sexta-feira, 29 de abril de 2016

Museu da Água - inaugurado sábado, dia 30 de abril, em Indaiatuba

O Museu da Água, situado no município, foi inaugurado no  sábado, dia 30 de abril em cerimônia executada a  a partir das 10h, e a abertura para a visitação pelo público em geral terá início na próxima terça-feira, dia 3 de maio.


O espaço criado pela Prefeitura Municipal e pelo Serviço Autônomo de Água e Esgotos (SAAE), com o objetivo de despertar e incentivar o pensamento sustentável, conta a história da água em Indaiatuba em uma perspectiva global, em instalações modernas e interativas.

O Consórcio PCJ é um dos apoiadores institucionais do Museu da Água. A entidade forneceu material didático e de educação ambiental para ser distribuído aos visitantes do local, além de ter cooperado na concepção do acervo no qual os visitantes terão acesso a um panorama local e global da problemática da água.

Instalado na área da Represa do Cupini, primeira captação de água do município e que abastece a cidade desde 1937, o Museu conta com um prédio construído com arquitetura moderna e perfeitamente integrado à natureza. Com grandes áreas envidraçadas e fachada revestida em aço corten, que transmite uma aparência rústica à edificação, sua visão é um verdadeiro convite que desperta a curiosidade do visitante.

A visita tem início no auditório onde é apresentado o vídeo de acolhimento, que prepara o visitante para o que está por vir. Logo após são direcionados para a sala de exposição temporária denominada Caixa D´Água, onde são transmitidas importantes informações sobre a água em seus diversos estágios e tempo, levando o visitante a refletir como este elemento nos liga uns aos outros e ao planeta que habitamos. Por uma passarela panorâmica o visitante chega à Sala Histórica, onde há um acervo de peças e fotos que contam a história do abastecimento em Indaiatuba.

Fechando a visita, um passeio monitorado pela trilha que é cenário do Programa de Educação Ambiental “Na Trilha das Águas”, uma parceria entre o SAAE e a Secretaria Municipal de Educação, a experiência de caminhar pela mata, dá ao visitante a real ideia da importância de preservar a mata ciliar, e de todo o processo necessário para chegarmos a água potável. A mata é uma vitrine do funcionamento de todo o ecossistema necessário para a criação e manutenção de um manancial saudável.

Para o secretário executivo do Consórcio PCJ, Francisco Lahóz, o Museu será um importante ponto turístico em Indaiatuba com potencial de atrair visitantes de várias partes das Bacias PCJ, do Brasil e do mundo. “O Consórcio PCJ tem sensibilizado os municípios da região sobre a necessidade de investimentos em Ecoturismo e Turismo Rural como forma de preservar os mananciais e, também, reascender a atividade econômica, tão abalada pelas crises hídrica, econômica e política, pelas quais passa o nosso país”, comentou durante visita teste realizada no mês de março.


Para Lahóz, o Museu da Água de Indaiatuba poderá ganhar a chancela de “Espaço Internacional Hidrico-Ambiental para Visitações”. Durante a inauguração, no último sábado, dia 30, o secretário executivo do Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), ele informou que credenciará o Museu para receber o reconhecimento na Assembleia Geral da Rede Internacional de Organizações de Bacias (RIOB), que reúne 170 países, bem como no Fórum Mundial da Água.

Segundo Lahóz, além de estar dentro do contexto das bacias, Indaiatuba tem infraestrutura hoteleira e está próxima a um aeroporto internacional, itens necessários para ser considerado internacional. “Gostaria que esse Museu fosse um espaço para a integração dos povos através da água”, finaliza.

Leia mais sobre a inauguração aqui: http://comandonoticia.com.br/museu-da-agua-de-indaiatuba-e-inaugurado/

O Museu irá funcionar de terça-feira a domingo e feriados, das 9h às 16h. Visitas monitoradas e em grupos ocorrerão de terça a sexta-feira com agendamento prévio que poderão ser feitos através do e-mail contato@museudaagua.sp.gov.br , ou pelo telefone (19) 3834-9433.

Serviço:
Evento: Inauguração Museu da Água
Data e Horário: 30/04/2016, às 10h
Local: Rua do Museu, 205, Bairro Barroca Funda, Indaiatuba (SP) 

Crédito das imagens: Nilson Gaspar e SAAE (páginas no Facebook)  By Giuliano Miranda (Divulgação)
































 

Imagens de vista aérea crédito para Eliandro Figueira (duas últimas fotos acima)

Funcionários que trabalharam na construção são os primeiros a levar família.
Crédito: site do SAAE (divulgação)







quinta-feira, 28 de abril de 2016

JARDIM MORADA DO SOL HISTÓRIAS E MEMÓRIAS DE UM BAIRRO

texto de Denise Yonamine (história) e 
Victor Hugo Bonequini (depoimentos)


A Fundação Pró-Memória de Indaiatuba elaborou a exposição itinerante sobre a história de um dos mais importantes bairros da cidade de Indaiatuba, o Jardim Morada do Sol, que completa no ano de 2016, 36 anos de existência. Com o objetivo de rememorar a trajetória histórica desse bairro que surgiu na década de 1980 e, por meio do acervo documental do Fundo Vereador Hélio Ribeiro do Jardim Morada do Sol, pertencente ao Arquivo Público Municipal Nilson Cardoso de Carvalho, é possível conhecer a história dos primeiros moradores do local, os primeiros comércios e testemunhar o crescimento e desenvolvimento conquistado ao longo dos anos.

Atualmente o bairro abriga cerca de 15 mil habitantes e tornou-se o mais populoso da cidade de Indaiatuba. Por meio dos depoimentos dos moradores que foram pioneiros ao residir no local, podemos ver o quanto tudo foi muito difícil no início, época em que não havia infraestrutura suficiente para atender as necessidades. Para comportar todos os habitantes atuais, as melhorias foram sendo conquistadas ao longo dos anos e assim, uma vida melhor foi sendo construída, inclusive através da colaboração e reinvindicação desses primeiros moradores.

COMO TUDO COMEÇOU

No início do século XIX, mais especificamente no ano de 1809, consta que - nas margens do Ribeirão de Indaiatuba (atual Córrego do Barnabé, no Parque Ecológico) - existiam nove propriedades produtoras de açúcar, uma delas possuía um engenho movido à água, que pertencia à Francisco de Paula Almeida Prado.

Em 1874, a fazenda foi vendida à José Balduíno do Amaral e, posteriormente, adquirida em 1907 por Valeriano Barnabé. Nesta época a fazenda já era um grande cafezal. Valeriano e mais tarde, seus herdeiros Renato e Ário, foram expandindo a propriedade a ponto de atingir 360 alqueires. A partir da década de 1970 a propriedade passou a ser fracionada e, por meio da aprovação do Decreto Municipal nº 2.081 de 19/03/201980, o então prefeito Clain Ferrari, iniciou o loteamento de parte da propriedade, que receberia o nome de Jardim Morada do Sol.

