segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Altos e baixos, qual é o pico e o ponto mais baixo de Indaiatuba?

Pesquisa e texto de Hugo Antoneli Jr.

Indaiatuba não é uma cidade de grandes montanhas, mas tem colinas e pontos com altitudes opostas. Por isso, o Comando Notícia percorreu os dois extremos da cidade. Em uma tarde ensolarada e depois de muita estrada de terra - misturada com pedras ou de terra batida -, descobrimos qual é o ponto mais alto e o ponto mais baixo. 

De acordo com o arquiteto e urbanista Charles Fernandes, em média, a cidade tem uma altitude entre 620 e 650 metros acima do nível do mar e tem características interessantes. "Indaiatuba tem três grandes espigões que dividem as três bacias hidrográficas da cidade, do Rio Jundiaí, do Capivari e do ribeirão do Buru, sendo que esta última vai direto para o rio Tietê", explica. "O espigão que separa o Rio Jundiaí do córrego do Buru é a área do Cristo, no Morada do Sol, Pioli e Esplanada. A caixa d'água da rodovia que liga Indaiatuba a Elias Fausto é uma área elevada que separa todas as três bacias", diz.

Primeiro, fomos até o ponto de maior altitude do município. Para quem já foi à Romaria, seja a pé ou de bicicleta, o ponto não é nada desconhecido. Trata-se do Morro do Trator, no extremo sul de Indaiatuba, com 919 metros acima do nível do mar, de acordo com o Datageo e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).


Em um dos pontos mais altos da cidade é possível 
ver os municípios de Itu, Cabreúva e Itupeva.



De lá é possível ver as áreas dos municípios de Itu, Itupeva e Cabreúva. De acordo com o especialista, a área já tem vegetação típica de cerrado brasileiro, diferente da maioria da estrada que leva até o local onde as formações vegetais são típicas de mata atlântica. As pedras também estão na composição do ambiente.

De lá para o ponto mais baixo se vai muita estrada de chão e pedregulhos. Cortando por dentro destas estradas é possível ver uma Indaiatuba diferente. Desde lagos e pequenas residências rurais, até grandes plantações de soja, por exemplo, com máquinas, ou um sem-número de cabeças de gado pastando. O trajeto dura cerca de meia hora e passa pelo famoso e lendário "bar da loira", ponto de referência próximo ao Pimenta.



Ponto de menor altitude da cidade, de onde se vê o Distrito Industrial 
e a parte final do Morada do Sol.


O ponto mais baixo da cidade está a cerca de 595 metros acima do nível do mar e fica nas proximidades de locais importantes da cidade, como a Estação de Tratamento de Esgoto Mário Araldo Candello, a linha onde passa o trem, a foz do ribeirão do Piraí no Rio Jundiaí, o Senai e também marca o final do Distrito Industrial junto a Salto. A diferença entre o ponto mais alto e o mais baixo é de 324 metros, de acordo com Fernandes.

Curiosidades à parte, são nos locais mais altos que há algumas nascentes mais importantes do município, em especial as que compõem a Área de Proteção Ambiental (APA) Cabreúva. E é quando a cidade começa a "cair", a partir dos fundos dos vales, que os córregos vão se encontrando até chegarem todos nas margens dos rios Capivari, Jundiaí ou Buru. Ou seja, de baixo até em cima a hidrografia caracteriza cada local.


Mapa de Indaiatuba e os pontos de maior (vermelho) e menor (verde) altitude
em relação ao nível do mar.



Comparações

Em relação aos picos na maior altitude em relação ao nível do mar do Estado de São Paulo, Indaiatuba está com a metade da altura. O Morro do Trator tem 919 metros, enquanto o Pico dos Marins fica a 2.421 metros. A distância entre Indaiatuba e este local é de 4 horas e 55 minutos.

O segundo ponto mais alto de São Paulo é o Pico do Itaguaré (2.308) e está a 5 horas e 14 minutos de Indaiatuba. Em terceiro lugar em altitude está o Pico do Selado (2.083), a 3 horas e 37 minutos de Indaiatuba. Em relação aos pontos mais alto do País, Indaiatuba está a 1/3. 

