quarta-feira, 29 de abril de 2015

15o. Prêmio Nabor acontece hoje

O 15º. Prêmio Nabor para instrumentista, promovido pela Fundação Pró-Memória de Indaiatuba  (FPMI) acontece hoje, sexta-feira dia 29 de abril, as 19hs no CIAEI – Sala Acrísio de Camargo, com entrada franca.

A recepção será feita pelo Quarteto Guarany e o show encerramento contará com a participação do Quarteto Gustavo Ananias.


O EVENTO


Em 2001, através da Lei 4.082 de 5 de novembro, foi instituída a Semana Nabor Pires Camargo, com o objetivo de divulgar a vida e as obras musicais desse compositor, considerado um dos mais importantes clarinetistas brasileiros. 


A Semana Nabor Pires Camargo passou a integrar o calendário cultural do município através da realização de eventos culturais, a cargo da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba. O 1º Prêmio Nabor Pires Camargo - Instrumentista foi realizado no ano seguinte, em 2002,  e de lá para cá tem crescido em importância e número de inscritos. 


O Prêmio Nabor tem como o objetivo expandir o conhecimento acerca da obra deste compositor indaiatubano e também revelar e estimular novos intérpretes que se increvem do Brasil inteiro.


A cada ano o público presente também cresce e assiste uma apresentação ímpar, onde os candidatos aprensentam uma música do maestro Nabor e outra, de livre escolha, com os arranjos que quiserem fazer. O espetáculo torna-se, assim, abrangente e inclusivo, uma vez que você acaba por escolher um ou mais candidatos (as) e começa a participar interativamente, torcendo para ele (s) ou ela (s)


AS FERAS

Estes ano, após a tiragem, são os seguintes instrumentistas que farão parte da competição: 

ANDRÉ FAJERSZTAJN DE ALMEIDA - SÃO PAULO SP

AQUILES NEVES DE MORAES -  RIO DE JANEIRO RJ

DANIEL DOS SANTOS SANTANA -  SALVADOR BA

EDUARDO GUARNETTI JOHANSEN - BAURU SP

GABRIEL JOSÉ MELIM SCHWARTZ - CURITIBA PR

JOÃO CARLOS PEREIRA JÚNIOR -  SANTOS SP

MAKIKO YONEDA - SÃO PAULO SP

SAULO ANTONIO MARTINS -  SÃO PAULO SP

THIAGO MARTINS BRANDULIZ -  SÃO PAULO SP

WANESSA NUNES DOURADO - SÃO PAULO SP


NABOR, O MAIS GENIAL DOS INDAIATUBANOS


Nabor Pires Camargo, que nasceu em Indaiatuba em 9 de fevereiro de 1902, e faleceu em Mococa em 3 de outubro de 1996 é o mais genial dos indaiatubanos. Só não fez mais sucesso, segundo críticos, porque não nasceu ou viveu em sâo Paulo ou no Rio de Janeiro. Auto-didata, aprendeu a tocar instrumentos sozinho e passava as tardes tocando em cima de um pé de manga na Indaiatuba do início do século passado.  Com dezenove anos, em 1922, foi para São Paulo estudar no Conservatório Dramático e Musical. Trabalhou acompanhando filmes mudos num cinema de bairro e depois nos cinemas centrais por haver demonstrado talento. Compunha  desde criança e, no final dos anos 20, assinou um contrato com a editora Irmãos Vitale, com a duração de 28 meses sob o compromisso de entregar uma música por mês, tendo sido “ Triste Separação” a primeira de uma série fantástica.


Embora seja um dos grandes mestres do choro, suas primeiras composições foram sambas. Ganhou 16 prêmios em concursos musicais, lecionou clarineta, saxofone e piano. Lecionou clarineta, saxofone e piano. Em 1948, também atendendo encomenda dos Irmãos Vitale, preparou um Método para Clarineta, aprovado e recomendado pelo Conservatório de São Paulo, que se tornou o mais vendido do Brasil e continua em catálogo. Para a Casa Manon, escreveu dois métodos para saxofone.