Ao longo da ocupação do bairro muitos migrantes paranaenses, principalmente de Moreira Sales, vieram em busca de melhores condições de vida. Mas não foram apenas os paranaenses que se mudaram para Indaiatuba, também vieram moradores de diferentes regiões do Brasil e, inclusive, indaiatubanos que passaram a viver no Jardim Morada do Sol.

MEMÓRIAS E HISTÓRIAS

Por meio de um projeto de valorização da história do Jardim Morada do Sol desenvolvido há dois anos, houve a iniciativa de gravar depoimentos dos moradores mais antigos do bairro, com objetivo de conhecer e registrar as memórias desses pioneiros, até então reservadas apenas na esfera familiar. Saber de onde vieram, os motivos que os tiraram de onde estavam, os fatores que os atraíram para cá, os caminhos que percorreram, como superaram os primeiros desafios...

Todas essas memórias familiares possibilitaram a construção da História dos primeiros anos do Jardim Morada do Sol. São reminiscências que, quando resgatadas e expostas, permitem a reconstrução não só do maior bairro de Indaiatuba, mas da própria História de Indaiatuba, construída em uma perspectiva pessoal e familiar de desafios e melhorias, que aconteceram e acontecem ano após ano.

Algumas dessas histórias, estão registradas aqui. Através das memórias dela, da História percorrida por ela e por sua família, convidamos para que você conheça todas as outras!



Lançamento da pedra fundamental da igreja do Jardim Morada do Sol.
crédito: Silva e Penna Imagens
(ao utilizar para sua pesquisa, CITE OS CRÉDITOS)

DEPOIMENTOS


Geni Michelon

Geni Michelon nasceu em 24 de março de 1949 em Vacarias, RS. Filha de Hercolino Michelon e Mabina Mussato Michelon, tinha 13 irmãos. Foi moradora de Indaiatuba por mais de 32 anos. Chegou aqui no ano de 1983, e se instalou no Jardim Morada do Sol. Quando chegou no bairro ainda havia muitas áreas vazias e a água era retirada por meio do uso de poços caipiras ou caminhões pipa. Participou ativamente da luta para as melhorias do bairro e viu a chegada da energia elétrica nas ruas, asfalto, água encanada, linhas de ônibus e muitos outros benefícios:
“Lembro como se fosse hoje, o medo que eu passei quando o ônibus atolou no barro e estava tudo escuro, no meio do nada. Que medo. Hoje estamos no paraíso”
Sempre foi muito preocupada com as questões sociais e atuava voluntariamente em diversas entidades dentre elas, no Hospital Augusto de Oliveira Camargo (HAOC), Lar São Francisco de Assis e diversas associações de bairro. Faleceu em 2015.

José Radovanovich  (Padaria Gianini)

José Radovanovich nasceu em 15 de julho de 1939 na cidade de Indaiatuba/SP. Casado com a Sra. Maria Julia Gianini, filho do Sr. Adão Radovanovich e Maria Stifter Radovanovich. Pai de três filhos: Márcio Luiz Radovanovich, Fábio Antônio Gianini Radovanovich e Mirian Cristina Radovanovich. José mudou-se para o Paraná onde permaneceu até 1980, quando retorna para Indaiatuba e adquire um terreno na Avenida Ario Barnabé, no recém-criado Jardim Morada do Sol. Decide construir um prédio e inaugura a primeira padaria do bairro com o nome de SANI, mas no ano de 1998 decide mudar o nome para Padaria Gianini, mesmo período em que seus filhos assumem a administração do negócio. José Radovanovich relembra dos primeiros anos no bairro:
“(...) Uma lembrança que marcou muito, no início do bairro, é que para realizar as entregas das encomendas com o carro nas ruas de terra, quando chovia, era necessário colocar correntes em volta dos pneus, de tanta lama...”

Maria Dirce de Carvalho (Michelly Modas)

Maria Dirce de Carvalho, nasceu na cidade de Ibiporã, no Paraná. Filha do Sr. Antônio Cândido de Carvalho Machado e Sra. Maria Aparecida de Carvalho Machado, possui 15 irmãos e 4 filhos: Michele de Lourdes Gonzales Mussi, Simone Gonzales Clementino, Raphael C. Gonzales e Maria Danielle Carvalho Gonzales.
Há 29 anos, saía de Goioerê, também no Paraná, para se estabelecer na cidade de Indaiatuba. Veio tentar uma nova vida viajando 750 Km até Indaiatuba, e se estabeleceu especificamente no bairro Jardim Morada do Sol, com suas filhas. Começou o seu negócio revendendo roupas de porta em porta, mas logo conquistou a confiança de seus clientes e passou a atender em um local fixo.
Atualmente, a comerciante possui duas lojas localizadas na Rua Jordalino Pietro Bom, nºs. 493 e 494 (antiga 74), uma em frente à outra, no bairro Jardim Morada do Sol, e relembra:
“Me orgulho de ser moradora até hoje do bairro, onde acompanhei a luta das pessoas na superação das dificuldades com a falta de infraestrutura, como asfalto, água e, hoje, vivenciar o progresso dos moradores”.

Sra. Maria  Alves

A senhora Maria Alves nasceu em 13 de setembro de 1944 na cidade de Salinas, em Minas Gerais. Filha do Sr. Ozorino Alves dos Santos e Jenerina Maria de Jesus, teve um total de dez irmãos. Ficou viúva de Feliciano Maxímio, com quem teve um filho, Hélio Ribeiro. Hoje é casada com Vilson Pereira.
Antes de chegar em Indaiatuba, morou em Umuarama, PR e depois em Itu, SP. Em 1980 adquiriu seu primeiro terreno no Jd. Morada do Sol, mas somente em 1985, mudou-se para o bairro, atrás de novas oportunidades. A primeira casa localizava-se na rua 52, depois mudou-se para a rua 53, depois na rua 80. Atualmente, mora na antiga rua 49.
Lembra que na época passou por muitas dificuldades, construindo sua casa com material de segunda linha. As coisas só começaram a melhorar nos anos 90, quando abriu um bar e lanchonete na rua 80 e relembra:

“Agradeço a Deus por não pagar aluguel e ter um comércio como fonte de renda; um dos momentos mais marcantes de minha vida foi a eleição do meu filho, Hélio Ribeiro, para vereador; graças à educação que com muito sacrifício consegui dar a ele, o que me causa sempre muito orgulho”.

