sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Mês das Crianças no Museu Casarão Pau Preto



A Fundação Pró-Memória promove no mês de outubro atrações especiais para bebês e crianças de diversas faixas etárias. 

O objetivo é oferecer, durante os fins de semana, atividades fora da sala de aula para as crianças se desenvolverem socialmente através de jogos e brincadeiras. 

Todas as atividades são gratuitas e abertas à população.


As atividades contarão com equipe pedagógica e acontecem no Museu Casarão Pau Preto fica localizado na rua Pedro Gonçalves, 477, no Jardim Pau Preto, nos sábados de outubro das 10h às 12h.

Veja a programação completa:


terça-feira, 26 de setembro de 2017

Câmara Municipal aprova Indicação do vereador Alexandre Peres para tombamento do Busto do Voluntário João dos Santos

Na Sessão de ontem da Câmara Municipal de Indaiatuba, foi aprovada por unanimidade a Indicação proposta para o executivo pelo vereador Alexandre Carlos Peres para que o busto do Voluntário João dos Santos que está na Praça Prudente de Morais seja tombado. a Indicação é para que o Executivo interceda favoravelmente ao tombamento, que se dá inicialmente através da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba, em conformidade ao disposto no artigo 3º da Lei Municipal nº 3.328 de 11 de junho de 1996:

Art. 3 - O processo de tombamento será iniciado a pedido de qualquer interessado, proprietário ou não do bem respectivo, protocolado junto à Fundação Pró-Memória.

O vereador informou que por força dessa Lei, também enviou o pedido direto para A Fundação Pró-Memória, através de Ofício. "Agora vamos aguardar uma atitude do Conselho de Preservação". Alexandre justificou a Indicação dizendo que "o indaiatubano João dos Santos, conhecido popularmente como “João Bomba” participou da Revolução Constitucionalista de 1932 vindo a perecer em combate. Destaco que o busto do soldado constitucionalista voluntário João dos Santos pode ser caracterizado como bem cultural material, de interesse público por sua vinculação a fatos memoráveis da História de Indaiatuba, tendo sido o mesmo referência de crônicas, artigos e livros de historiadores, memorialistas e outros pesquisadores e escritores testemunhos documentados de seu valor etnográfico, em consonância à Lei 3328/1996, considerando que..."

“preservar o patrimônio cultural [...] não é apenas acumular conhecimento sobre o passado. É fundamentalmente, planejar o futuro. O que se preserva hoje é aquilo que nossos filhos e netos conhecerão amanhã, [...] importantes heranças que compõem a identidade cultural e histórica, base sobre a qual se constrói uma Nação”.




Textos sobre o Soldado Constitucionalista na
Memória e História de Indaiatuba

Texto I (parcial) -
REMINISCÊNCIA DE UMA INDAIATUBANA de Conceição Aparecida Garcia Brossi (2008)

Nasci em Indaiatuba, em 1932, ano em que ocorreu a Revolução Constitucionalista, e que perdemos o tão lembrado Voluntário João dos Santos, na esquina da Rua Dom José com a Rua Candelária, uma quadra abaixo da Matriz, que infelizmente já foi demolida. Neta de Cesar Zoppi e Teodora Cerqueira Zoppi - avôs maternos - e Miguel Fernandes Garcia e Carmen Trugilo Garcia - avôs paternos. Filha de Miguel Fernandes Garcia Filho e Duília Zoppi Garcia.

Passados dois ou três anos, nos mudamos para a casa dos meus avós paternos, ali na praça D. Pedro II, conhecida como Praça do Randolfo, na esquina da Rua 15 de Novembro com a Rua 11 de Junho.

Logo depois nos mudamos para a Rua 24 de Maio, onde a cidade terminava. De um lado duas ou três casas e em frente, do outro lado, havia somente campo.

Papai era ferroviário e por ser a sede da ferrovia localizada em Itu, tivemos que nos mudar para lá, onde moramos por três anos.

