sábado, 18 de junho de 2016

Prefeito Dr. José Pedro Cardoso da Silva

Na sexta-feira dia 17 de junho, a  Torcetex, empresa familiar de Indaiatuba, completou 60 anos confraternizando com autoridades, clientes, fornecedores, familiares e amigos.

(veja imagens do evento aqui)


Comemorar o sexagésimo aniversário de uma organização de caráter privado, ainda mais tendo esses anos transcorridos em nossa cidade que tanto admiramos por seu caráter acolhedor, é fato raro.

E é justamente sobre esse caráter de longevidade, impregnado de memórias pessoais de  caráter corporativo, econômico, tecnológico, social  e de outras naturezas que venho traçar um resumo dessa história de sucesso, história essa que teve início muito antes de 1956, quando a Torcetex adquiriu seu registro formal com essa Razão Social e que, desde então, vem se consolidando no mercado interno e externo, através da qualidade de seus produtos e serviços principalmente caracterizados pela inovação.

No embrião da criação dessa empresa encontra-se o memorável e saudoso José Pedro Cardoso da Silva, avô paterno no atual Diretor da Empresa, o Sr. Plínio Cardoso da Silva, carinhosamente conhecido e rememorado no imaginário dos indaiatubanos como “Dr. Cardoso”

Dr. José Pedro Cardoso da Silva


José Pedro Cardoso da Silva nasceu em Mogi Mirim, filho do casal Candido Cardoso de Almeida e Silva e Justina Carolina de Almeida e Silva que, além dele, teve mais dois filhos: Candido Cardoso da Silva (que faleceu em Indaiatuba no dia 7 de março de 1932) e Maria Cardoso da Silva (que foi professora em Caconde).
José Pedro Cardoso da Silva formou-se médico em 2 de abril de 1921, em uma cerimônia onde curiosamente, de 37 formandos, apenas uma era mulher: a Dra. Carmen Escobar Pires.

O início da carreira e a experiência em gestão hospitalar

Depois de formado, exerceu a carreira como médico e em 20 de março de 1927, estava presente na inauguração da Santa Casa de Araçatuba, que na ocasião se chamava Hospital Sagrado Coração de Jesus, fundado por representantes da comunidade araçatubense, com o objetivo de oferecer atendimento médico e hospitalar de gratuita para doentes carentes. 

Ali atuou não só como médico, mas como integrante participativo da viabilização técnica e funcional do hospital, participação esta advinda de seu temperamento de liderança e profundo senso de técnicas de gestão, o que mais tarde o faria, além de médico, empresário e político, tendo sido prefeito de Indaiatuba por duas gestões.

Médico no HAOC

Com base nos registros consultados, não foi possível determinar exatamente o ano correto em que Dr. José Cardoso mudou-se para Indaiatuba; sendo possível, no entanto, afirmar que ele medicava em nosso município e ao mesmo tempo também em Araçatuba.

Certeza temos que o primeiro hospital de nosso município estava sendo acabado de ser construído, ou estava em seus primeiros meses de funcionamento quando Dr. Cardoso veio para cá, e como médico,  conheceu a mulher mais importante de nossa história municipal até hoje: D. Leonor de Barros Camargo - na ocasião em que ela e seu marido Augusto de Oliveira Camargo (que havia ficado doente em 1921) decidiram, no final da década de 1920, mais precisamente em 1928 iniciar a construção  as suas custas daquele que seria o Hospital Augusto de Oliveira Camargo, o HAOC.

Aproximadamente um ano após a decisão do casal, no dia 1º. de junho de 1929, a pedra fundamental foi lançada e em 1933, no dia do aniversário do Sr. Augusto o hospital foi inaugurado. Com a experiência que tinha na implementação do hospital em Araçatuba, com sua relevante formação e pelo jeito admiravelmente cortês que na verdade eclipsava um empreendedor e político perspicaz e perseverante, não foi difícil ganhar a confiança de D. Leonor, que segundo relatos, o tratava maternalmente, como o filho que não teve, ouvindo seus pareceres e conselhos para a operacionalização dos primeiros anos do nosso HAOC.

