terça-feira, 23 de abril de 2024

O Lar de Velhos Emmanuel faz 60 anos

Texto de Maria Luisa da Costa Villanova
Historiadora pós-graduada em arqueologia.


Com informações de Brandina Artoni Nardy de Vasconcelos, 
Maria Inez Dércoli Battistuci e Izildinha Lopes. 


        Indaiatuba por volta de 1960 possuía pouco mais de 20 mil habitantes, estava passando a ser Comarca (Lei n° 8050) desmembrando-se de Itu, o prédio novo da Prefeitura e Câmara estava terminando de ser construído, agora na esquina do Largo da Cadeia (atualmente Praça Prudente de Moraes) substituindo o antigo prédio, demolido em 1962,  para a construção da fonte luminosa.

        A água, já encanada, vinha pura da represa do Cupini e sem necessidade de tratamento, ia para o Reservatório da Praça Rotary na rua 24 de maio (antiga rodoviária). Imigrantes japoneses chegavam, e a produção de tomate passava a ser transportada por caminhões não apenas por trens; e as indústrias estavam aumentando em quantidade.

        É nesse cenário que a Diretoria Executiva do Centro Espírita “Apóstolos do Bem” acreditou ser necessário para atender famílias carentes, frequentadoras ou não da casa e atendendo à cláusula de seu Estatuto Social, criar o “Dispensário André Luiz” e o Lar de Velhos e Cegos “Emmanuel”.

        Muitas famílias deixaram seu nome e dedicação  nesta empreitada, como os Mazzoni, Góis, Paes Leme, Ribeiro, Cardoso, Santos, Sales, Melo, Bimont, Távola, Cosmo, Hudson, Vieira, Stein, Artoni, Packer, Gabriel, Sousa, Dias, Oliveira, Fosco, Scalfi, Gibim entre outras

     Em terreno doado pela Prefeitura com 6.075,86 m² de área, na época em regime de comodato, a pedra fundamental foi lançada em 09 de março de 1964, com a doação de materiais para construção fornecidos pela comunidade, bem como a mão de obra voluntária, para pedir ajuda financeira e em regime de mutirão, quando aos finais de semana e feriados pessoas de todas as classes sociais se reuniam para a construção.

        Localizado na Rua Pedro Gonçalves, atendia idosos e cegos carentes, porém, hoje é Lar de Velhos Emmanuel, uma nova casa para idosos acima de 60 anos, carentes de finanças e de família. Nessa nova família, o idoso recebe assistência alimentar, médica e afetiva, ou seja, um “lar substituto”, sendo todo o trabalho desenvolvido de forma organizada e atendendo as leis vigentes no País.






No início, não havia funcionários pagos, todos eram voluntários, que faziam todas as tarefas: comprar e preparar alimentos, limpeza, administração de medicamentos, recreação e inclusive, como não havia ainda serviço funerário, quando algum assistido vinha a óbito, eram os voluntários que preparavam o corpo e o cortejo até a igreja e depois ao cemitério. A senhora Brandina Artoni Nardy de Vasconcelos, conta com carinho como seu pai era às vezes chamado tarde da noite para resolver problemas ou substituir voluntários e atendia prontamente.



Primeiro grupo de usuários assistidos no "Lar"


A manutenção sempre foi muito dispendiosa, mas sempre contou com a ajuda da população e dos voluntários. Eram efetuados bazares nas praças, pois não havia espaço no local, havia o Livro de Ouro que era assinado por quem colaborasse, sempre teve sócios, apesar de hoje em menor número.

Todo mês de Outubro o C. E. Apóstolos do Bem promovia a “Tarde Cultural”, com exposição de pinturas em tela,  trabalhos manuais, coral,  etc., sempre em benefício do Lar de Velhos.

Quando construído abrigava 15 idosos, já em 2007 abrigava 60 idosos e possuía 75 funcionários.

 Em 2009 criou o Espaço Dia, com o empenho especial do saudoso José Theodoro Dias, uma espécie de creche onde o idoso passa de 4 a 8 horas por dia, voltando para a família no final da tarde.

Em 2014, com seu nome atualizado para Lar de Velhos & Espaço Dia Emmanuel, completando 50 anos, abrigava cerca de 90 pessoas, possuía uma despesa mensal na ordem de R$ 150 mil, arrecadando cerca de R$ 70 mil, e obtendo o restante do necessário com eventos e o bazar que ainda hoje funciona todas as terças e quintas feiras. Lançou a campanha Filhos do Coração, incentivando pessoas e empresas para “adotar” um idoso ajudando em dinheiro e com visitas.