Estava com oito anos quando voltamos para a minha Indaiatuba, passando minha família a morar na Rua 5 de Julho, onde havia poucas casas com muitas árvores frutíferas, principalmente uma frutinha silvestre chamada guabiroba. Eu e uma prima com quem sempre brincava, gostávamos de ficar no pomar. Um dia colhemos um belo canecão cheio delas, subimos numa mangueira, comemos tanta guabiroba que até passamos mal.

Às vezes íamos ao campo onde hoje funciona o Shopping Jaraguá, antes uma fiação de algodão, o famoso Cotonifício que empregou muita gente, inclusive eu. Quando avistávamos aquelas palmerinhas, corríamos para lá. Hum! Que felicidade quando achávamos o cacho de cocos, uma delícia!

Corríamos para casa a fim de quebrá-los e saboreá-los. E quando chegava a hora de ir para a escola... o querido Randolfo, que saudade!

Minha primeira professora, D. Helena de Campos Camargo, nos ensinava tudo: ler, escrever, bordar, e artesanato para os meninos. No final do ano então, aquela exposição tão linda, a cidade toda prestigiava.

Por falar em escola, mamãe contava que o Randolfo Moreira Fernandes foi o primeiro professor oficial de Indaiatuba e que foi casado com uma de suas tias. No dia do casamento, procurando a noiva, acharam-na brincando de casinha e boneca embaixo de um pé de café. Tinha apenas 12 anos.
Como papai era ferroviário, nos mudamos para o largo da estação de trem.

Conheci aí uma pessoa maravilhosa que se tornou minha melhor amiga, Rosita, que infelizmente já partiu deste mundo.

No domingo, íamos pra matinê no cinema do Padre Rizzo, pároco da nossa querida Matriz Candelária. À noite, tão bom que era! Passeávamos na roda da praça. Moças de um lado e rapazes de outro, e o alto falante tocando músicas de sucesso.

O casarão da Prefeitura no centro da praça, ruas todas de terra, não havia preconceitos. Todos passeavam felizes, brancos, negros, ricos, pobres, todos se divertiam, se misturavam. Uns flertando, outros namorando, tudo tão bom!

Lá pelo ano de 1950, chegava a primeira televisão na cidade. Havia uma loja de aparelhos eletrodomésticos cujo proprietário trouxe a primeira televisão. Foi um acontecimento inédito. O pessoal ficava vendo televisão no meio da 15 de Novembro quase na esquina da Bernadino de Campos, em frente à loja Nicolau, hoje farmácia Drogal.

Quando morria uma pessoa, levavam-na à igreja para a benção do corpo. Assim que o enterro saía, o sino dobrava aquele toque muito triste até se perder na Rua Candelária. Todos sabiam que alguém havia falecido. Lembro-me dos meus avós César e Teodora quando morreram, foi tudo tão triste, eu tinha 12 anos.

Indaiatuba era famosa por seu clima saudável: água pura e cristalina, e o ar puríssimo! As pessoas de fora, com problemas de saúde, vinham para cá a fim de se tratarem.

Uns se hospedavam na casa de parentes, outros em hotel, e os mais abastados nos apartamentos do Hospital Augusto de Oliveira Camargo.

Também pudera: a cidade era coberta de verde, com árvores frondosas; principalmente mangueiras em quase todos os quintais.

Na avenida Presidente Vargas não havia uma só casa, somente um imenso bosque de eucaliptos.
Atrás da Matriz Candelária, onde hoje é o salão Paroquial, havia um pequeno bosque de eucaliptos gigantes.

O ar que se respirava era puro e com um perfume delicioso.



Texto II
de Jota Dablio

Era uma daquelas noites indaiatubanas: céu límpido, estrelado, uma noite calma, sem vento.

Uma certa nostalgia da praça completamente vazia se apossara de mim.

_ Psiu.... Psiu....

Olhei para trás procurando o dono do psiu, e não via ninguém; nem à direita, à esquerda ou mesmo à frente. Deve ser algum pássaro, também notívago, que se deliciava com a noite gostosa, pensei.