Em 1929, compôs o Hino Indaiatubano e também em homenagem à Indaiatuba compôs seu “segundo hino”, a belíssima canção Luar de Indaiatuba com versos da poetisa Cleonice Mattioli Camargo, sua esposa. Sua última obra foi a peça-bailado Ara-Erê-Uçu (Grande dia de festa), com texto de Dona Cleonice, sobre a formação do povo de sua terra, que já foi encenada duas vezes, mas que merece a atenta reprodução dos atores e bailarinos de nossa Indaiatuba, que teve como privilégio gerar em seu ventre esse gênio, que entre os instrumentistas, chorões e estudantes de música de todo o Brasil continua a ser um dos referenciais mais importantes e mais lembrados.


segunda-feira, 27 de abril de 2015

O Rio do Bicudo (Bueirão)

Texto de Ejotaele*
Ejotaele escreve sobre o início do século XX

Ainda aspirando os "cimos trancos da nostalgia", não havia de ser esquecido nestas memórias, o rio do Bicudo, onde muitos aprenderam a nadar, ainda que o Rafael Macaia a isso se opusesse, dando "pegas" aos garotos recalcitrantes;


Fonte:  Gente da Nossa Terra, Terra da Nossa Gente II 
Rubens de Campos Penteado
(no livro a imagem não tem data, mas creio que seja da década de 1960 ou 1970, nota de EBS)


o "Buracão do Chafariz"; o rio do Berchó (1), situado na encosta do morro do "Sítio do Coronel", para onde convergia também todo o mundo infantil de Indaiatuba, a fim de se banhar e catar os "salta-martins" tão celebrizadas em nossa infância;

Imagem de salta-martim
Crédito: Instituto Brasileiro de Florestas - IBF

o moinho do Brentan, ou melhor, o moinho do Brandão, um dos recantos mais procurados pelos indaiatubanos;

o "Buracão" situado nas cercanias da cidade, lugar onde extraiam terra para construção de taipas;

o bairro "Do Outro Lado" nas adjacências do "Sítio do Coronel", que era o bairro da indigência e da penúria;

a Chácara do Garrão, situada ao longo da avenida que conduz ao cemitério, onde abundavam as amoreiras e figueiras silvestres que eram convites aos nossos furtos inocentes.

Ninguém por certo terá esquecido daqueles grandes grupos de meninos que demandavam as capoeiras à procura das saborosas guabirobas quando elas sazonadas, dos cheirosos indaiás e dos rotundos araticuns a tresandarem seu perfume pelos cerrados.

Próximo à cidade existia a "Chácara do Balduíno", que ficava a cavaleiro do leito da Estrada de Ferro Sorocabana, na altura do Km 2 de quem ia em direção a Itaici, e ali perto o "Cabral", onde existia uma fonte cristalina de água, ponto estratégico dos meninos fugidios.

Um dos sítios, motivo de passeios frequentes, era a "Fazenda Bela Vista", situada em bonito aclive próxima à chácara dos Gandolfi, esta quase à ilharga daquela.

Outros recantos do velho burgo dos indaiás, eram pontos de sua população, tais como a Colônia do Bicudo, o Sítio do João Galo, o Teixeirinha, a "Cruz Coberta", a Chácara do Totó Rosa e o Bento Roque, o célebre caipira indaiatubano, que serviu de modelo ao grande pintor paulista Almeida Júnior, na famosa tela "Amolação Interrompida", um dos tesouros artísticos do Museu do Ipiranga.

Assim era a Indaiatuba bucólica e pachorrenta dos tempos das fugueiras patriarcais de Nhobin e Benjamin Constant de Almeida Coelho, dos Tebas, dos Galvões, dos Camargos, do João Pires e Juca Pires, do Chiquinho e Luiz Lopes, do José Tanclér, dos Firmianos, do Coronel Teófilo de Oliveira Camargo, do Major Fonseca, Chico Padeiro, do Chiquinho Boticário e Luiz do Rego.

Era assim  a Indaiá, do silêncio das ruas que era só quebrado pelo sapatear das bestas no chão ou pelo trotear dos cavalos; a Indaiatuba apologética da penúria e da pasmaceira, embora o céu tivesse o privilégio de estar sempre azul, as suas tardes sempre brilhantes e poéticas.

Assim era a terra dos indaiás, que não fugiu dos pendores às tradições que remontam a épocas recuadas, a Indaiatuba dos tão falados sambas e batuques em vésperas de festas profanas e religiosas, emoldurados por velhos "cantadô" em que não faltavam nunca o estrelar "quentão" nem o preto velho Luiz Gomes, o dono do samba, nem a Chica Bigode e o Zé Corote nem os sambadô do "  Outro Lado" e do Sítio Velho. Foi assim Indaiá, onde a vida era religiosidade, onde os crepúsculos de ouro eram fundados na quietude precedendo as noites sepulcrais...

