quarta-feira, 29 de novembro de 2023

A Kombi que leva Indaiatuba adesivada pelas ruas da cidade

 Hugo Antoneli Junior*

A primeira vez que eu quis dirigir um carro com Indaiatuba impressa nele foi durante o meu trabalho no Comando Notícia, site mais acessado da cidade entre os anos de 2015 e 2020. A ideia era contar histórias da cidade para uma nova cidade que se formava. Indaiatuba tem um caráter cosmopolita, recebe pessoas de todos os lugares – dos maiores como São Paulo, uma das maiores cidades do mundo, até a paranaense Mariluz, minúscula no entorno de uma praça, distante 700 quilômetros, carregando ainda nuances nordestinas e mineiras.


Durante as eleições de 2020 escolhi contar a história do Hospital Augusto de Oliveira Camargo, dos seus fundadores, de dona Leonor, a protagonista desta história. Sempre me impressionou um hospital de portas abertas ser pensado e construído antes do SUS – que só veio quase na década de 1990 e era moderno para a ocasião, imagine para os anos 1930. Durante as conversas com as pessoas, percebi que a história era desconhecida para uma massa dos moradores da cidade, alguns até nascidos aqui.


Fiz testes ao longos dos tempos seguintes com outras histórias como o Crime do Poço ou até mesmo o caráter agrícola da cidade que foi dos tomates, das uvas e das bicicletas, mas todas caíam em um grande: “eu não conhecia” que vinha seguido de um “gostei muito de conhecer a história da cidade.” No final de 2022, quando precisava de um carro para trabalhar, resolvi revisitar essa vontade de percorrer a cidade com a própria cidade estampada nela e com planejamento de alguns meses pensei sobre a arte de um dos lados da Kombi, o que se materializou ainda no primeiro semestre de 2023. De uma lado, são 14 pontos turísticos espalhados e misturados de um lado do veículo. 


Toda a arte feita por um amigo está sob o Parque Ecológico, maior e mais importante obra da história de Indaiatuba, feita sob encomenda do prefeito Clain Ferrari para o arquiteto Ruy Ohtake, há cerca de 40 anos. Da direita para a esquerda estão o Parque da Criança (1), a Pista de Skate (2), os primeiros exemplares da Palmeira Indaiá (3), que nomeia a cidade, os pássaros do Parque Ecológico (4) e as pontes vermelhas (5), alinhados com o Mirante do Parque do Mirim 96), e com o Barco (7), junto ao Cristo da Ário Barnabé (8), coberto por um dos três aviões (9) que representam a proximidade com Viracopos. Ainda há o Ciaei (10), teatro que é sede da educação na cidade, a Igreja Nossa Senhora da Candelária (11), a Prefeitura (12), o Museu Ferroviário (13) e o próprio Parque Ecológico (14). Do outro lado, são 13 pontos de referência.



Adesivar meu carro de trabalho com Indaiatuba também é uma forma de agradecer à cidade que me acolheu há 20 anos nos mesmos moldes que acolhe e abraça a todos que escolhem colher de suas oportunidades. É um presente e homenagem a Indaiatuba que seguirá e só aumentará nos próximos tempos. Não consigo medir o quanto as pessoas enxergam o desenho, mas quando consigo observar – parado esperando o semáforo abrir -, o olho de uma criança buscando lugar o desenho aos lugares e acompanhando o partir da Kombi com os olhos como quem quer fotografar aquele momento para coletar todos os detalhes – é neste momento que vejo que meu dever está sendo cumprido. O nome da Kombi é Indaiatuba e a história dela não pode ficar parada.

Hugo Antoneli e a Kombi "Indaiatuba"


*É jornalista com passagens pelo Comando Notícia, Rádio Jornal, G1, TV Sol, pós-graduado em gestão pública e em ciências sociais.

quarta-feira, 22 de novembro de 2023

A FLORADA DO JEQUITIBÁ BRANCO



Nossa cidade se prepara, nos próximos dias, para um dos seus mais incríveis eventos aromáticos: a florada do jequitibá branco.