Vida médica e constituição da família

O próprio Dr. Cardoso conta, em documentos manuscritos feitos por ele e doados generosamente por Plínio Cardoso da Silva para o Arquivo Público da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba, que ele veio para Indaiatuba quando ainda trabalhava em Araçatuba, e aqui, com a esposa indaiatubana Sarah Walsh da Costa, teve suas três filhas e filho. 

Sarah era filha do casal Elisa Walsh da Costa e do farmacêutico Francisco Xavier da Costa, que há anos fazia oposição política ao Major Alfredo Camargo Fonseca, que dirigiu Indaiatuba no poder executivo por 30 anos, 04 meses e 38 dias. Major Alfredo foi um dos pioneiros republicanos desse nosso país e dirigia nossa cidade nos moldes (mês que variáveis) do Coronelismo da República Velha.

Durante tudo o período em que morou aqui,  afirmava que, embora fosse ficar em Indaiatuba por pouco tempo, pois iria embora para educar os filhos em outra cidade com melhores recursos educativos, não iria permanecer inerte perante os problemas que julgava públicos.

O despertar do homem público

Dr. Cardoso sofreu forte influência do sogro Chiquinho Boticário (dono da saudosa farmácia Candelária) e de Scyllas Sampaio, sendo um político atuante, tendo sido prefeito por duas vezes, intercalando o cargo com o próprio Scyllas.

De início, envolveu-se na Revolução de 1932, que na verdade não foi uma Revolução e sim uma guerra civil paulista arrasada pelo Governo Vargas e correligionou-se ao grupo que fazia oposição ao Major Alfredo que, dentro de sua maneira de governar, era querido por grande parte da população que o tomava como padrinho, protetor ou parceiro.

Um cidadão atuante

Não são poucos os relatos que confirmam que D. Leonor tratava José Pedro como o filho que não teve. Embora a mansão que o casal Oliveira Camargo tinha em Higienópolis, em São Paulo, fosse frequentada pelo médico sanitarista, cientista e bacteriologista Carlos Chagas, é muito provável que a aproximação de D. Leonor e Dr. José Pedro tenham fortalecido a intensão do casal de, além de inaugurar um hospital, prover a cidade de uma rede de abastecimento de água e de um prédio escolar moderno, nos moldes republicanos. 

    É bastante adequado inferir que Dr. Cardoso tenha influenciado fortemente D. Leonor com o argumento que, se quisesse mesmo mudar mais ainda a vida da comunidade, era necessário prover um espaço onde a Educação fluísse melhor e estabelecer meios de infraestrutura adequada, ou seja, a presença da água encanada no cotidiano das pessoas era imprescindível.          

Essas ideias cidadãs advinham da Universidade de São Paulo, onde José Pedro havia se formado:  a ideia de que a saúde pública não dependia apenas de um local apropriado de tratamento como o moderníssimo HAOC, mas sim de prevenção. As consequências que tais ideias e longos diálogos entre mãe adotiva e filho intelectual tiveram, já sabemos: D. Leonor – ou mais adequadamente o casal – construiu não só o HAOC, mas também o prédio do novo grupo escolar, o Grupo Escolar Randolfo Moreira Fernandes e financiou o primeiro sistema de abastecimento público de água que levava o precioso líquido para dentro das residências: o sistema de bombeava água da Represa do Coppini (atual Museu da Água) para a caixa d´agua que está na esquina da Rua 24 de maio com a Avenida Presidente Vargas, próximo à Rodoviária.


O embrião da TORCETEX

Registros documentados nos remetem a afirmar que José Pedro Cardoso da Silva iniciou sua vida como empreendedor praticamente no mesmo período em que exercia a medicina em nossa cidade através de um inicialmente e pequeno negócio de beneficiar algodão.

 O algodoeiro é uma planta nativa brasileira e desde a invasão de Cabral já se narrava o cultivo delas por indígenas para os mais diversos fins. Desde sua formação como bairro rural de Itu e caminho de tropeiros, Indaiatuba já tinha plantações de algodão, evidência comprovada nos testamentos de seus primeiros fazendeiros de cana-de-açúcar e depois de café. De início, o produto era utilizado para produzir rústicas roupas de escravos e sacos para exportar produtos agrícolas, sendo que os tecidos utilizados por outras classes eram, na sua maioria, importados da Europa. 

