quarta-feira, 28 de junho de 2023

Aniversário de 90 anos do HAOC é comemorado em Sessão Solene na Câmara Municipal

Com presença do Superintendente Renato Sargo, toda a Diretoria e parte dos funcionários, o Hospital  Augusto de Oliveira Camargo (HAOC) comemorou, na terça-feira dia 27 de junho de 2023, em cerimônia realizada no plenário da Câmara Municipal, o aniversário de 90 anos de fundação do hospital. 


Orquestra Jovem de Indaiatuba (OJI) abriu a Sessão Solene do 90º aniversário

Crédito: imagens de Sacha Ueda


Os vereadores Luiz Carlos Chiaparine - que presidiu a Sessão - Silene Carvalini, Alexandre Peres e Du Tonin estiveram presentes na solenidade, ao lado do vice-prefeito Túlio José Tomass do Couto e da secretária municipal de Saúde, Graziela Drigo Bossolan Garcia.


Diretoria do HAOC presente no evento
Crédito: Câmara Municipal de Indaiatuba (Anselmo)



Vereador e médico Dr. Chiaparini presidiu a Sessão Solene
Crédito: Câmara Municipal de Indaiatuba (Anselmo)



Médico do HAOC desde 1990, Luiz Carlos Chiaparine discursou na solenidade. “Estou aqui representando o presidente da Câmara Pepo Lepinsk e estou entre amigos de muitos e muitos anos. Falar do hospital é falar da minha segunda casa. Por isso, fico muito triste quando o hospital recebe críticas. O hospital não é para receber críticas, é para receber ajuda”, disse. Em seguida, comentou sobre a fundação do HAOC em 1933: “o Brasil e o mundo passavam por um período de grande recessão, e Indaiatuba tinha apenas 6 mil habitantes quando o casal Leonor e Augusto de Oliveira Camargo tiveram a coragem e a ousadia de construírem um hospital na cidade”.  Destacou também que  o hospital passou por alguns momentos difíceis até a chegada do sr. Renato Sargo, superintendente do HAOC há mais de duas décadas. “O Renato trouxe luz e alento para os pacientes, médicos e funcionários. Por isso quero agradecer-lhe pessoalmente e dizer que o HAOC pode contar sempre comigo e com a Câmara Municipal de Indaiatuba”.

Também médico do HAOC há mais de 30 anos, o vice-prefeito Dr. Túlio José Tomass do Couto lembrou que “houve um período em que era um sofrimento para nós médicos, já que faltava até fio para fechar a pele. Com o Renato, o hospital se transformou, e hoje tem totais condições de tratar praticamente todas as enfermidades”.

No final da solenidade, a diretoria do hospital homenageou médicos, enfermeiros e funcionários administrativos e de limpeza. Enfermeira do HAOC há mais de 20 anos, a vereadora Silene Carvalini foi uma das homenageadas.

Funcionários do HAOC foram homenageados no evento
Crédito: Sacha Ueda


Abaixo você lê o discurso do diretor-geral do HAOC, Dr. Edmir Deberaldini:

"O que dizer desta data? É o marco de um histórico com altos e baixos.

Minha relação com o Hospital tem 45 anos, que pode muito bem ser dividida em duas fases.


PRIMEIRA FASE

Nos primeiros 20 anos, o Hospital era o centro da medicina em Indaiatuba. Quase impossível atuar sem de alguma forma estar ligado ao HAOC.

Desta fase precisamos lembrar dos pioneiros da medicina "organizada" da cidade, os doutores Renato Riggio, Pedro Maschietto, Paulo Koide, Mário Paulo, Jalma Jurado e agora, mais recentemente, seus filhos Pedrinhi Maschieto, Renato Ríggio Júnior, bem como os parentes Orlando Anicchino e Renato Maschietto.

Destes pioneiros quase todos praticantes da Medicina Geral: Clínica e Cirurgia e o Dr. Orlando, anestesia.

Depois, houve  a chegada dos especialistas: Dr. Roberto Sfeir, L.A Pedrina; Rogério Maschietto, Ignácio Travizanuto, Dr. Cordeiro etc.

Chego nesta época já numa fase nova desta maravilhosa profissão na cidade, em 1978.

