quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

Tunel do tempo através das obras edificadas em Indaiatuba

Texto de Charles Fernandes

Arquiteto e Urbanista

 

O primeiro marco histórico, ainda remanescente, da arquitetura de Indaiatuba, é a Igreja da Candelária, edificada no início do século XIX e entregue à população no ano de 1838. Construída em grossas paredes de taipa de pilão, possuía originalmente muitos elementos barrocos, apesar deste movimento artístico histórico já estar em decadência na época da construção. Estes elementos podem ainda ser observados no frontão estilizado, nos arcos abatidos das vergas de portas e janelas e nos belos rocailles esculpidos em madeira da balaustrada do balcão lateral ao altar mor. 

Sim, restou muito pouco do barroco original, que possivelmente possuía um altar mor que acompanharia imponência e representatividade vistos ao menos nas capelas laterais da Igreja Candelária de Itu, cujo interior se encontra preservado. Mais de 100 anos após sua construção, a Igreja da Candelária recebeu uma significativa modernização que veio trazer uma nova linguagem para o prédio. São substituídas as coberturas baixas em arco de aresta dos campanários, por pináculos neogóticos, na intenção de implantar elementos da arquitetura ferroviária vitoriana. Cobertura semelhante pode ser observada na torre do relógio da Estação ferroviária de Campinas, construída em 1872 pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro (imagem abaixo).




No final do século XIX, Indaiatuba passa a ter um novo ideal para sua arquitetura, baseado nos prédios que são trazidos para receber máquinas agrícolas compradas da Inglaterra, ou nos edifícios ferroviários implantados na região.  Um destes exemplos é a Tulha do Casarão do Pau Preto, construída em alvenaria industrial inglesa. A arrojada linguagem deste prédio para os padrões da época, foi sistematicamente reproduzida em uma enormidade de edifícios por toda a cidade, que se utilizaram de diversos detalhes feitos em tijolos que ainda podem ser observados na parte da tulha remanescente (o prédio foi parcialmente demolido). 




Em 1873 foi inaugurada a Estação Indaiatuba, um dos prédios mais vanguardistas já implantados por aqui, apresentando linguagem incrivelmente sincronizada com as tendências europeias da época, e que reflete a velocidade com a qual a ferrovia trazia modernidade para a região. Outras estações também trazem diferentes linguagens: A Estação Pimenta, feita em tijolos, apresenta a alvenaria industrial; as estações Helvetia e Itaici são pérolas ainda existentes da nossa arquitetura ferroviária. 


Em 1888 Indaiatuba recebe um importante prédio público, a Casa de Câmara e Cadeia, construído em linguagem neoclássica com elementos estilizados. Rigorosamente projetado através de proporções e critérios compositivos que remontam à antiguidade clássica. Foi demolido na década de 60 do século XX para implantar uma fonte luminosa, equipamento que era “moda” nas praças de footing desta época. Os elementos do projeto da Casa de Câmara e Cadeia foram tão utilizados em outras construções pela cidade que é impossível não reparar em pilastras, cornijas e frisos utilizados em prédios por todo o centro antigo, sem lembrar da fachada já demolida do prédio que ficava no meio da Praça Prudente de Moraes. 







Um ano após a inauguração da Casa de Câmara e Cadeia, em 1889, nos últimos meses do Império, no alto de uma colina, a leste da cidade de Indaiatuba, voltando sua face principal para o Rio Capivarí-Mirim, é inaugurada a maravilhosa Igreja de Nossa Senhora de Lourdes, construída por imigrantes suíços em Helvetia. Esta igreja leva o nome de uma das aparições marianas, ocorrida em Lourdes na frança em 1858. O prédio com estilo predominante Neo Clássico possui interessante regionalização de elementos helvéticos (referente a antiga Suíça) que podem ser observados no óculo da fachada em forma floral e no campanário. O altar mor desta igreja é ricamente esculpido com elementos neoclássicos e com uma composição “em perspectiva” advinda do barroco. Este prédio é sem dúvida o mais preservado e ainda funcional de toda Indaiatuba antiga, mantendo suas características originais e representando a perseverança e presença da Colônia Helvetia até os dias atuais.



Festa de inauguração da Igreja Nossa Senhora de Lourdes - Helvetia


Leonor Barros de Camargo e seu esposo, foram grandes benfeitoras de Indaiatuba no início do século XX. Abastados fazendeiros, construíram entre 1923 e 1933 o hospital que leva o nome de Augusto de Oliveira Camargo, esposo de Dona Leonor. Para tal obra foi contratado o famoso arquiteto brasileiro, Ramos de Azevedo, que entre inúmeras obras criou o Teatro Municipal de São Paulo. O responsável pela construção do Hospital foi o irmão de Dona Leonor, Francisco de Paula Leite. Construído com referências na arquitetura barroca brasileira em estilo NEO Colonial, foi obra do final do período onde o ecletismo era vanguarda, precedendo em poucos anos a vinda do modernismo para a cidade.