Mas a cotonicultura consolidou-se no Brasil de forma mais relevante apenas após o fim da Primeira Guerra Mundial. Com certeza, com a perspicácia de empreender, Dr. Cardoso percebeu o crescimento iminente do negócio e viabilizou uma indústria de beneficiamento de algodão em nosso município. E acertou em cheio: na vizinha Campinas já tínhamos, a partir de 1924 o Instituto Agrônomo estudando técnicas diversas para esse cultivo.

Em 1929, após a crise do café, o Estado de São Paulo expandiu a cotonicultura, a ponto de na década de 30, despontar como grande produtor de algodão no País, iniciando uma nova fase do algodão no Brasil. A primeira instituição bancária de nossa cidade, o chamado Banco Agrícola de Indaiatuba importou sementes de algodão em 1933 impulsionando ainda mais a produção por aqui. E Dr. Cardoso estava atento à essa tendência: em 1 de abril de 1934, a USINA INDAIATUBA de sua propriedade emite o Pedido de Compra número 1, adquirindo 81 sacos de algodão.

Dois anos depois, em 1936, a Usina Indaiatuba muda de nome, e passa a se chamar, na Junta Comercial, “José Cardoso da Silva” ainda no ramo de Beneficiadora de Algodão tendo início suas atividades no dia 1º. de março de 1936, na Rua 11 de Junho onde funcionou, de início, com dois descaroçadores. 1934, foi instituída uma lei no Estado de São Paulo, tornando privativa do Estado a produção e distribuição de sementes de algodão.  Em 1939, a própria prefeitura municipal, sob a gestão do Prefeito Sebastião Nicolau, anunciava que forneceria aos interessados sementes para plantar algodão:


Outra tendência que Dr. José Cardoso soube avaliar como oportuna foi o crescimento da sericicultura, a tal ponto que logo a seda substituiria o algodão como foco principal em seus negócios. A sericicultura chegou no Brasil com D. João VI mas tomou impulso pelos mesmos motivos que o algodão, após a grande guerra e principalmente para abastecer as indústrias da Inglaterra. Até que em 1935 o governo de São Paulo criou uma Seção exclusiva para incentivar a produção de ovos do bicho-da-seda e de prestar assistência técnica aos produtores e em 1941 passou a existir o Serviço de Sericicultura do Estado de São Paulo e jornais anunciavam que 46 prefeituras haviam se disponibilizado a produzir amoreiras para o bicho-da-seda, entre elas, Indaiatuba sob a gestão entusiasta do prefeito Sr. Miguel Nicolau para com essa produção, que no mesmo ano confirmou já ter plantado 6000 amoreiras. Nesse contexto de valorização da sericicultura, Dr. José Pedro montou a Fiação de Seda São Pedro.

Desde a Usina Indaiatuba montada em 1934 até a finalização da Fiação São Pedro, foi um período em que a atual TORCETEX estava sendo gerada.

Em 1956, no mesmo prédio da rua 11 de junho onde funcionara seus negócios desde a primeira Usina Indaiatuba até a Fiação de Seda São Pedro, nascia a Torcetex. O local funcionou como um incubadora dessa importante empresa que está aí até hoje, já com a quarta geração assumindo a gestão de parte dos processos. Suas antecessoras e a própria Torcetex, em uma Indaiatuba pequenininha que girava em um pequeno centro urbano e com riqueza produzida em quase sua totalidade no campo, ofereciam uma rara oportunidade para as trabalhadoras e trabalhadores urbano.

De lá para cá a história foi de crescimento e consolidação de uma organização produtora de fios e tecidos de palha para os variados segmentos de mercado com imensa diversidade de tramas e cores.

Mas especificamente sobre os produtos e serviços imaginados, criados e aplicados na decoração de ambientes, móveis, sapatos, bolsas e outros acessórios da moda, o Renato, que me sucederá, tem mais propriedade para explanar.






