segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

LADAINHA DE MAIO

Era muito bonita esta devoção "Ladainha de Maio".
 
Consistia em três dias desse mês realizarem procissões pelos arredores da cidade. Cada dia ela seguia um itinerário diferente, observando sempre entradas, os caminhos de chegada ou saída da cidade.
 
A procissão fazia um percurso muito grande com os fiéis rezando e cantando a Ladainha de Todos os Santos e outros hinos religiosos.
 
Os paroquianos eram acordados de madrugada com os repiques insistentes dos sinos às cinco horas da manhã. Levantavam-se a essa hora e demandavam-se à igreja* ainda com estrela no céu.
 
Quando formava-se a procissão e à frente dela ia sempre a Irmandade de São Benedito, puxando o cortejo, um desses irmãos puxava sempre um grande crucifixo de metal, sobre uma haste também de metal.
 
Atrás vinham em fila, os demais irmãos e irmãs, na maioria pretos, vestidos com a opa da irmandade: as mulheres de vestido branco, faixa preta e uma pala redonda, da mesma cor um véu na cabeça; os homens de túnica branca, sem mangas, cobrindo os ombros com uma capinha preta arredondada. Essa concregação usufruía do privilégio de puxar, iniciar o cortejo das procissões, levando também seu estandarte.
 
Continuando a falar da Ladainha de Todos os Santos, o padre cantava sempre evocando o nome de um santo, e o povo respondia. essas caminhadas pelas estradas, ou melhor, pelas entradas da cidade tinham a finalidade de pedir as bênçãos de Deus, o favor dos santos e sua proteção contra males, pestes e enfermidades que pudessesm atacar a população.
 
Com muita piedade chegava-se finalmente de volta à igreja, onde era rezada uma missa e após o seu término, o povo voltava as casas, iniciando os labores do dia que começava.
 
 
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* Nossa Senhora da Candelária
 
Texto escrito por Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro, que relata um costume religioso do início do século XIX.
 
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LADAINHA DE TODOS OS SANTOS
 
Senhor, tende piedade de nós.
 Jesus Cristo, tende piedade de nós.
R/. Senhor, tende piedade de nós.
 
Jesus Cristo, ouvi-nos.
R/. Jesus Cristo, atendei-nos.
Deus, Pai dos Céus, tende piedade de nós.
Deus Filho, Redentor do mundo,
Deus Espírito Santo,
Santíssima Trindade, que sois um só Deus,
Santa Maria, rogai por nós.
Santa Mãe de Deus,
Santa Virgem das virgens,
São Miguel,
São Gabriel,
São Rafael,
Todos os santos Anjos e Arcanjos,
Todas as santas ordens dos Espíritos bem-aventurados,
São João Batista,
São José,
Todos os Santos Patriarcas e Profetas,
São Pedro,
São Paulo,
Santo André,
São Tiago,
São João,
São Tomé,
São Tiago,
São Filipe,
São Bartolomeu,
São Mateus,
São Simão,
São Tadeu,
São Matias,
São Barnabé,
São Lucas,
São Marcos,
Todos os Santos Apóstolos e Evangelistas,
Todos os Santos Discí­pulos do Senhor,
Todos os Santos Inocentes,
Santo Estevão,
São Lourenço,
São Vicente,
São Fabiano e São Sebastião,
São João e São Paulo,
São Cosme e São Damião,
São Gervásio e São Protásio,
Todos os Santos Mártires,
São Silvestre,
São Gregório,
Santo Ambrósio,
Santo Agostinho,
São Jerônimo,
São Martinho,
São Nicolau,
Todos os Santos Pontí­fices e Confessores,
Todos os Santos Doutores,
Santo Antão,
São Bento,
São Bernardo,
São Domingos,
São Francisco,
Todos os Santos Sacerdotes e Levitas,
Todos os Santos Monges e Eremitas,
Santa Maria Madalena,
Santa Ágata,
Santa Luzia,
Santa Inês,
Santa Cecília,
Santa Catarina,
Santa Anastásia,
Todas as Santas Virgens e Viúvas,
Todos os Santos e Santas de Deus, intercedei por nós.
 