Neste ano, inaugurou uma nova ala, com 40 leitos de enfermaria, uma área com churrasqueira, jardim, sala de TV e uma capela.

 Infelizmente, como uma das consequências da pandemia do Covid 19, a creche, ou Espaço Dia, precisou deixar de funcionar.

Agora em 2024, completando seus 60 anos, conta com uma equipe de 67 funcionários, cerca de 50 voluntários e 75 idosos, sob a administração de Izildinha Lopes, trabalhadora dedicada para o bem estar de todos do "Lar de Velhos".



Imagens do "Lar" atualmente


A dona Germana, morada do Lar de Velhos Emmanuel, comemorou 101 anos em 14 de abril de 2021. "Hoje a família do Lar está em festa, pois nossa querida Germana - essa senhorinha um tanto quando invocada, rsrs - completou 101 anos, sendo que em 25 deles, ela tem nos dado a honra de fazer parte!” (Créditos: Indaiatuba não é praia).


O Lar aceita doações.

O Lar é aberto a visitas, todas as quintas-feiras e domingos das 14h às 16h horas.

 

Rua: Pedro Gonçalves , 106 - Jd. Pau Preto - Indaiatuba-SP

(19) 3801-2820
contato@lardevelhosemmanuel.com.br








quarta-feira, 17 de abril de 2024

COMO O SOL AFETA OS EDIFÍCIOS EM INDAIATUBA?


ENTENDA COMO É A INSOLAÇÃO PARA A LATITUDE DA CIDADE DE INDAIATUBA.


Dizer que o sol nasce exatamente no leste e se põe exatamente no oeste, não é bem uma verdade, pois isso ocorre com exatidão em pontos específicos apenas em apenas dois dias a cada ano, os chamados "equinócios", um na Primavera e outro no Outono. Em todos os outros dias durante o ano, o sol estabelece um novo percurso no céu e pode afetar muitos aspectos e, por isso, proponho que se entenda  melhor como isso acontece e afeta nossa cidade.

No hemisfério sul, mais precisamente em INDAIATUBA, Estado de São Paulo, Latitude 23,08° Sul; podemos perceber diferentes posições do sol durante as estações do ano, sendo que os limites de inclinação dos percursos do sol, em relação ao eixo Leste/Oeste, são estabelecidos nos dias de solstício de inverno e no solstício de verão.


O SOL DURANTE O INVERNO INDAIATUBANO

O solstício de INVERNO em Indaiatuba, que ocorre entre os dias 20 e 21 de Junho, marca a data em que o percurso solar está mais inclinado relativamente à direção norte, estabelecendo, por consequência, a maior penetração de sol nos ambientes. A posição do nascer do sol ocorre a cerca de Norte – Nordeste, e o poente é aproximadamente em Norte – Noroeste, sendo que ao meio dia o sol está voltado precisamente à Norte, mas estabelecendo uma inclinação de cerca de 44° com o solo, sendo esta a maior inclinação neste horário durante todo o ano. 

O inverno em Indaiatuba marca aquela época em que o sol, de tão inclinado, entra em sua varanda demasiadamente, atrapalhando o churrasco; ocasionalmente é difícil guiar o carro nas vias que se direcionam à Oeste no fim do dia como na Rua 24 de Maio; mas por outro lado, os raios solares conseguem insolar com mais eficiência aqueles ambientes cujas aberturas são voltadas para o Norte, Oeste e Leste varrendo suas paredes, aquecendo e higienizando. 


O SOL DURANTE O VERÃO INDAIATUBANO

O solstício de VERÃO em Indaiatuba, que ocorre no dia 22 de dezembro, marca a data em que o percurso solar está menos inclinado em relação ao eixo Leste/Oeste, dizemos que está mais à pico, ao meio dia e mais ao Sul no fim do dia, estabelecendo por consequência a menor penetração de sol nos ambientes. A posição do nascer do sol ocorre a cerca de Sul – Sudeste, e o poente é em Sul – Sudoeste. 

O meio dia do solstício de verão proporciona um fenômeno curioso, o horário em que temos a menor sombra duramente o ano, pois o sol está exatamente a 90° de sua posição, isso ocorre anualmente, somente nesta data e horário. 

