terça-feira, 30 de outubro de 2018

Cônego Dr. Francisco de Assis Barros


Eliana Belo Silva

Francisco de Assis Barros nasceu em Indaiatuba no dia 20 de março de 1893 em uma casa na esquina das atuais ruas Candelária e Siqueira Campos onde mais tarde seria, por muitos anos, a Farmácia Candelária[1]. Consta que,[2] quando ele nasceu, o local abrigava uma botica de propriedade de seus avós maternos, “os estimados e queridíssimos” Nhô Chico e Nhá Chica boticários. Foi ele o sexto filho dos dezesseis “com que Deus favoreceu o lar abençoado e cristão” de João Batista de Barros e Dona Maria Luiza de Toledo Barros.
























IMAGEM 1
Crédito da imagem: Banco de dados biográficos do Arquivo Público Municipal “Nilson Cardoso de Carvalho” da 
Fundação Pró-Memória de Indaiatuba
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IMAGEM 2
Pharmácia Candelária, s/d.
Crédito da imagem: www.historiadeindaiatuba.blogspot.com


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Francisco de Assis Barros cursou as primeiras letras em Itu em seguida nos bancos escolares do Seminário Menor de Pirapora, onde cursou humanidades. Filho de pais extremamente religiosos, logo lhe desabrochou espontaneamente a vocação sacerdotal.

Inteligência viva e agilidade mental admirável, Francisco de Assis se distinguiu no seminário de Pirapora e no Seminário Maior de São Paulo de tal forma que certo dia foi surpreendido com um convite especial para comparecer no palácio São Luiz e abraçar a companhia de vossa excelência reverendíssima Dom Duarte Leopoldo e Silva, Arcebispo de São Paulo.

A curiosidade a apoderou-se do jovem seminarista que, surpreso no decorrer de um almoço, foi convidado a seguir para Roma onde deveria cursar a Universidade Gregoriana. Esta destinação insigne era cedida a pouquíssimos estudantes religiosos, somente aqueles que se extinguiam entre grande número de colegas. Aos alunos da Universidade Gregoriana estavam predestinados os cargos da cúpula da igreja católica, pelo aprimoramento da inteligência e dos conhecimentos humanos e religiosos que ali adquiriam.

Foi uma satisfação incontida para o jovem indaiatubano de 18 anos de idade, mas também um enorme sacrifício se ausentar da pátria e da família por 7 (sete) longos anos.

Em 29 de setembro de 1911 junto ao armazém nº 16 das Docas de Santos, achava-se atrasado o transatlântico “Tomaso di Savóia” da Compagnia  Navigazione Generale Italiana. Pela escadaria da primeira classe subiu cautelosamente Francisco de Assis Barros, seguindo para Roma para hospedar-se no Pontifício Colégio Pio Latino Americano (uma universidade eclesiástica destinada à formação de candidatos ao sacerdócio e à especialização de sacerdotes oriundos das dioceses de toda a América) a fim de matricular-se na Universidade Gregoriana onde doutorou-se em Teologia e Filosofia.

Extremamente dotado pela genialidade musical, diplomou-se também em Música Lírica, Regente de Coral, Maestro e Cantor Lírico no Conservatório Musical de Roma.

Certa vez em uma solenidade pontifícia ao Papa São Pio X na Basílica de São Pedro, o notável maestro [nome inelegível] não aparecia. Por solicitação de seus colegas, Francisco de Assis assumiu a batuta e regeu a orquestra e o coral da Capela Sistina, recebendo, inclusive, elogios do próprio maestro. Foi um fato inédito até então, e que causou grande orgulho em nossa pátria: um brasileiro (um indaiatubano!)  regendo para o Papa na Capela Sistina.