Sede-nos propício,
R/. ouvi-nos, Senhor.
 
Sede-nos propício,
R/. ouvi-nos, Senhor.
De todo o mal, livrai-nos, Senhor.
De todo pecado,
Da vossa ira,
Da morte repentina e imprevista,
Das ciladas do demônio,
Da ira, do ódio e de toda má vontade,
Do espírito de impureza,
Do raio e da tempestade,
Do flagelo do terremoto,
Da peste, da fome e da guerra,
A invocação que segue entre parênteses, só se reza durante as "Quarenta Horas"
(Do perigo iminente,)
Da morte eterna,
Pelo mistério da vossa Encarnação,
Pelo vosso Advento,
Pela vossa Natividade,
Pelo vosso Batismo e santo jejum,
Pela vossa Cruz e Paixão,
Pela vossa morte e sepultura,
Pela vossa santa Ressurreição,
Pela vossa admirável Ascensão,
Pela vinda do Espírito Santo Consolador,
No dia do Juízo,
Pecadores que somos, nós Vos rogamos, ouvi-nos.
Para que nos perdoeis,
Para que nos favoreçais,
Para que Vos digneis conduzir-nos a uma verdadeira penitência,
Para que Vos digneis governar e conservar a vossa Santa Igreja,
Para que Vos digneis conservar na Santa religião o Sumo Pontífice e todas as ordens da hierarquia eclesiástica,
Para que Vos digneis humilhar os inimigos da Santa Igreja,
Para que Vos digneis conceder aos reis e príncipes cristãos a paz e verdadeira concórdia,
Para que Vos digneis conceder a paz e união a todo o povo cristão,
Para que Vos digneis atrair à unidade da fé todos os que estão no erro, e conduzir todos os infiéis à luz do Evangel
Para que Vos digneis confortar-nos e conservar-nos no vosso santo serviço,
Para que Vos digneis elevar as nossas almas a desejar as coisas do Céu,
Para que Vos digneis retribuir a todos os nossos benfeitores, dando-lhes a eterna felicidade,
Para que livreis da condenação eterna as nossas almas, as dos nossos irmãos, parentes e benfeitores,
Para que Vos digneis dar e conservar os frutos da Terra,
Para que Vos digneis dar a todos os fiéis defuntos o descanso eterno,
Para que Vos digneis atender-nos,
Filho de Deus,
V/. Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
R/. perdoai-nos, Senhor.
 
V/. Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
R/. atendei-nos, Senhor.
 
V/. Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
R/. tende piedade de nós.
 
V/. Jesus Cristo, ouvi-nos.
R/. Jesus Cristo, atendei-nos.
 
V/. Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
R/. Senhor, tende piedade de nós.
V/. Pai-Nosso (em voz baixa).
V/. E não nos deixeis cair em tentação.
R/. Mas livrai-nos do mal
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quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Luto - Álvaro Estevam de Araújo

Infelizmente esta blogueira perdeu um de seus maiores colaboradores de informações e imagens deste Blog, meu tio Álvaro Estevam de Araújo, que faleceu no final da tarde de hoje, quinta-feira dia 17 de janeiro no Hospital Santa Inês, aos 78 anos.

Tio Álvaro era casado com tia Isolete Anadão e deixa os filhos Gilmar Estevam de Araújo, Olga Denise Estevam de Araújo e José Arnaldo Estevam de Araújo.

Ele jogou no Esporte Clube Primavera, em seus "áureos" tempos, e seu apelido era "Berro". Durante anos e anos trabalhou na feira aos domingos, ajudando minha tia Anaida na barraca de ovos.

Ficaremos muito tristes com a saudade que o senhor vai deixar viu, tio, mas sabemos que será recebido de braços abertos pelos nossos ancestrais, que o receberão em festa, pois o senhor era muito amado por todos.