Gigante da Mata Atlântica, o jequitibá branco (Cariniana estrellensis) tem como características principais, sua altura de até 45m e seu tronco que pode chegar a 1.20m de diâmetro; seu fruto lenhoso  tem formato de fornilho de cachimbo, o que também lhe dá um outro nome popular, de cachimbeiro. 

É uma espécie de “clímax” de floresta, ou seja, é totalmente dependente  de uma série de condições ecológicas que propiciem sua dispersão, polinização e proteção das mudas para que  consiga prosperar  ou até mesmo ocorrer nas matas ciliares e capões de Mata Atlântica remanescentes em nossa Indaiatuba. Esta espécie “climace” necessita que os ecossistemas estejam protegidos para que possa manter  sua população.

É espécie nativa de Indaiatuba e região e uma das árvores símbolo do município.

Onde você poderá achar um jequitibá branco para de deleitar com o aroma adocicado de sua  florada? 

Na Praça Prudente de Morais tem dois indivíduos, um ao lado do coreto, e outro em frente do Bradesco. O que está em frente ao Bradesco, possui uma das maiores copas de toda a arborização urbana da cidade, com cerca de 25 metros de diâmetro e mais de 400m² de área, muito maior que a maioria dos lotes urbanos da cidade. 

A Avenida Major Alfredo Camargo da Fonseca e a Avenida Itororó são arborizadas com Jequitibás, e o cruzeiro que formam, na região central de Indaiatuba pode ser visto do espaço. 

O mais belo Jequitibá, e o que rende as mais belas fotos, está no Jardim do Casarão Pau Preto, e é enorme, leve dois ou três colegas para poder abraçá-lo.

Jequitibá do Casarão Pau Preto (2017 - acervo pessoal do autor)


Em frente à Prefeitura, ao lado das figueiras (falsa seringueira),  há jatobás e um belo abacateiro que formam uma bela área arborizada, onde existem também jovens jequitibás que já se destacam em porte. No futuro, esta será uma área ainda mais incrível do que é hoje, pois os jequitibás foram plantados formando uma parede verde a norte. 

No chafariz, existem jequitibás que se destacam pelas cascas rugosas. 

O maior jequitibá da cidade, é o enorme morador do Jardim Jequitibá, que está em uma Área de Preservação Permanente, também protegido pelo Programa de Recuperação de Nascentes do SAAE.


O maior jequitibá de Indaiatutuba e provavelmente o ser vivente mais antigo da cidade

Fenologia: A florada do jequitibá branco ocorre entre os meses de outubro e dezembro, quando recebe também novas folhas. Os frutos amadurecem entre julho e setembro, quando a planta perde grande parte se suas folhas. É considerada uma espécie semidecídua, pois caduca parcialmente na estação seca. Caducar, também é uma expressão usada  para descrever o processo de perder as folhas, para evitar assim a evapotranspiração.  Para humanos, a correspondência mais precisa seria dizer que "caducar" seria o processo de se perder os cabelos com a idade.

Reprodução/Dispersão: O jequitibá tem um fruto lenhoso, típico da família das lecythidaceae, onde também podemos achar a Sapucaia (lembra, quebra o coco e não arrebenta a sapucaia?), e a castanha do brasil. As sementes do jequitibá possuem uma incrível estratégia de dispersão, chamada de ANEMOCORIA. Quando maduros, os frutos destacam uma tampa pela parte inferior, e as sementes saem voando, pois possuem uma membrana que possibilita seu voo. 

Existem diversas espécies na cidade, que se utilizam desta estratégia, as tipuanas, os ipês ou os  jacarandás do campo; mas a mais interessante é a ENORME semente do ARARIBÁ que chega a mais de 15 centímetros e voa. Eu conheço alguns na cidade pra você tentar achar: no Parque Ecológico tem, no Mosteiro de Itaici também, mas o mais fácil fica no Parque do Mirim no fim da subida, em frente  ao Mirante.

Chamamos de dispersão a estratégia que as plantas possuem de espalhar seus frutos e sementes, sendo que anemocoria é caracterizada pela ajuda dos ventos. Também pode ser por hidrocoria com ajuda de água ou zoocoria quando são animais que dispersam as sementes, seja ingerindo-as e defecando longe da planta, transportando de forma consciente como a cotia faz com o fruto do indaiá - ou simplesmente transportando de forma inconsciente como o picão. Quando a planta não possui dispersor externo, dizemos que é autocórica, ou seja, ela mesma dispersa.