Patrício Barbosa dos Santos (Seo Barbosa) e a comunidade de São João Batista

Patrício Barbosa dos Santos, mais conhecido como seo Barbosa, nasceu em 16 de março de 1936 na cidade de Serrolândia, na Bahia. Foi casado com a Sra. Dolair Maria dos Santos (in memorian) e teve dois filhos.
Em 1972 veio da Bahia para a cidade de Diadema, em São Paulo, e no ano de 1983 mudou-se para o Jardim Morada do Sol, em Indaiatuba. Passou a trabalhar como metalúrgico na Fupresa, onde se aposentou no ano de 1995.
No início da década de 1990 começou a construção da capela da Igreja São João Batista,  em um terreno doado pela Arquidiocese de Campinas ao grupo de vivência São João Batista, que rezava nas casas próximo ao terreno da antiga rua 20.  Seo Barbosa e a dona Maria Feitosa foram os responsáveis pelo início da Catequese na Comunidade, e lembra:
 “Tenho um enorme respeito, e me perdoe se eu esquecer algum nome, aos fundadores da Comunidade Igreja  São João: José (Zulu), Natal, Vilson Alves Ribeiro, Augusto, Terezinha, Maria Feitosa e José  Feitosa”.

Associação XII de Junho

O início da Associação XII de Junho tem uma relação direta com Ana Maria e Vanderlei Volpino, moradores do Jardim Morada do Sol desde 1983, nesse tempo contavam ainda com poucas casas no bairro.
Para tentar melhorias para a localidade a Associação XII de Junho foi fundada com 30 pessoas e logo foi declarada de utilidade pública, tornando-se referência para as pessoas que moravam na Morada do Sol. Ana relembra:
“A Associação tem foco mesmo no trabalho social, de auxílio às pessoas mais carentes, chegando até a financiar o velório e o enterro de algumas famílias que não tinham condições”.
Dentre as principais reinvindicações da Associação estavam a instalação do esgoto e do asfalto, cursos de costura industrial e a iluminação residencial, que foi implantada na presença do Prefeito José Carlos Tonin e do governador da época, Franco Montoro. 
“Uma das festas mais bonitas foi realizada para a inauguração da iluminação pública. Foi bonito porque a Eletropaulo, na época, acendia uma parte, e depois outra e outra, até que de repente toda a Morada do Sol estava iluminada”.


FICHA TÉCNICA DA MOSTRA ITINERANTE

Fundação Pró-Memória de Indaiatuba

Antônio Reginaldo Geiss
Presidente

Carlos Gustavo Nóbrega de Jesus
Superintendente

Anderson Cristiano de Souza
Assessor de Direção

Arquivo Público Municipal ‘Nilson Cardoso de Carvalho’
Thais Jeronimo Svicero
Diretora

Museu Municipal Casarão Pau Preto
Denise Yonamine
Diretora

Estagiários do Museu Municipal Casarão Pau Preto
João Jerônimo Norato Cruz 
Ingrid Rosa dos Santos
Lais Camargo Villaverde Beccari

Imagens
Eliando Figueira
Antônio da Cunha Penna

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Como dar um nome à uma rua de Indaiatuba

Você quer homenagear um parente que nasceu ou viveu em Indaiatuba com um nome de rua?

Entre em contato com elianabelo@terra.com.br

LEI


Os critérios para que sejam denominados ou alterados os nomes de vias (ruas ou avenidas), logradouros ou próprios municipais  de Indaiatuba (como por exemplo prédios públicos, áreas de esporte, lazer, parques, reservas florestais e de proteção ambiental, obras urbanísticas, áreas históricas e de atração turística) foram definidos na Lei no. 6035 de 25 de julho de 2012, que mais tarde foi alterada pela Lei no. 6.074 de 05 de dezembro de 2012.

A lei cita que os critérios legais são: (a) óbito, (b) que o agraciado tenha reputação ilibada e idoneidade moral e que (c) tenha prestado serviços meritórios ao Município, ao Brasil ou à Humanidade.

Ou seja, as vias, logradouros e próprios municipais, a partir dessa dada da Lei, só podem receber nome de pessoas já falecidas. Diz ainda que qualquer cidadão” pode indicar nomes, desde que cumpra as regras para comprovar que o  agraciado tenha reputação ilibada e idoneidade moral e que tenha prestado serviços meritórios ao Município, ao Brasil ou à Humanidade.

Para isso, qualquer cidadão que queira propor o nome de um logradouro deve seguir a sequencia abaixo:


  1.  Usar o formulário “Banco de Dados Biográficos - Questionário de Coleta de Dados” que está no site da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba, neste link: http://www.promemoria.indaiatuba.sp.gov.br/denominacao-de-vias-e-logradouros/questionario/.
  2. Preencher o questionário da forma mais completa possível, inserindo todas as informações e dados solicitadas. Capriche no item “participação na vida do município de Indaiatuba” no casos em que o agraciado tenha nascido ou vivido aqui. Mas preencha com todos os detalhes!
  3. Convém acrescentar ao questionário pelo menos 1 (uma) foto do agracidado. Se possível entregue mais fotos, documentações escritas (originais ou cópias), objetos, vídeos, CD, DVD e tudo o que pode ter sido representativo na vida da pessoa a ser homenageada. Esses itens adicionais são de muita relevância, uma vez que o homenageado irá para um Bando de Dados no Arquivo Público Municipal da Fundação Pró-Memória onde, para sempre, terá sua biografia disponível para pesquisa.
  4. Para garantir a veracidade das informações e dados, a Fundação Pró-Memória solicita o preenchimento de 3 (três) declarações com identificação completa de pessoas que subscrevam as informações do “Questionário de Coleta de Dados”. O modelo da Declaração está em anexo ao Questionário.
  5. Entregar tudo na Câmara Municipal, que encaminhará para a Fundação Pró-Memória através de Ofício. A Fundação Pró-Memória também recebe o processo via “protocolo” feito na Prefeitura Municipal.

O processo de solicitação de denominação de vias, logradouros e próprios municipais é analisado pelo Conselho Consultivo sempre na primeira segunda-feira do mês e deliberado pelo Conselho Administrativo.

EXEMPLO


Na última reunião do Conselho Consultivo da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba, em abril de 2016, recebermos a indicação do nome de MARIA CAROLINA AMBIEL indicado pelo cidadão Luiz Antonio Ambiel via ofício da Câmara Municipal. 

A agraciada começou sua vida pública fazendo partos nas casas das mulheres que a chamavam após ter aprendido com o pai a ajudar nos partos de muares. Ela fez curso de enfermagem e anotava em um caderninho, em alemão, todos os partos que fazia. A pé, de carroça ou cavalo, Maria Carolina Ambiel prestou relevante serviço para a comunidade indaiatubana. Ela anotava, em alemão, os partos que fazia e o que ganhava em troca, inclusive frutas e animais. 

Uma cópia desse caderninho foi doada pelo requerente para o Arquivo Público Municipal, junto com uma foto dela, que segue abaixo:



Imagens do acervo pessoal de Luiz Antonio Ambiel.

