sexta-feira, 30 de abril de 2010

Como era Indaiatuba em 1873

MUNICIPIO DE INDAIATUBA
1873
Almanak da Província de São Paulo

(texto transcrito conforme grafia original)


A Villa de Indaiatuba pertence ao Termo de Itú. Erecta da Freguezia com a denominação de Nossa Senhora da Candelária de Indaiatuba, foi elevada à categoria de Villa em 24 de março de 1859.

Por Indaiatuba passará o ramal da estrada de ferro Ituana que se dirige a Capivary.

A cultura princial a que se dedicão os habitantes de seu Município é a do café; também cultivão algodão e outros generos.

Dista da Capital 22 léguas ou 122,2 kilometros; de Itú, 4 1/2 léguas ou 25 kilometros; de Cabreuva, 11 leguas ou 61,6  kilometros; de Capivary, 9 leguas o 50 kilometros; de Campinas, 9 leguas ou 50 kilometros.


CAMARA MUNICIPAL
Presidente
João Baptista de Camargo Teixeira
Vereadores
José Benedito Rodrigues
Ignacio de Paula Leite
José Narciso da Costa (1)
Bento Dias Pacheco
Felippe de Campos Almeida
Farncisco dos Santos Toledo


GUARDA NACIONAL
Capitão José Manoel da Fonseca
Tenente Luiz Augusto Fonseca
Alferes Bento Lourenço de Almeida
Alfres Ignacio de Paula Leite de Barros
Alferes Francisco Galvão de Barros
Alferes João Bueno de Camargo Graminha


INSTRUCÇÃO PRIMÁRIA
Inspector
Dr. Bento José Labre
Professor
Manoel Firmino Barbosa
Professora
D. Maria das Dôres de Oliveira


IGREJA
Matriz, sob a invocação de Nossa Senhora da Candelária
Vigário
Antonio Casimiro da Costa Roriz (vigário collado)
Fabriqueiro
José Bernardo Leite
Sacristão
Joaquim da Costa Barros


IRMANDADES
Santíssimo Sacramento
Thesoureiro
Antonio Monteiro de Barros
São José
Zelador
José Bernarndes Leite
São Benedito
Thesoureiro
Francisco dos Santos Toledo


Subdelegado
1o. Francisco Galvão de Barros Leite
2o. ...................................................
3o. José Benedito Rodrigues
Escrivão
João Bueno de Camargo Graminha
Juizes de Paz
Frnacisco Galvão de Barros Leite
João de Almeida Prado
João Bueno de Camargo Graminha
José Manoel da Fonseca


COLLECTORIA GERAL E PROVINCIAL
Collector
Agostinho de Souza Neves
Escrivão
Joaquim Vaz Guimarães


AGENCIA DO CORREIO
Agente
Joaquim Leme de Oliveira Cesar


LAVRADORES (2)
Agostinho Rodrigues de Camargo (Fazenda Quilombo)
Antonio de Almeida Campos
Antonio de Almeida Prado
Antonio Dias Bueno
Antonio Leite Sampaio
Antonio da Rocha Penteado (Morro Torto)
Dr. Bento José Labre
Bento Lourenço de Almeida
Felippe de Campos Almeida (Jica?)
Firmino de Almeida Campos
Francisco Galvão de Barros Leite
Francisco Xavier de Almeida
Ignacio de Paula Leite de Barros (Boa Esperança)
Ignacio Xavier de Almeida Campos (Cachoeirinha?)
Ignacio Xavier P. Campos
João de Almeida Prado
João Firmiano de Campos
João Paulo de Camargo
João Tebyreça Piratininga (Taipas)
José de Almeida Prado
José Balduíno do Amaral Gurgel (Engenho D´Água)
José Elias de Almeida Prado
José Estanislau do Amaral Campos (Quilombo?)
José Tebyreça Piratininga
Ledislão do Amaral Campos
Lourenço Tebyreça (Batista)
Luiz Augusto da Fonseca
D. Maria Antonia de Camargo (Pimenta)
Narciso José do Couto (Grama)
Ottoni Rodrigues de Arruda
Theophilo de Oliveira Camargo (Santa Maria)
Vicente de Sampaio Góes (Serra D´Água)