Trajetória dura de se firmar como médico, dando plantão no Pronto Socorro e auxiliando o Dr. Renato Riggio. 

O hospital vivia de "INPS" - FUNRURAL - doações (poucas) e raros pacientes particulares. Poucos convênios na época, já se destacando a Unimed/Campinas

O trabalho era muito e a "grana" era pouca, levando à crise financeira e o fechamento das portas, ocasionando uma Intervenção Municipal que durou nove (9) longos anos. Sem grandes comentários, encerrando para mim a primeira fase.

Fato importante a se destacar deste período foi o nascimento do "Centro de Estudos do H.A.O.C”, liderando pelo Dr. Jose Roberto Provenza, foi o embrião da Regional da APM em Indaiatuba, hoje uma entidade médica respeitável na cidade.


SEGUNDA FASE

Após o período de intervenção, veio a retomada judicial pela Fundação Leonor de Barros Camargo, e o primeiro acordo com a municipalidade para garantir a continuidade do Hospital, feito na época da transição do governo do Flávio Tonin e do Reinaldo Nogueira.

Nesta retomada, uma pessoa foi fundamental tanto para o acordo, como para a continuidade - o Sr. Renato Sargo - que já naquele momento iniciou a implantação de uma gestão profissional, visando uma continuidade sólida e sem dependência de Filantropia (sem deixar de ser filantrópico - óbvio).

Desse tempo até os dias atuais, não se passou um dia sem uma obra no Hospital ou ao se redor.

Em 2000, após estudo de viabilidade, houve a criação do plano de Saúde "HAOC SAÚDE", organizado pelo Dr. Marco Antonio Barroca. No mesmo período, também estava em formação a atual Diretoria do Hospital, tendo como Superintendente Sr. Renato, eu, o Sr. Ronaldo Garcia e mais adiante a chegada do Dr. Motta, diretoria esta que até hoje se mantem.

Diretoria do HAOC presente no evento
Crédito: Sacha Ueda


Um breve intervalo para lembrarmos dos Provedores (Presidentes) que comandaram a Fundação nestes 45 anos: "Chiquinho" de Paula Leite; "Dona" Candinha; Sr. Roberto Paula Leite Lara e mais recentemente o Sr. Márcio Moreira (atual presidente)

Através de uma gestão Profissional de um grupo coeso e integrado chegamos ao que conhecemos hoje, um hospital moderno, equilibrado financeiramente e comprometido com a Municipalidade, sendo o grande provedor de Serviço ao Sistema SUS.

Também nestes últimos 25 anos, veio a parceria com a Faculdade, inicialmente com o Professor Martins, e na sequência com a UNIMAX (antiga Max Planck), esta sim, com o compromisso de implantar um curso de Medicina, o que foi realizado em 2018, formando a primeira turma de 2024 (próximo ano).


O HOSPITAL HOJE

  • Realiza mais de 1.200 internações por mês;
  • Atende mais de 20 mil pessoal em PA e OS;
  • Realiza ao redor de 700 cirurgias mês;
  • Possui 4 UTI's;
  • Produz seu próprio O2 consumido;
  • Está implantando um “parque” de energia fotovoltaica;
  • Está chegando próximo de 300 leitos instalados;
  • Conta com mais de 1.300 funcionários (é um dos grandes empregadores de Indaiatuba);
  • O Plano de Saúde tem próximo de 25.000 vidas;
  • Mais de 300 médicos no Corpo Clínico;
  • Campo de Formação de Médicos Residentes, com 13 especialidades e 74 residentes.

Isso só para falar dos nossos grandes números.

Mas o Hospital só consegue estas realizações por que é "tocado" por pessoas, estas sim, grandes heroínas e heróis, alguns inclusive deram suas vidas durante a pandemia há próximos 2 anos atrás.

Por isso hoje vamos homenagear nossos coordenadores de setores e deixar nosso agradecimento em nome da Fundação Leonor de Barros Camargo pela dedicação e profissionalismo de todos.

Que Deus continue nos protegendo nesta caminhada de atendimento e amor ao próximo."