Doadas para o Banco de dados da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba para fundamentar o processo de inclusão do nome da homenageada em um logradouro público.

segunda-feira, 25 de abril de 2016

TCC (trabalho de conclusão de curso) de estudante de Arquitetura e Urbanismo da USP sobre Indaiatuba

A estudante de Arquitetura e Urbanismo da USP Priscilla Kakazu fez um TCC, que discute a questão das centralidades e da memória de Indaiatuba. 

Trata-se de um trabalho cientificamente criterioso e emocionalmente belo.

Veja especialmente como a pesquisadora trata o espaço onde funcionou a antiga fábrica Villanova.

Veja o link aqui: 
https://issuu.com/prikkzu/docs/_tgi2__contraponto





sábado, 23 de abril de 2016

Jardim Califórnia

Conhecido pela sua tradição, o bairro Jardim Califórnia mantém suas histórias vivas na memória de quem já passou pelo local. Repleto de comércios e residências, os moradores destacam a beleza do ambiente e as lembranças do passado.


Praça do Cato, imagem de 2011.


Fundado na década de 1970, o bairro Jardim Califórnia sempre apresentou áreas verdes e plantas para a população que procurava um lugar para morar. Aos poucos o local foi tornando-se cada vez mais popular, até se transformar em um centro comercial. “Aqui temos tudo. Falo isso, pois já morei em outros bairros e o que mais gostei foi esse. Temos mercado, lojas de roupas, academia, lanchonetes, além da cumplicidade de uma comunidade que se respeita e caminha junto acima de tudo”, afirma a estudante Joyce Santos de Lima.







Rua Domacir Stocco Júnior, 1a. rua do Bairro.


A dona de casa Iolanda Silvério, comenta que o bairro sempre chamou sua atenção pelo ambiente tranquilo e sereno que transmite. “Moro aqui há mais de 40 anos e não tenho do que reclamar. Além de ser um bairro muito bonito, nunca tive problemas no local”, diz.

Iolanda conta que quando se mudou para o bairro, o lugar era diferente do visual que podemos ver agora. “Aqui sempre foi conhecido pela quantidade de mato que tinha. Quando passei a morar no Jardim Califórnia, tudo era grama e mato. Vi tudo isso aqui crescer e tenho muito orgulho de dizer que criei meus filhos e construí a minha família aqui”, relata.

Dona Iolanda, moradora no bairro há mais de 40 anos.

O comerciante Marcos Farias, revela que o bairro sempre chamou sua atenção de uma forma comercial. “Eu tinha uma loja em outro local, mas quando vi que o bairro estava crescendo resolvi trazer a minha empresa para cá e deu certo. Acho que quem via o Jardim Califórnia antigamente, jamais imaginaria a grande potencia que o ambiente se tornou”, ressalta.


Saúde

A Unidade Básica de Saúde (UBS) do Jardim Califórnia foi implantada na Rua Basílio Martins, próximo ao antigo Campo do Galo para substituir a UBS 10, situada na Vila Brizola, que funcionava em um prédio alugado e teve suas atividades encerradas.

O UBS funciona de segunda a sexta-feira das 7h às 16h e disponibiliza consultas nas especialidades de clínica geral, odontologia, pediatria e ginecologia/obstetrícia, além de procedimentos de enfermagem. O prédio tem 527,50 m² de área construída e segue o mesmo padrão da unidade de saúde inaugurada no Parque Corolla, inaugurado em 2010. São seis consultórios médicos e um de odontologia; inalação; sala de observação; pré-consulta; vacina; enfermagem; dispensário de medicamentos; arquivo; expurgo; esterilização; coordenação; sala de reuniões; área de serviços; copa; refeitório; vestiários para funcionários; sanitários públicos acessíveis e salas de recepção e espera.

UBS do Jardim Califórnia


Esporte

Um novo centro de esportes e lazer começou a ser montado em dezembro de 2010  no Jardim Califórnia, como objetivo de beneficiar também os moradores da Vila Brizola, Jardim Nova Indaiá, Jardim Tropical, entre outros bairros da região.

O prédio começou a ser construído  em uma área onde funcionava o tradicional Campo do Galo (veja imagem abaixo), na Rua Ema Mantoanelli Tachinardi.  O projeto foi elaborado e supervisionado pela Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Engenharia,  possui 933,25m² de área construída, com vestiários masculino e feminino coletivos; vestiários masculino e feminino acessíveis individuais, piscina semiolímpica coberta medindo 12,5m por 25m, academia, e área administrativa.

 Local onde era o "antigo" campo do Galo

Time de futebol do Jardim Califórnia - Início da década de 2000


Imagem do Centro Esportivo - Inaugurado em 2011

Lazer

Além das diversas opções de lazer espalhadas pelas praças e academias públicas do bairro, o Centro Educacional SESI – 420, também pertence ao Jardim Califórnia. Sendo um dos pontos de referência do município, a entidade é estruturada em base federativa para prestar assistência social aos trabalhadores industriais e de atividades assemelhadas em todo o país.

Portaria do SESI - imagem de 2011

O SESI exerce papel fundamental no desenvolvimento social, colaborando efetivamente com a melhoria da qualidade de vida do trabalhador da indústria, seus familiares e comunidade em geral por meio de seus serviços nos campos da educação, saúde, lazer e esporte, cultura, alimentação e outros. “É ótimo ter o SESI como referência do bairro, pois é um local com muitas atividades e muita visibilidade”, opina o industriário César Eduardo Campos Junior.


Tradição  

Situada na Praça Renato Vila Nova, mais conhecida como Praça do Cato, a Revistaria do Januba é muito conhecida não apenas no Jardim Califórnia, mas também na cidade de um modo geral. João Neto, popularmente ‘Januba', nasceu no interior do Paraná, mas escolheu Indaiatuba para viver. Por mais de 20 anos ele trabalhou em empresas metalúrgicas e sempre procurou ser participativo nos momentos de buscas de melhorias. Na verdade, Januba sempre esteve ligado nos movimentos populares, fossem eles na igreja, no trabalho ou no esporte, mas sempre no seu bairro. “Participei de reuniões na igreja pelo bem comum. Quando vim para o Jardim Califórnia a igreja Maria Gorete tinha apenas o sino e ajudei a reconstruir. Além disso sempre lutei pelos direitos de melhorias dos moradores do meu bairro”, conta.

Januba


Antiga Banca do Januba

Banca do Januba - Imagem de 2011


Em 1988 quando resolveu abrir seu próprio negócio, optou pelo local que tanto admirava e tinha grande sentimento. “Lembro que logo que vim para cá, a Praça era como um lixão. O pessoal jogava de tudo lá. Quando montei a banca já estava tudo diferente e com um visual de lazer mesmo. Aos poucos o local foi se tornando muito movimentado e oferecia eventos de música e diversão aos fins de semana”, lembra.