A Ordenação Sacerdotal do padre Francisco aconteceu na manhã de 07 de abril de 1917. Narra-se que naquele dia ... “10 (dez) ordenados a sacerdotes, tocados pela mais viva emoção caminhavam silenciosa e pensativamente nas pedras milenares d Via Appia por onde passaram os cristãos ao se dirigirem para as catacumbas”. Os ordenados fizeram o percurso para atingir a Arquibasílica de São João de Latrão, Catedral do Bispo de Roma.  Percorreram os 130 metros da espaçosa nave central onde receberiam a ordenação sacerdotal naquela abóboda santa.  Ali o indaiatubano Francisco de Assis Barros tornou-se padre.

As 3 (três) primeiras missas do sacerdote se revestiram de um significado todo especial. A primeira nas catacumbas de São Calixto onde a semente do evangelho foi deixada por Pedro; a segunda na Basílica de São Pedro junto ao tumulo do príncipe dos apóstolos e a terceira na igreja de São Joaquim na capela dedicada a Nosso Senhora Aparecida, a rainha que tem o seu trono no coração de cada brasileiro.

Em princípio de novembro de 1918, saindo de Roma, desembarcava em Santos, o Pe. Francisco de Assis Barros, com o “coração a transbordar de alegrias e esperanças” indo dali para São Paulo e depois para a missa em Indaiatuba, onde residiam seus pais em uma modesta casa na atual rua Pedro de Toledo, próxima a Estação.

A sua chegada foi uma festa na cidade. A banda de música desceu da prefeitura acompanhando as autoridades, os parentes e os amigos até a estação da Sorocabana.

Recebido com palmas e discursos, o Padre Francisco de Assis Barros agradeceu comovido a recepção, “falando melhor a italiano do que a português”.

Permaneceu alguns dias com a família em Indaiatuba, para depois ir lecionar no Seminário Maior de São Paulo.
Em homenagem ao Cônego conterrâneo, o maestro Nabor Pires Camargo compôs a obra “Romance”.[3]


IMAGEM 3
Crédito da imagem: Hemeroteca da Biblioteca Nacional (Rio de Janeiro)
Jornal “ A União” de 3 de novembro de 1921


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Foi coadjutor de Dom Duarte Leopoldo e Silva e mais tarde nomeado pároco da Igreja da Glória no Cambuci um bairro muito pobre naquela época que necessitava de um “pastor zeloso e solicito”. Ali ele desenvolveu fecundo apostolado missionário e, até mesmo para ser melhor compreendido, fazia sermões em italiano por se tratar de um bairro essencialmente de operários imigrantes da Itália e seus descendentes.

Retira-se dessa paróquia por alguns anos por motivo de saúde e, reestabelecido, vai para Ribeirão Preto em 1931, onde Dom Alberto José Gonçalves “o acolhe com esperanças e alegrias”.

Em Ribeirão Preto, o já Cônego Dr. Francisco de Assis Barros, além de vigário da Catedral de Ribeirão Preto, foi um notável batalhador da cultura. Entre outros feitos, foi patrono da Academia Ribeirão-Pretana de Letras, fundou o Patronato Coração de Jesus e a Sociedade Lítero-Musical. Foi professor de Pedagogia e Sociologia no Colégio Santa Úrsula (criado como Instituto Santa Úrsula para meninas, das Irmãs Ursulinas), cura da catedral de São Sebastião.

Foi notável orador sacro da época e muitos dos seus discursos como paraninfo ou preferidos solenidades importantes foram publicadas e editadas como relíquias da nossa língua.

Por ocasião do 100º aniversário de Indaiatuba, foi convidado especial do então Prefeito Major Alfredo Camargo Fonseca para ser o orador oficial da solenidade, incumbência que muito o sensibilizou e que “desempenhou com notável entusiasmo para sua querida terra natal”[4]. Nos sermões da missa padroeira de Indaiatuba ele exortava a proteção da Virgem da Candelária implorando-lhe a graça de encontrar um dia com a Santa de Indaiatuba no céu.

E foi justamente no dia da Padroeira do Brasil, em 12 de outubro de 1937, com 44 anos de idade e praticamente no início da sua carreira eclesiástica, já Monsenhor, que faleceu prematuramente em São Paulo no Instituto Paulista, onde se achava em tratamento.



