segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Garotos no Esporte Clube Primavera em 1945



[clique para ampliar]

A maior parte destes pequenos meninos - que foram fotografados no antigo campo de futebol do Esporte Clube Primavera - atualmente  já é avô ou bisavô.

Neste dia da foto eles treinavam - em 1945 - na quadra do Primavera,  que ficava onde hoje é o Magazine Luiza, que por sua vez foi também o Cine Alvorada. O grupo também treinava em um campinho que existia onde hoje é a Delegacia central, que está sendo reformada. Mas queriam mesmo era jogar no campo do Primavera.

Naquela época, em que poucas opções de lazer existiam - pelo menos poucas no formato de "clubes" - o Primavera era uma verdadeira paixão de Indaiatuba. E desde cedo os garotos treinavam em seu campo sonhando, quem sabe um dia, ser um grande craque.

O proprietário que cedeu a foto, Álvaro Estevam de Araújo (o Berro) conta que ninguém tinha chuteira e consequentemente todos jogavam descalços.  Isso por dois motivos que se completavam, traçando o cenário da época para o grupo: ou não tinham dinheiro para comprar, ou não tinham acesso para comprar... ou uma mistura dois dois. Alguns poucos até chegavam no campo com chinelos, que ficavam amontoados  em um canto da grama mal cuidada, mas a maioria já chegava de pé no chão mesmo.

O uniforme para a foto foi mandado fazer especialmente para um campeonato da época. Mas nem todos os garotos tiveram recursos para comprá-lo e esses, embora presentes nesse momento, não saíram na foto. Foram colocados fora do campo visual do fotógrafo. Não foram registrados.

Os garotos que não tinham uniforme esperavam sua hora de jogar depois dos uniformizados, e como se já não bastasse essa espera, angustiante para qualquer garoto, quando eram chamados, ainda tinham que esperar que alguém - geralmente o que estava saindo - lhes emprestassem a farda.

São eles,  da esquerda para a direita, primeiro os que estão em pé:

1- Eduardo Martins (Mandioca) - (adulto);
2- Flávio Quinteiro (Doutor);
3- João Pecht;
4- Rubens Martinez;
5- [?];
7- Lázaro dos Santos (Batatina);
8- Benedito Vacilotto (Ferrugem);
9- Aldo Ribeiro - (adulto);
10- Geraldo de Almeida (Malaica);
11- Bráulio Leite de Godoy;
12 - Ademer;
13- Waldeley Ferigatto;
14- Moisés Brollo;
15- Nenê Camilo.


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Caso você tenha informações adicionais sobre esse post, compartilhe através do e-mail elianabelo@terra.com.br

sábado, 27 de novembro de 2010

180 anos de Indaiatuba - Programação

colaborou: Lincoln Franco, da assessoria de imprensa da Prefeitura de Indaiatuba


PROGRAMAÇÃO DAS COMEMORAÇÕES DOS 180 DE ELEVAÇÃO DE INDAIATUBA À FREGUESIA E DOS 80 ANOS DO HINO


 06/12 – Casarão Cultural Pau Preto  a partir das 9 h
Mostra com quadros e objetos de Acrísio de Camargo.
(O período da mostra é de 06/12/2010 a 28/02/2011).


06/12 – 20h – Cine Topazio - Sala 1 – Shopping Jaraguá
 Documentário Terra Querida e Venturosa

07/12 - 20h – Ciaei 
 Apresentação do Projeto Guri


08/12 – 19h30 – Câmara Municipal
Sessão Solene para entrega do título de Cidadão Indaiatubano
Agraciados:
Daisy Laurino,
Isamu Murakami,
João José Mendes,
Magdalena Santa Lúcia Gadiani Wolf e
 Rubens Pantano Filho.

Título de Benemérito Dr. Caio da Costa Sampaio
Agraciados:
Gentil Pacioni Júnior,
Hélio Roberto Castro e 
 Waldemar Muller


09/12 – 9h30 – Auditório Prefeitura 
 Solene para entrega da Medalha João Tibiriçá Piratininga e Funcionário Padrão 
 Lançamento do Selo comemorativo dos 180 anos com obliteração pelos Correios com entrega de réplica do carimbo ao Pró-Memória.