ESTE BLOG FAZ E SEMPRE FARÁ TRIBUTO À



Crédito da imagem: Anselmo - Câmara Municipal de Indaiatuba




terça-feira, 27 de junho de 2023

Indicação da Estação Ferroviária de Pimenta é pauta na Câmara Municipal

Eliana Belo Silva


Na Sessão de ontem (26/06/23) da Câmara Municipal de Indaiatuba a Estação Ferroviária de Pimenta foi pauta novamente de Indicação para tombamento.

A proposição foi apresentada pelo vereador Alexandre Carlos Peres que já havia apresentado esse mesmo pedido em julho de 2018junho de 2019junho de 2020,  e março de 2021. Este ano, insistindo pela quinta vez, Alexandre protocolou a justificativa afimando que a estação tem importância histórica e cultural. Contrapôs o estado atual de abandono, comparando-a com as outras 3 (três) estações de Indaiatuba, que foram restauradas e estão em uso comum: a Estação Ferroviária de Indaiatuba, onde está o Museu Ferroviário no Centro, a Estação de Helvetia no Jardim Brasil e a Estação Ferroviária de Itaici.

Em sua proposição o vereador afimar que "já houve dois processos de tombamento abertos, os de nº 16.894/2012 e 25.193/2014" e completou que atualmente a área da Estação pertence ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Denit), ligado ao Ministério da Infraestrutura. A Indicação segue para o Prefeito Nilson Alcides Gaspar que, se decidir favoravelmente, envia para os trâmites na Secretaria da Cultura, Departamento de Preservação e Memória.



HISTÓRICO

Totó Sampaio de Pimenta


Antônio de Almeida Sampaio, dono da Fazenda Pimenta que construiu a Estação, era considerando tão importante que era chamado de “Coroné” Totó Sampaio. Talvez tenha sido o maior proprietário de terras da região, dono das fazendas Pimenta, Grama, Santa Rita, Ingá-Mirim e Sitio Grande, tendo esta última sido a sede da grande propriedade agrícola do seu avô materno, Capitão-Mor João de Almeida Prado. 

Só a Fazenda Pimenta chegou a abaranger uma área de 350 alqueires com 115 mil pés de café, duas mangueiras para gado, casa-grande para morada, 25 casas de colonos, alambique,moedas, roda d´água, tulha para beneficiamento de café com dois motores e terreiro de secagem.

"Coroné" Totó Sampaio trabalhou desde menino na lavoura, frequentou muito a cidade de “Ytú” e faleceu em sua fazenda Pimenta em 3 de novembro de 1910, após ter sido presidente da câmara de Itu. Pela sua riqueza e influência política ele construiu a primeira estação em nossa cidade, que na época foi chamada de Estação de Indaiatuba (sim, isso mesmo: a primeira estação ferroviária de Indaiatuba foi a atual Estação de Pimenta).


Estação Ferroviária de Pimenta

A estação original de Pimenta foi inaugurada e entregue ao tráfego em 1872, seis meses antes da estação terminal da Ituana, que seria Itu. Era a ponta da linha então.

Porém, funcionou pouco até a abertura da continuação até Itu, no ano seguinte: "a linha foi entregue ao trafego por secções, sendo a primeira em extensão de 53 kilometros, entre Jundiahy e o lugar denominado Pimenta, teve lugar em 14 de novembro de 1872; no dia 28 do mesmo mez foi interrompido por varios desmoronamentos dos cortes e abatimentos de aterros pelas copiosas chuvas cahidas naquelle mez; a 9 de dezembro do mesmo anno reabriu-se o trafego; e foi interrompido no dia 25 do mesmo mez pelas mesmas razões; demorarão-se os trabalhos de reparação do leito até 2 de abril de 1873, quando abriu-se o trafego até a estação do Salto, a 61 kilometros de Jundiahy e no dia 17 do mesmo mez teve lugar a inauguração de toda a linha até a cidade de Itu, com a extensão total de 68 kilometros" (Relatório do Governo da Provincia, 1878). 

No horário publicado pelos jornais em 3/4/1873 e que indicavam a abertura do trem de Jundiaí a Salto, a estação de Pimenta era chamada de Indaiatuba, local a que atendia e que ainda não tinha sua própria estação. Como as de Salto, Itu e Itaici, a estação de Pimenta, que servia à linha-tronco original da Ituana, passou a servir ao ramal de Campinas a partir de 1914.