IMAGEM 4
Crédito da imagem: Banco de dados biográficos do Arquivo Público Municipal “Nilson Cardoso de Carvalho” da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba (recorte de jornal sem identificação/data).


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Crédito da imagem: Banco de dados biográficos do Arquivo Público Municipal “Nilson Cardoso de Carvalho” da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba (recorte de jornal sem identificação/data).
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Crédito da imagem: Banco de dados biográficos do Arquivo Público Municipal “Nilson Cardoso de Carvalho” da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba (recorte de jornal sem identificação/data).


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Crédito da imagem: Banco de dados biográficos do Arquivo Público Municipal “Nilson Cardoso de Carvalho” da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba (recorte de jornal sem identificação/data).


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Crédito da imagem: Banco de dados biográficos do Arquivo Público Municipal “Nilson Cardoso de Carvalho” da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba (recorte de jornal sem identificação/data).


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Crédito da imagem: Hemeroteca da Biblioteca Nacional (Rio de Janeiro)
Jornal: O Correio Paulistano de 13 de outubro de 1942


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O seu último desejo era ser enterrado aqui em Indaiatuba sua terra natal de que tanto se orgulhava, mas o clero as autoridades de Ribeirão Preto e o povo em massa aclamaram para a família que ele fosse sepultado em Ribeirão Preto onde tanto o estimavam. Segundo jornal ribeirão-pretense, formou-se uma Comissão Diretora para conduzir o trabalho de construção de sua herma e houve um concurso onde concorreram escultores interessados para homenageá-lo.



IMAGEM 10
Crédito da imagem: Banco de dados biográficos do Arquivo Público Municipal “Nilson Cardoso de Carvalho” da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba (recorte de jornal sem identificação/data).



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Coube afinal, à Praça da Bandeira a honra de ostentar o busto do Cônego Barros, verdadeiro bandeirante da religião, da ciência e do patriotismo. Essa escolha arrancou sinceros aplausos dos seus amigos, pois colocando o patriota na praça verde e amarela, colocaremos o sacerdote diante do templo divino e o homem ao lado de sua família.

A cidade onde tanto ele trabalhou e que tanto o estimou, atribui-lhe também uma homenagem, escolhendo-o como patrono de uma escola estadual, a Escola Estadual Cônego Barros que foi inicialmente criada em 17 março de 1932 com a denominação do 5º Grupo Escolar de Ribeirão Preto. Funcionou os primeiros anos na rua Tamandaré, 459, depois na rua Garibaldi, 26 e em 25 de abril de 1954 realizou-se a inauguração das atuais instalações.[5]



IMAGEM 11
Imagem da Escola Estadual Cônego Barros, em Ribeirão Preto
Crédito da imagem: Google Maps[6]


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IMAGEM 12
Crédito da imagem: Banco de dados biográficos do Arquivo Público Municipal “Nilson Cardoso de Carvalho” da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba (recorte de jornal sem identificação/data).


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A concorrência popular no seu velório foi tão grande que ele não pode ser velado na igreja, mas sim em praça pública, tal a afluência de fieis, alunos e amigos que desejavam dizer-lhe o último adeus.
No cemitério de Ribeirão Preto em um tumulo modesto, jaz aquele que Senhor foi tão prodigo em dons intelectuais como em virtude espirituais: o pregador da paz e das sagradas letras em nossa querida pátria brasileira.




IMAGEM 13
Crédito da imagem: Banco de dados biográficos do Arquivo Público Municipal “Nilson Cardoso de Carvalho” da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba (recorte de jornal sem identificação/data).