09/12 – 19h – no Ciaei
Apresentação do vídeo Olimpíadas da Língua Portuguesa
Eentrega do Prêmio Literário Acrísio de Camargo
Lançamento do livro Um Olhar Infantil Sobre Indaiatuba (que será vendido à R$ 30,00)
Coral Infantil da Secretaria de Educação - entoação do Hino Indaiatubano


09/12 - 19h30
Missa em Ação de Graças pelos 180 anos de Indaiatuba presidida pelo arcebispo D. Bruno Gamberini


11/12 – 10h30
Inauguração do Campo do Belo Horizonte - Rua Emílio Lopes Cruz, Jardim Belo Horizonte e
Praça do Jardim Tropical- Rua Alzira Barnabé.


12/12 – 8h – Parque Ecológico
 17ª Prova Pedestre Cidade de Indaiatuba.


12/12 – 18h30– Praça da Igreja Candelária 
 Missa Comemorativa dos 180 anos da Freguesia e da Paróquia de Nossa Senhora Candelária
Apresentação da Corporação Musical Vila Lobos
Ato Solene
Show Pirotécnico


A Fundação Pró-Memória de Indaiatuba também preparou uma publicação especial para a data, trata-se do livro “Reminiscências: a propósito do Primeiro Centenário de Indaiatuba”, que reproduz o discurso de Manuel de Arruda de Camargo, proferido em 9 de dezembro de 1930, por ocasião dos festejos promovidos pelo então prefeito, Major Alfredo de Camargo Fonseca, para celebrar os100 anos da elevação à Freguesia. A distribuição deste exemplar será gratuita e em alguns casos serão direcionados para escolas, bibliotecas, entre outros locais públicos.

"Há 80 anos, Indaiatuba realizou uma grande festa no seu Centenário, oficializou o Hino de Indaiatuba e destacou que poucas cidades têm um hino e onde existe ele é recente. "Por muito tempo, o Hino ficou esquecido e somente nos últimos 14 anos começou a ser cantado em todas as festividades e também nas escolas. Indaiatuba tem registro de como nasceu o hino e lançaremos um documentário chamado “Terra Querida e Venturosa” que conta a sua história e o cenário político da época”.

                  Palavras de Antônio Reginaldo Geiss, presidente da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba

O Centenário da elevação de Indaiatuba à Freguesia de Itu*


Crear se hão Freguezia as Capellas de [...] Indaiatuba no [distrito] da Villa de Itu [...]. Palácio do Rio de Janeiro em nove de Dezembro de mil e  oitocentos e trinta. Nono da Independência e do Império.

Assim se lê na transcrição do decreto imperial, feita no primeiro Livro Tombo da Igreja de Nossa Senhora da Candelária de Indaiatuba (1), a lei que tem simbolizado o “nascimento” político de Indaiatuba, ao criar seu primeiro estatuto jurídico, apenas nove anos após a criação do Estado brasileiro. Época de renovação política, de reordenamentos jurídicos e de fundação de muitos núcleos político-administrativos no interior de São Paulo, até então modesto em Villas e aglomerados urbanos. O poder político do novo Estado Nacional estava se estruturando.

Um século depois, em 1930, no centenário desse decreto, um golpe militar havia acabado de fazer mover novamente o poder político em suas ramificações mais próximas ao nosso cotidiano: na vida política local. O Major Alfredo de Camargo Fonseca, prefeito de Indaiatuba durante toda a Primeira República, que quase coincide com a sua própria vida adulta, viu-se em meio à maior disputa política de todos os seus sucessivos mandatos. A oposição queria substituí-lo, em nome da Revolução de 1930.

Mas seu grupo de apoio político aparentava ser substancialmente mais extenso.

No calor desse embate, deu-se a comemoração do Centenário, que então se tornou um momento de forte expressão de apoio e reconhecimento de boa parte da elite de Indaiatuba à vida pública do Major Fonseca, então com mais de 60 anos. Foi uma grande comemoração, que começou às 04h30min da manhã, com a Banda e uma salva de tiros, seguiu por todo o dia, com missa e sessão solene da Câmara, e só terminou bem à noite, com um baile ao som de uma Jazz Band, no salão do Cine Internacional.