O Pico da Neblina, no Amazonas, tem 2.993 metros. 

Os montes mais altos do mundo estão a três vezes maior altitude. O Monte Everest, no Tibet, tem 8.848 metros.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Manual de Defesa CONTRA a Censura nas Escolas


Este Manual foi elaborado como uma resposta às agressões dirigidas a professoras e professores e a escolas como estratégias de ataque de movimentos reacionários à liberdade de ensino e ao pluralismo de concepções pedagógicas, princípios previstos na Constituição Federal (1988). 

Porém, ao longo deste trabalho, a complexidade deste fenômeno nas escolas foi conferindo ao significado de “defesa” um sentido especial, mais amplo que a mera reação à agressão injusta. 

De fato, debater e elaborar respostas legítimas e adequadas às violações individuais sofridas por docentes, estudantes e escolas foi o movimento inicial deste compromisso coletivo, mas compreendê-las no contexto do ataque sistemático ao direito à educação de crianças, adolescentes, jovens e adultos permitiu pensar a defesa como estratégia de transformação do ambiente do conflito, como afirmação dos princípios éticos, políticos e jurídicos que dão suporte à educação brasileira em suas diferentes etapas e modalidades. 

A defesa proposta pelo Manual tem duas dimensões complementares: a primeira compreende o conjunto de estratégias e medidas específicas pensadas como respostas às agressões concretas; a segunda valoriza o debate público sobre essas situações como forma de enfrentamento de um conflito social gerado pela manipulação das ideias. Esse debate, feito na escola ou na comunidade escolar, tem como princípios e objetivos constitucionais: 

  • o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho; 
  • a liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; 
  • o pluralismo de concepções pedagógicas e 
  • a valorização dos profissionais da educação escolar, dentre outros princípios importantes. 

Entendemos que a explosão destes conflitos contra professoras e professores não é voluntária, mas deliberadamente provocada por movimentos que se alimentam da desinformação geral, dos preconceitos e, de forma leviana, mobilizam o sentimento das famílias sobre temas naturalmente inquietantes do ensino (política, desigualdades, gênero, sexualidade, racismo etc.). 

Ocorre que os princípios constitucionais da educação escolar são direitos previstos como cláusulas pétreas (imutáveis) na Constituição, cujo propósito é justamente servir à proteção e à defesa de educadoras e educadores, estudantes e escolas contra ameaças que possam sofrer. 

A democracia e, como consequência, a gestão democrática da educação têm como finalidade, como “chão”, a garantia dos direitos humanos, em especial, do direito humano à educação de qualidade para toda a população.  Dessa forma, a gestão democrática não pode ser usada para restringir os direitos previstos legalmente e depende de dois aspectos complementares.

De um lado, o direito à participação (de famílias, educadores, estudantes, movimentos sociais etc.) nos debates e, quando for o caso, nas decisões que impactam a vida escolar. De outro lado, igualmente básicos, estão os direitos fundamentais como as liberdades e o pluralismo, que de tão importantes para o próprio funcionamento da sociedade democrática não estão sob deliberação. Devem simplesmente ser respeitados pela sociedade e protegidos pelo Estado.

Isso significa que a participação das famílias não pode ser usada para limitar o direito constitucional de suas filhas e seus filhos ou de filhos e filhas de outras famílias a uma educação crítica e criativa, que contemple várias visões de mundo, estimule a capacidade de refletir e de pesquisar a realidade e que os prepare para uma sociedade cada mais complexa e desafiante. Muitas vezes, mobilizadas pelo desejo de proteção de suas filhas e seus filhos, várias famílias acabam contribuindo para que crianças e adolescentes cresçam despreparados e vulneráveis para enfrentar o mundo e para atuarem conscientemente pela superação das desigualdades, discriminações e violências nas suas vidas e na sociedade brasileira.