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[1] A Farmácia Candelária foi fundada em 1893 por Francisco Xavier da Costa, mais conhecido como Chiquinho. De acordo com arquivos, a princípio a farmácia funcionava em um prédio na Rua 15 de Novembro, esquina com a Rua 7 de Setembro. De lá, mudou-se para vários prédios na área central da cidade, até ser transferida definitivamente para a esquina da Rua Candelária com a Siqueira Campos.
[2] Parte do conteúdo desta biografia teve como referência o manuscrito “Curriculum Vitae de Cônego Doutor Francisco de Assis Barros”, sem nome de autor ou data, do “Banco de Dados Biográficos” pertencente ao acervo do Arquivo Público “Nilson Cardoso de Carvalho” da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba.
[3] BERNARDO, Marco Antônio. Nabor Pires Camargo - Uma Biografia Musical: Irmãos Vitale, 2002. Página 122.
[4] Manuscrito da Fundação Pró-Memória - s/data (cópia em anexo).
[5] Informações do blog http://conegobarros.blogspot.com/ consultado em 24/10/18 às 14:49.
[6] Consultado em 24/10/2018 às 14:46 em: https://www.google.com.br/maps/uv?hl=pt-BR&pb=!1s0x94b9befe8a439fab%3A0x5832b5eef3594980!2m22!2m2!1i80!2i80!3m1!2i20!16m16!1b1!2m2!1m1!1e1!2m2!1m1!1e3!2m2!1m1!1e5!2m2!1m1!1e4!2m2!1m1!1e6!3m1!7e115!4shttps%3A%2F%2Fpt-br.facebook.com%2FConegoBarros%2F!5sC%C3%B4nego%20Barros%20-%20Pesquisa%20Google&imagekey=!1e10!2sAF1QipO8-VOxhfbODbByA3qMU5aTo5EFO2mYQEtu28oM&sa=X&ved=2ahUKEwjo942a0J_eAhVEwlkKHQsWB6EQoiowE3oECAoQCQ

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Dia Municipal do Historiador

Foi aprovada na Sessão da Câmara Municipal de Indaiatuba de ontem (segunda-feira, 22/10/18) o projeto de lei que institui no calendário oficial do município de Indaiatuba o "Dia Municipal do Historiador" a ser celebrado anualmente no dia 19 de agosto. O Projeto de Lei (que vc pode ler aqui) é de autoria da vereadora Silene Silvana Carvalini e agora segue para a aprovação do prefeito Nilson Alcides Gaspar.

De acordo com a justificativa apresentada pela vereadora Silene, embora "a data esta já instituída no calendário nacional pelo Decreto Lei n°. 12.130, de 17 de dezembro de 2009, ainda não se encontra regulamentada no calendário do município de Indaiatuba". A vereadora defendeu no plenário que a profissão do Historiador tem um papel fundamental na sociedade sendo responsável por investigar, interpretar e preservar os acontecimentos históricos, econômicos, culturais, ideais do cotidiano da sociedade, buscando resgatar a memória da humanidade e ampliar a compreensão da condição humana. 

A vereadora Silene destacou que "a cidade de Indaiatuba é rica em toda sua história e cultura e, certamente, só está conservada até os dias de hoje pela competência dos profissionais que se dedicam em estudar e preservar nossa história. 


DIA NACIONAL

A Criação do Dia Nacional do Historiador foi aprovada em dezembro de 2009, em lei tem origem em projeto de lei do então senador Cristovam Buarque, elaborado em 2007 e identificado como PLS 570/2007. Aprovado no Senado em setembro de 2008, o projeto passou a tramitar na Câmara dos Deputados, transformando-se no PL 4102/2008. Conforme o projeto original, a data seria comemorada em 12 de setembro. Contudo, ao receber emenda do senador Augusto Botelho, a data foi alterada para 19 de agosto, dia de nascimento de Joaquim Nabuco.
Em seu parecer Augusto Botelho destacou: A disciplina científica da História, ao explorar e tentar explicar acontecimentos pretéritos fornece, ao mesmo tempo, elementos fundamentais para a projeção do futuro. E ao se colocar a serviço dessa tarefa, o historiador assume um papel social tão relevante quanto anônimo. [...] a criação de um dia dedicado ao historiador vem resgatar, em parte, o papel social e político desse profissional. Entretanto, a data proposta não está vinculada a nenhum fato significativo no que diz respeito a algum ilustre historiador brasileiro. Por esse motivo, sugerimos que a data faça referência à data de nascimento de Joaquim Nabuco, historiador, diplomata e jurista brasileiro, o dia 19 de agosto de 1849. A escolha de seu nome, além de uma homenagem a todos os historiadores brasileiros, é também uma reverência à luta de Nabuco contra a escravidão. A data, coincidindo ainda com o período letivo, poderá ser uma oportunidade para os estudantes brasileiros refletirem sobre as profundas raízes da desigualdade na sociedade brasileira.”