A primeira audição do Hino Indaiatubano, que havia sido encomendado à Nabor Pires Camargo no ano anterior, para o evento do Centenário, foi feita às 12 horas, no Largo da Matriz, com o hino cantado por um coro de senhoritas. Nessa hora houve também uma missa campal e a inauguração de um monolito comemorativo. Esse monolito foi depois arrancado da praça, jogado em um depósito, reinstalado anos depois na Praça Dom Pedro II, e finalmente removido em definitivo. O único símbolo que, naquela ocasião tão apaixonada, uniu as forças políticas locais foi o Hino, elogiado por ambos, situação e oposição.

Os artigos publicados na Gazeta do Povo desse dia 09 de dezembro de 1930 refletem essa disputa entre projetos de futuro para a cidade, e seus respectivos grupos políticos. Os textos tomam o ponto de vista do grupo liderado pelo Major Fonseca, e fazem um balanço de sua vida pública, imbricada com muitas das reflexões sobre a história de Indaiatuba, escritas nesse exemplar comemorativo.

Ao lermos os textos escritos na ocasião, tendo essa disputa como contexto, as palavras ganham vida e paixão, descolando-se do cerimonial frio, e indicando as questões políticas candentes a que se referem. Poucos dias depois, o Major seria substituído por Francisco Xavier da Costa, por ordem do interventor federal em São Paulo, até 1934, quando volta à prefeitura.

Dois projetos distintos de desenvolvimento futuro para a cidade se enfrentavam naquele momento: um ligado à burguesia agrária, e ao Major, que defendia uma ação do poder público nos moldes do liberalismo, outro vinculado às classes médias urbanas, que reivindicava um poder público forte, que impulsionasse o crescimento urbano e industrial e se fizesse presente em toda a vida cotidiana da população.

Com o governo Vargas esse grupo de oposição ao Major ganhou força, e acabou por ver seu projeto implantado. Sua visão de mundo se impôs a tal ponto que, ainda hoje, vemos suas palavras refletidas em fragmentos de artigos atuais sobre a história de Indaiatuba, que muitas vezes é vista como “pouco desenvolvida” nas primeiras décadas do século vinte. Nessa edição da Gazeta do Povo, de 9 de dezembro de 1930, podemos ver, 80 anos depois, as palavras já esquecidas desse outro forte grupo político local, que governou Indaiatuba desde a Proclamação da República, até o Estado Novo.

“E a festa vai ganhando vida e corpo, deixando entrever o envolvimento da cidade na comemoração. Programa das festividades em comemoração do Centenário da elevação de Indaiatuba a Freguesia de Itu, em 1930.”


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(1) Anotações de pesquisa, Coleção Nilson Cardoso de Carvalho, Arquivo Público de Indaiatuba (SPAI) - Fundação Pró-Memória de Indaiatuba.
(*) Adriana Carvalho Koyama e Marcelo Alves Cerdan.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

D. Antonietta Milani do Amaral Gurgel

texto de Isney Isabel Gurgel Zoppi e
Eliana Belo Silva


Antonietta Milani nasceu em Indaiatuba no dia 17 de março de 1914, filha de Humberto Milani e Clofas Mosca Milani. (Minha avó dizia "Cléufe" ao referir-se à ela).

O casal teve oito filhos: Isolina Milani (Cordeiro), Marcos Milani, Adele Milani (Pucinelli), Walda Maria Milani (Ibraim), Hélio Milani, Maria Inês Milani (Domingues) e Laércio José Milani, formando uma família grande, mas humilde.

Hélio e Maria Inês residem em Indaiatuba e os outros irmãos - infelizmente - já faleceram.

Antonietta estudou até o segundo ano primário no grupo escolar local. Não era incomum, na época, as mulheres estudarem pouco. Pelo contrário. Muitas vezes bastava aprender ler, escrever e fazer contas, para que não fossem mais na escola.

As irmãs também receberam uma educação tradicional, ou seja, foram treinadas para serem donas de casa: aprenderam a cozinhar, bordar, costurar, tricotar, crochetar e fazer as demais atribuições domésticas, tudo para serem boas esposas.