Significa também dizer que nem os poderes do Estado (Legislativo, Executivo e Judiciário) nem seus órgãos ou instituições, como secretarias de educação e escolas, podem decidir censurar quem quer que seja. Isso seria uma afronta à democracia e, por isso, uma medida inconstitucional, como já reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 5.537, que cassou, com esses mesmos argumentos, os efeitos da Lei de censura aprovada no Estado de Alagoas. Vale trazer dois trechos dessa decisão:

A toda evidência, os pais não podem pretender limitar o universo informacional de seus filhos ou impor à escola que não veicule qualquer conteúdo com o qual não estejam de acordo. Esse tipo de providência – expressa no Art. 13, § 5º – significa impedir o acesso dos jovens a domínios inteiros da vida, em evidente violação ao pluralismo e ao seu direito de aprender. A educação é, justamente, o acúmulo e o processamento de informações, conhecimentos e ideias que provêm de pontos de vista distintos, experimentados em casa, no contato com amigos, com eventuais grupos religiosos, com movimentos sociais e, igualmente, na escola. (…) A liberdade de ensinar é um mecanismo essencial para provocar o aluno e estimulá-lo a produzir seus próprios pontos de vista. Só pode ensinar a liberdade quem dispõe de liberdade. Só pode provocar o pensamento crítico, quem pode igualmente proferir um pensamento crítico. Para que a educação seja um instrumento de emancipação, é preciso ampliar o universo informacional e cultural do aluno, e não reduzi-lo, com a supressão de conteúdos políticos ou filosóficos, a pretexto de ser o estudante um ser “vulnerável”. O excesso de proteção não emancipa, o excesso de proteção infantiliza. (ADI n. 5.537 MC, Relator: Min. Roberto Barroso, julgado em 21 mar. 2017, p. 20; 24)


Portanto, tão importante quanto ouvir as inquietações de famílias e estudantes é afirmar o dever de escolas, profissionais de educação e secretarias de educação em promover um ambiente democrático que resguarde a liberdade acadêmica e o pluralismo de concepções em um contexto de valorização profissional docente.

Ao longo do processo de produção deste Manual, foi ficando nítido que a defesa mais eficiente contra a censura nas escolas passa por (re)afirmar os princípios e direitos fundamentais do ensino e, tomando-os sempre como base, oportunizar à comunidade escolar uma reflexão lúcida e produtiva sobre o que efetivamente mobiliza esta onda de agressões aos professores.

Neste sentido, este Manual de Defesa propõe dois movimentos que se complementam:


  • de um lado, uma resistência legítima aos ataques com base nos direitos constitucionais relacionados à educação e ao ensino, e, quando for o caso, com respostas jurídicas às agressões abusivas e injustas; 
  • de outro, uma resposta político-pedagógica aos episódios de censura e ameaça no âmbito das próprias escolas, de modo que a ocorrência das agressões sirva para aprofundar reflexões nas comunidades escolares sobre a necessidade de defender – na perspectiva da educação popular, do direito à igualdade e às diferenças e da gestão democrática escolar – a liberdade de ensinar e aprender e o pluralismo de concepções pedagógicas na educação.
Considerando essa lógica estruturante e visando organizar um conjunto de estratégias político-pedagógicas e jurídicas para que escolas e professores possam exercer suas funções com base nos princípios expressos na Constituição Federal e na LDB, um conjunto de organizações e articulações de sociedade civil, confederações de trabalhadoras e trabalhadores da educação, instituições científicas, educadores, pesquisadores e ativistas produziram este Manual de Defesa. 

Destaca-se ainda o apoio da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), órgão do Ministério Público Federal; o apoio internacional do Fundo Malala, criado pela Prêmio Nobel da Paz Yousafzai Malala para defender o direito à educação de meninas e mulheres em vários lugares do mundo; e o apoio das muitas pessoas que contribuíram para a viabilização do material por meio de doações voluntárias a uma plataforma virtual de levantamento de recursos financeiros. Agradecemos imensamente a todas e a todos pela aposta nesta iniciativa. 