PROFISSÕES
Médico
Dr. Bento José Labre
Pharmaceutico
Francisco dos Santos Toledo
Professor Particular
Antonio Monteiro de Barros


COMMERCIO
Negociantes de Fazendas
João Sampaio Ferraz do Amaral
Joaquim Egydio de Campos Bicudo
José Basilio de Vasconcellos Pariagua
Vicente Ferrer do Amaral

Negociantes de Fazendas e Ferragens
Antonio Joaquim Gomes Melgaço
Estanisláo do Amaral
Joaquim José Freitas

Negociantes de Generos Estrangeiros, Molhados e Generos do Paiz
Alexandre Rosa Martins
Domingos Italiano
Fidelis Ribeiro
Francisco Affonso Taborda
Francisco Xavier de Campos
João Paotista de Camargo Teixeira
João Baptista da Silva
Joaquim da Costa Rodrigues
Joaquim Dias de Arruda
José Benedito Rodrigues
José Ferraz de Camargo
José Ferreira de Farias
Leandro da Costa
Pedro Celestino Guimarães

Negociantes de Molhados e Generos do Paiz
Antonio  Benedito dos Santos
Antonio Dias Ferraz Prim
Antonio Manoel Teixeira
Antonio Xavier de Campos
Balduino Leite de Moraes
Benjamin Constant
Diogo do Amaral Campos
Francisco José de Oliveira
José Ferraz de Camargo
José Pedroso de Barros

ARTES, INDUSTRIAS E OFÍCIOS

Alfaiates
Agapito Antunes
Alexandre Rodrigues Martins
Bento Alvarenga de Toledo
João Caetano da Costa
João Duarte da Silva
José Benedito Rodrigues

Bilhar
Dorismundo Monfret Engler

Carpinteiros
Francisco Lopes Farias
Generoso Pinto
João Joaquim do Amaral
João Leocádio
Joaquim Antonio Bueno
Joaquim Antonio de Oliveira Macáo
Luiz de Paula Leite de Barros
Manoel Joaquim do Amaral
Manoel Leite de Godoy

Carreiros
Antonio Ferraz de Toledo
Felippe Nery de Camargo
Francisco Firmiano de Campos Sobrinho
Francisco de Paula Campos
João Fernandes Antunes
Theodoro de Araujo Campos

Ferreiro
José Manoel de camargo

Hoteis
Hotel da Candelária - Proprietário Joaquim da Costa Rocha
Hotel da Itália - Proprietário Francisco Esquitinio

Marceneiro
João Guarda-Mór

Ourives
Claro da Silva Dutra

Pedreiro
Antonio do Amaral Campos

Sapateiro
Clemente Antonio de Oliveira

Selleiro
Antonio de Carvalho

Talhos de Carne
Fidelis Ribeiro
José Gonçalves Ribeiro

Tropeiros
Amador Bueno de Camargo
Antonio Gonçalves Ribeiro
Antonio Fernandes de Campos
Benedito da Costa
José de Camargo Campos
José Fernandes de Campos.


Joaquim Augusto Certain era o Inspector de Estradas da Província,
responsável pelo trecho  Jundiahy à Indaiatuba.


Neste ano de 1873, a Provincia de São Paulo era dividia em 3 distritos eleitorais. No primeiro distrito tinha um total de 400 eleitores dos seguintes collegios:  Capital, Santos, Mogy das Cruzes, S. Roque, Bragança, Atiabia,  Itu, Porto Feliz, Sorocaba. Iguape e São Sebastião. No caso do collegio de Itu, havia 27 eleitores, sendo: 13 em Itu, 4 em Monte Mor, 5 em Cabreuva e 5 em Indaiatuba.


.....oooooOooooo.....


(1) Na fonte original está escrito "da Costa", mas o pesquisador Nilson Cardoso de Carvalho corrigiu manualmente para "do Couto".
(2) Os nomes das fazendas na frente dos nomes dos lavradores, em fonte em itálico, são anotações manuscritas do pesquisador Nilson Cardoso de Carvalho, que não constam no texto original.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Companhia Fiação e Tecelagem São Pedro - ITU década de 1930

Na segunda metade do século XIX, mais precisamente a partir de 1867, teve início a formação de um polo industrial no interior do estado de São Paulo, que até então tinha sua riqueza produzida pratica e exclusivamente pela produção agrícola dos canaviais e cafezais.