Já os irmãos, logo cedo foram incentivados a trabalhar. Hélio foi trabalhar no Banco Mercantil aqui de Indaiatuba, Marcos, trabalhava no cartório do "Seu" Lita e Láercio, ficou famoso como profissional do esporte: ele jogava futebol. Começou a jogar pela Portuguesa Santista, depois pelo Palmeiras e por último, onde encerrou a carreira, no Santos Futebol Clube, na época do Rei Pelé.

O goleiro Laércio Milani, irmão de D. Antonietta, no time do Santos


A menina Antonietta, de todas as irmãs, foi premiada com uma atenção maior em sua educação e foi privilegiada com aulas de piano, que tomava com Dona Maria José Pimentel e com o professor Acylino Amaral Gurgel, que viria a ser seu sogro.
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Ela soube aproveitar a  oportunidade e unia seu talento com disciplina. Esforçava-se para aprender, inclusive ia treinar na casa dos professores, pois não tinha piano em casa.

Por tornar-se uma musicista de reconhecido talento, foi convidada para tocar piano do Cine Rex, na época onde os filmes ainda eram sem som (cinema mudo). Ela dividia o palco com o Sr. Rêmulo Zoppi, que tocava saxofone.
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Diariamente ele se preparava  com muito esmero para sua apresentação. Era jovem, bonita e tinha um gosto muito apurado. Dona Cleofas cuidava pessoalmente do guarda-roupas das filhas, e elas andavam sempre elegantemente vestidas, sempre na moda.
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Com sua jovialidade, beleza e talento logo arrebatou o coração do jovem Ayr, filho de seu professor Acylino do Amaral Gurgel, então diretor do Grupo Escolar Randolfo Moreira Fernandes.

O enlace aconteceu no dia 20 de dezembro de 1933, quando então a indaiatubana Antonietta passou a residir em São Paulo, acompanhando o marido que para lá se transferia, e onde nasceu sua única filha:  Isney.



Com apenas 29 anos ficou viúva. Mas esse golpe do destino apenas demonstrou ainda mais a mulher forte e guerreira que era. Embora o marido Ayr fosse um homem honrosamente trabalhador - ele era Caixa Geral de transporte durante o dia e Maestro durante a noite - não lhe deixou grandes legados. O casal ainda era jovem, tinham a pequena Isney para criar, estavam apenas começando a vida quando Ayr se foi, deixando Antonietta viúva.

Ela corajosamente recomeçou sua vida. Mesmo com a pequena Isney para cuidar, passou a costurar para fora, e voltou  a estudar com o auxílio de uma amiga, a professora Linda Tonon. Aprendeu Matemática, Português e Conhecimentos Gerais. Foi aprender datilografia.

Não passados 3 meses completos, prestou um exame para ser Escriturária do Banco Indústria e Comércio Santa Catarina  (hoje Bradesco).

Passou então de Costureira à Bancária, tendo sido promovida várias vezes até chegar a ser  Secretária da Gerência.
Antonieta como Secretária da Gerência do "antigo" Bradesco


Lutou sempre e  fez sua filha chegar à Universidade de São Paulo, Faculdade de Saúde Pública, curso Educador de Saúde Publica; só depois de formada permitiu que ela trabalhasse...

Agora, com seus 96 anos e meio, e a cabecinha  um tanto quanto "esquecida", pode com orgulho olhar para trás e ter a grata satisfação de dever cumprido.


Antonieta no aniversário de 96 anos.


Antonietta não foi uma política importante, não foi rica.

Mas foi uma boa filha, boa esposa, boa mãe, uma artista reconhecida, uma batalhadora, que viveu praticamente um século para o BEM.

Mas justamente por ser uma vencedora em situações muitas vezes adversas é que merece ser orgulhosamente  incluída na história da cidade de Indaiatuba, que com certeza, orgulha-se de tantas mulheres - filhas suas, ou por si adotadas -  (quase) anônimas como ela. São elas que fazem a nossa história, que engrandeceram e engrandecem nossa cidade.

Bravas mulheres!

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Crédito das imagens: Acervo pessoal de Isney Isabel Gurgel Zoppi

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Faça como Isney: ajude a registrar a história de Indaiatuba e de sua gente!