Semente do Araribá, que também usa o vento como dispersor


Fruto do jequitibá e suas sementes aladas


Etimologia: jequitibá – do tupi guarani "jequi-ti"= o covo pontuado; "ibá" =fruto. Nome popular e genérico de árvores da ordem ericales, família das lecythidáceas. São árvores de grande porte, com até 50 metros de altura e troncos com diâmetro superiores á 5 metros. São nativas da mata Atlântica e ocorrem apenas na região sudeste do Brasil.

Esquina do Cemitério da Candelária, em frente à Mecânica Gazziola



CURIOSIDADE

Já houve várias tentativas de fazer o tombamento de árvores em Indaiatuba, mas até agora isso não se viabilizou. Já a cidade de Campinas possui um Cadastro de Árvores Tombadas como Patrimônio Ambiental, esta placa com QR code é do Jequitibá Rosa símbolo  da cidade, o "Seu Rozinha", que fica defronte a prefeitura.





Fontes: 

Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil I Harri Lorenzi. -- Nova Odessa, SP : Editora Plantarum, 2002.

https://historiadeindaiatuba.blogspot.com/2022/03/biodiversidade-em-indaiatuba.html

https://historiadeindaiatuba.blogspot.com/2020/05/6-curiosidade-sobre-historia-de.html

Dicionário de Palavras Brasileiras de Origem Indígena – Clóvis Chiaradia e Dicionário Informal



quinta-feira, 9 de novembro de 2023

Caminhada em Comemoração ao Dia da Consciência Negra acontece no domingo (12/11)

 Proposta é lutar por uma sociedade igualitária

Caminhada realizada em 2022

No próximo dia 12 de novembro, a partir das 7h30, o Conselho de Promoção de Igualdade Racial de Indaiatuba (Compir) realizará, com o apoio da Prefeitura de Indaiatuba, a 2ª  Caminhada Antirracista de Indaiatuba. O objetivo é sensibilizar a população sobre a importância de batalhar pela igualdade racial. O trajeto começará no Parque Pet, localizado no Parque Ecológico, e terminará em frente à Praça Elis Regina.

A ação visa buscar mudanças a fim de assegurar que todos tenham acesso aos direitos que instituídos na Constituição. O evento é alusivo ao Dia da Consciência Negra que é comemorado no dia 20 de novembro e que tem como inspiração o líder quilombola Zumbi dos Palmares que lutou até a morte para libertar o seu povo.

 

Serviço

2ª Caminhada Antirracista 

Data: 12 de novembro de 2023.

Horário: a partir das 7h30.

Local de Inicio: Parque Pet (Parque ecológico).

Local de Término: em frente à Praça Elis Regina.


....ooooOoooo....


O 20 de novembro (1), aniversário da morte de Zumbi dos Palmares, é um dia que se tornou símbolo alusivo ao Dia da Consciência Negra no Brasil, em oposição ao 13 de maio, data em que é comemorada a abolição da escravatura no calendário nacional, porém, amplamente criticada pelo Movimento Negro como uma data totalmente desprovida de representatividade em relação aos trabalhadores negros escravizados. 




(1) Fragmentos do texto de Vanessa Cristina Pacheco Silva, (panambi_ness@yahoo.com.br.) que você pode ler completo aqui: https://revistas.uece.br/index.php/bilros/article/view/7582/6353



quarta-feira, 8 de novembro de 2023

O Cruzeiro, A Ressurreição, Os Foles e O Pastor



A vida de um dos grandes artistas de nossa cidade foi repleta de muitas criações interessantes, inovadoras e diferentes. Entre seu enorme legado, deixou quatro obras ainda remanescentes, numa cidade que dilacera impiedosamente sua história a troco de espaço: um grande instrumento musical - o maior por aqui,  uma crucificação, uma ressurreição e um pastor. Mas o que realmente conta, e vou descrever a seguir,  é a poesia que une cada uma destas obras. 