A Estrada de Ferro Ituana, inaugurada em 1873 e financiada pelos próprios fazendeiros da região - para escoar café até o porto de Santos -  impulsionou esse polo. Até então, a maior parte dos bens de consumo eram importados da Europa ou manufaturados em oficinas com modo de produçao artesanal.

Os imigrantes que inicialmente vinham para trabalhar nas fazendas, aos poucos foram atraidos para servir de mão-de-obra para essas novas fábricas, algumas delas especificamente instaladas em ITU: a primeira foi a Tecelagem São Luís, fundada em 1869; mas a maior foi a Companhia Fiação e Tecelagem São Pedro, que, inaugurada em 1910 chegou a ter, junto com a Maria Cândida,  fábrica dos mesmos donos, mais de mil operários.

Essa mão-de-obra residia uma uma vila operária de propriedade da própria  Tecelagem São Pedro, e formou-se entre os anos de 1923 e 1925 no local onde hoje localiza-se o Bairro Alto.

A seguir, veja cópias de belíssimas fotografias da Companhia Fiação e Tecelagem "São Pedro", cedidas pela família para esse blog. As fotos foram tiradas pelo famoso fotógrafo paulista Max Rosenfeld, na década de 1930.

Pedro de Paula Leite
Diretor-Presidente da Companhia Fiação e Tecelagem "São Pedro" de Itu

Francisco de Paula Leite de Barros
Um dos donos da Tecelagem São Pedro, rodeado de seus auxiliares de fábrica, década de 1930


Vista Geral da "Fábrica São Pedro"


Vista Externa da Fábrica "Maria Cândida"


Fiação (seção de cardas e passadeiras)


Fiadeiras


Seção de Preparação de Fios


Seção de Tinturaria



Seção de Urdideiras


Vista Interna Geral da Tecelagem


Sala de Enfardagem e Expedição de Tecidos


Parte do Estoque de Tecidos aguardando Embarque


Usina de Beneficiamento de Algodão


Embarques de Algodão Beneficiado na Fábrica


Caldeira de Vapor Elétrica de 1500 K. V. A.


Parte do Estoque de Algodão


Parte do Estoque de Algodão (2)


Sala dos Batedores de Algodão


Vista Geral Interna da Fiação


Seção de Preparação de Fios


Vista da Sala de Controle da Usina "Hydro-Electrica"


Barragem da Usina Hydro-Electrica sobre o Rio Tietê
Vista das Comportas


Usina Geradora de Energia Elétrica 2500 H.P.


(ao usar, cite devidamente a fonte)


Imagem atual da USINA HIDROELÉTRICA SÃO PEDRO, feita por Alexandre Ferreira


quarta-feira, 21 de abril de 2010

Cine Rink - Uma tragédia em Campinas influencia a reforma do Cine Rex

No dia 11 p.p. fiz um post contando que um dos motivos que o Cine Teatro Rex  - um antigo cinema que existia em nossa cidade, onde hoje é o estacionamento do Bradesco, na praça Prudente de Moraes - ter sido reformado, foi a influência de uma tragédia que aconteceu em Campinas, na década de 1950.

O desabamento do Cine Rink que enluteceu a cidade e até hoje causa comoção pelo número de mortos e feridos, também despertou a curiosidade de leitores deste blog, que conhecendo ou não o fato, pediram mais informações.

Abaixo estão mais cópias de matérias feitas na época do acidente e também posteriormente, todas elas cedidas por João Marcos Fantinatti, do blog Pró-Memória de Campinas, a quem agradeço novamente.

CLIQUE NA IMAGEM PARA AMPLIAR








segunda-feira, 19 de abril de 2010

Historiadora de Indaiatuba lançará livro

A historiadora e pedagoga Silvane Rodrigues Leite Alves, lançará brevemente o livro "História e Cotidiano na Formação Docente: Desafios da Prática Pedagógica".