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Curiosidade: Imagem de aviso de óbito de Cleopha Mosca Milani:

sábado, 20 de novembro de 2010

Carros Antigos


Acontece neste domingo, dia 21 de novembro, o I Encontro de Carros Antigos de Indaiatuba, das 8:00 às 17:00 hs., no estacionamento do Parque Ecológico.
O Diretor da Secretaria de Esportes, Silvio Domingues, informou que os três clubes de carros antigos de nossa Indaiatuba confirmaram presença, e que a expectativa é que mais de 400 carros participem da exposição.

Para entrar no clima da mostra, faço esse post com imagens que fotografei no
Museu de Carros Antigos de Las Vegas, EUA em julho de 2010.
Todas as  imagens são de peças do museu, e algumas estão com os preços de venda.


CLIQUE PARA AMPLIAR








(O museu de Las Vegas autoriza fotografar e divulgar seu acervo)




terça-feira, 16 de novembro de 2010

Maria Fumaça em Itaici (2) - a Locomotiva #303 da Sorocabana





Imagem 1 - Locomotiva 303 da Sorocabana, estacionada em Itaici, em 1958
(clique para ampliar, ela é linda!)


Características:

Fabricante: American Locomotives. Company - ALCO-
Tipo: Pacific
.Procedência: Estados Unidos
Data da entrada em serviço: 1918
.Bitola: 1 metro
.Configuração das rodas: 4-6-2
Diâmetro dos cilindros: 445 mm
.Curso dos pistões: 508 mm
Comprimento: 17 409 mm

Na década de 1950 ela estava em operação, prova disso é o desenho abaixo, feito em 1950, como parte de um Inventário das Locomotivas da Estrada de Ferro Sorocabana que estavam em operação.

A locomotiva não existe mais, infelizmente foi sucateada


Imagem 2 - Planta da Locomotiva 303 da Sorocabana com dados técnicos completos
(clique para ampliar)







Imagem 3 - Capa do relatório final do inventário das locomotivas em operação da
Estrada de Ferro Sorocabana no ano de 1950.


Colaboraram: Jorge Héreth, Wanderley Duck e
Leandro Guidini do Trenzinho da Aurora e do Vapor Mínimo

sábado, 13 de novembro de 2010

Na ausência do IDEAL, o REAL é imprescindível



Não posso fazer este post com outro título, pois o que quero registrar e destacar aqui, é exatamente isso que acima anuncio: que na ausência de condições IDEAIS de trabalho, temos que utilizar o que é possivel, ou melhor, o que é REAL para que muitos projetos se concretizem no nosso dia-a-dia.

Caso contrário, passamos a vida sonhando em ter o MELHOR, idealizando um resultado ou um meio IDEAL, e quando ele não vêm, quando não tempos aqueles recursos todos que são necessários para um trabalho "perfeito", a vida passa... e o que realizamos? NADA ou quase NADA. Olhamos para trás e temos aquela sensação de "_Puxa... apenas isso eu realizei a minha vida toda?"  E o vazio que se pode estabelecer com certeza trás consigo uma imensa tristeza, quando não um arrependimento deprimente e revoltante.

Não estou - de forma alguma - elogiando a gambiarra, o improviso ou o amadorismo, nem tão pouco a falta ou ausência de Qualidade uma vez que, além de ser historiadora e amante incorrigivel de nossa querida Indaiatuba, sou uma especialista justamente nisso: na Qualidade.

Pois é justamente a Qualidade "possível" que quero aqui divulgar e também elogiar. A Qualidade do "compromisso", a Qualidade da "atitude" e por que não dizer? A Qualidade da "inovação".

Trata-se especificamente da cartilha que hoje recebi intitulada "Bicudinho - História e Atividades"


A cartilha é bem modesta: são 16 páginas de sulfite simples, com imagens preto-e-branco, contando um pouco da história do Casarão em formato de história em quadrinhos.

É um recurso didático idealizado por duas funcionárias públicas da Prefeitura Municipal de Indaiatuba, que trabalham na Fundação Pró-Memória de Indaiatuba, mas especificamente no Museu do Casarão: Cláudia Kreidloro, a cooordenadora do projeto, e Priscila Toledo, a autora do texto. Participou também Márcio Eda, que foi estagiar no Casarão e desenhou os personagens, dando vida "animada" a história escrita por Priscila.