_ Psiu, psiu... Ouvi novamente.  _ Aqui forasteiro, sou eu.

Olhei bem para divisar quem me chamara tão insistentemente.

_ Aqui companheiro desta madrugada, sou eu, o voluntário João dos Santos, herói de Indaiatuba. Aproxime-se, quero bater um papo com você.

Juro por Deus, (falando comigo mesmo) nunca mais hei de abusar do copo!

Puxa, estou escutando coisas.

Credo!

Já ia apressando o passo do toc toc da bengala companheira, quando um psiu bem mais forte ordenou-me a estacar. Parei e olhei bem para a direita e o encarei o busto de João dos Santos, aproximando-me.

_ Pois não seu João, já vou.

_ Pois não seu João, uma ova. Me trate de voluntário João dos Santos.

_ Sim, sim, é claro  - disse-lhe, suando frio-  me perguntando que será que eu não fiz?!

_ Pronto, voluntário João dos Santos, estou todo ouvidos, todo orelhas, todo não sei que mais na algaravia do medo, em outras palavras desconexas, procurando firmar-me no bambú da minha bengala e na coragem que não possuia.

_ Não foi você que passou lá onde mora meu irmão o Aristóteles? Lá na rua Pedro de Toledo na altura do número oitocentos?

_ Sim, fui eu, claro, por uma grande coincidência não fiz de propósito, eu tinha ido...

_ Silêncio, não enrole. Foi você?

_ Sim, fui eu.

_ Pois bem, conte-me o que viu.

_ Bom, voluntário João dos Santos, eu vi o Aristóteles, onde ele mora, onde ele cozinha, etc.

_ O lugar, forasteiro, o lugar, descreva como é. Você não vê que eu estou preso aqui, nem pernas me colocaram, e não posso sair por ai andando? O que ele diz?

_ Mas ele não vem aqui conversar com você? - arrisquei eu.

_ Sim ele vem, mas fala enrolado e nunca entendi direito. Soube por uns intermédios que você esteve lá e quero tudo bem explicadinho, agora.

_ Bom, na verdade, o lugar que ele mora, por caridade de uma indústria (abençoada seja!) não está no relento. Mas é um quartinho que era uma casa da força, onde de vez em quando chove dentro; ele cozinha no corredor, quase ao relento, num fogãozinho em cima de um caixote. O caixão é bem mais baixinho que ele (hi, hi, hi).

_ Nada demais.

_ Desculpe, mas já falando, aqui onde ele mora, não é lá muito confortável para o irmão de um herói.

_ Chega, nada de gozação. Será que você não aprende?

_ Bom, voluntário João dos Santos, ele me disse ainda que sofre de diabetes, do coração e que quando a saúde permite, ajuda um amigo a vender bilhete da loteria, e vai se defendendo contra a miséria de sua vida. Faz ainda uns biscates aqui e acolá. Enfim, vagabundo ele não é, só que a vida é madrasta para com ele, com todas essas  doenças e um milhão de etecéteras. É isso...

_ Muito bem forasteiro.

_ Perdão voluntário João dos Santos, mas fazem seis anos que moro aqui.

_  Ainda assim posso chamar-lhe de forasteiro e de graças à Deus por isso. Onde se viu, meu irmão nessa situação? Você não tem o pecado da omissão de muitos indaiatubanos por não ter nascido aqui. Não terá que pagar esse pecado. Você sabe que todo ano, alguns me trazem flores, fazem discursos, comemoram a sombra do meu busto o dia do Soldado Contitucionalista? Mas isso adianta? Se o coitado do meu mano passa as piores necessidades? Que dirão os visitantes ao contemplar-me aqui na praça? Quem foi ele? - Este, dirá um indaiatubano bem informado, é nosso herói, voluntário João dos Santos, morto na Revolução de 1932, enchendo o peito de satisfação... Já do irmão do herói... É verdade? Irmão do herói Indaiatubano? Sim, sim... cheio de reticências... ele é o irmão do nosso herói indaiatubano.... (falando murcho).