Em 1899, a estação foi totalmente reconstruída e ampliada.

É a única estação de todo o antigo ramal que ainda está à beira dos trilhos, pois, na retificação da linha, na construção da variante Boa Vista-Guaianã, nos anos 1980, naquele ponto os leitos das ferrovias nova e antiga coincidiram. Mesmo assim, a estação foi fechada e sua plataforma demolida, de forma que os trilhos quase encostam no prédio; e desativada, estando situada a cerca e 500 metros de Pimenta, que é um pequeno bairro de Indaiatuba e tem uma linda e antiga igreja.

Dela passou a sair, por volta de 1984, o ramal de Piracicaba, que deixou então de sair de Itaici devido à linha velha estar sendo desativada. O ramal, entretanto, também foi desativado e seus trilhos foram retirados em 1985. Desde então, está totalmente abandonada.

Foto de Victor Schiffel de 1977 - a Estação ainda tinha movimento, a plataforma estava inteira.



Foto de William Miranda em novembro de 2016


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sexta-feira, 23 de junho de 2023

“Samba da Figueira” é reconhecido como patrimônio cultural do Município de Indaiatuba

A Sessão da Câmara Municipal de Indaiatuba de 19/06/23 reconheceu, com o voto favorável de todos os vereadores, o "Samba da Figueira" como manifestação cultural local, elevando essa atividade à condição de bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural do Município de Indaiatuba.

O projeto de lei foi apresentado pelo presidente da Casa, o vereador Jorge Luiz Lepinsk 'Pepo' que é músico e que tem, em sua história, sincronicidade com esse gênero musical e notadamente com a escola de Samba Acadêmicos do Sereno, agremiação que foi presidente.

Na justificativa documentada do Projeto protocolado na Câmara Municipal, o vereador justificou que "o samba, tanto o gênero musical como a dança, são elementos muito tradicionais da cultura popular brasileira e é um dos grandes símbolos culturais de nosso país no exterior. Ele é tradicionalmente relacionado com o carnaval, sobretudo com os desfiles das escolas de samba".

Mas foi no púlpito que Pepo proferiu a defesa verbalmente de forma contundente, explicando os motivos  de sua proposição, emocionando a maior parte dos presentes.

Definiu, inicialmente, que o Samba da Fiqueira é uma manifestação popular, que nasceu organicamente com um grupo de sambistas de Indaiatuba que se apresenta "no gogó e sem suporte de eletrônicos" embaixo das figueiras do Parque Ecológico, nas proximidades da Prefeitura Municipal. Além de cantar samba, o grupo arrecada alimentos e faz ações filantrópicas para quem precisa.

Pepo contou um fato inusitado, digno de registro nesta ocasião de reconhecimento formal do grupo pela nossa casa de leis: "_ No último Maio Musical o grupo estava com agenda marcada no período da tarde, mas houve uma tentativa de desmarcar, uma vez que a contora Luisa Possi ia passar o som no palco montado perto das figueiras para se apresentar à noite. Isso não aconteceu e o que se viu foi que o público da 'pretada'  foi maior que o da cantora."


O samba como resistência
 

Embora tenha dito que não entraria, em seu discurso, na questão da negritude, a fala do Presidente Pepo denunciou, sim, o racismo estrutural e a forma como o samba é uma manifestação de resistência. Ele tentou evitar a questão problematizadora (digamos assim) para dar holofote aos sambistas - que estavam no plenário e foram largamente aplaudidos – e defendeu com suas firmes palavras o que já sabemos: que a música propicia e amplia, de modo muito melhorado, o poder muitas vezes insignificantes ou reduzidos das palavras faladas ou escritas.

 

Já há algum tempo as musicalidades, as oralidades, os ritmos e outras manifestações performáticas tem chamado a atenção de “historiadores mimados com as tradições escritas” [1]. Foram essas manifestações que permitiram, aos antigos trabalhadores negros escravizados a promoção da resistência, através, por exemplo, da capoeira e dos chamados batuques, que foram proibidos por lei e motivos de castigos físicos, torturas diversas, prisões e até mortes.