Fizemos um grande esforço coletivo para que o Manual de Defesa seja nítido e acessível a profissionais da educação, estudantes e familiares. Somando-se a outras iniciativas de defesa da liberdade de pesquisar, ensinar, estudar e aprender nas escolas, em um ambiente plural, acolhedor e democrático, ele é a nossa contribuição para conter o avanço do pensamento autoritário no Brasil que fere o direito à educação crítica e criativa de crianças, adolescentes, jovens e adultos; criminaliza o trabalho docente; ataca os direitos conquistados pelas mulheres, pessoas LGBT e população negra e toma a educação como um mero ato burocrático. Manifestamos aqui nossa grande expectativa que o Supremo Tribunal Federal possa referendar as liminares do Ministro Luís Roberto Barroso e se posicionar pela inconstitucionalidade de leis propostas e inspiradas no Movimento Escola Sem Partido – com base nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade apresentadas pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), pela Confederação Nacional de Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (CONTEE) e pelo PDT (Partido Democrático Trabalhista) – e de outras legislações que visam proibir a abordagem de gênero, sexualidade e relações raciais nas escolas do país.

Subscrevem:
  • Ação Educativa Democrática 
  • Ação Educativa 
  • AGB - Associação dos Geógrafos Brasileiros
  • Agência Pressenza
  • Aliança Nacional LGBTI 
  • ANAÍ – Associação Nacional de Ação Indigenista
  • ANDES-SN – Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior
  • ANFOPE – Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação 
  • ANPAE – Associação Nacional de Política e Administração da Educação  
  • ANPEd – Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação 
  • ANPOF – Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia 
  • Articulação de Mulheres Negras Brasileiras 
  • Associação Brasileira de Ensino de Ciências Sociais 
  • Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos 
  • Campanha Nacional pelo Direito à Educação 
  • CEDECA-CE – Centro de Defesa da Criança e do Adolescente Ceará 
  • CEDES – Centro de Estudos Educação e Sociedade 
  • CENDHEC – Centro Dom Helder Câmara de Estudos e Ação Social 
  • Centro de Defesa da Vida Herbert de Souza 
  • CFEMEA 
  • Cidade Escola Aprendiz 
  • Cladem – Comitê Latino-americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher 
  • CNTE – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação 
  • Coletivo de Advogad@s de Direitos Humanos 
  • Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia  
  • Comissão Pastoral da Terra 
  • Comitê Goiano de Direitos Humanos Dom Tomás Balduíno 
  • CONIC – Conselho Nacional de Igrejas Cristãs 
  • CONTEE – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino  
  • Dom da Terra AfroLGBTI 
  • FINEDUCA – Associação Nacional de Pesquisa em Financiamento da Educação 
  • FORUMDIR – Fórum Nacional de Diretores de Faculdades, Centro de Educação ou Equivalentes das Universidades Públicas 
  • Fórum Ecumênico ACT-Brasil  
  • GAJOP – Gabinete Assessoria Jurídica Organizações Populares  
  • Geledés – Instituto da Mulher Negra 
  • Grupo Dignidade 
  • IDDH – Instituto de Desenvolvimento e Direitos Humanos 
  • Instituto Pólis • Instituto Vladimir Herzog 
  • Intervozes 
  • Justiça Global 
  • Marcha das Mulheres Negras 
  • Mirim Brasil 
  • Movimento Humanista  
  • Movimento Nacional em Defesa do Ensino Médio 
  • MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra 
  • Núcleo da Consciência Negra – USP 
  • Nzinga – Coletivo de Mulheres Negras de Belo Horizonte •
  • Odara – Instituto da Mulher Negra
  • Plataforma DHESCA 
  • Professores contra o Escola sem Partido 
  • QuatroV 
  • Rede Brasileira de História Pública  
  • REPU – Rede Escola Pública e Universidade  
  • SINPEEM – Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo 
  • Sinpro Guarulhos 
  • Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos 
  • Terra de Direitos 
  • UNCME – União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação 
  • Undime - União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação








terça-feira, 27 de novembro de 2018

CICLO DE ESTUDOS SOBRE CULTURA TRADICIONAL E CONTEMPORANEIDADE TRADIÇÕES AFRO-BRASILEIRAS

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Pesquisadores, mestres, jongueiros, sambistas e agentes culturais transformam Indaiatuba em ambiente de reflexão sobre o universo das Tradições Afro-Brasileiras. 