FINAL E JÁ É SAUDADE


Acrísio de Camargo


Vamos terminar esta pequena história, sem ter dado azos à vaidade, antes por uma necessidade étnica de levar um bocado de saudade aos que, como nós, somos filhos desta terra que, pelo estro do saudoso Acrísio de Camargo foi um "santo ninho de amor".

Teremos por vezes (não seria lícito negá-lo) claudicado na forma, mas no fundo, queremos acreditar que revelamos probidade investigadora neste labor, tanto quanto pode o recurso de nossa memória, renovando sonhos de antanho e evocando remotas fases da história de Indaiatuba.

Dizem que a ocasião e a vontade põem a lebre a caminho e foi precisamente pela vontade que criamos a ocasião. Bem caberiam aqui estes versos de um vate popular: 


"Onde anda o corpo, 
é verdade que a sombra vai pelo chão, 
é assim também a saudade, 
a sombra do coração"

Escusem-nos, se houve, a tagarelice desta história. Ao descrevê-la, não nos atravessou a mente senão a boa intenção; porque os nomes aqui trazidos à lembrança num entardecido bem querer, em narração embora sem as vestimentas de gala, no cadinho das recordações que o tempo não conseguiu fenecê-las, o foi pelo nosso amor inabalável à Indaiatuba, que moradia distante embora, os longos anos de ausência, jamais puderam diminuir.


Bueirão do Bicudo, também chamado como "buerão" pelos indaiatubanos




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(1) Acredito que o autor refira-se ao córrego do Belchior, no "Buraco da Estação", onde também havia uma bica (nota de Eliana Belo Silva).



Este é o último texto escrito por EJOTAELE, pseudônimo de Eutemiro José Lisoni, que viveu em Indaiatuba no início do século XX e depois mudou-se para São Paulo, onde escreveu os textos.
Originalmente os textos foram publicados no Jornal Votura na década de 1980 e em seguida no livro de Rubens de Campos Penteado.

Por ordem de publicação, são os seguintes os textos escritos por EJOTAELE divulgados neste blog:









quarta-feira, 22 de abril de 2015

A Parteira Nhá Emília Beccari

Texto de Ejotaele*
Ejotaele escreve sobre o início do século XX

Não podíamos deixar, muito de propósito, de fazer uma referência, como real subsídio a esta pequena história da nossa velha Indaiatuba, sobre a admirável figura dessa mulher que teve o condão de ver nascer grande parte dos indaiatubanos que orgulhosamente sustentam hoje sobre a carcaça, a carga de meio século de anos, bem ou mal vividos, criatura que era a "mensageira da cegonha" aos lares de nossos ascendentes: Nhá Emília Beccari.

Destinou-lhe Deus essa grandiosa missão.

Quem não a conheceu, ou pelo menos, dela não terá ouvido falar?

Naquele tempo em que não existia técnica moderna da arte ginecológica, nem médicos, nem recursos que os métodos assépticos adquiriram nos tempos presentes, Nhá Emília Beccari teria feito, por certo, verdadeiros prodígios, lutando bravamente pela vida de mamães e dos bebês!

Vai aqui, nosso preito de saudade e veneração a essa expressiva figura que teve muito de maternal, que viveu sua vida mansa, heróica e santamente.



(texto publicado originalmente no Jornal Voutura de 24/06 de 1988 e em seguida no livro Gente da Nossa Terra, Terra da Nossa Gente II de Rubens de Campos Penteado).

Leia mais sobre o assunto aqui.


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Você tem fotografia de Nhá Emília Beccari?

Conhece fatos relacionados à ela?

Colabore com a Memória e História de Indaiatuba, divulgando dados, informações e imagens. Entre em contato com elianabelo@terra.com.br


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(veja lista de colaboradores na aba)

sábado, 18 de abril de 2015

Os antigos "trolys" de Indaiatuba [e o chafariz]

Texto de Ejotaele*
Ejotaele escreve sobre o início do século XX

Muitos dos velhos moradores de Indaiatuba deverão lembrar que, ainda por volta de 1914, não havia outro meio de condução, senão aquelas viaturas de quatro rodas e dois assentos que eram os "trolys", que os negociantes e viajantes deles se serviam para viagens aos sítios mais distantes da cidade e geralmente para Itaici, onde pela facilidade de horário havia trens com destino à Capital.