Na década de 40 do século 20, quase que simultaneamente aos primeiros edifícios modernistas no mundo todo, é construído o prédio dos correios na Praça Prudente de Morais. Os elementos clássicos ecléticos são suplantados pelo raciocínio de espaço contínuo, abstração e pelo racionalismo da arquitetura modernista. 



Atualmente, não restaram muitos edifícios históricos na próspera e dinâmica Indaiatuba do século XXI, o tempo se incumbiu em derrubar grande parte deles, e o que resta, luta para se manter próximo ao seu desenho original em meio a tantas descaracterizações que visam modernização. Indaiatuba que nasceu barroca tornou-se eclética, depois modernista, obliterando parte de sua história a cada nova tendência. 


Em certas ocasiões, em contextos muito especiais, poder usufruir da sensação de estar em um prédio que proporciona aconchego, pertencimento ou excita nossa memória afetiva é uma oportunidade que não pode ser desperdiçada, e esta é a razão pela qual nossa própria história de funde a história de nossos edifícios e ajuda a construir nossa cultura. 


quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

Habitação de Interesse Social em Indaiatuba

A fim de localizar nos municípios investimentos públicos em Habitação de Interesse Social e Sistema de espaços livres na Região Metropolitana de Campinas - RMC, a pesquisa partiu do método utilizado em pesquisa anterior elaborado pela pesquisa principal e aplicada pela aluna Natália Cristina Trípoli Magalhães em pesquisa de Iniciação Cientifica desenvolvida entre 2010 e 2011. A presente pesquisa serviu como uma complementação dos levantamento de investimentos públicos em Habitação de Interesse Social – HIS - e Sistema de espaços Livres – SEL - em um novo recorte territorial da RMC, que incluiu os municípios de: Valinhos, Vinhedo, Itatiba Indaiatuba e Monte Mor.


O texto completo você pode ler aqui: 

https://vitruvius.com.br/index.php/revistas/read/arquitextos/14.%20158/4821

Sindicatos e relações de trabalho na Toyota do Brasil: São Bernardo do Campo e Indaiatuba em uma perspectiva comparada

Este texto analisa as formas pelas quais os sindicatos metalúrgicos de duas unidades produtivas de uma mesma empresa automobilística organizaram suas ações a partir de um contexto de grandes mudanças, iniciado a partir da década de 1990.

São objetos de análise os trabalhadores de duas unidades da Toyota Motors Co. do Brasil: a de São Bernardo do Campo, localizada na região do ABC paulista, e a de Indaiatuba, localizada na região de Campinas-SP.

Procuramos colocar em discussão as práticas do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, localizado em uma tradicional região industrial e as do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região, que representa um novo território produtivo brasileiro.

No contexto das recentes transformações ocorridas no setor automotivo brasileiro, especialmente a partir da década de 1990, as estratégias de racionalização do processo produtivo desconfiguraram as formas tradicionais de ação sindical e de organização do trabalho, fazendo com que os atores sociais se repensem nesse contexto de mudanças.

 

Autor: Gustavo Takeshy Taniguti – Dissertação de Mestrado para a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da área de Sociologia da Universidade de São Paulo (USP).

Acesso o texto completo no Bando de Teses da USP, disponibilizado aqui: 

https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8132/tde-11112010-114758/publico/2010_GustavoTakeshyTaniguti.pdf

História da Toyota em Indaiatuba

Toyota em Indaiatuba

Toyota´s History



segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

Igaçaba com mais de 300 anos é encontrada em Salto

 

Urna está sendo catalogada e será exposta no Museu de Salto
Crédito da imagem e texto: Jornal Taperá


Equipes da Secretaria da Cultura e da GCM do município de Salto (SP) acompanham a remoção dos restos de uma igaçaba (urna funerária indígena) encontrada em obra em um condomínio da região Noroeste, inclusive com restos mortais dentro. 

