar, reorganizar e modernizar a estrutura expositiva do Museu Municipal ‘Antônio Reginaldo Geiss’. O objetivo é aproximar a comunidade indaiatubana com a história e a memória da cidade, desenvolvendo exposições com peças que compõem seu acervo, além de exposições interativas para todos os públicos.
A reabertura do Museu Municipal e do Casarão Pau Preto está prevista para o início de fevereiro de 2022.
Foto: Divulgação Prefeitura Municipal de Indaiatuba
terça-feira, 21 de dezembro de 2021
1880 - Suicídio de um escravo fugitivo
SUICÍDIO
Não era conhecido o nome do suicida e apenas constava ter ele dito, quando foi presto, que pertencia a pessoa que reside na capital."
.....oooooOooooo.....
Nota: o pároco da igreja Matriz Nossa Senhora da Candelária, na época, era "Vigário Collado Antonio Cassemiro da Costa Roris."
Formação da primeira junta do "Partido Conservador" do império em Indaiatuba
Durante o Segundo Reinado da época do Brasil imperial tivemos dois partidos políticos, o Partido Conservador (dos saquaremas) e o Partido Liberal (dos luzias), ambos monarquistas e escravocratas ao ponto de um político pernambucano dizer uma frase que ficou famosa para descrever essa aparente oposição: "nada se assemelha mais a um 'saquerema' do que um 'luzia' no poder".
Os dois partidos alternaram-se no poder legislativo durante todo o Segundo Reinado. O exercício do poder ocorria através da ocupação do Conselho de Estado, órgão do poder político-administrativo do Império, diretamente controlado por D. Pedro II. Na monarquia parlamentarista brasileira, não era o rei que ficava subordinado ao parlamento, mas o contrário, o parlamento era submetido ao monarca.
Essa dualidade partidária brasileira iria acabar apenas na década de 1870, quando a crise do modelo escravista no Brasil levaria parte dos latifundiários, com o apoio de camadas sociais urbanas, a defenderem a abolição e a formar o Partido Republicano.
Abaixo vemos os saquaremas de Indaiatuba que formaram a primeira "Junta Conservadora" da nossa cidade:
Escravos fugidos de Indaiatuba
Eleitores em Indaiatuba em 1856
Na publicação feita pelo jornal Correio Mercantil do dia 3 de abril de 1856 há um projeto citando a quantidade de eleitores em várias localidades da então Província de São Paulo.
Confira a quantidade de eleitores citados em Indaiatuba, que na data era uma Freguesia de Itu e, nesta condição votavam apenas para vereadores da Câmara Municipal de Itu. Indaiatuba só passaria a ter uma Câmara Municipal a partir do dia 24 de março de 1859, quando ganha a autonomia política em relação a Itu, passando a ter sua própria Câmara de Vereadores.
segunda-feira, 20 de dezembro de 2021
Aniversário de Indaiatuba - Reflexões no 191º aniversário
Indaiatuba 191
anos – Origem, Fundação e Futuro
EPIDEMIAS E PANDEMIAS
Eliana Belo Silva
Neste nove de dezembro de 2021 completou 191 anos que nossa Indaiatuba deixou de ser um bairro rural de Itu chamado
Cocaes – nome dado por causa da grande quantidade da palmeira indaiá - e passou a ser uma freguesia, ou seja, um local com uma capela curada e um padre fixo,
com um juiz de paz e com o direito de fazer uma eleição para eleger vereadores
para compor a Câmara de Itu. Ter se tornado uma freguesia é uma condição
de elevação religiosa - e não política – uma Câmara Municipal com eleições e
vereadores locais só teríamos a partir de 24 de março de 1859, quando uma lei
elevou a freguesia para vila (sinônimo de cidade).
Embora o nove de dezembro tenha
sido determinado formalmente como a "data de fundação de Indaiatuba", sua origem
aconteceu bem antes. Esclarecer a origem do povoamento da cidade é um desafio
para historiadores, pois atualmente há carência de mais fontes documentadas e
arqueológicas.
Na tentativa de esclarecer essa
origem, temos dois contrapontos, o lendário e o histórico - que ainda carece de mais dados.