Em movimento, o Ciclo explora conexões e perspectivas críticas entre passado, presente e futuro, propondo um espaço

contínuo de convivência e compartilhamento, em construção e desconstrução.

Realização: Governo do Estado de São Paulo, Secretaria da Cultura, Prefeitura Municipal de Indaiatuba, Poiesis e Oficinas Culturais
Atividade aberta
Local: Concha Acústica do Parque Ecológico (Avenida Engenheiro Fábio
Roberto Barnabé, s/n, Vila Areal)

Programa:

2/12 – DOMINGO
16h | Roda de Jongo
Grupo de Jongo Filhos da Semente
16h30 | Conversa
Refletindo a Marginalização das Tradições Afro-Brasileiras
Alessandra Ribeiro, Antonio Filogênio, Beth Beli, Jociara Souza e Natureza
Acácio França | Mediação: T. Kaçula
18h30 | Roda de Jongo
Comunidade Jongo Dito Ribeiro
19h | Roda de Samba
Casa de Cultura Fazenda Roseira convida Aureluce Santos, Casa Caiada e Grupo Mesa de Bar
20h30 | Apresentação Musical
Janine Mathias convida Sandra de Sá
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segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Mês da Consciência Negra - Indaiatuba - 2018


Eventos alusivos à Consciência Negra em nossa cidade.
Gostei muito.
E percebi uma diferença: a Fundação Pró-Memória e a Secretaria da Cultura juntas, promovendo os eventos. Até que enfim! Não vou elogiar ainda. Mas reconheço um avanço nessa parceria, que sempre deveria ter existido, ou nunca deveria ter se rompido.

Parabéns também a Coni Indaiatuba: a data que deve ter visibilidade é o dia da Consciência Negra e NÃO o dia 13 de Maio.

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Cônego Dr. Francisco de Assis Barros


Eliana Belo Silva

Francisco de Assis Barros nasceu em Indaiatuba no dia 20 de março de 1893 em uma casa na esquina das atuais ruas Candelária e Siqueira Campos onde mais tarde seria, por muitos anos, a Farmácia Candelária[1]. Consta que,[2] quando ele nasceu, o local abrigava uma botica de propriedade de seus avós maternos, “os estimados e queridíssimos” Nhô Chico e Nhá Chica boticários. Foi ele o sexto filho dos dezesseis “com que Deus favoreceu o lar abençoado e cristão” de João Batista de Barros e Dona Maria Luiza de Toledo Barros.
























IMAGEM 1
Crédito da imagem: Banco de dados biográficos do Arquivo Público Municipal “Nilson Cardoso de Carvalho” da 
Fundação Pró-Memória de Indaiatuba
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IMAGEM 2
Pharmácia Candelária, s/d.
Crédito da imagem: www.historiadeindaiatuba.blogspot.com


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Francisco de Assis Barros cursou as primeiras letras em Itu em seguida nos bancos escolares do Seminário Menor de Pirapora, onde cursou humanidades. Filho de pais extremamente religiosos, logo lhe desabrochou espontaneamente a vocação sacerdotal.

Inteligência viva e agilidade mental admirável, Francisco de Assis se distinguiu no seminário de Pirapora e no Seminário Maior de São Paulo de tal forma que certo dia foi surpreendido com um convite especial para comparecer no palácio São Luiz e abraçar a companhia de vossa excelência reverendíssima Dom Duarte Leopoldo e Silva, Arcebispo de São Paulo.