A cartilha foi elaborada, é impressa no escritório das funcionárias citadas e depois de conferida, é montada e grampeada por Patrícia, que não por acaso é da família do pessoal da Tribuna de Indaiá, ou seja, parece que já tem esse negócio de produzir encartes na veia. Sorte nossa.

Perguntei para Patrícia se todas as crianças que visitam o Casarão recebem a cartilhinha. Ela disse que não, que é distribuída apenas para algumas pessoas e para os professores, com a esperança que esses a reproduzam para outras pessoas, e que assim se forme uma "corrente do bem".

Na ausência de um livro sobre o Casarão, que possa ser impresso no melhor papel, com as melhores ilustrações, com a distribuição na melhor gráfica e outros "mais" e "melhores" temos a cartilhinha  que Priscila escreveu e que Márcio ilustrou. O IDEAL seria que tudo o que fosse de melhor estivesse à disposição de uma publicação sobre nosso Casarão e que pudesse ser distribuído para todas as crianças visitantes.

Mas não é isso que a vida REAL possibilita e essas pessoas fizeram, então, tudo o que cada um de nós deveríamos ter ou fazer na execução cotidiana de nossas funções:  compromisso, atitude e inovação.

E quem ganha é o nosso Casarão, que na medida em que é mais conhecido, é mais respeitado!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Biografia do Padre Renato França

texto de Eliana Belo Silva


Renato França nasceu em Indaiatuba no dia 2 de janeiro de 1935 (1) e faleceu em Limeira, com 69 anos, no dia 2 de dezembro de 2004, vítima de complicações do coração. (2).

Era filho do indaiatubano descendente de italianos Gennaro França (que nasceu em 17/09/1898) e da descendente de espanhóis Helena Quinteiro, (que nasceu em Campinas, na Fazenda Palmeiras). Era irmão dos indaiatubanos Oscar (que foi vereador em Indaiatuba) Luiz, Ana Dalva, Maria das Neves, Antonio Cláudio e Tarcísio.

Padre Renato França em Indaiatuba com 4 anos de idade.
(Coleção pessoal EBS - 44)

O pai de Renato, Gennaro França, era eletricista funcionário da Empresa Luz e Força de Jundiaí Ltda., que foi incorporada à Light and Power Company em 1928. Gennaro participou ativamente da eletrificação da iluminação pública de Indaiatuba. Trabalhava também por conta e ensinou a instalação de circuitos elétricos aos filhos, tanto que ele e os filhos Luiz e Renato fizeram toda a instalação elétrica do Mosteiro de Itaici, que antigamente era chamado apenas de “Colégio dos Padres”.

Foi batizado na Matriz Nossa Senhora da Candelária no dia 28 de abril de 1935 pelo padre Luiz Soriano, tendo como padrinhos Francisco e Encarnación Soriano. Foi crismado nessa mesma Matriz de Indaiatuba no dia 13 de junho de 1940, contando na época – conforme costume – com 5 anos de idade, por Dom Francisco de Campos Barretos, Bispo de Campinas, sendo seu padrinho Benedito França. Aos 9 anos, em 1944, fez sua primeira comunhão exatamente no dia do seu aniversário, 2 de janeiro.

Cursou o Grupo Escolar Randolfo Moreira Fernandes de 1942 até 1945. Foi nessa época que decidiu que sua vocação era a vida seminarista. Entrou então, com 11 anos, para o seminário, mais precisamente no dia 21 de março de 1946 em Campinas – onde cursou o antigo ginásio e o colegial, terminando em 1952.

Em 1953 foi estudar Filosofia no Seminário de Olinda e Recife, onde fez também os dois primeiros anos de Teologia. Foi ai, com 29 anos, que recebeu então a prima tonsura. Em seguida, terminou os dois últimos anos de Teologia em Campinas.