Silvane (40), mãe de João Pedro (13)  e Fábio Henrique (9), é funcionária pública do nosso município, onde leciona  no EF I. Trabalha também na rede particular de ensino, além de ser  Tutora de EAD na graduação de Pedagogia da FACINTER - Pólo de Indaiatuba/SP.  É Mestre em Educação, na área de História, Filosofia e Educação pela FE - UNICAMP (2007), onde desenvolveu pesquisa sobre a instituição dos grupos escolares no Brasil, mais especificamente no interior do estado de São Paulo, no período de 1854 a 1930. (Para ler essa tese, que fala muito sobre Indaiatuba, clique aqui.)

De 1994 até 2003, Silvane foi funcionária da Fundação Pró-Memória de Indaiatua/Arquivo Publico Municipal, onde desenvolveu, entre outros trabalhos como arquivista, vários materiais de divulgação de nossa História, estando sempre comprometida com a divulgação do acervo, da nossa história, de nossa memória.

Leia  o texto que será a introdução da obra literária de Silvane:

Este livro foi concebido e gerado para servir de suporte para os futuros educadores brasileiros, que desejam atuar de forma significativa na vida de seus alunos.

Ele busca apresentar de maneira pratica a postura ideal do profissional da educação, que lida com seres humanos distintos e ávidos pelo conhecimento. Estimula a busca por estratégias eficazes de ensino, exemplificando dia-a-dia de educadores que apesar das deficiências – culturais, sociais, econômicas – estão atuando diariamente, tendo por objetivo formar pessoas preparadas para o exercício da cidadania, críticos e conscientes, bem como, sabedores da importância da sua própria formação continuada e do exercício da leitura.
O leitor dessa obra é entendido como o futuro professor que reflete sobre sua formação, conhece as implicações que a profissão tem, porém não desanima, mobiliza-se através de ações efetivas pela concretização do processo educativo, buscando a competência e a qualidade do trabalho, consciente da importância dessa tarefa na sua realização pessoal e na vida de seus alunos.

É nosso objetivo que esta obra seja útil às pessoas comprometidas com o ato gratificante de formar, informar, transmitir saberes, lições e principalmente afeto. Esperamos contribuir com a formação desse profissional engajado, determinado e convicto da sua importância, ciente de que é pela educação, que poderemos construir um mundo melhor, mais humano e digno.
Que seja essa a consciência de todos nós, companheiros de jornadas, professores e educadores, que fazem parte desse grande teatro real que é a escola.

A obra está estruturada em quatro capítulos de reflexão continuada, mas tem a prática como meta, trazendo exemplos de atitudes e atividades que possam colaborar para o objetivo principal, ou seja, levar os educadores a compreenderem suas deficiências e estimular a busca por um bom desempenho discente.

No primeiro capítulo, intitulado “A história da educação brasileira: aspectos relevantes para a formação docente”, procuramos analisar de maneira sucinta, a legislação educacional brasileira no tocante à educação, priorizando o período de maior efervescência em prol da educação popular, a saber, o final do Império até o início do Século XX. Acreditamos que as bases da escola no Brasil foram estabelecidas no período compreendido entre o final do Império e a implantação do regime republicano. Tal constatação baseou-se na análise dos discursos e das práticas dos políticos republicanos em prol escolarização. Sabedores de que “... é pela lei que se pretende elevar o país ao nível do século. Isto é, enquadrá-lo nos moldes da “nação fonte da civilização” e ainda, “[...] é pela lei que a renovação tentará se impor, quando as correntes renovadoras possuem poder político para dominar, os corpos legislativos”. (Reis Filho, 1998).