Jogar capoeira ou dança da guerra
Obra de Johann Moritz Rugendas, 1835


Por incrível que possa parecer, a mesma Câmara Municipal de Indaiatuba que reconheceu por unanimidade essa manifestação cultural proposta por Pepo, no seu longínquo e tenebroso passado escravocrata, no século XIX, proibiu os batuques - exclusivamente feitos por trabalhadores negros escravizados e mais tarde, recém-libertos  -nos pequenos largos de terra batida em nossa Indaiatuba. Isso está registrado nos anais da vergonhosa história da escravidão em nossa cidade.

 

O samba é muito diverso, tem o samba-choro, samba-canção, samba de terreiro, samba de exaltação, samba-enredo, samba de breque, sambalanço, samba de gafieira, bossa nova, samba-jazz, samba de partido alto, samba de morro, samba de quadra e samba rock. E cantando um pouco de cada uma dessas ramificações, agora Indaiatuba tem o “Samba de Figueira”, formado por dezenas de pessoas, que foram representadas, entre outros - na Sessão da Câmara -  pelo Tutty e pela Ketlen.

 

Tutty, Ketlen e alguns dos outros membros do "Samba da Figueira" na votação do Projeto de Lei
Crédito: Anselmo - Câmara Municipal de Indaiatuba (divulgação)


Fato incontestável é que, passados mais de 130 anos do pior período da História do nosso Brasil que foi a escravização, a dança e a música de grupos negros continuam sendo saberes que, muitas vezes, substituem o discurso político formal e é o percurso adotado para combate, resistência e construção da identidade, que resiste e cresce mesmo com os enquadramentos ou tentativas de enquadramentos feitos pelos poderes político e midiático. 


"É nas rodas de samba que reina a autonomia guerreira, os sorrisos negros que ironizam a brancura do poder e as danças de passistas que transforam seus corpos em poesia visual" [2]. E não há cantora branca-padrão que as calem, pelo menos não em Indaiatuba.



[1] GILROY, Paul. O Atlântico Negro: modernidade e dupla consciência. São Paulo: Editora 34; Rio de Janeiro: Universidade Cândido Mendes, 2001.

[2] ZEVEDO, Amailton Magno. Samba: um ritmo negro de resistência. Revista do Instituto de Estudos. Brasileiros, Brasil, n. 70, p. 44-58, agosto de 2018.


terça-feira, 13 de junho de 2023

Silene Carvalini é a primeira mulher a presidir uma sessão da Câmara

 Vereadora exerce seu segundo mandato na Casa de Leis, 

onde desde 2021 ocupa a primeira-secretaria




A vereadora Silene Carvalini presidiu nesta segunda-feira (12 de junho de 2023) a sessão da Câmara. Esta foi a primeira vez que, na centenária história do Legislativo local, uma mulher presidiu uma sessão plenária – instância máxima de discussão e deliberação do Poder Legislativo Municipal das leis que normatizarão a vida dos munícipes.

Primeira-secretária da Casa de Leis, Silene assumiu a presidência da sessão após o presidente Pepo Lepinsk anunciar que se encontrava indisposto e o vice Luiz Carlos Chiaparine, ausente.

Emocionada, Silene comentou o fato: “Este é dia histórico para as mulheres de Indaiatuba que, assim como eu, um dia desejaram pensar no bem da cidade como agente pública. Esse feito se deve também à sensibilidade do Pepo para as nossas demandas e expectativas, e, consciente da necessidade de acontecimentos que marquem a igualdade de direitos e oportunidades para ambos os sexos, Pepo entendeu que hoje a sessão poderia ser marcada por um momento carregado de grande simbolismo para a luta feminina”.

Após a sessão, Pepo Lepinsk disse que há tempos aguardava uma oportunidade para poder homenagear as mulheres de uma forma mais solene. “Presidir uma sessão ordinária do Legislativo de uma cidade tão maravilhosa como Indaiatuba, momento no qual os vereadores deliberam sobre o futuro da cidade e de seu povo, é uma distinção que não pode ser exclusiva do sexo masculino”, afirmou.