O caso foi informado à Delegacia de Polícia e a igaçaba será catalogada e futuramente exposta no Museu. Foi a terceira encontrada na cidade, nos últimos anos.

terça-feira, 6 de dezembro de 2022

Natal na Estação recebe expositores, chegada do Papai Noel na Locomotiva e passeio de bike

 Evento no Museu Ferroviário de Indaiatuba tem entrada franca e Pedal de Natal é a novidade

O Museu Ferroviário de Indaiatuba recebe o Natal na Estação nesta quarta-feira, 7 de dezembro, com diversas atrações, como a presença de expositores da Feira das Artes de Indaiatuba, a chegada do Papai Noel na Locomotiva, a Street Domingos Jazz Band e a saída do grupo de ciclistas no Pedal de Natal. O evento é promovido pela Prefeitura de Indaiatuba, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, com apoio da Guarda Civil, Associação de Ciclistas de Indaiatuba (ACI) e Departamento de Trânsito da Secretaria de Obras e Vias Públicas.

“O evento, além de celebrar o Natal neste importante ponto turístico de Indaiatuba, o nosso Museu Ferroviário, também celebra o primeiro ano de atividades do PIT – Ponto de Informação Turística, que foi importante para movimentar o turismo de nossa cidade”, comenta a secretária municipal de Cultura, Tânia Castanho. “Reúna a família e venha conferir a chegada do Papai Noel em nossa histórica Locomotiva a Vapor Nº 10”.

Os expositores da Feira das Artes de Indaiatuba marcam presença das 18h às 21h, com diversas opções de presentes personalizados para este Natal. A chegada do Papai Noel na Locomotiva está marcada para às 19h, mesmo horário que a Street Domingos Jazz Band inicia sua apresentação.

O quinteto convida o público para cantar, dançar e se divertir com a chegada do Papai Noel no Museu Ferroviário de Indaiatuba, com um repertório repleto de jingles típicos do Natal. A Street Domingos Jazz Band será acompanhada por duas figuras circenses para compor a atmosfera de alegria pela chegada do bom velhinho.

Novidade

O projeto Pedal de Natal consiste em pedalar por pontos decorados, em um ritmo leve, para que todos possam apreciar a beleza da iluminação natalina da cidade. O percurso será realizado com saída da Praça Newton Prado, em frente ao Museu Ferroviário, em direção à Rua das Primaveras e a Avenida Engenheiro Fábio Roberto Barnabé, fazendo a volta no Parque Ecológico até a Concha Acústica.

O ponto de chegada será na alça de acesso em frente à Prefeitura de Indaiatuba. As inscrições já foram encerradas.

PROGRAMAÇÃO

18h às 21h - Feira das Artes de Indaiatuba

19h - Chegada do Papai Noel na Locomotiva

19h às 20h - Street Domingos Jazz Band

20h - Saída do 1º Pedal de Natal

Em 2021, chegada do Papai Noel na Locomotiva marcou também a inauguração do PIT


Papai Noel chegará a bordo da histórica Locomotiva a Vapor Nº 10


A Street Domingos Jazz Band trará um repertório repleto de jingles típicos do Natal


segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

Fazenda Barroca Funda e o Museu da Água

 

Fazenda Barroca Funda - 23 de agosto de 1934
Terreiro de secagem de café

1880 é a primeira data em que a Fazenda Barroca Funda é citada em documentação rastreável, como sendo de propriedade de Luiz Coppini, imigrante italiano que veio da Mantova, na Itália, nesse mesmo ano.

Na década de 1930, sabe-se que era uma propriedade produtora de café devido à fotografia feita em agosto de 1934, quando os proprietários eram Luiz Coppini e Aladino Furgeri.

Nessa década, a família Coppini vendeu uma parte da área para a Prefeitura que instala ali a primeira represa que forneceu água para a cidade a partir de 1937.

A Represa do Coppini bombeava água até a Caixa de Água que atualmente fica no Ponto Cidadão, na esquina da Rua 24 de Maio com a Avenida Presidente Vargas. Abaixo, foto da época da inauguração:

Foto cedida por Plínio Cardoso da Silva (in memorian) para o blog, em 2016.

Financiado pelo Casal Augusto de Oliveira Camargo e Leonor de Barros Camargo, o primeiro sistema de abastecimento que levava água até as casas dos indaiatubanos foi construído pelos prefeitos Syllas Leite Sampaio e Dr. Pedro Cardoso da Silva e foi inaugurada em 1937. Até então os indaiatubanos usavam água de um sistema de torneiras públicas, de bicas ou de poços caipiras nos quintais.

O Museu da Água de Indaiatuba é um museu diferente, para orgulho dos indaiatubanos. O acervo dele não é apenas composto de peças diversas, mas também de parte da antiga Fazenda Barroca Funda, incluindo a nascente e a primeira construção feita para a captação de água. É um museu cujo acervo extrapola um prédio e é composto por elementos da paisagem natural e civil.








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