Obrigada por tudo!

Álvaro Estevam de Araujo, década de 1980
Foto tirada por Palimércio Batista Alves
originalmente publicada no "Indaiá Dinossauros"

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Tipos Populares de Indaiatuba Antiga (VI) - Continuação


(texto de Ejotaele - Continuação deste daqui)

Fechando os parênteses, voltemos à tarefa da nomenclatura dos tipos escolares do nosso tempo. O Hermenegildo Pinto, ou melhor, o Girdo, mercê sua voz, era o melhor cantor da classe; era também o melhor declamador e o mais forte em desenho.

O Aldo Bertolotti e o José de Campos eram alunos aplicados e os que mais se destacavam em caligrafia, conosco revezando nos primeiros lugares da classe.

Leandro, o saudoso pretinho, era safado como um saci.

Quem não se lembra do Vicente Schettini, atormentando a todos com sua “verve”?

Morreu o Note, jovem ainda, de maneira trágica em Penápolis, onde fora residir, vítima de um tiro acidental de espingarda.

O Noldo, Ademar e Laerte Passos, perversos e atilados, dando tratos a bola dos progenitores. Sua mãe era a velha professora D. Claudinha, de quem já falamos.

Menino humilde, aluno diligente e exemplar era o Severiano Araújo, do “João do Sul”.

O Jaime Amaral e o João Guedes, este gaiato, trazendo consigo frequentemente um sorriso de malícia, aquele, astucioso e melandraço. O Mario Guedes pontificava na célebre Rua da Palha...

Mano e Né, dupla que era famosa pelos seus disparates e palhaçadas, irresistíveis como dois saguis, eram dois irmãos criados à solta, tão cedo atirados ao torvelinho da vida. Não obstante, não se perderam na voragem dos vícios.

Amante de caçar passarinhos era Arsênio Pazini, que vivia as voltas com as arapucas, alçapões e os seus “pintasirvas”.

O Zé Petri, da cervejaria, morigerado, mas sempre pronto como um soldado prussiano. O Sapezá era o tipo do menino corisco, tal a esperteza dos seus trejeitos.

Joaquim Gunther, tipo mais de colegial do que propriamente de aluno de escola primária, era inteligente e disciplinado como um solado prussiano.

Sóbrio e tenaz como um lusitano, forte de compleição, era João Nunes Beccari.

O Dito do “Nhô Barro” de fisionomia feminina, era um menino tímido e possuía a inclinação para “brincar de trem” e “brincar de guerra” e nisto era um exímio “guerreiro”.  Zezinho do Nhô Barro, ao contrário, tinha um ar de bilontra, escorregadio como peixe.

O Zé Caju era rapazinho retraído em razão de seus recalques. A garotada o atormentava constantemente e enraivecia-se como um galo indiano, quando o chamavam pela alcunha pejorativa.

Houve um Job da Nenê Pompeo, menino débil e bonzinho, indo residir na Capital.

O Nino Canata era felino incorrigível vivendo às voltas com as “surras” que o pai lhe dava. Não menos matreiro, era o “Zé Taperá”, de Nhá Camila, pouco amigo da escola.

Dois Tico existiam: Um, Tico de “Nhô Teço”, menino probo, pele de recém-nascido, dono de uma educação paternal bem cuidada, pouco dado às traquinadas; o outro, o Tico da “Nhá Colada”, que residia nos extremos da cidade, confinavam um pouco aquém do atual campo do Primavera, era o diabo em forma de gente. Ali, próximo à sua casa, no Largo da Cadeia, à noite; era o teatro das mais requintadas travessuras infantis sob seu comando que só acabavam com o toque de “recolhida”, sinal que era de recolher-se, dado pelo sino da Cadeia, às nove da noite, costume usado na cidade quase vila, na primeira década deste século. Campeava, então, infrene, a brincadeira por vezes licenciosa. Ponto é confessar que jamais esquecemos aquele famigerado brinquedo de “pega a lebre”...

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