Esses "trolys" obtiveram grande aceitação popular, pois serviam para tudo e para todos.

Uma voltinha de "troly" naqueles tempos, adquiria o sabor de uma novidade!

Apenas três dessas viaturas davam conta do serviço e seus proprietários eram João Ciampi, Evaristo Delboni e Hemérito Rodrigues.



Trole fotografado perto da Estação Ferroviária de Helvetia, 
o meu bisavô Benedito Estevam de Araujo é um dos ocupantes 
(nota de Eliana Belo Silva)



Quantos episódios, quantos recantos da cidade poderiam reviver e  palpitar na tarefa de plasmação emotiva e histórica.

Aqueles que habitavam Indaiatuba nos primórdios deste século e buscavam hoje evocar lembranças daqueles tempos, hão de sentir, por certo, uma impressão de nostalgia e tristeza na visão restrospectiva das condições paupérrimas da cidade-vila, sem vida, tumularmente silenciosa, mas o seu povo exemplarmente bom e generoso, relembrando-lhe os costumes curiosos e "sui generis", especialmente a petizada dos tempos dos carrinhos d ´água "de uma lata" ou de "duas latas", fazendo ressurgir, em doces fluídos de imaginação, o velho chafariz de água boa e límpida, símbolo e relíquia da velha cidade, recanto quase sagrado, onde beberam amores e saudades as gerações passadas, que a força do tempo não consegui ofuscar...

A lembrá-lo é quase uma história toda, pois os velhos indaiatubanos tem-no como monumento do coração, ante a mágica sinfonia de sua fonte! 

Quem não se recorda daquela verdadeira procissão de carrinhos d´água que demandava o chafariz, numa comunhão de moços e moças, de velhos e crianças, de mulheres humildes que se dedicavam ao mister de lavar roupas e daqueles que iam dar o seu passeio à biquinha e ali beber a famosa água que deu personalidade à cidade dos indaiás?

Da Indaiatuba de antanho à Indaiatuba hodierna vai uma distância considerável.

Indaiatuba tem sabido de tal modo assimilar e adaptar-se às sucessivas transformações da vida moderna, numa renovação suave e perfeita, que o tempo por ela passa, vendo-a remoçar-se e consolidando-se cada vez mais suas funções.

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Você tem informações, dados ou fotos para acrescentar à este post?
Escreva para elianabelo@terra.com.br

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sexta-feira, 17 de abril de 2015

Nota de falecimento - Nair Paratelli Stein

É com pesar que informo que faleceu na noite de hoje, sexta-feira dia 17 de abril de 2015, a Sra. Nair Paratelli Stein, mãe da Conselheira Profa. Denise Stein Rezende da Silva, nossa companheira no Conselho Consultivo da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba.

O sepultamento será amanhã, as 14:00hs no cemitério da Candelária.

Além da professora Denise, Dona Nair era mãe de Júlio Carlos Stein, Oswaldo Stein Júnior e Marisa Stein Marini. Foi casada com Oswaldo Stein. 

D. Nair foi funcionária do Posto de Tracoma, uma espécie de seção do Posto de Saúde, hoje UBS (Unidade Básica de Saúde). 

De 1952 a 1978 exerceu o cargo de secretária na Prefeitura Municipal. Nesse cargo também fez parte da primeira diretoria do Posto de Puericultura, juntamente com D. Maria José de Assis Lyra (D. Maria do Jacob) e de D. Adele Puccinelli.

Primeiro Posto de Puericultura de Indaiatuba.

Como a cidade era pequena ainda, ela acumulava várias funções, uma das quais a de 1a. Supervisora da Merenda Escolar, quando de seu inicio, por parte do governo do Estado.

Envolveu-se na política por influência de seu marido Oswaldo Stein, participando ativamente na política partidária, no então partido P.S.P. e na municipal, exercendo influência sobre outras pessoas.

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À Conselheira Denise Stein, demais irmãos e familiares, minhas condolências.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Paisagem entre Indaiatuba e Campinas - 1958

Paisagem entre Indaiatuba e Campinas
1958

Paisagem Agrária onde podemos observar eucaliptos e café.