História

Em seus 164 anos de existência, a Câmara de Indaiatuba viu passarem pela presidência mais de 100 vereadores homens e, até ontem, nenhuma mulher. Quem confirma o fato é a historiadora e assessora parlamentar Eliana Belo Silva, que há décadas escreve sobre os momentos marcantes da cidade. “O dia 12 de junho de 2023 certamente ficará gravado na história de nosso município e, sobretudo, na história das lutas das mulheres por igualdade”, sublinhou. “E fico ainda mais contente por esta quebra do exclusivismo masculino ter acontecido com a Silene, que é uma pessoa digna, enfermeira dedicada e representante popular com inúmeros projetos voltados à melhoria da qualidade de vida das mulheres”.


Crédito da imagem e texto: Comunicação da Câmara Municipal de Indaiatuba

sexta-feira, 2 de junho de 2023

A HISTÓRIA DOS CORETOS DE INDAIATUBA E SUA LINDA PRAÇA DE PEDRA PORTUGUESA


A Casa de Câmara e Cadeia de Indaiatuba, foi importante edifício administrativo do final do século XIX, construída entre 1888 e 1889 na então "Praça da Cadeia", localizado onde hoje é a fonte luminosa da Praça Prudente de Morais em Indaiatuba, e era um interessante exemplar do ecletismo do século XIX. 

O projeto usado foi padronizado, restando no Brasil apenas alguns exemplares ainda edificados, como das cidades de Santa Cruz no estado do Espírito Santo e Lapa, no Paraná. O adorno em formato de arco pleno, sobre o entablamento do prédio, foi característica de muitos prédios públicos da época do  Brasil Império. 





Sua função inicial era acomodar o destacamento de polícia e cadeia usando para este fim 2/3 de sua área. Por acesso lateral separado, possuía uma ala de cerca de 50,00 m² onde também acomodava a Câmara Municipal e o gabinete do prefeito. Formava, com os prédios da Igreja Matriz da Candelária e a Estação Ferroviária, o conjunto arquitetônico que caracterizava a cidade de Indaiatuba final do século XIX.

Este edifício foi inaugurado ainda durante o Império; nesta época, a Indaiatuba imperial, organizava seus espaços cívicos, públicos e de convívio no que chamamos de largos, que consiste em um espaço aberto defronte às igrejas ou prédios públicos. O mais usado na cidade foi o Largo da Igreja da Candelária inaugurada em 1838, mas havia também o Largo das Caneleiras onde hoje é a Praça Rui Barbosa, fronteando a Igreja São Benedito.

É com a República, proclamada em 1889, no ano de inauguração de nossa Casa de Câmara e Cadeia, que vieram às cidades brasileiras, as primeiras ideias de europeias de jardim contemplativo, que aos poucos foram substituindo os largos urbanos e criando as nossas primeiras praças. 

No centro de Indaiatuba, durante a inauguração da Casa de Câmara e Cadeia, havia um descampado, um largo, e apenas em 1907, o intendente municipal Major Alfredo Camargo Fonseca, edifica ali, o traçado de metade da atual Praça Prudente de Moraes, criando um “jardim europeu” com caminhos em pedra portuguesa, ricamente desenhados, usando a parte do terreno que era frontal do edifício público que lá existia. 

Nove anos depois, em 1916, edificava ali o primeiro CORETO de Indaiatuba, exatamente defronte e no alinhamento da fachada do edifício que ocupava o centro da atual praça. 

No ano de 1907 o intendente municipal Major Alfredo Camargo Fonseca é autorizado a investir na construção de um jardim para o embelezamento da praça e após nove anos foi construído um coreto com estrutura de madeira. A imagem foi feita no dia 1º de maio de 1923, com a Corporação Musical 7 de Setembro.

Antigo coreto em 1927, em festa religiosa comandada pelo Padre Félix Ortega
Benção do Santíssimo Sacramento


É desta época, o incrível e rico desenho ondulado do piso executado em pedra portuguesa, e que foi usado, mais de 50 anos depois, pelo paisagista Burle Marx, em suas calçadas na Orla de Copacabana no Rio de Janeiro.  Nossa praça antecede Copacabana, em pelo menos em meio século. Na verdade, tanto nossa linda praça, quanto Copacabana, tem a Praça do Rossio, reconstruída após um terremoto em 1755 da cidade de Lisboa em Portugal, como base para as famosas “calçadas portuguesas”.  