O primeiro é um texto belíssimo, que pode ser considerado uma crônica benevolente e suave para a época em que foi escrito, inclusive apresentando uma estória que é repetida em muitas outras localidades, quando se narra a origem delas, o que nos permite categorizá-la como, em grande parte, lendária. Trata-se da narrativa feita pelo memorialista Francisco Nardy Filho, que conta que certo José da Costa, no século XVIII, saiu para procurar uma novilha perdida e, esgotado, teria resolvido matar a sede no Ribeirão Votura (atual Córrego do Barnabé), em cujas margens havia um pequeno povoado com o mesmo nome. Para sua surpresa, ele encontrou uma imagem de Nossa Senhora da Candelária e, com ela não mão e orando fervorosamente, encontrou a novilha perdida. Em gratidão, ergueu uma capelinha em homenagem a ela, onde, segundo o historiador Manuel Eufrásio de Azevedo Marques, os moradores de Votura se reuniam todas as sextas-feiras para orarem.
No Livro “Indaiatuba, sua História” Scyllas e Caio da Costa Sampaio, além de fazerem certas correções nos apontamentos de Azevedo Marques, também afirmam que, em 1924, quando houve um desmatamento no local onde teria existido Votura, “observou-se vestígios de diversas casas, fragmentos de louças, pedaços de potes” e outros testemunhos, inclusive “nabos de esteios apodrecidos que apontam para um arraial regularmente construído.” Os autores apontam que o local estaria à esquerda do Ribeirão Caldeira - que desaguava no Ribeirão Votura - e nasce na frente da Toyota.
Nilson Cardoso de Carvalho levanta a hipótese sobre Votura (que você pode ler aqui), afirmando que o povoado estaria nas proximidades do Rio Jundiai e essa hipótese é corroborada pelo fato de que o Ribeirão Votura também foi chamado, por alguns, por "Ribeirão Caldeira".
Já fazendo um exercício de levantar possibilidades de acordo com o que conhecemos hoje sobre o Ribeirão Caldeira, podemos inferir que o povoado de Votura estaria hoje nos arredores do Parque Corolla. (Veja estudo fotográfico abaixo).
De acordo com a tradição oral, que carece de confirmação documentada, os habitantes de Votura saíram de lá e mudaram-se para o pico de uma colina próxima, fugindo de uma epidemia de varíola e ali construíram outra capela exatamente onde hoje é a Matriz Nossa Senhora da Candelária, capela esta que foi curada (recebeu bens) por Pedro Gonçalves Meira, que é considerado o “fundador” de Indaiatuba. Nas proximidades da capela (hoje Matriz) havia uma nascente - onde hoje é a “Praça da Nascente” - local relevante de pouso para tropeiros, atividade que impulsionou o crescimento de nossa cidade.
Deixando a parte lendária de lado,
por mais que seja bacana pensar que nossa cidade nasceu de um mito tão singelo,
encontra-se, em pelo menos três testamentos antigos - a menção a certo José da
Costa Homem, o que nos permite avançar na descrição da origem do povoado de Votura,
mais tarde Cocais e finalmente, Indaiatuba. Esse José da Costa Homem é, nada
mais, nada menos, do que herdeiro comprovado do bandeirante paulista Domingos
Fernandes (1577 - 24 de janeiro de 1652) que, em 1610,
juntamente com seu genro, Cristóvão Diniz, fundou o povoado de Itu, erguendo
no local para devoção a Nossa Senhora da Candelária, que mais tarde se tornaria
padroeira daquele (e do nosso) município. Ou seja: há, sim, comprovação
histórica comprovada que certo José da Costa existiu e que recebeu em inventário partes
das terras, justamente onde hoje está Indaiatuba.
Considerando tudo o que já temos
sobre a origem da cidade e tudo o que está por ser ainda pesquisado, comprovado
e divulgado, chama-nos a atenção o impacto que uma epidemia deu no citado
arraial de Votura. Previsível em uma época em que grande parte das crianças
morriam na primeira infância e pouquíssimos e privilegiados adultos viviam mais
do que sessenta anos, a debandada de uma população inteira para outro local
fugindo de uma doença é chocante. Podemos fazer o exercício de imaginar o
trabalho e esforço dos sobreviventes, em uma época que não tínhamos nada:
hospitais, médicos, enfermeiros, rede, antibióticos, penicilina e nem vacina,
sendo esta última uma das principais responsáveis por elevar a expectativa de
vida daquela época em cerca de 30 anos, uma vez que doenças até então graves
reduziram seus impactos, como – além da varíola – o sarampo, tétano,
poliomielite, rubéola, catapora, diarreia por rotavírus, caxumba, coqueluche,
difteria, tuberculose, febre amarela, gripe, hepatite A e B, HPV, HiB,
meningite e agora, uma nova peste: a Covid19, que devastou o mundo até os
resultados das primeiras levas de vacinação, quando então, a esperança
ressurgiu.