Motivado por amor pelo local onde vive, o empresário contou com o projeto municipal Bibliobanca em seu estabelecimento. A ação foi criada junto aos jornaleiros que estão em solo público. A Revistaria do Januba é uma das pioneiras do projeto que conta atualmente com cerca de 1,3 mil pessoas que retiram livros para lerem durante a semana. “A Bibliobanca visa incentivar a literatura. Temos muitas pessoas cadastradas que podem ler os livros disponíveis gratuitamente”, diz.

Entre as conquistas edificadas no bairro, Januba destaca o processo para solucionar o problema de alagamento nas ruas do Jardim Califórnia. “Essa é uma das reivindicações que considero uma árdua vitória, pois lutamos por muito tempo para resolver o problema de alagamento. Nós que moramos no bairro, sabemos o quanto sofríamos nos períodos de chuva. Lutamos bastante para isso e conseguimos que fossem feitas obras de canalização no bairro. Todo o esforço valeu a pena”, fala.

 Enchentes eram frequentes no bairro.

Popular no Jardim Califórnia e nos bairros próximos, ele afirma que sempre gostou de estar envolvido em ações sociais e para o bem da população. “As pessoas me procuram para falar sobre suas necessidades e de certa forma tento intermediar as solicitações em busca de soluções. Por conta disso, tenho muitos amigos. Gosto de ajudar as pessoas, de ouvi-las e buscar melhorias. Meu desejo é poder continuar trabalhando para que o Jardim Califórnia e toda a região possa crescer”, declara.

Além de empresário e cidadão, Januba também ocupa o cargo de presidente da Comunidade Independente que acolhe ainda os bairros Santa Cruz, Vila Brizola, Novo Indaiá, Jardim Tropical, Jardim Belo Horizonte e Jardim Kioto I e II. Com sede própria e com o objetivo de oferecer atividades educativas e de lazer para a população, a Comunidade Independente é conhecida pela escola de futebol que revela muitos talentos do esporte na cidade. “O esporte no Jardim Califórnia começou onde é a escola Camilo. Ali era um campo de futebol que tinha muitos jogos e frequentadores. Depois, veio o famoso Campo do Galo que sediou diversos jogos importantes para a cidade”, diz ele que ressalta ainda quais objetivos que deseja alcançar no bairro que escolheu para construir sua história. “Sei que temos muitas coisas a fazer, inclusive, já temos projetos para melhorar ainda mais a questão das enchentes. Também queremos reconstruir a escola Camilo, pois temos muitos profissionais bons que passaram por lá. Agora, iremos buscar retomar a qualidade que a escola necessita e continuar procurando melhorar o bairro cada vez mais”. 




Campo da Comunidade Independente - Imagem de 2011


Texto originalmente publicado na REVISTA EXEMPLO IMÓVEIS
Agradecimentos: Sr. Aluísio Williampresidente do Grupo AWR
Larissa Ferreirajornalista.
 As imagens e o texto deste post possuem créditos. 
Cite-os se utilizar para sua pesquisa

segunda-feira, 18 de abril de 2016

CENTRO EDUCACIONAL DA A.C.E.N.B.I MIYOJI TAKAHARA

texto de Estela Takahara
cedido por Maria Maçako Takahara Imanishi
crédito das imagens: Acervo Familiar da família Takahara



O Centro Educacional Miyoji Takahara inaugurado em 12 de dezembro de 2004, é uma parceria da Associação Cultural Nipo Brasileira de Indaiatuba (ACENBI) com a Prefeitura Municipal.

Localizando na Rua Chile n. 689, foi construído na sede de campo de ACENBI, junto ao conjunto esportivo da entidade, em funcionamento desde 1978.

O prédio do Centro Educacional começou a ser construído em 2003, com verba da ACENBI, para ser uma escola de língua japonesa.

Na ocasião da inauguração, a gestão do Prefeito Reinaldo Nogueira,  apoiou o projeto, e ela se tornou também uma Escola Municipal de Educação Infantil. Foram investidos aproximadamente 680 (seiscentos e oitenta) mil reais e a Prefeitura arcou com metade dos custos.

No projeto original, o prédio continha 05 (cinco) salas, biblioteca, sala de estudos, sala dos professores e secretaria, com capacidade para atender 150 alunos.

"No Centro Educacional Miyoji Takahara funcionam duas escolas: a EMEB Miyoji Takahara e a Escola de Língua Japonesa da ACENBI. Desde de 2004 temos um projeto de parceria entre as duas escolas, com as quais divulgamos um pouco da cultura japonesa aos alunos da EMEB e estes tem se apresentado em eventos como o Dia da Comunidade Japonesa, formaturas e também quando recebem visitas ilustres", complementa a professora Eliza Ayako Mukai.

O nome Miyoji Takahara e em homenagem a um dos maiores benfeitores da comunidade nipo brasileira de Indaiatuba.
   

Salvo-conduto - válido para uma viagem




Miyoji Takahara

(12/02/1907 – 31/03/2001)
  

Miyoji Takahara, filho de Sakuju Takahara e Moyo Takahara, nasceu em 12 de fevereiro de 1907, ano 40 da Era Meiji, na província (Estado) de Fukushima, Japão. Era o segundo filho uma família abastada, proprietária de terras e, desde criança, sentia de perto a hierarquia existente na sociedade japonesa: uma relação semelhante a de suserano e vassalo.

Mesmo pertencendo a casta privilegiada, ele se compadecia dos lavradores que arrendavam as terras de sua família para plantar arroz, produto que eles mal podiam consumir.

Ele sabia que não herdaria as terras de sua família, pois conforme a tradição japonesa, todos os bens pertencem ao filho mais velho que fica também com o dever de cuidar dos pais.

A família, porém, já tinha assegurado o seu futuro com um casamento arranjado. Uma moça muito rica procurava um noivo, que aceitasse renunciar ao seu nome de família, para adotar o dela.

E um costume que existe ainda hoje no Japão, e o noivo e conhecido como “mukoyooshi”. Acontece nas famílias abastadas que tem somente filhas. Para que o nome dessa família não desapareça, a filha mais velha casa-se com um rapaz que adota o novo nome para dar continuidade.

Seria muito confortável para ele continuar no Japão onde seu futuro estava praticamente traçado, pois concordou, atendendo ao pedido da avo de Miyoji que não queria que ele viesse ao Brasil.

Isso, e claro, não combinava com o espirito vivo e grandioso do jovem Takahara. Ele não era um acomodado. Seu sonho era tornar-se útil a sociedade, ajudar os pobres lavradores, construir um mundo mais fraterno.