A atividade deste imigrante artesão se inicia em Indaiatuba na primeira metade do século XX onde o principal caminho da cidade, que ligava o Leste ao Oeste, era a Rua Padre Bento Pacheco. Essa via era o que os atuais urbanistas chamam de diametral, ou na linguagem coloquial, a que corta a cidade ao meio.  

Esse artista construiu, em uma das extremidades desta rua, no ponto mais a leste da cidade, uma fábrica de órgãos de tubo, que passou a ser uma das mais importantes fábricas daqui. Neste local, marcando a entrada de suas terras, no ponto da cidade mais voltado ao nascer do sol, esculpiu a crucificação de Cristo, com o apóstolo João à sua esquerda, Maria à sua direita e Madalena aos seus pés junto à cruz. Pelo traçado da cidade, nesta época,  pode-se dizer que este foi, por muitos anos, o marco de início da cidade, na nascente.

Descendo pela Rua Padre Bento Pacheco, do outro lado da Indaiatuba antiga, chegava-se aos barrancos do Córrego Barnabé, que limitavam a cidade à Oeste. Somente Ruy Ohtake, outro artista, vai romper estas divisas no final do século XX. Ali, na altura das ruas onde já não alcançavam os brejos do Barnabé mas que eram, praticamente, o limite da zona urbanizada na época, edificou ele outra obra, no antigo velório do Cemitério da Candelária,  desta vez um alto relevo, da ressureição de Cristo.

É poético e forte afirmar que essas duas primeiras obras citadas, na época em que foram feitas, marcaram o amanhecer e o crepúsculo na cidade; e que na mente criativa deste homem de fé, o dia na Indaiatuba antiga era uma representação de parte da paixão de Cristo; o sol cruzando o céu, desde o Cruzeiro da Vila Furlan até a Ressurreição da Candelária, como se Jesus Cristo recolhesse os pecados do mundo, dia após dia, a cada movimento de rotação da Terra.

O artista a quem me refiro é Henrique Lins, que cravou essas duas escuturas na nascente e no poente  do até então pequeno conglomerado urbano da cidade e que também deixou outras duas para formar o quarteto do seu legado: o órgão de tubos da Igreja Candelária - que durante muitos anos, anunciava o fim do dia, nas missas, adornando o tempo com música,  para enfatizar os pecados que se foram, perdoados, invizibilizados a cada avanço da luz entre o início e o fim do dia. 

A quarta e última obra, a derradeira, foi feita para todos imaginarem como seria o mundo sem o mal, somente Cristo, representado pelo bom pastor e suas ovelhas. Esta última obra, marca também o fim da carreira do Sr. Lins, no local que também indica o poente de uma vida em Indaiatuba, produzida por ele para seu próprio túmulo,  no Cemitério de Pedras da Rua Candelária.


No final do dia, quando o sol se põe à oeste da cidade, a esperança se renova, com a ressurreição de Cristo no campo santo do Cemitério da Candelária.


NOTAS COMPLEMENTARES


NOTA 1- O órgão de tubos de Indaiatuba foi produzido em 1941 - tendo sido o primeiro feito por Henrique Lins, para a cidade de Altinopolis, posteriormente adquirido em 1951 pela familia Bicudo e doado para a Igreja da Candelária de Indaiatuba. O ano de 1941 marca o inicio da produção de órgãos,  exatamente na época em que se urbaniza o acesso da cidade pela Caixa D´Água da avenida Presidente Vargas, sendo a fábrica de órgãos,  a precursora da ocupação da atual Vila Furlan. A fábrica produziu pelo menos trinta órgãos de tubos, espalhados por diversas localidades brasileiras, muitos deles em atividade até os dias atuais. O órgão de Indaiatuba está atualmente desativado, carecendo de manutenção e/ou restauro. 


Fábrica de órgãos de Henrique Lins, década de 1940
Enfeitada para o que seria a primeira Festa das Nações em Indaiatuba



A fábrica se transformou em um clube social (sem o mezanino do segundo andar) e atualmente é um prédio de apartamentos.



Henrique Lins dirigindo a engenhoca que ele inventou e construiu, chamada de "Topa Tudo".
Com ela, ele chegou a ir em romarias de Indaiatuba para Pirapora.
Henrique Lins era muito religioso, levava hóstia para doentes acamados comungarem após ele ler parte do evangelho.