Praça do Rossio - Lisboa



Imagens seguintes: mosaico de pedra portuguesa até hoje na Praça Prudente de Morais







Apenas dezesseis anos após a construção de nosso primeiro coreto, irrompe a Revolução Constitucionalista de 1932, sob a liderança de Pedro de Toledo, o governo constitucionalista de São Paulo durou apenas 03 meses. O saldo oficial foi de 934 mortos, mas estima-se que, entre combatentes e civis, houve mais que o dobro disso. Entre estas baixas estava um ilustre indaiatubano, o voluntário João Pereira dos Santos, que no dia 10 de setembro de 1932, mantinha sua posição enfrentando as tropas que invadiam São Paulo pelo setor sul, em local próximo a Itararé, enquanto garantia a retirada estratégica de 150 colegas combatentes, quando foi alvejado e morto. Por bravura além do dever, foi tomado e seu comandante ordenou que seu corpo fosse escoltado a Indaiatuba com honras e homenagens de um oficial, onde foi sepultado.  No ano de 1955, foi criado o Mausoléu do Herói Constitucionalista, para homenagear os heróis paulistas, desde então, a cada dia 9 de Julho, heróis combatentes da revolução de 32 são levados de seus locais de descanso originais, para serem sepultados neste local.  Para completar os 25 anos da revolução, em 1957, onze urnas, vindas da Capital e do Interior do Estado de São Paulo e do Estado do Rio de Janeiro, foram sepultadas no mausoléu, entre elas a do indaiatubano João Pereira dos Santos, que teve seu corpo transportado para lá. 

Neste ponto, a história da revolução cruza com a do primeiro coreto de nossa recém edificada praça, que foi demolido de seu local original, para dar lugar ao Busto do Voluntário João dos Santos, construído em 1957 , que fazia parte das comemorações dos 25 anos de revolução. Para o local de tão importante homenagem, foi escolhido o antigo coreto. Atualmente podemos ver, abaixo do busto de bronze, o piso arredondado onde se localizava o coreto demolido. 

Um novo coreto foi edificado, agora em estilo Art Decó, na parte posterior da Casa de Câmara e Cadeia, dando início a projeto da segunda parte da praça. É muito clara a diferença entre os materiais e aplicação das duas metades do jardim, e podemos aferir estas características atualmente observando o desenho da praça.  Apesar da diferença, o desenho continua sensacional e forma atualmente, um dos mais ricos patrimônios arquitetônicos de Indaiatuba.

Na década de 1960 a Casa de Câmara e Cadeia foi demolida para a construção de uma fonte luminosa, um modismo entre os equipamentos urbanos da época, e a Praça Prudente de Morais tornou-se a Praça do Footing, outro modismo de convívio. Antes escondido atrás da Casa de Câmara e Cadeia, o Coreto agora, passa a hierarquizar o espaço de seu entorno, tornando-se a mais imponente edificação da praça.






A praça foi novamente reformada na década de 1990 onde foram instalados quiosques, e reinaugurada em 1998. 


Linha do Tempo citada: 

1838 – Inauguração Igreja da Candelária

1888 – Inauguração Casa de câmara e Cadeia

1889 – Proclamação da República

1907 – Construção da Praça Prudente de Moraes

1916 – Construção do Primeiro Coreto

1932 – Revolução Constitucionalista

1955 a 1957 – Demolição do Coreto / Construção do Busto / Construção do novo Coreto

Década de 1960 – Demolição da casa de câmara e cadeia / Construção da Fonte Luminosa


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Nota de EBS:

Tanto a calçada de pedras portuguesas (Indicação 824 de 2017) como o busto do soldado constitucionalista (Indicação 1270 de 2017) foram sugeridos para tombamento. Passados 6 (seis) anos das Indicações, até agora nenhuma ação foi feita para viabilizar essas ações pelo Conselho de Preservação e órgão responsável - Departamento de Preservação e Memória.

quinta-feira, 1 de junho de 2023

Inauguração do Corpo de Bombeiros em Indaiatuba em 1993

 

Crédito: Tribuna de Indaiá de 11/11/1993 - Gabino Miranda


A atual sede do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo localizada em Indaiatuba foi inaugurada no dia 11 de dezembro de 1993.

