quinta-feira, 31 de julho de 2014

Museu Municipal volta a abrir aos finais de semana e traz exposição sobre arqueologia da região

A Fundação Pró-Memória inicia a partir de quinta-feira (31), no Museu Municipal Casarão Pau Preto, a Exposição Temporária a Pré-história do Homem Brasileiro. 
Segundo o superintendente da fundação, Carlos Gustavo Nóbrega de Jesus, a exposição é uma parceria entre a instituição e o Museu Elizabeth Aytai de Monte Mor. “O acervo de Monte Mor tem um rico material arqueológico da região, inclusive peças de datação pré-cabralina que o Museu Municipal de Indaiatuba não tem, pois não existiu nenhuma escavação arqueológica do gênero na cidade”, relata. 
Gustavo afirma, ainda, que aquela iniciativa foi do então professor da PUCCAMP Desidério Aytai. “Situação que nos ajuda levantar a hipótese de que as peças encontradas lá fazem parte de grupos indígenas que povoaram também Indaiatuba”, acredita.
Segundo o superintendente, a exposição estará no Museu Municipal quando a oficina em parceria com a Unicamp estiver sendo realizada. “Fiz questão que a exposição estivesse no Museu quando fosse acontecer a oficina de “Arqueologia e Patrimônio”, que irá ocorrer no Casarão, entre os dias 16 e 23 de Agosto, atribuída pela Escola do Patrimônio, que é resultado de parceria entre Pró-Memória e Unicamp e que já está com as inscrições preenchidas”, finaliza.
NOVIDADE
Ainda em relação ao Museu Casarão Pau Preto, o superintendente anuncia que a partir do próximo sábado (2) passará abrir, também, aos finais de semana. Nos sábados das 9h às 17h e domingo das 13h às 17h. Segundo Gustavo, desde abril quando da reinauguração do Casarão, a Fundação estava organizando o Museu para receber o público, também, nos finais de semana. “Depois de alguns ajustes e organização do acervo nesse mês o Museu Municipal poderá ser visitado também aos sábados e domingos. A área do bosque continuará aberta nos finais de semana, somente fechando aos domingos a partir do meio dia.
SOBRE A EXPOSIÇÃO
A Exposição “A Pré-História do Homem Brasileiro” com o acervo pertencente ao Museu Municipal Elizabeth Aytai traz, através da cultura material desde o homem pré-histórico até os indígenas, a riqueza da formação e ocupação na nossa região (Monte Mor, Indaiatuba, Laranjal Paulista dentre outras). O acervo passou a ser constituído a partir das pesquisas realizadas pelo Professor Desidério Aytai na região de Monte Mor. Hoje o Museu Municipal Elizabeth Aytai possui um rico acervo com mais de 9 mil peças.
Estarão expostas no Museu Casarão Pau Preto lascas de sílex, ossada de animais que serviam de alimento, cerâmica tupi-guarani e quadros explicando sobre esse período da ocupação humana.
A responsável pelo Museu de Monte Mor, a Zilda Rangel, foi quem realizou a curadoria e elegeu o acervo representativo para montar essa exposição.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

FUNDAÇÃO PRÓ-MEMÓRIA DE INDAIATUBA e IPR-UNICAMP - ESCOLA DO PATRIMÔNIO 2014

A FUNDAÇÃO PRÓ-MEMÓRIA de Indaiatuba, na comemoração dos seus 20 anos de atuação em defesa da educação, do patrimônio cultural e da memória da cidade, promove, em parceria com o grupo I.P.R. da UNICAMP (Inovação e Pesquisa para o Restauro), a Escola do Patrimônio. 

A Escola do Patrimônio é um programa de divulgação e capacitação nas áreas e temas do Patrimônio Cultural, que entre agosto e novembro de 2014 promoverá, no Casarão Pau Preto, 5 oficinas de capacitação cultural e técnica para todos os interessados de Indaiatuba e região. 

As inscrições são gratuitas. 

Os interessados devem ter nível de escolaridade médio ou superior. 

Será emitido certificado para aqueles que completarem as 12 horas de capacitação. 

Todas os cursos terão atividades práticas. 

Os interessados podem se inscrever em qualquer curso, e nos temas que tiver interesse. 

Serão 30 vagas, a serem preenchidas por ordem de inscrição. 

As aulas serão na Fundação Pró-Memória de Indaiatuba – Auditório da Tulha. 

 Para se inscrever é necessário preencher a FICHA DE INSCRIÇÃO Clique aqui

Clique aqui e veja as opções de Curso. 


A ficha de inscrição deve ser enviada por e-mail 
(escoladopatrimonio@promemoria.indaiatuba.sp.gov.br) ou entregar a ficha impressa pessoalmente na recepção do Casarão Pau Preto (rua Pedro Gonçalves 477, bairro Pau Preto). 
 