Carlos Eduardo Cardoso da Silva, filho doDr. José Pedro Cardoso da Silva 
Há uma rua no Jardim Esplanada com o nome dele.
Carlos Eduardo foi proprietário da Indústria Cordonyl Cordões de Nylon Ltda, localizada na Rua Professor Adalberto Nascimento, 353 em Campinas




Dr. José Pedro Cardoso da Silva (4º da fila da frente, da esquerda para direita)
Crédito da imagem: Cesar Cardoso, originalmente publicada no Dinossauros de Indaiá (grupo do Facebook)
Década de 1930, segunda candidatura do Dr. Cardoso 

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terça-feira, 14 de junho de 2016

MANIFESTO HISTORIADORES PELA DEMOCRACIA

Na disputa pela narrativa dos fatos que levaram ao afastamento de uma presidenta legitimamente eleita, este blog assume inquestionavelmente um lado, que é o contrário da mídia "oficial". 

Estou do lado da mídia alternativa, do lado das redes sociais (de perfis e grupos que buscam um mundo mais igualitário), de grande parte da mídia internacional mais respeitada do mundo e da ANPUH - Associação Nacional dos Professores Universitários de História.


Eliana Belo Silva





MANIFESTO "HISTORIADORES PELA DEMOCRACIA"


Corre um rio de intolerância na sociedade hoje, que condiciona a ação de vários grupos. A intolerância está na raiz do ódio, o ódio está na raiz do fascismo. 

Não é convencional que as ferramentas da democracia estejam sendo usadas contra a própria democracia. 

Estamos assistindo a um golpe de três poderes contra um: o judiciário, o midiático e o legislativo contra o executivo. Ele foi orquestrado por um congresso que alia nossa pior tradição oligárquica com a novidade do fundamentalismo religioso. 

Nele, o capitalismo contemporâneo e as tradições mais conservadoras que marcaram a história do país se encontram para reafirmar o projeto excludente das elites desse país. Amostra disso é o fato de que o governo provisório tenha adotado “Ordem e Progresso” como fundamento simbólico, lema emprestado da Primeira República quando a noção de progresso era pautada no evolucionismo social, visava-se uma só evolução rumo à civilização e o resto seria barbárie. 

Como professores universitários sabemos que nos últimos dez anos a universidade brasileira vem mudando de cor. Está se tornando mais diversa e de fato mais republicana. O golpe ameaça a continuidade das políticas que buscam a integração da população negra, pobre, indígena na sociedade brasileira. Ameaça brutalmente direitos adquiridos com muita luta por trabalhadores e trabalhadoras do país. Não queremos abrir mão dos princípios das sociedades republicanas, princípios baseados na liberdade e na igualdade. Defendemos a pluralidade e a inclusão social. 

Defendemos uma república onde todos são cidadãos. Enquanto o golpe representa a força do passado na sociedade brasileira, com suas bandeiras de privilégio de classe, misoginia, racismo e corrupção, resistir é firmar os valores da democracia e da justiça social. Enquanto houver golpe, haverá resistência.

Dentro da institucionalidade democrática temos forças, no legislativo, no judiciário, na opinião pública, nas mídias alternativas e sobretudo nas ruas temos forças para barrar o golpe. Não se trata de defender esse ou aquele governo ou partido político, mas as regras do jogo democrático. 

A presença de Dilma na Presidência da República, com trajetória de luta pela democracia no país representou um grande avanço para a luta das mulheres. A história fará justiça ao seu governo e reconhecerá seu esforço em tornar o Brasil um país mais justo. Sabemos que não houve crime de responsabilidade a justificar o afastamento. 

Já temos fonte segura a comprovar a hipótese que vínhamos sugerindo há meses, de que um golpe vinha sendo gerado. Espera-se que a Justiça comece pelo menos a considerar a hipótese do golpe, avançando na coleta de provas e decidindo de acordo com elas. 

Historiadores do futuro, para fazer a história desse golpe não vão poder se pautar na grande imprensa; eles terão que contar com a mídia alternativa, com as redes sociais e com a imprensa internacional. 

Sabemos que está em disputa, na sociedade, na mídia e no governo interino a narrativa desse evento. 