No segundo capítulo, intitulado “Herança educacional brasileira no século XX”, procuramos realizar um balanço da história recente da educação no Brasil. Algumas questões, como a feminização do magistério, a criação dos grupos escolares, foram abordadas para proporcionar ao leitor a idéia de que alguns projetos deste último século continuam inacabados, e outros, apesar da grandiosidade, foram esquecidos na burocracia.
No terceiro capítulo, intitulado, “Princípios pedagógicos do currículo de formação docente”, procuramos, através de diversos autores contemporâneos, relacionar os princípios pedagógicos que devem nortear a formação dos professores, com o objetivo de quebrar essa cadeia de má formação existente, mostrando que há profissionais que se destacam apesar das deficiências, e que isso ocorre, pois há um envolvimento genuíno com a melhoria da qualidade.
Por fim, no quarto e último capítulo, intitulado “Práticas educativas e sua importância no processo ensino-aprendizagem”, procuramos abordar algumas práticas educativas aplicadas com sucesso por profissionais da educação, e que podem contribuir para o objetivo maior desta obra, que é, a busca pela excelência na formação dos educadores, levando-os a adotarem a postura do professor responsável pela condução, estímulo e participação na sua formação, bem como na formação intelectual de milhares de alunos, influenciando muito mais com sua maneira de agir do que com os conteúdos que explica.

 
Silvane, boa sorte!
Meu sincero reconhecimento.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Resistência ao projeto de ampliação de Viracopos pode contar com pequena vitória - MAS A LUTA CONTINUA

Este post é composto por um texto publicado no dia 10 p.p. É a evidência de que as pessoas, entidades, ONG´s, comunidades de bairro, moradores, etc. que estão envolvidas na questão da ampliação de Viracopos foram ouvidas. O projeto de ampliação da pista ainda pode ser considerado como megalomaníaco, mas já avançamos com nossas ações de resistência, reduzindo o mesmo a fim de preservar a comunidade histórica de Friburgo, em Campinas. Não somos contra a ampliação, mas somos a favor de um projeto que preserve os manaciais, o cerrado e as comunidades históricas de Friburgo e Helvetia.

NOVO TRAÇADO PRESERVA O PATRIMÔNIO
Alteração em obra de pista do aeroporto salva igreja e escola de Friburgo, além de nascentes



texto de Maria Teresa Costa, da Agência Anhanguera

A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) não vai mais desviar a ferrovia que integra o corredor de exportação para poder construir a segunda pista do Aeroporto Internacional de Viracopos. Em vez de fazer um desvio de 6,5 quilômetros, a empresa optou por passar os trilhos, em túnel, embaixo da futura pista do aeroporto. A estatal obteve o aval do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) para essa solução que, segundo a Infraero, reduzirá o impacto sobre as nascentes existentes no sítio aeroportuário. Serão atingidas com o novo projeto duas, de nove nascentes que deveriam estar no traçado. O projeto irá reduzir a área a ser desapropriada em um milhão de metros quadrados, no bairro Friburgo, na região Sudoeste de Campinas, preservando a igreja e a escola locais. Parte do bairro, que é considerado patrimônio histórico, porém, segue nos planos de desapropriação da Infraero.

A solução encontrada para a ferrovia é mais uma mudança na proposta original visando obter o licenciamento ambiental. Anteriormente, a Infraero havia decidido deslocar a futura pista em 400 metros na direção da Rodovia Santos Dumont e em 200 metros na direção da pista atual. Com isso, a terceira pista, cuja construção está prevista na segunda fase de ampliação, em 2025, também será deslocada em 200 metros. A segunda pista terá 3,6 mil metros de comprimento por 60 metros de largura, com a correspondente pista de rolamento paralela. Esta pista de rolamento deverá possuir uma largura de 25 metros e acostamentos de 17,5 metros.

A ferrovia integra o corredor de exportação que atravessa Campinas no sentido Norte/Sul, passando por áreas urbanizadas da região do Campo Grande, entre loteamentos ocupados como o Jardim Florence e Satélite Íris, seccionando também o aterro Complexo Delta.

O prefeito Hélio de Oliveira Santos (PDT) acredita que os impasses que impediam o licenciamento ambiental da obra estarão superados com as novas soluções encontradas e a construção da segunda pista poderá ter início.

O prefeito disse que já pediu uma audiência com o governador Alberto Goldman (PSDB) para, junto com a Infraero, pedir a aceleração da liberação da licença ambiental prévia. “As soluções apontadas irão minimizar os impactos ambientais. Estamos com a Copa do Mundo às nossas portas e as obras precisam iniciar rapidamente”, afirmou Hélio.