A HISTÓRIA COMO FERRAMENTA

A ciência, e particularmente as ciências humanas como a História, a Filosofia e a Sociologia não é um conjunto desconexo e desarticulado de informações eruditas - muito pelo contrário. As ciências humanas são ferramentas sob as quais se vê o mundo, tanto que a UNESCO reconheceu que a capacidade de produzir conhecimento é um dos aspectos para distinguir a riqueza e a pobreza de um determinado povo. No entanto, o que temos visto atualmente é o demérito da ciência enquanto meio de desenvolvimento crítico para o avanço de sua apropriação comercial e mercadológica através do uso de aspectos parciais (e muitas vezes até desonestos) do conhecimento em nome de um avanço tecnológico que substituiu o "conhecimento" pela "informação".

Por vários motivos cuja análise não cabe aqui, estamos vivendo um momento de demérito das ciências humanas, inclusive com defesa de que o ensino das mesmas deva ser reduzido nas escolas. Neste contexto avançam afirmações como "a Terra é plana", "nazismo é de esquerda", "aquecimento global é uma farsa" ou mesmo (salvaguardada as proporções) que "a Indaiatuba que temos hoje foi construída nos últimos 20 anos". Desta forma iniciativas como a da vereadora Silene, são louváveis na medida em que podem contribuir - mesmo que modestamente - para manter o reconhecimento de que o homem é um ser social e histórico, por quem e para quem se desenvolve a Ciência, com a finalidade de contribuir para a construção de uma nova ordem social.


(crédito da imagem: Senado Federal)

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Museu Histórico Sorocabano: Quinzinho de Barros: arquitetura, história e memória

ESCOLA DO PATRIMÔNIO

27/10/2018: SOROCABA/SP - Museu Histórico Sorocabano: Quinzinho de Barros: arquitetura, história e memória
Prof.ª M.ª Tami Coelho Ocar
INSCRIÇÕES: https://goo.gl/forms/rAGrox9iquyXMapB2

24/11/2018: INDAIATUBA/SP - Museu Casarão Pau Preto
INSCRIÇÕES: em breve

A Fundação Pró-Memória está comemorando o quinto ano seguido de parceria com o Departamento de História da Unicamp por meio do projeto de extensão “Escola do Patrimônio” E nesta quinta edição, a Escola reunirá especialistas, profissionais e demais interessados no patrimônio histórico cultural para dialogarem, aprenderem e discutirem acerca do universo dos museus. 

Nesse sentido, os cursos buscam temas referentes a organização desses “lugares de memória” que são os Museus, seus acervos, arquitetura e políticas públicas de preservação e gestão patrimonial. Por isso, dentro dessa proposta, esse ano a Escola do Patrimônio irá propor debates e a reflexão sobre o papel dos museus regionais, sua importância para a história e memória da comunidade em que está inserido, atentando-se para as semelhanças e, também, diferenças existentes entre instituições das cidades paulistas como Indaiatuba, Campinas, Sorocaba e Itu. 

Nesse caso, a novidade é que os cursos serão oferecidos nestas cidades, tendo a participação de profissionais que atuam diretamente com os museus locais. Para tento, a Fundação disponibilizará transporte para levar os alunos para as vistas técnicas de tais museus.