Altar da Matriz Nossa Senhora da Candelária, com os tubos do  órgão produzido por Henrique Lins (ao fundo) com olhar do fotógrafo Cássio Sampaio


NOTA 2 - Existem diversas características físicas e acústicas únicas voltadas aos órgãos de tubos de igrejas. Os tubos, em geral, localizam-se no retábulo do altar-mor, atrás do altar, ou no coro, tradicionalmente sobre a porta de entrada principal, e utilizam-se das características acústicas das plantas tradicionais das igrejas. A relação entre altar-mor, presbitério e nave, funcionam como uma corneta que projeta a voz para os fiéis. O som nos tubos não é estático como nos atuais alto falantes, ele "anda" de um lado para o outro, criando diferenças de tempo, entre as reflexões que faz nas superfícies das paredes, sempre trabalhadas, das igrejas. Estas características físicas criam efeitos sonoros chamados de "comb filters", causados pelo cancelamento do som, quando ondas sonoras, de uma mesma fonte, refletem em tempos diferentes, e se sobrepõem. O som phaseado também reverbera, pois os tempos de reflexão são tão extensos que podem ser entendidos como fontes adicionais quando somados. Todas estas características físicas específicas de cada igreja com órgãos de tubo, tornam única a experiência de se ouvi-los. No final do século XX, já na era da eletrônica, muitos artistas copiaram estes efeitos naturais das igrejas, usando equipamentos analógicos ou digitais. As caixas Leslie, que giram os falantes, usadas por John Lord do Deep Purple, os pedais de chorus usados pelo Lulu Santos e o efeito de phaser usado por David Gilmour do Pink Floyd, são algum exemplos de como a música não pôde deixar o tempero do “reverb” e da modulação natural que estes ambientes tradicionais proporcionam.

Tubos do órgão fabricado por Henrique Lins na década de 1940 entre o altar entalhado de madeira da Matriz Nossa Senhora da Candelária de Indaiatuba


 

NOTA 3 - O Cruzeiro da Vila Furlan é a obra externa mais conhecida de Henrique Lins. Consta que Henrique Lins construiu esse cruzeiro em gratidão a uma graça alcançada. Ele sofreu um acidente grave, caiu do mezanino da fábrica de orgãos e por não ter ficado com imobilidade física, construiu essa obra. Os mais atentos notarão que originalmente não possuía a Madalena aos pés de Cristo crucificado, ela foi adicionada posteriormente. Contam os memorialistas que a cruz teve problemas estruturais, tendo apresentado fissuras, e a solução de Lins, para um reforço estrutural foi uma base em concreto, que acabou tornando-se a Madalena. As imagens de Nossa Senhora e João que ladeiam o cruzeiro são estáticas, solenes, austeras... enquanto Madalena é expressiva, dinâmica e assimétrica, proporcionando movimento adicional à composição, demonstrando dois momentos diferentes da produção de uma mesma obra. 


Cruzeiro da Vila Furlan - década de 1940



Cruzeiro da Vila Furlan - foto de 2011



Cruzeiro da Vila Furlan - crédito Gregory Rocha



NOTA 4 - A obra do Bom Pastor e suas ovelhas que sobre o túmulo de Henrique Lins no Cemitério da Candelária foi feita com inspiração na passagem bíblica do evangelho de João. O apóstolo João também foi utilizado por Lins em outra de suas obras, está ao lado de Cristo, no Cruzeiro da Vila Furlan. A produção de Henrique, feita para seu próprio túmulo, apresenta sutilmente alegorias muito utilizadas em cemitérios. Na Arte Tumular, chamamos de alegorias as representações de pensamentos ou ideias através de figuras ou símbolos.  As ovelhas, são comumente usadas para expressar a pureza, inocência, bondade e humildade, sendo por isso muito utilizadas em túmulos de crianças; mas também representam o sacrifício de Cristo.


Arte Tumular no Cemitério da Candelária (pedras)
O Bom Pastor esculpido por Henrique Lins em sua sepultura - o último crepúsculo de sua vida, em fotografias de Cássio Sampaio




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