Seu avô queria fazê-lo um político, um deputado. E desde, criança, ele lia em casa, com voz alta e solene, os discursos que o avo escrevia.

Ele queria ser médico para minorar o sofrimento alheio. A realidade porem era muito diferente.O Japão passava por uma grave crise econômica, social e financeira desde o final do século 19. A população rural, principalmente, sofria muito com os altos impostos. Não se deslumbrava um futuro melhor e o próprio governo incentivava a emigração.

Idealista, o jovem Takahara sofria com essa situação e não se conformava em garantir apenas o seu futuro. Assim, pedalando a sua bicicleta, saia pregando entre os lavradores de sua vila que havia sim, uma solução para os problemas: o Brasil. País pouco conhecido, precisava de mão de obra para crescer, progredir, tornar-se grande. As fazendas de café precisavam de gente para trabalhar.

Ele poderia ser muito útil num país que começava a despontar. Por outro lado era uma oportunidade para os pobres lavradores mudarem o seu futuro. E era também uma maneira de colaborar com o Japão, a pátria amada, imersa em muitos problemas, inclusive o de superpopulação. E os que ficassem poderiam ter uma melhor qualidade de vida. Foi, desse modo, o amor, no seu sentido maus humano, patriótico, fraterno profundo que o fez vir para o Brasil.

Ele não veio apenas para ganhar dinheiro, enriquecer e voltar em seguida para o Japão, como a maioria dos imigrantes. Ele veio para ficar, veio por amor a sua terra natal, veio para ajudar a construir um novo mundo. Por essa razão, também, que ele, contrariando o costume da época entre os imigrantes, não registrou os filhos no Consulado Japonês. Apenas no Cartório Civil Brasileiro.

O sonho de ser médico foi substituído pela necessidade de se preparar para o novo desafio a que ele se impôs. Se estava decidido a enfrentar a família, abdicando do confronto de seu futuro previsível, ele tinha que se esforçar muito para atingir o seu objetivo.

Assim, cursou a Escola de Agronomia de Sugakawa, que ficava a 8 km. de Narita, a vila onde morava. Dizia com orgulho que, o mesmo om chuva ou neve não falou nenhum dia. Deixando para trás uma vida tranquila na província de Fukushima, foi para a capital, Tóquio, onde ficava a sede da Rikko-kai.

Rikko-kai, erma uma entidade crista que preparava jovens interessados em vir para o Brasil. 
Ali eles eram treinados física e espiritualmente para enfrentar as dificuldades e os novos desafios.  Tinham aulas práticas diversas e estudavam também o português. Os jovens da Rikko-kai emigravam solteiros, sozinhos e pagavam, antes de vir, a sua passagem.

A maioria dos imigrantes vinha com a família, que pela lei brasileira tinha que ser composta por um número de 4 trabalhadores. Dessa forma, muitas famílias postiças, sem vínculo de parentesco se formaram nessa época. Eram também financiados pelo governo de São Paulo e mais tarde pelo governo japonês.

Munido de noções rudimentares da língua portuguesa, de muitos sonhos e esperança, o jovem Takahara embarcou no navio Santos Maru no porto de Yokohama e depois de 48 dias de viagem chegou ao porto de Santos em 1928.



O navio Santos Maru foi construído em 1925 para o transporte de passageiros e esteve a serviço da Osaka Shosen Kaisha até Abril de 1940. Em novembro de 1944 foi afundado pelas tropas Norte-americanas. Reconstruído, mais tarde, voltou a operar.

Subiu a Serra do Mar no trem que o desembarcou na Hospedaria dos Imigrantes. Seu destino era a fazenda Aliança, onde a Rikko-kai tinha uma colônia, mas um surto de malária nessa região fez mudar o seu rumo para a Mogiana (São José do Rio Preto).

Trabalhou posteriormente nas regiões do Nordeste (Bauru) na Alta Paulista (Gralha, Gália, Pirajuí, Duartina e Garça) por onde passava sempre se sensibilizou com as dificuldades dos que o rodeavam. Assim, mesmo com o seu português precário, foi interprete de seu conterrâneos, possibilitando uma relação mais cordial entre os colonos e os fazendeiros.

Muito prestativo, foi também professor de Japonês dos filhos de imigrantes nas colônias por onde passou, erguendo, muitas vezes, com seus próprios recurso, barracões que serviam de salas de aulas.

Casou se em 31 de maio de 1931 na cidade de Duartina com Toshiko Tsumoto, companheira de 55 anos, com quem teve 10 filhos.

Uma convivência de mais de meio século e muita história para contar: alegrias, preocupações, sonhos, dificuldades, realizações e doenças.

A mais grave das enfermidades foi, sem dúvida, durante a segunda gravidez de D. Toshiko (1933) que sofreu muito com a chamada “ferida brava” (leishmaniose), sem condições de tratamento no interior.

Mesmo morando 500 quilômetros de São Paulo e, com todas as dificuldades da época. M. Takahara fez de tudo para tratar da esposa, levando a para a capital e deixando-a, numa pensão no bairro da Liberdade, aos cuidados do Dr.  Takaoka, o médico mais famoso da comunidade nipônica da época.

O livro “Margarida Vatanabe” do escritor japonês Takashi Maeyama traduzido para o português recentemente (2004), enaltece a figura do Dr. Takaoka e relata bem todo esse período. Outras personalidades citadas nesse livro fizeram parte da história da família Takahara, como Washizo Sugayama, comerciante de São Paulo, benfeitor da comunidade nipo-brasileira. Foi no armazém do Sugayama –san que o primogênito Luiz Hideo passou 3 anos trabalhando e estudando a noite e com quem aprendeu também a jogar beisebol, esporte que ele ajudou a divulgar, de volta a Indaiatuba.

Armazém de Washizo Sugayama, secretário do Kyuen-kai - Comitê de Socorro às Vítimas de Guerra. Hideo Takahara é o 4o. da direita para esquerda.
Foto de 1947


Outra personalidade retratada no livro e o Kiyoshi Yamamoto, diretor da Fazenda Tozan Campinas, fundador da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa, o Bunkyo, referência nacional cultural japonesa, com quem M. Takahara se relacionava por causa dos festejos do quarto centenário da cidade de São Paulo em 1954, e mais tarde, pelo cinquentenário da imigração japonesa no Brasil em 1958.

Além desses relacionamento, outros como o Akama Gakko, a Escola de Michie Akama de São Paulo (hoje transformado no Colégio Pioneiro.) onde Seu Takahara enviou suas filhas para estudar, revelavam uma pessoa muito esclarecida, preocupada com a educação dois filhos e inserida numa comunidade muito maior do que sua pequena cidade. Por outro lado, esses relacionamentos ajudavam a divulgar dentro do contexto nacional a pequenina Indaiatuba, que em 1956 tinha cerca de onze mil habitantes.