Em reunião realizada entre técnicos da Prefeitura e da Infraero, na última quarta-feira, foi informado que na próxima semana seguirá para a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) as respostas aos questionamentos feitos pela agência ambiental e todos os estudos pedidos na requisição de informações complementares (RIC).

O processo de licenciamento tem, até o momento, 15 volumes com mais de 3,2 mil páginas que serão acrescidos da requisição de informações complementares (RIC). Com o envio desse material, que entre outras coisas propõe o deslocamento da segunda pista em relação ao plano original, o prefeito acredita na concessão da licença prévia.

O secretário municipal de Planejamento, Alair Godoy, avaliou que as alternativas encontradas vão permitir a expansão do aeroporto sem agressões severas ao meio ambiente. Ele considerou também importante a decisão de tirar a igreja luterana, a escola de Friburgo e o centro social de Friburgo da desapropriação. “Com isso a história e cultura da comunidade será preservada”, afirmou.

Nas mudanças que serão realizadas, um dos nós continua sendo os bairros situados do outro lado da Rodovia Santos Dumont, que estão dentro da área da curva de ruído e que a Infraero desejava ver desapropriada. O prefeito, no entanto, se recusa a desapropriar os bairros, dos quais muitas das áreas foram invadidas, e optou por alterar o zoneamento da região, para uso industrial. A decisão, que foi anunciada no ano passado, se mantém e está entre as propostas que a Cetesb vai analisar antes de emitir o licenciamento ambiental prévio.

O NÚMERO

12 QUILÔMETROS
É a distância entre o bairro Friburgo, ameaçado por obras da Infraero, e o Centro

Moradores de Friburgo continuam temerosos

Comunidade aguarda comunicado oficial da Infraero para definir futuro

Apesar de a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) dizer que a Igreja Luterana e a Sociedade Escolar do bairro de Friburgo não serão mais desapropriadas, os moradores estão temerosos quanto ao destino da área. Eles alegam não terem recebido comunicado formal sobre a decisão e ainda temem sobre o que pode acontecer.

Gerson Schafer, de 56 anos, membro da Igreja Luterana e um dos tesoureiros da Sociedade Escolar de Friburgo, não sabe se pode comemorar. “Até o momento, nós só temos ouvido boatos. Ninguém ainda veio fazer um comunicado oficial. Mesmo assim, temos um pouco de esperança de que essa área será preservada, principalmente porque, em 2009, foi tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Artístico e Cultural de Campinas (Condepacc) como patrimônio histórico da cidade”, afirmou. Além de ser membro da Igreja e da Sociedade Escolar, Schafer mora em Friburgo e sabe que sua residência não será salva.

Outros moradores da região ainda têm esperança de continuar em suas casas. O aposentado Luiz Ribeiro da Silva, de 70 anos, mora em Friburgo há cinco anos e não quer deixar o espaço ao qual se apegou. “Eu não sei como está o andamento das coisas, mas não queria sair do meu cantinho e nem me separar das minhas plantas” , lamenta Luiz Ribeiro. O espaço onde mora foi cedido por amigos. “Se eu tiver que sair daqui, não tenho o direito de pedir nada para os donos, mas vou tentar pedir para Infraero me conseguir uma casinha, nem que seja na beira da favela”, disse o aposentado. (Inaê Miranda/AAN)



Balcão do aeroporto de Viracopos - Década de 1980

terça-feira, 13 de abril de 2010

Girando nos Campos dos Indaiás

crônica de Antonio da Cunha Penna*


Nossa cidade nasceu em torno de uma capelinha onde hoje fica a

igreja matriz Nossa Senhora da Candelária. Lentamente ela foi crescendo meio de um lado só, até encontrar uma clareira em meio aos campos de indaiás; uma espécie de rapadão onde crianças brincavam. A cidadezinha por muitos anos acabava ali na clareira, seguida de pés de indaiás a perder de vista.

O tempo se arrastava e o lugarejo seguia com seu marasmo. Pessoas nasciam, morriam. A apatia era de quando em quando quebrada por um ou outro forasteiro que ficava.