Os organismos internacionais, tais como a UNESCO, vem recentemente salientando a importância das ações dos lugares de memória em conjunto, estabelecendo redes de cooperação entre as diversas instituições. Nesse sentido o objetivo final da proposta é estabelecer uma rede de Museus da Região para concretizar tal proposta capitaneada pela Fundação Pró-Memória de Indaiatuba.

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

ATRAVÉS DE UMA BIOGRAFIA, A HISTÓRIA DE INDAIATUBA


                                                                                                        J. R. Guedes de Oliveira


          A monumental obra “História de Indaiatuba – na Perspectiva Biográfica de Antonio Reginaldo Geiss”, organizada pela historiadora e pesquisadora Eliana Belo Silva¸ chega, pois, com toda força de um livro que marca época.

          A palavra e o significado “monumental”¸ que aqui emprego, explica perfeitamente o conteúdo que abrange a própria vida de Indaiatuba, bem como o volume do título, em 456 páginas. Extraordinária produção que, certamente, consumiu horas, dias e meses da metódica organizadora.

           Quando, tempos atrás, conversei com o Geiss, havia ele me dito que seria uma biografia e estava a recolher fragmentos de sua folha-corrida de tantas iniciativas aqui em Indaiatuba. Sabia do esforço hercúleo da Eliana, pois que o Geiss sempre aparecia com mais algum detalhe que achava importante inserir na obra.

            Contudo, observando que a edição não surgia, disse a ele que o livro precisava de um ponto final, pois que a nossa memória sempre nos dá o recado de algo que ficou no subconsciente e aflorou num instante qualquer. Se buscando novos fato e novas reflexões, teria, ele, uma infinidade de coisas mais para a obra. O volume que já era grosso, passaria a ser desdobrado em outro volume, digamos I, II, III, IV........

            Parece-me que deu resultado, em vista de ser uma obra não “in memoriam”, mas vivamente produzida e autografada pela figura central do próprio Geiss, o que ocorreu, em solene lançamento no Indaiatuba Clube, no dia 17 de abril passado.

            Não há a menor dúvida de que este livro servirá, também, como fonte de consulta da história de Indaiatuba que, evidentemente, ainda paira dúvidas e obscuridades. A  família Tancler, que tantas contribuições deu à cidade, soma-se a mais esta, refúgio amável e acolhedor, a todos os que desejam conhecer melhor o que foi e o que é Indaiatuba.

            Pela “noite de autógrafos”, que rasgou a noite adentro, o livro está tendo uma enorme acolhida e, por efeito do seu conteúdo histórico e revelador, uma nova concepção de ver e sentir a cidade na sua plenitude. Tanto isso é verdade que na introdução a própria organizadora, Eliana Belo Silva, assim diz:

            Este livro era para ser uma biografia. Conforme foi sendo escrito, revelou-se uma a biografia de um personagem excepcional, na medida em que a cada momento, um fato singular remetia ao coletivo. Passou a ser, então, uma biografia representativa, que sintetiza várias outras vidas ao mesmo tempo: a vida de Indaiatuba e de sua gente onde, com certeza, em algum momento, você irá se reconhecer como parte do enredo”.

          Disse-me, certeza vez, um amigo pesquisador, que um trabalho que se sustenta em fatos pretéritos e está embasado em realidades incontestáveis, se determina a sua grandeza pela bibliografia que o seu autor ou organizador buscou as suas fontes de pesquisa. Está aí a grandeza do livro, em termos da composição histórica da cidade e do seu grosso volume de acolhedoras páginas para o gosto de todos e para a predileção da comunidade que fazemos parte, com muito orgulho.

           O livro deve ficar na cabeceira da cama, no sofá, na sala, na cozinha, no abrigo, na rede e na biblioteca – em todos os lugares em aberto – para que possamos saborear as delícias contadas por esta grande capacidade indaiatubana, que se chama Antonio Reginaldo Geiss e capitaneada pela excelência da organizadora Eliana Belo Silva, que contou, também, com uma plêiade de entusiastas, entre os quais Antonio da Cunha Penna, Marcos Kimura, José Luiz Sigrist e Sônia Maria Fonseca.