Fonte: biblioteca IBGE

(http://cidades.ibge.gov.br/painel/fotos.php?lang=&codmun=352050&search=||infogr%E1ficos:-fotos)


Ao usar a imagem, CITE A FONTE.


terça-feira, 14 de abril de 2015

ABRIL na História de Indaiatuba - Efemérides

 


Eliana Belo Silva

Coluna Semanal “Identidade Indaiatubana”

Jornal exemplo de 14/04/2015


NOTAS HISTÓRICAS SOBRE O MÊS DE ABRIL

Nas efemérides de Indaiatuba do século XIX




22 de abril de 1819

Foi a primeira data em que se comprova que a capela de Indaiatuba já era curada e se chamava Capela do Santíssimo Coração de Maria Santíssima. Não se sabe ainda com toda a certeza quem teria curado essa primeira, uma das várias prováveis capelinhas que existiam aqui (pois praticamente todo engenho de açúcar tinha uma, por menor que fosse). Após um período de alguns anos os registros mostram que a capela de Indaiatuba se chamava Nossa Senhora da Candelária, ou seja, mudou de padroeira. Carecemos de mais estudos sobre tudo isso.


25 de abril de 1833

A freguesia de Indaiatuba teve o seu primeiro livro do Cartório com notas feitas por um Juíz de Paz em 1833, quando, no dia 25 de abril desse ano, tomou posse, nomeado pela comarca de Itu, o Juiz de Direito Dr. Fernando Pacheco Jordão.


3 de abril de 1873

Até a Proclamação da República, quando então houve um significativo esforço para delimitar uma vez por todas os limites de grande parte dos municípios das regiões mais habitadas, os fazendeiros tinham a liberdade de mudar suas fazendas de município. Isso dificulta muito o trabalho dos historiadores. Quando havia um conflito entre um fazendeiro de Indaiatuba com as autoridades locais, ele pedia, por exemplo, para desanexar a fazenda dele daqui e anexar em Jundiaí ou Itu, por exemplo. A Lei 41 do dia 3 de abril de 1873 desanexou, dessa maneira, do município de Itu para anexar ao de Indaiatuba a fazenda de José Vasconcellos de Almeida Prado e a Lei 83 do mesmo mês declarou ficar pertencente à Indaiatuba a propriedade do mesmo senhor.


18 de abril de 1873 

Houve a reunião do Partido Republicano Paulista, fato que passou a ser conhecido como Convenção de Itu, que teve forte influência, junto com ações da maçonaria e outros fatos, para 

a Proclamação da República. Assinaram presença como representantes de Indaiatuba: Diogo do Amaral Campos, João Tibiriçá Piratininga, José de Almeida Prado Neto, José do Amaral Campos, José Vasconcellos de Almeida Prado, Ladislau do Amaral Campos, Luiz Augusto da Fonseca, Manoel José Ferreira de Carvalho e Theophilo de Oliveira Camargo. Este último se arrependeu e riscou seu nome na ata.


16 de abril de 1892

Faleceu Joaquim Emigdio de Campos Bicudo, que havia nascido 5 de novembro de 1843 aqui em nossa cidade, quando Indaiatuba ainda era ‘Freguesia de Itu’, filho do casal João de Campos Bicudo e Ana Gertrudes de Campos, sendo a família Bicudo uma das mais antigas conhecidas povoadoras da região. Joaquim Emigdio foi inicialmente um comerciante de tecidos. Mas deixou esse oficio pela prosperidade de seus mais de 90 mil pés de café tratados por trabalhadores negros escravizados. Foi um indaiatubano muito ativo politicamente, conforme sua renda permitia que fosse: foi eleitor, vereador, coletor de rendas gerais e provinciais e participava das juntas de qualificação dos votantes de Indaiatuba, (que grosso modo indicava quem podia ou não votar), além de auxiliar a organização das eleições para cargos públicos de vereador, juiz de paz e deputados provinciais e federais; convém registrar que tudo isso só era feito por quem pertencia a uma elite econômica e intelectual. Foi assumidamente republicano na época de um governo imperial.

Foi muito ativo socialmente também: consta que ajudou a liderar a ‘vaquinha’ para juntar dinheiro para construir a estação ferroviária (atual Museu Ferroviário), e moderou, com outros senhores de escravos, a destinação do Fundo da Emancipação dos Escravos, da Lei do Ventre Livre em nossa cidade, onde 4 escravos foram libertos, entre outras ações. 