Indaiatuba era uma cidade sem centro, as coisas quase não aconteciam e a vida não girava, até que o número de bêbados, loucos e arruaceiros justificou a construção de uma cadeia. Naquele rapadão onde crianças brincavam foi erguido um casarão imponente, cheio de janelas onde funcionaria a Cadeia, a Câmara e a Prefeitura. Antigamente, não sei se por coerência ou praticidade, tinham a mania de colocar esses três estabelecimentos num só.

Podia fazer e ainda faz sentido.

Passados pouco mais de dez anos após a construção do prédio, aconteceu o Crime do Poço (1907). Três rapazes mataram a pauladas um jovem forasteiro e o jogaram num poço desativado. O caso se alastrou por todo o Estado. A cidadezinha dos campos dos indaiás levaria anos para lavar de vez essa nódoa.

As crianças do lugar alheias a tudo continuavam a brincar; já eram tantas, tantas, que nas brincadeiras de roda passaram a girar em torno do novo prédio cantando velhas cantigas.

Aos sábados, domingos e feriados a população se reunia ao entardecer para ver e ouvir aquela ciranda. Conforme as crianças cresciam, naturalmente iam sendo substituídas por outras que continuavam a prática de girar em torno do prédio. A ciranda foi se transformando em caudalosa procissão.

O largo da Cadeia virou Praça Prudente de Moraes e o estranho hábito de girar em torno do prédio foi sendo passado de geração à geração. Não se tratava mais de coisa de criança. Moças e rapazes aderiram ao cortejo e logo seriam maioria. A cidadezinha, qual moinho a girar, seguia triturando amores, paixões, sonhos, hipocrisias, esperanças, ilusões... Os viandantes que passavam, se encarregavam de proclamar aos quatro ventos a graça da cidade nascida entre campos de indaiás.

Os forasteiros foram chegando. Misturados à população que girava, flertavam com as moças do lugar. Foram ficando, casando e constituindo famílias. Em torno da praça surgiram lojas, posto de gasolina, cinema, correio, clube e bares. No coreto, a banda cantava suas canções, revezando com o serviço de alto-falantes:

“No Bar Centenário você encontra bebidas nacionais e estrangeiras e sorvetes dos mais variados sabores”.

“Indaiatuba não tem milhões de ruas mas tem a Rua dos Milhões. Casa Lotérica é a de João Schetini onde a sorte faz morada”.

“Se você procura tecidos, móveis e armarinhos, vá até a Casa Ferreira. Lá você encontra também grande estoque de brinquedos”.

“Ouviremos agora na voz bonita de Osny Silva o sucesso Manolita, que Moreninha da Vila Feres oferece a um rapaz de sapato branco como prova de muito amor”.

No início dos anos de 1960, ventos modernizantes vindos da recém inaugurada Brasília, derrubaram o velho casarão. A cidade terminaria aquela década girando em torno de uma fonte luminosa. Cada casamento que acontecia, era um casal a menos no carrossel da praça. Os pedidos de oferecimentos musicais foram rareando, rareando até que certa noite um último chiado de um disco 78 rotações ecoou pela cidade. O apelo da televisão fora tão forte que até o cinema havia cerrado suas portas.

Testemunhos desse tempo restam ainda as árvores, alguns prédios, o sr. Vico Pipoqueiro e as pedras das calçadas, tantas e tantas vezes pisadas por mim.
pipoqueiro da praça ludovico pipoqueiro ludovico zanotello



Será que ainda há quem passe pela Prudente de Moraes e, como eu, vislumbre o espectro do velho casarão a flutuar por sobre o lago da fonte?

Os tempos são outros.

A cidade cresceu, perdeu novamente seu eixo e se espalha desordenadamente por aí.

Hoje, a imprensa local anuncia um “Crime do Poço” por semana. Os gritos dos nossos Domenicos de Lucca são abafados pelos que ecoam de outras paragens. Já não nos lembramos mais que sob nossos pés dormem campos de indaiás.

E pensar que um dia houve uma cidadezinha onde as crianças tinham um estranho hábito de girar em torno de um Casarão!


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