A curiosidade a apoderou-se do jovem seminarista que, surpreso no decorrer de um almoço, foi convidado a seguir para Roma onde deveria cursar a Universidade Gregoriana. Esta destinação insigne era cedida a pouquíssimos estudantes religiosos, somente aqueles que se extinguiam entre grande número de colegas. Aos alunos da Universidade Gregoriana estavam predestinados os cargos da cúpula da igreja católica, pelo aprimoramento da inteligência e dos conhecimentos humanos e religiosos que ali adquiriam.

Foi uma satisfação incontida para o jovem indaiatubano de 18 anos de idade, mas também um enorme sacrifício se ausentar da pátria e da família por 7 (sete) longos anos.

Em 29 de setembro de 1911 junto ao armazém nº 16 das Docas de Santos, achava-se atrasado o transatlântico “Tomaso di Savóia” da Compagnia  Navigazione Generale Italiana. Pela escadaria da primeira classe subiu cautelosamente Francisco de Assis Barros, seguindo para Roma para hospedar-se no Pontifício Colégio Pio Latino Americano (uma universidade eclesiástica destinada à formação de candidatos ao sacerdócio e à especialização de sacerdotes oriundos das dioceses de toda a América) a fim de matricular-se na Universidade Gregoriana onde doutorou-se em Teologia e Filosofia.

Extremamente dotado pela genialidade musical, diplomou-se também em Música Lírica, Regente de Coral, Maestro e Cantor Lírico no Conservatório Musical de Roma.

Certa vez em uma solenidade pontifícia ao Papa São Pio X na Basílica de São Pedro, o notável maestro [nome inelegível] não aparecia. Por solicitação de seus colegas, Francisco de Assis assumiu a batuta e regeu a orquestra e o coral da Capela Sistina, recebendo, inclusive, elogios do próprio maestro. Foi um fato inédito até então, e que causou grande orgulho em nossa pátria: um brasileiro (um indaiatubano!)  regendo para o Papa na Capela Sistina.

A Ordenação Sacerdotal do padre Francisco aconteceu na manhã de 07 de abril de 1917. Narra-se que naquele dia ... “10 (dez) ordenados a sacerdotes, tocados pela mais viva emoção caminhavam silenciosa e pensativamente nas pedras milenares d Via Appia por onde passaram os cristãos ao se dirigirem para as catacumbas”. Os ordenados fizeram o percurso para atingir a Arquibasílica de São João de Latrão, Catedral do Bispo de Roma.  Percorreram os 130 metros da espaçosa nave central onde receberiam a ordenação sacerdotal naquela abóboda santa.  Ali o indaiatubano Francisco de Assis Barros tornou-se padre.

As 3 (três) primeiras missas do sacerdote se revestiram de um significado todo especial. A primeira nas catacumbas de São Calixto onde a semente do evangelho foi deixada por Pedro; a segunda na Basílica de São Pedro junto ao tumulo do príncipe dos apóstolos e a terceira na igreja de São Joaquim na capela dedicada a Nosso Senhora Aparecida, a rainha que tem o seu trono no coração de cada brasileiro.

Em princípio de novembro de 1918, saindo de Roma, desembarcava em Santos, o Pe. Francisco de Assis Barros, com o “coração a transbordar de alegrias e esperanças” indo dali para São Paulo e depois para a missa em Indaiatuba, onde residiam seus pais em uma modesta casa na atual rua Pedro de Toledo, próxima a Estação.

A sua chegada foi uma festa na cidade. A banda de música desceu da prefeitura acompanhando as autoridades, os parentes e os amigos até a estação da Sorocabana.

Recebido com palmas e discursos, o Padre Francisco de Assis Barros agradeceu comovido a recepção, “falando melhor a italiano do que a português”.