Foi ordenado sacerdote no dia 20 de dezembro de 1959 em Araras, na Igreja Nossa Senhora do Patrocínio, por Dom Paulo de Tarso Campos, então Bispo da Diocese de Campinas. Logo em seguida, tomou posse como vigário auxiliar da Paróquia de Nossa Senhora de Amparo, no município de Amparo –SP., ali permanecendo até 22 de janeiro de 1961 quando então, no mesmo dia, assumiu como vigário substituto, a Paróquia de São Sebastião de Porto Ferreira, pemanecendo ali até o mês de junho. No dia 25 desse mês, tomou posse como pároco de Nossa Senhora das Brotas, na cidade de Lindóia, ali ficando até abril de 1964. Foi então para Iracemápolis, onde também ficou pouco tempo como pároco na Paróquia de Jesus Crucificado, onde permaneceu, até o dia 12 de agosto, quando então, chegou em Leme.

Assumiu ali seus trabalhos, no mesmo dia 12 de agosto de 1964, como pároco na paróquia São Manoel, onde ficou por 16 anos.

“ Foi um dia de luz para nossa querida Leme, que em sua evolução comunitária, ressentia-se da falta de uma personalidade eclesiástica de tão alto gabarito humano e espiritual. Desde esse dia, com marcante atuação enérgica e acima de qualquer julgamento, impôs-se o Pe. Renato como verdadeiro líder, em sua sábia intuição e facilidade de lidar com as massas.” (3)


Nesse período, fez uma reforma na “... carente e antiga matriz”, substituindo-a por um “... monumento arquitetônico que tanto espaço oferece aos fiéis de nossa cidade” . (4) Quando padre Renato saiu de Leme para a vizinha Limeira, os frequentadores da paróquia sentiram muito seu afastamento:


“A notícia que aos poucos vinha tomando corpo entre nós lemenses, acaba de confirmar-se, entristecendo, sobremaneira, a maioria da nossa população. Trata-se do afastamento do vigário de Leme, padre Renato França... A certeza do fato colheu de surpresa a todos nós, que devotamos a esta criatura tão excepcionalmente dotada de virtudes, deixando-nos uma desagradável sensação de abandono e saudades. [Ele] imprimiu entre nós um sistema de comando espiritual tão vigoroso quanto amigo, despertando desta forma, um proveito religioso bem mais afetivo... Que Deus o acompanhe e sempre guie seus passos em busca de ideais almejados.” (5)


De Leme, padre Renato foi para Limeira, onde ficou por três anos, de 1980 a 1983, na paróquia São Sebastião. De Limeira ele foi para Araras, onde ficou entre 1987 até 1990 na Paróquia Imaculada Conceição.

Retornou para Limeira em 1990, na Catedral Nossa Senhora das Dores principal igreja do município, onde ficou por 14 anos, até seu falecimento em 2004. Na Diocese de Limeira, criada em 29 de abril de 1976 e instalada em 25 de junho do mesmo, trabalhou na Curia Diocesana como Juíz do Tribunal, na Diocese como Ecônomo e foi também nomeado Cura da Catedral.

Padre Renato era reconhecidamente uma pessoa muito culta, gostava de escrever e, por onde passava, publicava seus textos nos jornais locais. Sobre Indaiatuba escreveu muitas crônicas, principalmente com sua visão de mocidade da década de 1950; algumas foram publicadas com um pseudônimo nos jornais locais. Era poeta e compunha músicas sacras.

Morava com sua mãe Helena, que ficou viúva ainda jovem – até o falecimento da mesma; e com sua irmã Maria das Neves, com quem viveu até partir para a casa de Deus, a quem ele passou a vida servindo.

Lembro-me quando ia passar as férias na Casa Paroquial em Leme, ainda criança, a maneira didática como contava-me histórias das vidas de santos, sempre dramatizando com fatos de suspense, ou mesmo com coisas engraçadas que ele dizia para manter minha atenção, mantida as vezes às duras custas, principalmente quando eu via que minha tia Neves começava a colocar suas caprichosamente feitas guloseimas em cima de uma mesona. Puxa vida... mas nós, crianças, tínhamos que primeiro esperar os adultos comerem antes! A biblioteca dele era enorme, eu adorava espiá-la, mesmo sobre os protestos e excessivos cuidados da minha tia Helena, que ficava muito brava, mas muito brava mesmo, quando nós, crianças, íamos tocar o sino do campanário fora de hora! Também a ele eu chamava de tio. Tio Padre Renato.