A primogênita Maria Maçako Imanishi (2a. da esquerda para a direita na fileira da frente) com as colegas e a professora Michie Akama em 1954.


A história no período da segunda Guerra Mundial (1939-1945), foi muito dolorosa para os imigrantes italianos, alemães, e japoneses pois eles eram considerados inimigos do Brasil. Itália Alemanha e Japão faziam participou do Eixo que lutou contra os Aliados, Estados Unidos, Inglaterra e Rússia. M. Takahara, que dava aulas de japonês, nesta época, teve que destruir de noite e as pressas o barraco que servia de escola.

Foi porem depois de determinada a guerra, o pior momento na vida de M. Takahara. Ele, que até essa época, era um prospero comerciante em Garça, perdeu muitas mercadorias que foram confiscadas por causa dos rótulos escritos em japonês e pelo abuso da política brasileira que se achava no direito de não pagar o que consumia.

Por outro lado, seus próprios conterrâneos, não pagavam as dívidas. Foi considerado “Traidor da Pátria” porque na abertura de uma jogo de beisebol, ele discursou dizendo que a derrota do Japão era um fato real e que era necessário muita união, compreensão e trabalho redobrado para que todos pudessem viver em paz.

O fanatismo tomou conta dos “vitoristas” (katigumi) que pregavam a vitória do Japão e eles perseguiam os “derrotistas” (makegumi) que aceitavam a derrota. É a ação do “Shindo Ranmei”, organização ultraconservadora de japoneses do Brasil, tão bem retratada no livro “Corações Sujos” de Fernando de Morais.

Em Garça, M. Takahara teve até um enterro simbólico realizado pelos “Vitoristas”.

Esses acontecimentos foram determinantes na vida de M. Takahara. Ele saiu de Garça e veio para Campinas, a procura de um lugar seguro.

D. Toshiko tinha ficado num sitio nas proximidades da Garça com sete filhos: Hideo (Luiz), Takashi (Mario), Maçako (Maria), Chirossi (Mariano), Kayo (Estela), Kiyoko (Tere), Shigueko (Amélia), e grávida do oitavo. E, foi ai, sozinha que ela deu a luz, uma menina, Maria Katsuko (Cida). Até então, todos os partos de seus sete filhos tinham sido feitos pelo M. Takahara. Era ele também que costumava cuidar de doentes, aplicar injeções, servir de conselheiro e outras funções mais, nas comunidades onde viveu.

Em Campinas, M. Takahara tinha alguns amigos que o ajudaram. E, enquanto trabalhavam numa fábrica de óleo no bairro Swift, ele procurava nas redondezas, um lugar tranquilo, pois em Campinas também havia um certo tumulto na cidade.

OS TAKAHARA CHEGAM EM INDAIATUBA

Encantou-se com Indaiatuba e a hospitalidade de seu povo.

Foi buscar a família em Garça, e em março de 1947, chegou com sua esposa e seus oito filhos e radicou-se definitivamente nesta cidade. Aqui nasceram seus dois filhos: João Carlos Ditsumi e Mitiko.

A família Takahara foi a primeira japonesa a se instalar na cidade e as pessoas saiam às ruas para vê-la. Afinal era uma grande novidade: tipo físico diferente, os olhos puxados, fala engraçada e M. Takahara, em especial, era muito comunicativo e fazia amigos com facilidade.

Em Indaiatuba, já haviam um pequeno número de japoneses, no período de 1935/1941 que plantava algodão na Fazenda Pimenta: os Gomassako, Imanishi, Miura, Miyake.

Mas, foi somente em 1947 por iniciativa do e M. Takahara que eles se resolveram formar uma associação. Assim, em 29 de abril de 1947, dia do aniversário do Imperador Hiroito, realizou se a primeira reunião entre os japoneses da região, na casa de Teruo Imanishi na Fazenda Pimenta. E, com 18 membros foi fundada em 7 de setembro de 1947 a primeira Associação Japonesa Ituana que abrangia os japoneses desde a região de Itu até a fazenda Itaoca. (Campinas).

Esta Associação é a atual ACENBI que M. Takahara teve honra de presidir por 17 anos (1953 a 1970), participando ativamente de todos os eventos.

A primeira sede própria da Associação Japonesa foi na Fazenda Pau Preto, mais conhecida como Bicudo, onde viveram os japoneses, Foi construída para ser escola de língua japonesa (1953) e a noite estudava se a luz de lampião de querosene. Havia também um campo de terra batida onde se jogava beisebol e futebol e era realizado o undo-kai, a tradicional gincana esportiva japonesa.

M. Takahara recebendo uma homenagem das mãos de Padre Liu, na abertura de “Undo – Kai”, em frente à sede da Associação Japonesa - Bicudo – 1957.

 Em 1959, essa escola transformou se em escola municipal rural graças aos esforços de M. Takahara, recebendo o nome de Escola Municipal da Fazenda Pau Preto de Indaiatuba, tendo como primeira professora a Sra. Zélia Stocco Martins.

 Preocupado com a educação dos filhos (já havia mandado o primogênito para São Paulo e o segundo para Minas) pois em Indaiatuba só existia o curso primário no Grupo Escolar “Randolfo Moreira Fernando”, logo que chegou aqui, procurou o prefeito Jacob Lyra (1947) para reivindicar a criação do curso ginasial. Jacob Lyra propôs ao M Takahara que se ele conseguisse um número mínimo de alunos, ginásio seria implantado.

Como vendia hortaliças de porta em porta, ele perguntava se na família havia alguém que quisesse cursar a primeira série do Ginásio. Com toda essa persistência e força de vontade, ele teve a alegria de ver sua primogênita fazer parte da turma ginasial da cidade (em 1950, na gestão do prefeito Luiz Teixeira de Camargo Junior).

Apesar de todos os esforços, devido as diversas causas e dificuldades da época os filhos mais velhos só poderiam cursar o ensino fundamental.

Muito comunicativo em educação, colaborou na criação do Órgão de Cooperação Escolar do Ginásio Estadual “Dom José de Camargo Barros”, O.C.E., atual Associação de Pais e Mestres e fez parte da diretoria.

Muito cansativo e criativo, ensinava as pessoas a preparar e consumir verduras pouco conhecidas na época, como couve-flor, acelga, berinjela, pois só dando receitas, consegui vender o que plantava.

Mais tarde uniu se a outros lavradores de Indaiatuba e criaram a Feira Livre que era realizada aos domingos na praça Prudente de Moraes.

A dedicação de M. Takahara foi decisiva para o desenvolvimento da agricultura em nossa cidade. Por seu intermédio junto ao fazendeiro João da Fonseca Bicudo, os japoneses passaram a cultivar tomate. 