A inauguração da sede, na gestão do então prefeito Flávio Tonin, contou com a presença de autoridades locais, militares da corporação, bombeiros mirins formados pelos oficiais locais e pelo secretário de governo do Estado, Michel Temer.

Na ocasião da inauguração, a sede possuía uma área de 720 m2, alojamento para 26 homens, cozinha, sala de aula, sala de recreação, telégrafo (!) e almoxarifado, estrutura considerada uma das maiores da região. O custo da obra foi de CR$ 6 milhões para abrigar o então efetivo, formado por 22 bombeiros que atendiam cerca de 3 ocorrências por dia, com disponibilidade de plantões diários com 7 pessoas por turno.

Na época o responsável era o Tenente Viana, que avaliou positivamente a nova estrutura, mas já apontou que seria necessário, “para muito breve” o aumento do efetivo para 24 homens.

Na inauguração, a Corporação local passou a contar também com um veículo auto bomba plataforma, somando cinco viaturas (sendo duas auto bombas), uma com capacidade de 4 mil e outra 3.900 de água, uma Unidade de Resgate (UR) para o atendimento de ocorrências com vítimas, uma pick-up para serviços extras e a nova auto bomba plataforma, que foi a atração da inauguração, dando muito "o que falar" na época.


O novo veículo auto bomba plataforma

Na época, a divulgação do veículo foi bem precisa. Foi avaliado, na época, em U$ 600 mil, modelo SCA 160, usada no combate de incêndios e salvamentos, inclusive em altura. Possuia uma torre de água que atingia uma altura de 17,5 metros, com jato de alcance de 9 metros com um tanque com capacidade de 2 mil litros de água por minuto, carretel de mangotilhos com 150 metros de comprimento, com esguicho de água direto e de neblina, com acionamento elétrico, sistema de ar respirável com quatro cilindros de ar comprimido na mesa giratória, podendo ser usado nas costas e sistema de injeção de espuma. 

Continha, ainda, cabine duplex para abrigar sete bombeiros, direção hidráulica, freio a ar com sistema de duplo circuito, motor Detroit Dieses com 350 HP, bomba de incêndio com potência de 1500 GPM com dois estágios de operação em série/paralelo, carroceria especialmente desenhada que permitia transportar grande quantidade de equipamentos e acessórios para combate à incêndios e salvamento.


O tempo passa e a necessidade urge

De quando foi para a nova sede até hoje, quase 30 anos depois, o Corpo de Bombeiros que serve em Indaiatuba durante esse período ganhou respeito da população e é chamado por todos de "resgate".

_ "Chama o resgate!"

 Investimentos foram feitos, novos homens serviram, aquelas pessoas de 30 anos atrás deixaram seu legado, na maior parte das vezes, anônimo e presente apenas nas memórias de indaiatubanos e indaiatubanas que foram socorridas por todos e ao mesmo tempo, por cada um deles - que formaram esse coletivo chamado "resgate".

E no dia 22 de maio de 2023, entre tantas memórias, mais uma história foi escrita: o Deputado federal Bruno Ganem entregou uma nova viatura, desta vez uma Unidade de Resgate (UR): um veículo destinado ao atendimento de vítimas de acidentes que requerem atendimento emergencial na fase pré-hospitalar, dotado de enquipamentos que permitem à tripulação de bombeiros prestar os socorros de suporte básico da vida, de forma a estabilizar, imobilizar e transportar adequadamente a vítima ao centro médico mais apropriado para sua situação. O veículo custo 450 mil reais e foi adquirido com verba de emenda parlamentar da época em que Bruno Ganem era Deputado Estadual.
Que outras história sejam escritas: de atendimento, acolhimento, salvamento, cuidado e de máxima eficiência à dignidade humana que todos nós merecemos, qualquer que seja a situação.





Parte do efetivo do Corpo de Bombeiros de Indaiatuba recebem a Unidade de Resgate conseguida pelo deputado Bruno Ganem, através de emenda parlamentar

Efetivos da Corporação com Deputado Estadual Ricardo França, Deputado Federal Bruno Ganem, Vereador Du Tonin e Deputada Estadual Clarice Ganem




Deputado Federal Bruno Ganem e Deputado Estadual Ricardo França


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