Nossas vozes, somadas, defendem o retorno de Dilma à presidência e a realização de ampla reforma política e jurídica que aprofunde as conquistas democráticas do povo brasileiro. 


Brasília, 07 de junho de 2016. 

Crédito do texto e mais informações aqui.
Vídeo oficial do movimento aqui.






sexta-feira, 10 de junho de 2016

O Caipira e o Caipirismo


Eliana Belo Silva

Coluna semanal “Identidade Indaiatubana”

Jornal exemplo de 10.06.2016





O caipira e o caipirismo


O Museu Casarão Pau Preto está sediando a exposição "Porta, Porteira, Portão: modos de ‘falarrr’ e costumes do ‘interiorrr’”, mostra que chega a nossa cidade por meio da parceria entre o Sistema Estadual de Museus (SISEM-SP) e Associação Cultural de Apoio ao Museu Casa de Portinari (ACAM Portinari), instituições ligadas à Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo.

Ter a parceria do SISEM e da ACAM já é uma grande honra para a Fundação Pró-Memória, que inclusive também foi convidada para representar nossa região no Conselho do SISEM, convite este aceito com honra pelo Conselho Administrativo, através da nomeação do superintendente Dr. Carlos Gustavo Nóbrega de Jesus para tal fim.

Mas a honra não é só essa. Honra é ter uma exposição tremendamente bem elaborada, criativa e com textos, imagens e objetos integrados com o tema do caipira e seu mundo, de forma tão técnica e ao mesmo tempo sensível ao alcance dos nossos sentidos. Sim, porque a exposição não é só para ver, para ler, espiar. 

Não só olhos. É uma exposição que desperta muitas memórias de tato, ouvido, paladar, olfato. A maioria de nós está ali representada, com as memórias pessoais adquiridas em sítios e fazendas dos pais, avós, e bisavós sendo trazidas à tona através de várias sensibilidades despertadas. São nossas memórias retratadas em um museu, são lembranças que viraram história.


OBJETIVO E PROPOSTA

O objetivo é justamente esse: disseminar o conhecimento sobre a verdadeira identidade e o repertório caipira, valorizando a tradição local e preservando a memória cultural. A expografia foi concebida fazendo uma alusão a estruturas de portas, portões e porteiras de madeira rústica como suportes expositivos. São utilizados artesanatos, objetos como gaiolas e outros símbolos referenciais do interior paulista postados com luminosidade emocionante, que, junto com pesquisa primorosa em linguagem elegante, oferece uma leitura contemporânea do caipira e do caipirismo.

O público é convidado a interagir com suas memórias pessoais em um universo de identidade interiorana por meio de seu modo de falar, costumes, música, artes, culinária e religiosidade, tão presentes nas lembranças e no cotidiano. A mostra retrata o caipira como sinônimo de um modo de vida que tem como base a subsistência, simplicidade e caráter de solidariedade entre os demais. No espaço expositivo também estão previstas músicas caipiras e sonorização ambiente para a extroversão artística de cada visitante. O Museu Casarão Pau Preto inseriu na mostra as imagens do Arquivo Público da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba, incluindo a iconografia local à temática como um todo. Você verá cenas do cotidiano das fazendas de Indaiatuba, e conhecerá ou relembrará a vida cotidiana no caipira local, inserida no todo.

Não perca essa experiência de encontrar SUAS memórias retratadas em um museu.




Com entrada gratuita, a montagem fica em cartaz até 3 de julho, de segunda a sábado das 9h às 17h, domingo 13h às 17h. 

O Museu Casarão Pau Preto fica na Rua Pedro Gonçalves, 477. 

Outras informações pelo telefone (19) 3875-8383


quarta-feira, 8 de junho de 2016

Dança, música, esportes e exposições são atrações do Dia da Comunidade Japonesa de Indaiatuba

Com entrada gratuita, evento será realizado pela ACENBI, em parceria com a prefeitura municipal, no dia 19 (domingo) no CIAEI

Alunos da EMEB Miyoji e atletas do programa BASE, além de grupos de dança e de música, participam da edição 2016 do Dia da Comunidade Japonesa, evento programado para o dia 19 (domingo), das 15h00 às 18h00,  no CIAEI (Centro Integrado de Apoio à Educação de Indaiatuba). A entrada é gratuita.