Foi casado com Escolástica da Fonseca Bicudo e faleceu muito jovem, com apenas 48 anos, deixando oito filhos.


quarta-feira, 8 de abril de 2015

O Futebol "Association" da Indaiatuba Antiga

texto de Ejotaele
(Ejotaele escreve sobre o início do século XX)



Crime de lesa-recordação seria, a nosso ver, se não espremêssemos no fruto da vida o sumo gostoso e amargo que é a saudade e esquecêssemos o futebol, o velho futebol, que naquele tempo, como ainda o é em nossos dias, constituía patrimônio respeitável da mocidade.

Não havia pé de meia ou bexiga de boi que chegasse aos "pés curados" daquele tempo. Quando apareceu a primeira bola de couro, foi tanta a emoção que arrastou a gurizada a jogar vinte jogadores de cada lado... Jogava-se, é verdade, mas o que valia mais era sempre uma "marretada" com bola ou sem bola. Os maiores "pés curados" eram o Bastiãzinho e o Leobaldo da Nhá Nita Roque.

Muitos ignoram, poucos saberão, que Indaiatuba deu, no passado, quando em São Paulo começava-se a ensaiar os primeiros passos na prática do "association" (1), valores que ganharam fama.

Rememorando-se muitos já falecidos, vamos encontrar, entre os mais destacados, os nomes aureolados de Jacó Groff, o craque da época; Júlio Lisoni, que foi notável pelos seus dribles; o atlético zagueiro João Pedro; Júlio Minioli, goleiro famoso; célebre Zé da Feliciana; os irmãos Estelino, Ociamo e José Minioli; o temperamental Marcelo Filetti; Alfredo Groff, Daniel Lira, João e Rafaele Bonito, Chico Meia Lua, Zuzuca, Ferrício Seravelli, Pedro Sargentelli, Cesar Beccari, Afonso Tanclér e outros.

O clube era o antigo "Primavera Futebol Clube" fundado em 1909 ou 1910 e se não enganamos o seu campo era o atual Largo das Caneleiras.

Pouco tempo de vida teve o antigo Primavera, pois em 1914 já não havia mais futebol em Indaiatuba por falta de recursos para sua manutenção.

Passaram-se alguns anos, até que aí pelo ano de 1918 maios ou menos, surgia o "Indaiatubano F.C.", fundado por uma plêiade de moços entusiastas, entre os quais o modesto responsável por estas notas [Eutemiro José Lisoni, acrescentado por Eliana Belo Silva], Júlio Minioli, Angelo Brandi, Elpídio Gazignatto, José Teixeira de Camargo, Benedito Taborda, Nuto Guimarães, Arlindo Pires de Camargo e outros.

De 1920 a 1924 o Indaiatubano F.C. que na gíria esportiva tomava o nome de "Bitola Larga" teve existência fautosa, graças à seus dirigentes, tendo como elemento exponencial o grande amigo de Indaiatuba que foi José Svittaro. Neste clube, entre outros, militavam os seguintes jogadores que os esportistas da velha guarda hão de se lembrar:


  • Luizinho Leite,
  • Joãzinho Taborda,
  • Atílio Minioli,
  • Moreno,
  • Stein,
  • Alfio Bertolotti,
  • Miro,
  • Leló,
  • Pettená,
  • Angelo Bruni,
  • Braz,
  • Alcídio,
  • Eugênio,
  • Martelo,
  • Benjamin,
  • Irmãos Ramos,
  • Ricieri Delboni,
  • Bastiãozinho,
  • Leobaldo,
  • Pituta,
  • Cirino e,
  • Elídio Mosca.
Do "Indaiatubano" saíram elementos renomados como Nunes, Hugo, Dinho e Bonito que, mais tarde, haviam de encher de glória o nome esportivo de Indaiatuba. 

Em virtude da cisão ocorrida no seio deste clube surgia depois o Corinthians F.C., em consequencia do que aconteceu forte rivalidade que levou Indaiatuba a ter dois partidos políticos.