Permaneceu alguns dias com a família em Indaiatuba, para depois ir lecionar no Seminário Maior de São Paulo.
Em homenagem ao Cônego conterrâneo, o maestro Nabor Pires Camargo compôs a obra “Romance”.[3]


IMAGEM 3
Crédito da imagem: Hemeroteca da Biblioteca Nacional (Rio de Janeiro)
Jornal “ A União” de 3 de novembro de 1921


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Foi coadjutor de Dom Duarte Leopoldo e Silva e mais tarde nomeado pároco da Igreja da Glória no Cambuci um bairro muito pobre naquela época que necessitava de um “pastor zeloso e solicito”. Ali ele desenvolveu fecundo apostolado missionário e, até mesmo para ser melhor compreendido, fazia sermões em italiano por se tratar de um bairro essencialmente de operários imigrantes da Itália e seus descendentes.

Retira-se dessa paróquia por alguns anos por motivo de saúde e, reestabelecido, vai para Ribeirão Preto em 1931, onde Dom Alberto José Gonçalves “o acolhe com esperanças e alegrias”.

Em Ribeirão Preto, o já Cônego Dr. Francisco de Assis Barros, além de vigário da Catedral de Ribeirão Preto, foi um notável batalhador da cultura. Entre outros feitos, foi patrono da Academia Ribeirão-Pretana de Letras, fundou o Patronato Coração de Jesus e a Sociedade Lítero-Musical. Foi professor de Pedagogia e Sociologia no Colégio Santa Úrsula (criado como Instituto Santa Úrsula para meninas, das Irmãs Ursulinas), cura da catedral de São Sebastião.

Foi notável orador sacro da época e muitos dos seus discursos como paraninfo ou preferidos solenidades importantes foram publicadas e editadas como relíquias da nossa língua.

Por ocasião do 100º aniversário de Indaiatuba, foi convidado especial do então Prefeito Major Alfredo Camargo Fonseca para ser o orador oficial da solenidade, incumbência que muito o sensibilizou e que “desempenhou com notável entusiasmo para sua querida terra natal”[4]. Nos sermões da missa padroeira de Indaiatuba ele exortava a proteção da Virgem da Candelária implorando-lhe a graça de encontrar um dia com a Santa de Indaiatuba no céu.

E foi justamente no dia da Padroeira do Brasil, em 12 de outubro de 1937, com 44 anos de idade e praticamente no início da sua carreira eclesiástica, já Monsenhor, que faleceu prematuramente em São Paulo no Instituto Paulista, onde se achava em tratamento.



IMAGEM 4
Crédito da imagem: Banco de dados biográficos do Arquivo Público Municipal “Nilson Cardoso de Carvalho” da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba (recorte de jornal sem identificação/data).


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IMAGEM 5
Crédito da imagem: Banco de dados biográficos do Arquivo Público Municipal “Nilson Cardoso de Carvalho” da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba (recorte de jornal sem identificação/data).
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IMAGEM 6
Crédito da imagem: Banco de dados biográficos do Arquivo Público Municipal “Nilson Cardoso de Carvalho” da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba (recorte de jornal sem identificação/data).


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IMAGEM 7
Crédito da imagem: Banco de dados biográficos do Arquivo Público Municipal “Nilson Cardoso de Carvalho” da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba (recorte de jornal sem identificação/data).


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IMAGEM 8
Crédito da imagem: Banco de dados biográficos do Arquivo Público Municipal “Nilson Cardoso de Carvalho” da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba (recorte de jornal sem identificação/data).


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IMAGEM 9
Crédito da imagem: Hemeroteca da Biblioteca Nacional (Rio de Janeiro)
Jornal: O Correio Paulistano de 13 de outubro de 1942


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O seu último desejo era ser enterrado aqui em Indaiatuba sua terra natal de que tanto se orgulhava, mas o clero as autoridades de Ribeirão Preto e o povo em massa aclamaram para a família que ele fosse sepultado em Ribeirão Preto onde tanto o estimavam. Segundo jornal ribeirão-pretense, formou-se uma Comissão Diretora para conduzir o trabalho de construção de sua herma e houve um concurso onde concorreram escultores interessados para homenageá-lo.