_ Forasteiro, pegue uma picareta, derruba o bronze que me dignifica e vende aos quilos - o que apurar arranje mais conforto para o meu irmão. O dinheiro das flores, que aos pés desta lage fria me presenteiam, e depositam, empreguem para que aqueçam as noites frias de meu querido. A homenagem e a lembrança de cada ano que a mim são dirigidas, desviem-na para seu amparo e conforto, pois, assim estarei mais homenageado e honrado que todo esse bronze, essas flores e todos esses discursos.

_ Vá, forasteiro, tenha uma boa madrugada se puder...

Texto III
de Aparecido Messias Paula Leite de Barros

Como foi doce e agradável passar uma tarde de sábado com aquela senhora (1) , que mesmo com a idade avançada, não esconde os traços de quem foi muito bela na juventude. Suas recordações são de tal forma vivazes, que fazem como nos sentir estar em um cinema em 3 dimensões.
. De apelido “Gegé”, a Sra. Maria José Tanclér Geiss, nasceu e sempre morou em Indaiatuba; atualmente (1) é moradora da Rua Augusto de Oliveira Camargo. Com seus 92 anos, cuida da casa e de seus dois irmãos: um homem e uma mulher. Anda com dificuldade, apoiando-se em um andador de metal, após ter feito uma cirurgia por ter quebrado a bacia. Sua lucidez é fantástica: recorda com minúcias os fatos ocorridos em nossa cidade.
. É neta de um migrante italiano que veio para o Brasil e depois trouxe a família, cujo nome correto é José Tancredi, comerciante e político influente na virada do século XIX, mas que pela força e hábito da população local que modificou seu sobrenome, adotou o nome de José Tanclér.
. É filha do professor Carlos Tanclér, um dos primeiros professores da cidade, patrono da escola estadual do bairro Parque Residencial Indaiá, local que fica na região mais conhecida como Mato Dentro. Carlos Tanclér estudou no Colégio São Luiz na cidade de Itu, uma instituição confeccional; ministrou aulas numa escola que funcionava em sua casa ao lado da Igreja Matriz Nossa Senhora da Candelária, onde improvisava uma sala de aula. Homem muito ligado ao prefeito Major Alfredo de Camargo Fonseca, casou-se com Maria Pia que se tornou Maria Pia de Sousa Lanzi Tanclér. Desta união nasceram oito filhos, sendo que os outros dois ainda vivos – Maria Luiza e Gumercindo - são os que moram junto com Dona Gegé.
. Aos 92 anos, os olhos de Gegé viram Indaiatuba passar por várias transformações, detalhadamente registradas em sua memória, onde facilmente seu consciente mergulha e emerge, retornando com lembranças memoráveis do passado da nossa cidade. Nascida em 12 de Julho de 1908, não estudou na mesma escola que o pai deu aulas, pois não existia mais. Estudou sim, na Escola Estadual que foi fundada onde hoje funciona a Escola da Candelária, também conhecida como “Escola de Comércio”. Ali cursou e diplomou-se na 4ª. série, grande conquista para a época.
. A grande paixão de Gegé era o cinema, desenvolvido pelos irmãos franceses Lumíere no século XIX, e que chegara a Indaiatuba no inicio do século XX. O invento fascinava a menina que, aos oito anos tomou contato pela primeira vez com a Sétima Arte, levada pelas mãos do pai Carlos Tanclér. Juntos, assistiram à fita “O Correio de Washington” estrelada pela linda atriz Pearl White (Pérola Branca). As modestas instalações do cinema indaiatubano, cujas paredes eram de zinco, foram testemunhas do pavor que a pequena sentiu, juntamente com os demais presentes na exibição, que tiveram a impressão de verem a pequena sala ser inundada com o imenso mar - revolutamente projetado na tela branco-e-preto.
. Lembra-se de ter freqüentado três cinemas. Primeiro, o Cine Íris, localizado à Rua Candelária de frente para a Praça Prudente de Morais. Depois o Cine Recreio com cadeirinhas de palhinha e mezanino no lado oposto do primeiro e mais tarde o Cine Internacional, entre a Rua Pedro de Toledo e a Rua Cerqueira César. Com muita música nas portas destas salas, Indaiatuba, no inicio do século XX, foi uma cidade de bela sonoridade, talvez até abençoada pelo deus Apolo, da mitologia grega que encantava com sua beleza e lira.
. O Cine Recreio era de propriedade do Major Alfredo Camargo Fonseca, logo, um local de discussão política. Antes da seção, era o palco, local de trocas de idéias. Ali os cidadãos indaiatubanos, exerciam seu direito democrático discutindo suas idéias. Era a hora em que Indaiatuba tinha o seu momento “Atenas”. Naquele palco, tal qual na cidade grega, era local e hora para discutir assuntos públicos que refletiam na vida privada; e também como na Grécia, o homem que, presente, não se interessasse pelos assuntos públicos e sim apenas pelos privados, era tido como idiota.