Depois de 1930 veio a fusão dos dois clubes, fazendo-se então o congraçamento esportivo, reestabelecendo-se, então, a denominação E.C. Primavera, em abono de suas tradições agremiações bem fundadas, que teve sua fase culminante nos anos de 1933 a 1937, quatriênio em que se revelou um dos melhores quadros de futebol do interior paulista, graças à tenacidade de um grupo de esportistas entusiastas, como foram Odilon Ferreira do Amaral e o saudoso Hugo Lisoni, dois grandes propagadores do futebol local, Jorge e Sebastião Nicolau, Oscar Fahl, Titi Tomasi e Odilon Cordeiro, de saudosa memória, que muito deram de seu esforço; Eduardo Steffen, Cristiano Steffen, João Escodro, Júlio Escodro, Ido Martini, Gentil Lopes, Porfírio Pimentel, Eduardo Leite, Paulo Von Ah, e o modesto autor deste relato [Eutemiro José Lisoni, nota de Eliana Belo Silva].

Deixou sem dúvida, um marco indelével noas anais esportivos de Indaiatuba aquele notável esquadrão no qual foram verdadeiros azes do futebol como: Sarain, Zé Grilo, Dinho, Chico, Mônaco, Canhoto, Silvio, Olívio, Batista, Soares, Camarão, Nico, Ministrinho, Rei, Luizinho, Athos, Paulo, Bonito e tantos outros.




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Largo das Caneleiras, onde, por muito tempo, foi campo de futebol "lá longe".





(1) Football Association (FA) é a entidade que controla o futebol na Inglaterra. Foi criada em 1863 e é a mais antiga associação de futebol do mundo. Equivale à CBF - Confederação Brasileira de Futebol. É provável que o autor do texto tenha usado o termo para referir-se aos primeiros times de nossa cidade "oficialmente" associados, ou seja, organizados "oficialmente".


quinta-feira, 2 de abril de 2015

A Original Bandinha do Dunga

Texto de Ejotaele*
Ejotaele escreve sobre o início do século XX


Não podíamos omitir nesta sintonia contemplativa de fatos do passado, a famosa banda musical infantil, que o esforço e dedicação do velho Dunga(1), a puseram em relevo numa época em que não havia as luzes deste fim de século.

De fato, quem não lembraria ou quem se daria ao trabalho de formar entre meninos ainda mal alfabetizados, uma filarmônica inteiramente equipada?

E dizer-se que muitos dos nossos musicistas ali aprenderam a divina arte de Beethoven e Verdi!

A original bandinha do Dunga, que nas ocasiões de festa rompia invariavelmente com o mesmo dobrado, e o era singular, cantando à viva voz ao mesmo tempo, compunha-se de vinte ou mais figurantes e se bem nos recordamos dela faziam parte: o Chico da D. Teodora e o Elpídio com seus lilipúticos flautins, o João Nunes com o saxe, o Rêmulo Zoppi com o seu depois famoso bombardino, o Pires Camargo, hoje compositor e professor de música, o Godofredo com o seu trombone, os irmãos Copinni, mais tarde exímios musicistas, o Gildo, mais tarde compositor de valsas melodiosas, o Alfio Bertolotti, Oswaldo Soares, o Dóro e muitos outros garotos da época, cujos nomes me fogem da memória.

A nota curiosa era quando o velho Dunga, sempre de criança no colo, anunciava os ensaios da Banda, mandando o Anselmo, seu servidor desde criança, "manter o macete" no bombo, à porta da sua casa, fazendo uma barulheira dos diabos que toda Indaiatuba ouvia, sem tugir, nem mugir.

Escusado é dizer que nenhum faltava aos ensaios...

Existiu anteriormente a Corporação Musical Lira Indaiatubana, em cuja regência se notabilizou o Maestro Fávero, figura estimada da localidade, que foi progenitor do mui querido e ilustre professor Flamínio Fávero (2) , Lente de Medicina Legal da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Faziam parte dessa corporação: Esterlino Minioli (3) que foi mais tarde seu regente, Ociamo Minioli (4), Rêmulo Zoppi (5), Pasqual Bofa e o grande maestro Luiz Baldi.