O evento é promovido pela ACENBI (Associação Cultural, Esportiva Nipobrasileira de Indaiatuba) em parceria com a prefeitura municipal. A entidade promoveu nessa terça-feira (7 de junho) coletiva de imprensa para divulgar a programação do evento.




APRESENTAÇÕES
O Dia da Comunidade Japonesa é celebrado com um festival de manifestações típicas da cultura. O público poderá apreciar apresentações de dança, canto, tambores e exposições. 
Neste ano, as atrações contam com a participação de alunos da EMEB Miyoji Takahaha, de atletas e técnicos do Programa BASE (Beisebol em Apoio ao Sistema de Ensino), de alunos da Escola de Língua Japonesa da ACENBI, de grupos de dança da ACENBI e da Associação Nipo-Brasileira de Salto e do grupo de taiko da ACENBI. Completam ainda a programação shows do cantor Rafael Yassunaga, de Campinas,  e do grupo de cantores Todos Nós, liderados por Pedro Mizutani, da Piracicaba. 
Além disso, o público poderá apreciar no saguão do CIAEI exposição de origami (dobraduras artísticas de papel), ikebana (arranjos artísticos de flores, ramos e galhos naturais) e do Programa Base. Haverá sorteios de prêmios durante o evento.

DIA DA COMUNIDADE
O Dia da Comunidade Japonesa foi instituída por lei aprovada pela Câmara dos Vereadores de Indaiatuba em 2010. Em 2014, a comemoração dessa data foi unificada com o Dia da Imigração Japonesa após a aprovação, pela Câmara, de projeto de lei de autoria do vereador Massao Kanesaki.  
A comemoração acontece anualmente no terceiro domingo de junho e faz parte do calendário de eventos do município. O mês de junho faz alusão à chegada do primeiro grupo de imigrantes japoneses ao Brasil, no dia 18 de junho de 1908, no porto de Santos. O primeiro imigrante japonês a chegar a Indaiatuba foi Nakaji Gomassako, em 1935.

SERVIÇO
CIAEI (Centro Integrado de Apoio à Educação de Indaiatuba)
Av. Fábio Barnabé, 3665, Jardim Regina, Indaiatuba

SOBRE A ACENBI
Sediada em Indaiatuba (região metropolitana de Campinas, SP), a ACENBI é uma associação sem fins lucrativos fundada por imigrantes japoneses em 1947. Sua principal finalidade é a preservação e a divulgação da cultura nipo-brasileira. A preservação da cultura de respeito aos idosos é outra tônica da entidade, que é mantenedora da escola Nitigo Gakko e abriga a escola de educação infantil Miyoji Takahara, em parceria com a prefeitura de Indaiatuba.
Em sua sede de campo, na rua Chile, a ACENBI conta com campos de beisebol e softbol (versão mais leve do beisebol), quadras de gueitebol (jogo semelhante ao críquete e apropriado para a terceira idade) e quadras de tênis de campo, além de piscina e área de lazer. Na sede social, na rua Humaitá, a entidade mantém auditório, salas de reunião, salas de ensaio e salas de aula para cursos diversos.
As atividades da ACENBI são abertas a todos os interessados. Veja mais informações no website da entidade: www.acenbi.org.br
Veja também fotos e outras informações na página da ACENBI no Facebook: 
https://www.facebook.com/acenbi.indaiatuba

Mais informações para a imprensa:
Grupo de Relações Públicas da ACENBI
imprensa@acenbi.org.br

segunda-feira, 6 de junho de 2016

PROF. DR. FLAMÍNIO FÁVERO

Eliana Belo Silva
Texto originalmente publicado no Jornal Exemplo em 20/05/2016
Onde escrevo semanalmente na coluna "Identidade Indaiatubana"



Flamínio Fávero foi um médico brasileiro nascido no dia 26 de outubro de 1895. 