Dúvidas e informações ligar para (19) 3875-8383, horário comercial

terça-feira, 1 de julho de 2014

OS CASARÕES ANTIGOS DO LARGO DA MATRIZ DE INDAIATUBA

 

Nilson Cardoso de Carvalho

1995

 





O Largo da Matriz, primeiro espaço comum, reunia em torno de si as casas mais importantes do povoado, sobressaindo, imponente, a igreja, ponto de reunião das pessoas, dos fiéis nos dias de missa, procissões, festejos religiosos e também nas eleições, quando se reuniam as ‘mesas paroquiais’ no corpo da matriz, pequeno número de eleitores, para se proceder as eleições de juízes de paz, vereadores e os cargos eletivos do Império em todos os níveis.

 

Era o local cívico e religioso da comunidade. Ali residiam os principais do lugar: oficiais da Guarda Nacional, fazendeiros senhores de engenho, fazendeiros ‘cafelistas’, comerciantes principais e as autoridades locais.

 

O Largo, como o nome diz, era um largo com chão de terra sem calçamento, que em sua largueza ampliava a perspectiva da matriz. Em fotos do início do século ele aparece ainda limpo, apenas com algumas palmeiras.

 

Em 1930 era chamado ‘Praça Rio Branco’, quando este nome foi mudado para ‘Praça Centenário’, em comemoração ao centenário da elevação de Indaiatuba à freguesia, e finalmente, para homenagear a grande benemérita fundadora do Hospital mudaram o nome para ‘Praça Leonor de Barros Camargo’. Há mais de trinta anos, 1964, quando eu e minha família aqui nos radicamos, Indaiatuba era um lugar muito agradável, tal como (ainda) é.

 

A igreja matriz, sem a sufocante floresta à sua frente e os ridículos arranha-céus circundantes, imperava majestosa sobre o seu largo. Largo este de tradições tão antigas na cultura luso-brasileira, inclusive com sua indispensável ‘Rua Direita’.

 



Centro histórico, desde que ali foi implantada a primeira capelinha no século dezoito, o local se mantinha intacto, com seu casario colonial, de alinhamento uniforme, múltiplas portas e janelas envidraçadas, todas abrindo para o espaço aberto do largo. 


Esse conjunto homogêneo se manteve intacto durante muitos anos depois que aqui chegamos e só no final da década de setenta, início dos anos oitenta, começaram a vir abaixo os casarões, vítimas de muitas circunstâncias, mas principalmente da idéia equivocada do que seja “progresso”,  isto é: “tudo o que é velho deve ser demolido”. 

 

Lembro-me de uma das primeiras vítimas: um casarão na esquina com a Quinze de Novembro que deveria ter mil histórias para nos contar, desde sua trabalhosíssima construção, iniciada ainda no meio da floresta onde o construtor escolheu as árvores que dariam o seu madeiramento, passando pela história das pessoas que nele viveram e, quase no final de sua existência, quando viu surgir o Indaiatuba Clube que ali teve sua sede.


Senti um choque ao vê-lo, numa manhã, semidemolido, já destelhado com madeiramento todo à mostra e... madeiramento tão perfeito como se acabasse de ser construído!

 

Nas calçadas ao seu redor colocaram as grandes telhas coloniais empilhadas. Chamava a atenção a extensa parede de pau a pique, encostada ao casarão vizinho e que começava a ser demolida com imenso trabalho, pois estava muito firme com sua ‘trama de paus roliços amarrados com cipós’.

 

Em frente a esse existia um outro notável casarão, antiga propriedade de José Estanislau do Amaral, avô da mais famosa pintora brasileira, Tarsila do Amaral, e também avô do nosso querido amigo Tércio Ferreira do Amaral.

 

Neste casarão nasceu aos 7 de agosto de 1869 Antonio Estanislau do Amaral, um dos primeiros ecologistas de que se tem notícia no Brasil, amante dos pássaros, das árvores e da natureza, cuja obra mais importante e desconhecida, inclusive pelos indaiatubanos, é o horto Itatuba; uma floresta ocupando muitos alqueires de terras, com árvores nativas brasileiras de todas as espécies, crescendo e se multiplicando livremente, sem a interferência do homem.

 

Por estar na época fora de Indaiatuba não presenciei a derrubada desse casarão; fui poupado de testemunhar o espetáculo, mas não da surpresa desagradável de dar por sua falta, um dia ao passar por lá e verificar que só havia sobrado o imenso terreno com jabuticabeiras e entulho.

 

Sei que as cidades, tais como os homens que as criam, são organismos vivos, e como tais vão se modificando no transcorrer do tempo; mas sei também que é possível, como nos lugares civilizados, estabelecer uma orientação para que estas modificações se façam de forma racional, sem descaracterizar o que ela tem de fundamental, pois sem características fundamentais a cidade perde sua identidade; e, como um sinal de alerta, tenho ouvido ultimamente várias pessoas dizerem que Indaiatuba está se tornando uma cidade ‘sem identidade’.

 

Texto publicado no “Diário Votura”, em 4-10-1995

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