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Notas de Eliana Belo Silva:
(1) Maestro José Lopes dos Reis 
(2) Jurista 
(3) Bombardino 
(4) Bateria 
(5) Bombardino e barítono


Rêmulo Zoppi


quarta-feira, 1 de abril de 2015

História Ambiental e Museu da Água


Coluna Semanal “Identidade Indaiatubana”

Eliana Belo Silva

Jornal Exemplo de 01/04/2015





HISTÓRIA AMBIENTAL
Possibilidades Educativas no Museu da Água


No dia 29 p.p. a Fundação Pró-Memória de Indaiatuba ministrou no Casarão Pau Preto a primeira oficina de 2016 do projeto Escola do Patrimônio, em parceria com a UNICAMP, projeto que vem, desde 2014, oferecendo oficinas de capacitação para educadores da rede estadual – que têm sido convocados para para participarem dos eventos - e para o público interessado em geral. Nesta terça-feira passada o tema foi ‘Patrimônio Ambiental e História Ambiental' - proposta para o ensino de História e o facilitador foi o Dr. Eduardo Giavara da UFU.



HISTÓRIA AMBIENTAL

A História Ambiental, como tudo o que se refere ao meio ambiente, é relativamente nova e adveio de demandas que analisam a relação que o homem tem com a natureza, relação esta que sabemos ser demasiado predatória, com inúmeros impactos ambientais e mais do que isso, desastres ambientais como testemunhamos, estupefactos, em Mariana (MG) e que permanece impune, acontecendo agora, apenas nas esferas judiciais - enquanto milhares de pessoas ficam sem lugar para morar e mais do que isso, para sobreviver. 

Segundo Gavira, “a História Ambiental pretende reunir  conhecimento e metodologias próprias da pesquisa histórica para investigar as mudanças sociais e econômicas à luz das questões ambientais observando as várias formas de relação do homem com o mundo natural”. A relação do homem com o mundo natural não é uma área de estudo nova, pelo contrário, é antiga, mas antes o foco era outro: era exploratório, quase sempre o resultado do trabalho era aplicado do ponto de vista econômico. Agora é diferente: do ponto de vista educativo, busca-se a relação que o sujeito tem com a história  ambiental para, a partir dessa intersecção entre ele e o mundo natural que o rodeia, inclusive através de sentimentos e relações de pertencimentos, tentar superar essa relação predatória e transformá-la em preservacionista, respeitosa, sustentável.


PATRIMÔNIO AMBIENTAL

Gavira destacou que o patrimônio “é o conjunto de bens materiais e imateriais que podem representar a história de uma localidade ou comunidade; bens esses que carregam em si valores e representações acerca do passado, das tradições, costumes, bem como modos de (re) interpretar a realidade”. O patrimônio pode ser histórico, cultural e ambiental. 

O professor Lauro Ratti, presidente do Conselho de Preservação da FPMI e professor de História da EEPSG Profª Annunziatta Leonilda Virginelli Prado citou a relação emocional que várias gerações possuem com a Represa Cupini, onde, em seu entorno, foi construído o Museu da Água que está para ser inaugurado nos próximos dias. "Íamos de bicicleta até o local, bebíamos água das nascentes”. Essa lembrança do professor Lauro é um precioso exemplo de insight de “pertencimento”. É justamente esse sentimento, essa relação de pertencer a História de um local que faz com que possamos retirar uma pessoa, um aluno, um educando, do seu mundo fechado, para transformá-lo em um cidadão ativo, participante, preservacionista.

_ O que você faz para preservar esse local? E a água? A Fauna? A Flora?

A partir de um sentimento íntimo de pertencimento, há inúmeras possibilidades educativas de ampliar a visão de mundo de nossos educandos e é isso (também) que a Oficina do Patrimônio tem buscado ensinar e aprender com os educadores de Indaiatuba e região.

Gavira citou a seguinte definição de Halbwawachs: “memória é a construção mental que fazemos de referências e lembranças que vivemos coletivamente e nossa participação representa um ponto de vista da memória do grupo, isto é, da memória coletiva.”

Ao visitarmos o Museu da Água, que abrirá em breve, com certeza teremos insights emocionais como teve o professor Lauro ao narrar sua infância na Represa Cupuni. Nos reconheceremos naquelas imagens, naquelas histórias, ali estarão nossos pais, nossos avós, nossos bisavós, nossas famílias de alguma forma. Saberemos que aquela memória exposta naquele museu é também, a minha memória, e sendo assim, saberei, que tenho que agir para que a memória coletiva do futuro se orgulhe do sujeito que eu fui hoje. E isso vale para todos que querem construir uma outra história ambiental fantástica para o futuro, muito diferente da que testemunhamos em Mariana.

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