No site da Academia de Medicina de São Paulo, uma das poucas referências que existe sobre sua biografia na Internet, consta que ele nasceu em São Paulo, informação que penso precisa ser melhor confirmada, uma vez que ele foi batizado na Igreja Nossa Senhora da Candelária e aqui em nosso município passou sua infância, estudando na escola local municipal, chamada então de Grupo Escolar.

Em seguida Flamínio foi estudar em Itu para finalmente ir para a primeira turma da Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, formando-se com 24 anos em 23 de fevereiro de 1919 após notável defesa de tese aprovada com “grande distinção” naquela que mais tarde se constituiria como uma das unidades da Universidade de São Paulo (USP).

Flamínio Fávero foi um dos vultos de destaque nos círculos médicos pela inovação de suas pesquisas publicadas sobre um assunto pioneiro do que na época era caracterizado como reeducação de criminosos.

Logo após sua formação, Dr. Flamínio conquistou, através de concurso, uma cadeira na área de Higiene e Medicina Legal da Faculdade de Medicina. Em 20 de dezembro de 1923 foi indicado para reger a cátedra de Medicina Legal na mesma Escola, onde chegou a ser vice-diretor desta Faculdade, Secretário, membro do Conselho Técnico Administrativo e finalmente Diretor.

Fez parte do Conselho Penitenciário e do Conselho Médico-Legal do Estado de São Paulo. No Instituto Oscar Freire realizou para mais de cem trabalhos, muitos deles originais. Destacam-se entre suas obras: “Medicina Legal dos Acidentes de Trabalho e das Doenças Profissionais” em colaboração com os professores Afrânio Peixoto e Leonildo Ribeiro; “Deontologia Médica e Medicina Profissional (1930); “Acidentes do Trabalho, em colaboração com Afrânio Peixoto, Leonildo Ribeiro e Barros Barreto (1934); Medicina Legal (1938), obra premiada pela Faculdade de Medicina e pela Sociedade Legal e Criminologia, entre outros. 

A obra “Medicina Legal” foi muito esperada, pois nela ele compendiou mais de 20 anos de experiência, inclusive advinda de seu grande mestre Dr. Oscar Freire, médico formado na Bahia que foi o primeiro, a convite do Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho, a reger a cátedra de Medicina Legal. 

Ainda sobre a obra ‘Medicina Legal”, ela tratou de temas como Traumatologia, Infortúnios do trabalho, Tanatologia, Sexologia; Criminologia, Psicopatologia e Legislação, constituindo exatamente o conteúdo do programa de ensino na Faculdade de Direito de São Paulo.

Por possuir habilidades que hoje classificamos como transversalidade entre as ciências, esse livro de Flamínio Fávero foi uma referência utilizada por muitos juristas, uma vez que todos os capítulos eram assim divididos: na primeira parte, transcrevia a legislação vigente; em seguida, expunha em síntese, a doutrina médico-legal; no terceiro, por fim, formulava as regras práticas da perícia integrando em linguagem e técnica impecável a ânsia dos profissionais da época.



Flamínio Fávero foi sócio correspondente e honorário das mais importantes sociedades de criminologia e medicina legal do mundo e colaborou em revestias especializadas de maior respeitabilidade em sua época.

 Faleceu em 12 de fevereiro de 1982.


Composição Musical Lyra Indaiatubana do início do século XX.
No centro, o maestro Francisco Fávero.
Flamínio Fávero é o menino com flauta transversal.

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sexta-feira, 3 de junho de 2016

O Menino da Porteira

Eliana Belo Silva

Coluna Semanal "Identidade Indaiatubana" - Jornal Exemplo -

03/06/2016

O menino da porteira “Do Outro Lado”

Quando Indaiatuba era apenas uma pequena cidadezinha formada apenas em volta do Largo da Matriz, Largo da Cadeia (atual praça Prudente de Moraes) e Largo das Candeias ou Largo das Caneleiras (atual Praça Rui Barbosa ou “praça dos peixes”, o leito ferroviário da Sorocabana delimitava esse centro urbano, dividindo-o com o “Outro Lado”, os que moravam no Bairro Santa Cruz, que era, na época, o que hoje chamamos de periferia.