Do Votura citado neste texto e seu provável local,
passando por Cocaes e em seguida Indaiatuba, a varíola e outras doenças
infecciosas sempre provocaram medo e reações de confronto, sendo essas de
cuidado ou tentativas de prevenção. De transferir toda uma comunidade para a
outro local até o advento da primeira vacina, justamente a de varíola, não se
passou muito tempo; inclusive a história da imunização ativa confunde-se com a
história da varíola, doença que não só dizimou Votura, mas flagelou a
humanidade por milênios e ceifou a vida de centenas de milhões de pessoas ao
longo da sua convivência com o ser humano.
As tentativas de evitar as formas
graves dessa doença remontam os primeiros séculos. Ao notar-se que os
sobreviventes de surtos de varíola não voltavam a desenvolver a doença, foram
inúmeras as tentativas de tentar provocar uma forma mais branda dessa moléstia
– a chamada variolização. Povos, como hindus, egípcios, persas e árabes,
desenvolveram técnicas que incluíam inocular conteúdo derivado das cascas das
feridas (pústulas) da varíola, as quais eram moídas e colocadas na pele ou
introduzidas nas narinas. Mesmo com a comprovação que apenas 2% dos inoculados
morriam e que alguns poucos desenvolviam as formas graves da doença, a
variolização enfrentou oposição ferrenha e mesmo após o médico inglês Edward
Jenner ter criado – em 1796 - o que seria a primeira vacina contra essa doença,
ainda assim havia opositores – principalmente religiosos e dos variolizadores.
Passados 225 anos da invenção da
primeira vacina, o método de produção é basicamente o mesmo: a vacina é
produzida com parte atenuada do agente transmissor; isso aconteceu com a
varíola e com a Covid 19. E mesmo já tendo salvado bilhões de vidas desde as
primeiras doses, ainda há oposição e resistência ao método, por mais incrível que isso possa parecer.
A indistinção entre opinião/(des)informação
e argumentos fundamentados e numéricos de autoridades científicas, levam a
algumas pessoas há construir e divulgar pseudo-saberes que fomentam o
discurso negacionista influenciando decisões individuais que atrapalham o pacto
coletivo que é a vacinação em massa. Mesmo quando os óbitos diminuíram com o
avanço do processo de vacinação e com as evidências incontestáveis de que os
não-vacinados produzem cepas mais perigosas, ainda assim a resistência pueril
continua, passados mais de dois séculos. Na esfera do indivíduo, recusar a
vacina é defendido [SIC!] como
resistência ao que se entende como uma “violação” do Estado à inalienável
liberdade individual. No entanto, o que
se vê é mais amplo do que isso: é uma biopolítica (ou necropolítica?)
claramente advinda do governo federal e seus apoiadores.
E neste cenário todo, interligado
por epidemias e pandemias, do ponto de vista micro, não é só a história de
Indaiatuba que carece de políticas públicas do Departamento de Preservação e
Memória para que possamos esclarecer nossas origens com mais acurácia; mas do ponto de vista
macro, carecemos de bom senso para romper, de uma vez por todas, o desrespeito
à Ciência motivado por fanatismo político que transformou a vacina em um
elemento ideológico.
O que José da Costa Homem diria sobre isso, se pudesse?
Com base na possibilidade levantada neste texto, o arquiteto Charles Fernandes fez um estudo fotográfico do local onde teria existido o povoado de Votura, caso consideremos (1) que foi na margem esquerda do atual Ribeirão Caldeira* e que (2) o local escolhido por José da Costa Homem foi o de maior altitude - como era feito no início das povoações coloniais e imperiais no Brasil - para construir as capelinhas católicas.
Com base nesses dados, provavelmente a capela do povoado de Votura estaria onde hoje é a Rua Orlando Barnabé, entre as ruas Silvio Candello e Serafim Gilberto Candello. Esta afirmação carece de mais estudos. Com base nessa hipótese, esta seria a vista da capelinha em direção ao Ribeirão Caldeira.
O local indicado é o de maior altitude possível de ser avistada do ponto de união entre o Córrego do Caldeira e o Córrego do Barnabé (Ribeirão Votura) junto à várzea do Jundiaí que se estende até o Piraí conforme hipótese aqui apresentada.
NOTA: Conforme está escrito no texto, há informações que carecem de mais fontes, embora hajam pistas relevantes.
* Corroborou com a confirmação da localização o Engo. Alexandre Carlos Peres (SAAE).
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