No dia 03 de dezembro de 2004 o corpo do padre Renato França foi transladado e enterrado em Indaiatuba, sua cidade natal, junto com seus pais Gennaro e Helena – após uma missa de copo presente rezada por Dom Augusto Zini Filho, ex-bispo de Limeira. José Carlos Pejon, prefeito de Limeira na data do falecimento, considerou

“...um privilégio ter conhecido o padre Renato. Ele era uma pessoa zelosa e dedicada. No tempo em que esteve conosco, impôs seu estilo... Ele deixará uma lacuna no povo católico. É uma perda lamentável de quem [por sua atuação] era um limeirense.” (6)



O saudoso padre nascido em Indaiatuba não trabalhou muito aqui. Exceto em alguns eventos especiais ou familiares, em que vinha para fazer batismos ou casamentos, sua maior e constante presença - além dos eventos em Itaici - era no dia de Finados, em que religiosamente rezava uma missa na capelinha do Cemitério de Pedras, no Centro, na rua Candelária.
Padre Renato França como paraninfo convidado em formatura em Indaiatuba
(entregando diploma para minha mãe - 1958)
(Coleção pessoal EBS -41)

São as “sincronicidades” do destino... Um padre nascido em Indaiatuba que dedicou sua vida religiosa principalmente para a cidade de Limeira, e nós temos um padre nascido em Limeira que dedica-se – e muito – para nossa Indaiatuba: o padre Xico.

No próximo dia 20 de novembro, o corpo do padre Renato será transladado de Indaiatuba para Limeira, onde, a pedido do bispo Dom Vilson de Oliveira, seus restos mortais ficarão depositados na cripta da Catedral Nossa Senhora das Dores.


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(1) A maior parte das informações deste texto foram obtidas através de informações orais da família do padre Renato França, que são meus parentes. Sua mãe Helena era irmã do meu avô materno José Quinteiro. Informações retiradas de outras fontes serão devidamente citadas. (Eliana Belo Silva).
(2) Choque cardiogênico e arritmia cardíaca, conforme atestado de óbito consultado.
(3) (4) e (5) VALERIANO, Sonia Lima. Texto datilografado, sem título e sem data, cedido para consulta por Maria das Neves França.
(6) Não consta no recorte consultado o nome do jornal.

Imagem do acervo de José Renato França, disponibilizada no arquivo do grupo virtual
"Dinossauros de Indaiá" em fevereiro de 2012

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Acróstico (INÉDITO)



texto do padre Renato França*

Indaiatuba! "Morada do Sol" chamada,
Ninho santo de amor caro e gentil,
Dentre todas também estás contada
As mais belas cidades do Brasil!
Imagem do progresso e do bem-estar,
A tua gente tem orgulho em dizer:
Tens um clima tão saudável pra morar,
Uma terra tão gostosa pra viver!
Berço querido, que graça recebi...
Amada terra, pois, aqui fui que eu nasci!


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Padre Renato França nasceu em Indaiatuba e faleceu em Limeira em 2 e dezembro de 2004, com 69 anos.

Padre Renato, além de compositor e poeta, escrevia muito em jornais limeirenses sobre a realidade local. Também escreveu muitas crônicas sobre Indaiatuba "antiga" muitas delas escritas na década de 1950.

Em breve postarei sua biografia completa, suas partituras e mais algumas de sua obras escritas.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Café Interior


Relembre ou conheça um pouco da história do Café Interior, a torrefação do empreendedor Roque Frias (in memorian) que gerou empregos e divisas durante muito tempo para nossa Indaiatuba.

E não só isso...

Proporcinou também momentos de convívio, lazer, entretenimento e degustação em sua saudosa Casa do Café, que ficava no prédio em frente da atual Zoff (onde é  loja da Luna Locca).


(para ler, clique para ampliar)








O empreendedor Roque Frias, em fotos cedida pela sua filha Raquel Frias Brandli


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Colaborou: Elton Frias Zanoni, que também é mantenedor de um blog - sobre a História de Salto
e Raquel Frias Brandli

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