O Outro Lado foi sendo urbanizado por casebres que tomaram, aos poucos, parte da antiga propriedade do Coroné Belchior, cujo limite começava logo ali, no Buraco da Estação, onde mais tarde, bem na frente e extremamente alinhado com a Matriz Nossa Senhora da Candelária, seria construído o Hospital Augusto de Oliveira Camargo.


Foi em partes das terras do Coroné Belchior que o Major Alfredo Camargo Fonseca que foi prefeito de Indaiatuba por mais de 30 anos, após comprar uma parte desmembrada, instalou o primeiro sistema de captação de água do nosso município: era uma bomba, instalada ali naquele laguinho que hoje está urbanizado, que transportava água até uma caixa d´água na atual Praça Prudente de Moraes e dali, o precioso líquido era distribuído para 8 torneiras públicas. A captação era feita no então chamado Córrego Belchior ou Córrego Municipal.



A origem do Bairro Santa Cruz



Mas qual a origem do Bairro Santa Cruz, que todos chamavam de “Outro Lado”?


A origem é uma história triste, que muitos indaiatubanos comparam e apelidaram como a “história do menino da porteira indaiatubano”, em alusão à famosa música interpretada por Sérgio Reis e que virou Drama nas telas do cinema em 2009.


Quem documentou essa história em uma crônica, imortalizando a memória popular, foi a memorialista e professora Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro que inicia sua narrativa justamente informando que “era muito comum as pessoas antigas, os moradores dali, ao se referirem a esse lugar, dizerem: lá da outra banda, ou lá do outro lado [da linha do trem]. 


Em seguida ela narra como esse nome, nascido naturalmente e que poderia ter permanecido como identificação original do logradouro se transformou dada à tragédia com um menino. Vejamos.


“Nesse tempo, parte destas terras do Belchior passou a pertencer ao coronel Teófilo de Oliveira Camargo, que ali formou uma chácara de residências e, além de alguma plantação, mantinha sempre umas vacas leiteiras. Devido à proximidade com a cidade e ar puro que se respirava nas manhãs frescas, era um hábito salutar, muito cultivado pela nossa gente, fazer um passeio matinal à chácara do coroné e saborear o delicioso leite gordo e puro, tirado na hora, aos copos com açúcar ou conhaque. Certa feita, aconteceu que uma dessas rezes, um tanto historienta, desapareceu da chácara, do pastinho. Foi então iniciada a sua busca pelos arredores, o que deu muito trabalho, e após dias seguidos de procura foi ela encontrada pelo Martinho, um menino negro, filho de um empregado do coronel. Não sabemos como explicar o porquê da raiva do animal. Sabe-se apenas, que a vaca quando vinha sendo trazida de volta para a chácara, já bem nas proximidades, investiu contra o menino, enterrando o chifre em seu ventre. O coitado do Martinho morreu!”


Martinho sempre ficava esperando o seu pai, que vinha da lida com o coroné, trepado na porteira da propriedade e aquele dia, os dois, tanto o coronel como o pai, estranharam sua ausência. 


Comovido com a dor do pai que se estendeu em extrema comoção por todo o lugarejo, o coroné encomendou uma lápide no Cemitério de Taipas, onde até hoje se lê “saudade de seu patrão”, ao mesmo tempo em que ordenou que uma cruz fosse cravada no local exato do acidente, evocando uma prece por intenção da alma do menino Martinho.


Depois de um tempo, a professora Sylvia conta que o coronel fez uma ermida no mesmo lugar, exatamente onde na época, era a confluência da antiga estrada de Itu com a entrada da fazenda Barnabé (atual Jardim Morada do Sol). Daí em diante o povo passou a chamar o lugar de bairro Santa Cruz.


Os arredores da capela em homenagem à Martinho tornou-se um local de acampamento e de refúgio de leprosos em uma época em que esses doentes eram extremamente estigmatizados. Eles armavam barraquinhas brancas nas imediações e ali permaneciam dias seguidos. Por medida sanitária, a Capela de Santa Cruz não foi conservada, mas a perda do menininho ficou registrada para sempre na memória dos indaiatubanos.

 

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