IMAGEM 10
Crédito da imagem: Banco de dados biográficos do Arquivo Público Municipal “Nilson Cardoso de Carvalho” da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba (recorte de jornal sem identificação/data).



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Coube afinal, à Praça da Bandeira a honra de ostentar o busto do Cônego Barros, verdadeiro bandeirante da religião, da ciência e do patriotismo. Essa escolha arrancou sinceros aplausos dos seus amigos, pois colocando o patriota na praça verde e amarela, colocaremos o sacerdote diante do templo divino e o homem ao lado de sua família.

A cidade onde tanto ele trabalhou e que tanto o estimou, atribui-lhe também uma homenagem, escolhendo-o como patrono de uma escola estadual, a Escola Estadual Cônego Barros que foi inicialmente criada em 17 março de 1932 com a denominação do 5º Grupo Escolar de Ribeirão Preto. Funcionou os primeiros anos na rua Tamandaré, 459, depois na rua Garibaldi, 26 e em 25 de abril de 1954 realizou-se a inauguração das atuais instalações.[5]



IMAGEM 11
Imagem da Escola Estadual Cônego Barros, em Ribeirão Preto
Crédito da imagem: Google Maps[6]


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IMAGEM 12
Crédito da imagem: Banco de dados biográficos do Arquivo Público Municipal “Nilson Cardoso de Carvalho” da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba (recorte de jornal sem identificação/data).


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A concorrência popular no seu velório foi tão grande que ele não pode ser velado na igreja, mas sim em praça pública, tal a afluência de fieis, alunos e amigos que desejavam dizer-lhe o último adeus.
No cemitério de Ribeirão Preto em um tumulo modesto, jaz aquele que Senhor foi tão prodigo em dons intelectuais como em virtude espirituais: o pregador da paz e das sagradas letras em nossa querida pátria brasileira.




IMAGEM 13
Crédito da imagem: Banco de dados biográficos do Arquivo Público Municipal “Nilson Cardoso de Carvalho” da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba (recorte de jornal sem identificação/data).


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[1] A Farmácia Candelária foi fundada em 1893 por Francisco Xavier da Costa, mais conhecido como Chiquinho. De acordo com arquivos, a princípio a farmácia funcionava em um prédio na Rua 15 de Novembro, esquina com a Rua 7 de Setembro. De lá, mudou-se para vários prédios na área central da cidade, até ser transferida definitivamente para a esquina da Rua Candelária com a Siqueira Campos.
[2] Parte do conteúdo desta biografia teve como referência o manuscrito “Curriculum Vitae de Cônego Doutor Francisco de Assis Barros”, sem nome de autor ou data, do “Banco de Dados Biográficos” pertencente ao acervo do Arquivo Público “Nilson Cardoso de Carvalho” da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba.
[3] BERNARDO, Marco Antônio. Nabor Pires Camargo - Uma Biografia Musical: Irmãos Vitale, 2002. Página 122.
[4] Manuscrito da Fundação Pró-Memória - s/data (cópia em anexo).
[5] Informações do blog http://conegobarros.blogspot.com/ consultado em 24/10/18 às 14:49.
[6] Consultado em 24/10/2018 às 14:46 em: https://www.google.com.br/maps/uv?hl=pt-BR&pb=!1s0x94b9befe8a439fab%3A0x5832b5eef3594980!2m22!2m2!1i80!2i80!3m1!2i20!16m16!1b1!2m2!1m1!1e1!2m2!1m1!1e3!2m2!1m1!1e5!2m2!1m1!1e4!2m2!1m1!1e6!3m1!7e115!4shttps%3A%2F%2Fpt-br.facebook.com%2FConegoBarros%2F!5sC%C3%B4nego%20Barros%20-%20Pesquisa%20Google&imagekey=!1e10!2sAF1QipO8-VOxhfbODbByA3qMU5aTo5EFO2mYQEtu28oM&sa=X&ved=2ahUKEwjo942a0J_eAhVEwlkKHQsWB6EQoiowE3oECAoQCQ

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