Entre eles estavam muitos dos “katigumis” que o perseguiam em Garça, muito generoso e compreensivo, M. Takahara recebeu – os bem, e graças a esses laboriosos lavradores a cultura do tomate se expandiu e Indaiatuba se tornou conhecida como a capital do tomate de mesa.

M. Takahara com os filhos, Hideo, Takashi, e Mariano na lavoura de tomate Fazenda Pau Preto, 1952.


Participou intensamente na organização de todas as Festas do Tomate juntamente com o engenheiro agrônomo Doutor Sinézio Martini da Casa da Lavoura e da Uva, um indicativo da mudança nas lavouras de Indaiatuba.


Festa do Tomate – ACENBI 1962


M. Takahara ficou sendo referência para imigrantes e estudantes que o procuravam para as suas pesquisas. Ele também, um dedicado pesquisador, teve até uma variedade de tomate tipo santa cruz batizado com seu nome citada em publicações.

Muitos imigrantes japoneses de pós-guerra (década de 1960) foram acolhidos no sitio do M. Takahara, principalmente os do Rikko- kai e da Cotia. Todos eles o consideravam um verdadeiro pai e a família já era grande, tornava-se cada vez maior com a enormidade dos “filhos adotivos”.

Observador atento da natureza, costumava prever se o ano seria frio ou não, se geadas aconteceriam e em que época entre outras coisas, apenas observando o comportamento de alguns animais e plantas. Tamanha era a precisão de suas previsões que artigos a respeito desse conhecimento foram publicados em revistas.

Ele era também muito procurado para ajudar a descobrir em que local e profundidade se achava água para perfurar um poço.

Procurava-se muito no meio ambiente, qualidade da água e energia da terra, principalmente com o petróleo que ele achava que logo iria faltar. na avenida Getúlio Vargas, onde estão Balila e Hotel Vitoria e outros empreendimentos em andamento), não tinha porteiras, e as portas da sua enorme casa viviam escancaradas.

Muitas atividades culturais, esportivas, sociais e assistências eram realizadas no Sitio Takahara, que acolhia não só a comunidade japonesa como todas as que o procuravam.

Os mais antigos provavelmente se lembram das animadas festas juninas, das brincadeiras dançantes, reuniões culturais e casamentos que aconteceram nesse sitio. Arranjou “miai” (apresentação de interessados que querem se casar) para muita gente e foi “nakoodo” (intermediário entre as famílias dos noivos) e padrinho de casamento inúmeras vezes.
  
M. Takahara pode se dedicar intensamente a causa nipo-brasileira porque encontrava em seu primogênito Luiz Hideo e toda sua família, um grande apoio de abrir uma estrada, facilitando o acesso a Unidade de Tratamento de Água.

Na implantação da fábrica Yanmar do Brasil, empresa japonês de motores M. Takahara foi um importante articulador.


Com diretores da Yanmar Diesel do Brasil


Yanmar Diesel do Brasil na época da implantação


Foi também na gestão de M. Takahara que a colônia japonesa construiu a sede social da Rua Humaitá com muito sacrifício, contribuições e união.

A festa de inauguração em dezembro de 1960 foi coordenada por seu filho Luiz Hideo presidente do “Seinen – kai”, Departamento Jovem, nessa época.

Ao lado da Sede Social foi construída uma escola de língua portuguesa uma escolar da língua que foi inaugurada em 1967 junto com as festividades dos 20 anos da Associação e onde M.  Takahara teve grande participação.

Inauguração da Escola de Língua Japonesa  -M. Takahara e Teruo Imanishi - ACENBI – 1967
  
Durante toda a sua vida trabalhou para entidades beneficentes sendo o responsável na cidade pela Associação Pro-excepcionais Kodomo-no-Sono.

Teve sempre o apoio e a colaboração de sua esposa Toshiko que pelo, seu trabalho dedicação recebeu  em 1986, pouco antes de sua morte, a Medalha João Tibiriçá Piratininga, concedida pela Fundação Pró-Memória de Indaiatuba. Uma rua no bairro Santa Cruz leva seu nome.

M. Takahara sempre foi uma pessoa muito ativa tanto na parte física como na cultural. Gostava de pescaria, gate-ball, kendo (arte marcial), haiku (poesia sob orientação do mestre Nenpuku Sato), canto clássico japonês que ele aprendia com o Senhor Takase de São Paulo.
  
Gostava muito de viajar e costumava acompanhar sempre sua esposa nas viagens que o Fujin-Kai, Departamento das Senhoras, promovia. Conheceu praticamente o Brasil inteiro. Voltou ao Japão para visitar os parentes e conheceu outros países.

Muito independente, era visto andando com sua mobilete vermelha por todos os cantos da cidades, mesmo aos 90 anos de idade. Ele dizia que, cada pessoa que o atropelava, tornava-se um grande amigo.

Miyoji Takahara foi muitas vezes homenageado. Recebeu o Título de Cidadão Indaiatubano concedido pela Câmara Municipal em 1977, a Comenda Pedro Alvares Cabral do governo paulista, a Comanda Sol Nascente oferecida pelo Imperador Hiroito do Japão em 1986, a Medalha João Tibiriçá Piratininga em 1999.

M. Takahara se orgulhava da grande família que construiu no Brasil. Ele que veio sozinho, formou uma família, com 107 membros. Seus 10 filhos, todos casados, lhe deram 30 netos. Desses, 20 se casaram o que resultou em 34 bisnetos e uma tataraneta. Fazem parte da família Takahara: Massae (Luzia), Guiboshi, Kayo (Rosa) Sato, João Kazuo Imanishi, Mitiyo (Isaura) Guiboshi, Luiz Kenzo (Dinho) Osawa – Registro (SP), Shigeru Kimura, Shinichi Matsunaga, Kuniyoshi Kobayashi – Campinas (SP), Maria Aparecida (Cida) Castilho – Botucatu (SP) e João Kihachi Watanabe.

Adorava o Brasil que era realmente a sua pátria e Indaiatuba, sua sede. Era naturalizado brasileiro desde 1958, votava religiosamente em todas as eleições, pertencia a várias entidades nipo-brasileiras e gostava de participar dos eventos que elas promoviam. 

Sempre alegre e muito festeiro, gostava de comemorar seu aniversário ao lado dos filhos genros, noras, netos, bisnetos e amigos.

Faleceu em 31 de março de 2001 aos 94 anos de idade.

O amor foi sempre a mola mestra da sua existência. 

Deixou de herança exemplo de fé, força de vontade, coragem, trabalho, uma verdadeira lição de vida.
Seu lema era “quem planta com dedicação e esperança, colhe com amor”.

Que cada estudante do Centro Educacional possa ajudar a espalhar, um pouco que seja, a semente da solidariedade, respeito, patriotismo, honestidade, amor ao próximo que Miyoji Takahara plantou nesta terra.
  


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