. Diretamente relacionada com o cinema que tanto apreciava em sua infância, estava a banda. Indaiatuba possuía músicos e compositores excelentes e a banda anunciava se haveria filme, causando grande festa na comunidade local com essa anunciação. As famílias que não tinham um dos seus filhos na banda, com certeza tinha um instrumento e mais certeza ainda, se não o tivesse, que participava nos finais de semana, dos pequenos grupos que improvisavam saraus. Praticamente ninguém ficava de fora: nos casamentos, sanfoneiros, clarinetistas e violeiros animavam o salão para que os pés de valsa dançassem. Até os mais tímidos eram envolvidos pela sonoridade.
. Uma coisa que Gegé se encanta em dizer é que a brincadeira de criança ressaltava a criatividade do indaiatubano. Narra como era bom brincar pelas ruas de terra, no largo da matriz, de jogo de amarelinha, pular corda, queimada, ver os meninos a rodar pião.
. No período de 32, Indaiatuba se entristeceu: muitos amigos nascidos na cidade se alistavam para defender o ideal da Revolução Constitucionalista: uma nova constituição, tão esperada por todos os brasileiros, principalmente pelos paulistas. No dia da partida dos voluntários, a estação ficou lotada para a despedida daqueles que partiam para defender os ideais. Lembra essa vigorosa senhora que a comoção foi geral. Aquela imagem nunca saiu de suas lembranças: trens especiais vieram para levar nossos jovens, e nos vagões, havia outros tantos que tinham deixado seus familiares.
. Apesar do triste episódio, ela lembra do governo de Getúlio com carinho, principalmente por ter sido ele a pessoa que -“tirou das ruas aqueles homens que andavam a cavalo pedindo esmolas... Meu pai sempre dava a eles, era uma doença muito triste (2).” . Dona Gegé até evita falar o nome da doença, mas afirma que hoje, felizmente, ela tem cura, desde que se procure um Posto de Saúde bem no início dos sintomas; comentário que demonstra claramente sua lucidez e sua preocupação com a saúde, aos seus 92 anos de vida! (...) E Getúlio foi quem construiu o hospital de Pirapitingui para que fossem abrigados e que tivessem sua moléstia tratada.
. Conhecia Getúlio Dornelles Vargas através do rádio: ele fazia longos discursos e as famílias se reuniam para ouvir e depois discutir as medidas tomadas pelo gaúcho de São Borja. Ela afirma que a grande pena era a de não poder votar neste período. Sempre foi ligada a política, votou quando houve a primeira eleição em que as mulheres tiveram esse direito, gostava de exercer a cidadania, e fez isso até o acidente, que limitou suas saídas de casa.
. Os religiosos gostavam de participar das procissões, principalmente a do Senhor Morto. Era muito comovente, as mães vestiam os filhos de anjo para que participassem do cortejo, a banda tocava a marcha fúnebre, dando um tom de tristeza. Já a da Ressurreição, era mais leve. E essa felicidade contagiava a todos, que se preocupavam com o que vestir. Os homens, de ternos escuros e chapéus de feltro, já as senhoras, com roupas de pano fino e chapéu, algumas usavam pinturas, outras não. Ficavam muito bonitas de pintura, “- Meu pai dizia que mulher pintada, só no papel” mas eu gostava. Devota de Nossa Senhora Aparecida, crê que Deus é tudo.
. Hoje em dia, Gegé recorda com felicidade dos três filhos que teve. Mas com vigor condena o cigarro, que matou um de seus filhos - José Carlos - com 47 anos de idade. Com tristeza, também lembra da perda do filho caçula Paulo vitimado por complicações de doenças da primeira infância aos 9 meses. Mas felizmente pode ver seu filho mais velho Antônio, crescer e brincar pelas ruas de terra do centro da cidade.
. A cidade tinha pouquíssimas ruas e as existentes não eram muito longas, com casas cujas construções aproveitava toda a fachada do terreno, a parede da frente era feita no alinhamento com a calçada, a porta e as janelas, na divisa com a calçada de chão batido. No fundo da construção da casa onde morou, um grande quintal, com uma pequena horta, que era regada com água do poço. Toda casa, naquela época, tinha em seu quintal um poço; quase todos com uma mureta em forma circular, de aproximadamente 1 metro de altura e 2 de diâmetro, de onde saíam dois cavaletes que apoiavam as grandes roldanas, onde ficava amarrada uma corda com um balde na ponta. Quando o balde era jogado para dentro do poço, batia na água – “plaft”, e após cerca de 5 segundos já podia ver, com aquele brilho escuro no espelho d'água. O quintal da casa possuía também uma cerca de bambu que era trocada periodicamente, serviço feito pelos pais ou filhos homens. Esta cerca servia de suporte para o feijão, melão e machucho. No fundo, existia ainda, um rancho, onde se guardava o material usado para cuidar da horta.
. O pote de barro era uma peça fundamental, pois deixava a água fresca numa cidade tão quente. Muitas casas não tinham piso, a maioria era de terra batida, varrido com vassoura de bambu. As toalhas eram feitas de saco alvejado; as donas de casa eram prestimosas em arear suas panelas com areia, deixando o alumínio brilhando, pronto para dependurar. O fogão era de lenha, geralmente pintado de vermelho; só alguns tinham forno, em cima deles tinha sempre um bule de ágata esquentado pela brasa que insistentemente mantinha-se sempre acesa.