             Parabéns, por nos dar um relato vultuoso, fantástico e importante sobre a nossa querida “Terra dos Indaiás”.
           

terça-feira, 16 de outubro de 2018

Uma lágrima para a Tribuna de Indaiá

texto de Marcos Kimura de 15/10/2018


O último sábado, dia 13 de outubro, será marcado na história de Indaiatuba pelo encerramento das atividades da Tribuna de Indaiá, o mais antigo e principal jornal da cidade. Fundado em 17 de abril de 1955 pelo advogado Rafael Elias Aun, o Rafu, o periódico foi posteriormente adquirido por Gabino Ferreira de Miranda, cuja família respondeu pela administração até o amargo fim.

Ao longo de seus 63 anos, o jornal cobriu diversos acontecimentos da cidade, às vezes até como participante, como foi o caso do impeachment do prefeito Alberto Brizola em 1963, o primeiro surto de crescimento populacional e industrial nos anos 60 e 70, o surgimento do Jardim Morada do Sol em 1980, a criação do Parque Ecológico em 1992, a segunda onda de crescimento industrial na virada do século e a prisão do prefeito Reinaldo Nogueira em 2016. Foi o último jornal da cidade a manter uma redação com um mínimo de estrutura.

A morte do tradicional periódico entristeceu a comunidade indaiatubana, especialmente os mais antigos, mas nem de longe foi uma surpresa. A crise econômica certamente abreviou a agonia, mas a decadência em geral da imprensa escrita atingiu desde a ex-gigante Abril até a pequena Tribuna de Indaiá.

Mas o que é mais alarmante é o cenário que o desaparecimento da mídia escrita deixa atrás de si. 

Vitimados em grande parte porque seus leitores passaram a ter acesso à informação grátis pela internet, jornais e revistas, especialmente os brasileiros, não souberam fazer frente à nova e irreversível realidade. O problema é que informação de qualidade não é barata e o que cresceu em seu lugar é de credibilidade altamente questionável. Dá para confiar na/o blogueira/o que indica um produto porque é patrocinada/o pelo fabricante ou no youtuber especialista em malhar este ou aquele partido ou tendência política? Se você acha que sim, temos um grande problema.

A questão é mais grave no âmbito local, que não tem a cobertura das grandes empresas de informação. O morador de Indaiatuba fica dependente dos jornais sobreviventes (que mal tem jornalistas), duas rádios (sendo que uma não tem noticiário), um canal de televisão exibido apenas em um provedor de TV por assinatura, um site de notícias policiais e uma fanpage mais ou menos noticiosa. Em tempos de fake news e desinformação em geral, é preciso que esses canais se aperfeiçoem para preencher o vazio deixado pela Tribuna de Indaiá. 




segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Interfaces da memória: prosas sobre patrimônio

INSCRIÇÕES: https://goo.gl/forms/K6m89rSAGBRU4xNH2

Data: sábado 20 de outubro de 2018 
Horário: das 10h às 16h 
Local: Museu Casarão Pau Preto R. Pedro Gonçalves, 477 – Centro, Indaiatuba – SP, 13330-210 

Programação: 

9h30 - Credenciamento e café de boas-vindas 

10h00 - Abertura

10h10 - A preservação do patrimônio cultural do Brasil: história, conceitos e experiências
Prof. Marcos Tognon, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas 

11h00 - Fundação Pró-Memória e seu patrimônio documental
Prof. Carlos Gustavo Nóbrega de Jesus, Fundação Pró-Memória de Indaiatuba 

11h50 - Patrimônio escolar: conservação, estudo e difusão 
Profª. Maria Cristina Menezes, Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas 

12h40 - Espaço para perguntas 

13h00 - Intervalo para almoço

14h30 - Visita orientada ao Patrimônio de Indaiatuba
Prof. Henrique Annunziata

16h00 - Encerramento

Mais informações:
Tel: (19) 3875-8383


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