Texto IV (parcial)
PERSONALIDADES POPULARESCAS de Paulo Antonio Lui

Toda cidade que se preza, tem no seio da comunidade figuras pitorescas, pessoas que diferem do tipo comum, pelo seu modo de vida e pela conduta extravagante no seu dia-a-dia.

Relembro algumas delas, que marcaram uma época da minha vida, naquela pacata, hospitaleira e não desbravada Indaiatuba.

ARISTÓTELES PEREIRA DOS SANTOS é irmão do voluntário João dos Santos (Revolução Constitucionalista). Quando movido pelo álcool, dizia em alta voz sua frase preferida: “- Meu povo, destino não é intestino” e outros muitos improvérbios hilariantes, que faziam a delícia de seus ouvintes. Conta-se, que um determinado comércio da cidade, na doença de um de seus funcionários que fazia serviços bancários, utilizou-o em substituição ao referido. Sóbrio, ARISTÓTELES desempenhou a tarefa a contento. De outra feita, foi designado para ser vigia de sanitário masculino. Inúmeras vezes encontraram-no dormindo, mas sempre no seu posto, cumprindo rigorosamente os horários determinados.

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Durante a gestão do então Prefeito José Carlos Tonin, os indaiatubanos que foram combatentes na chamada "Revolução de 32" eram convidados para tomar um café da manhã no Hotel Alvorada e, em seguida, postavam uma coroa de flores aos pés do héroi indaiatubano desse triste episódio que ceifou sua vida.
















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