Nesta hora e dia, em Indaiatuba, postes não tem sombra!

Durante o verão indaiatubano as sombras são relativamente menores e os quintais são mais insolados, algumas paredes voltadas a Sul passam a receber insolação no começo e no fim do dia e os raios penetram menos nos ambientes. Nesta época do ano, os beirais e as varandas proporcionam excelentes resultados quando projetados adequadamente.

Em aspectos gerais os percursos solares em nossa cidade mudam bastante sua posição no nascente e poente durante o ano, mas sempre vão se inclinar relativamente ao Norte, proporcionando maior insolação para as faces e aberturas das edificações que se voltam para esta direção, enquanto que aberturas que pedem LUZ sem sol, como escritórios e salas, podem ser mais adequadas quando voltadas para Sul. 

Existem muitas soluções que podem melhorar a insolação, ou proteger as aberturas de sua edificação, e cabe ao seu arquiteto indicar as mais apropriadas ao seu projeto tendo como base a localização do lote escolhido.

Através de estudos da Geometria da Insolação, somos capazes de determinar a posição do Sol no céu, para cada horário, data e época do ano, definindo, ainda em fase de projeto de um edifício, a melhor ocupação em seu terreno, seja para moradia, trabalho ou lazer.

A ferramenta mais utilizada para esta atividade é a CARTA SOLAR.

Disponibilizo em anexo a CARTA SOLAR de nossa cidade; INDAIATUBA – Latitude 23,08°  Sul, e uma publicação do Projeteee sobre utilização de cartas solares. 



O QUE É UMA CARTA SOLAR?

FONTE: http://projeteee.mma.gov.br/

A carta solar é uma representação gráfica dos percursos aparentes do sol longo do dia em diferentes épocas do ano. 

A posição do sol em determinada data e horário, é identificada através do ângulo estabelecido pela direção do sol e da sua inclinação junto ao solo, e como resultado temos a direção dos raios solares sobre um edifício ou terreno, e consequentemente estabelecemos a penetração dos raios solares nos ambientes, a insolação do edifício e seus sombreamentos. 

Entender como se modificam os percursos do sol ao longo do ano, podem dar um panorama de como muda a insolação de um edifício ao longo das diferentes estações.

É uma ferramenta bastante prática para a obtenção das informações necessárias para avaliar a penetração solar, sombras projetadas pelo entorno, e com isso determinar a melhor orientação da edificação e as proteções solares necessárias às aberturas.

Existem vários métodos de projeção, e um dos mais apropriados e amplamente utilizados é a estereográfica.

Para o dimensionamento das proteções solares um transferidor de ângulos é sobreposto sobre a carta solar de acordo com a orientação da fachada estudada, auxiliando na determinação dos ângulos de sombreamento horizontais ou verticais necessários ao sombreamento desejado da porção de céu.

O ângulo horizontal (ß) é visualizado em planta baixa, e será o ângulo formado entre a projeção do raio e o plano perpendicular à fachada. É possível observar na figura abaixo que este ângulo auxilia na determinação das proteções solares verticais.

O ângulo vertical frontal (α) é visualizado em corte e é a projeção do raio solar, no ponto considerado, sobre um plano perpendicular à fachada. Este ângulo auxilia na determinação da máscara de sombra de uma proteção solar horizontal, como apresentado na figura.

O ângulo vertical lateral (γ) será a projeção do raio de incidência solar, de determinada hora e período do ano, no plano da fachada. Este ângulo delimita o tamanho da placa horizontal.



quarta-feira, 10 de abril de 2024

IBGE divulga nova versão do Atlas Escolar Geográfico com Brasil no centro do globo


Consulte os novos mapas aqui: https://atlasescolar.ibge.gov.br






O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE divulgou, nesta terça-feira, dia 09/04, a 9ª edição do Atlas Geográfico Escolar. A nova edição, além de atualizada em seu volume impresso, conta com uma versão digital no portal do Instituto com inovações na forma de apresentação das informações e como diferencial contém mapas com o Brasil no centro do mundo. 

Também foi lançado o mapa-múndi, elaborado pelo IBGE, que tem a marcação dos países que compõem o G20 e dos que possuem representação diplomática brasileira, além de algumas informações básicas sobre o Brasil, como população e área, entre outros dados. 

Essa divulgação ocorreu em consonância com o momento especial em que o Brasil está presidindo o G20 e é uma oportunidade de mostrar uma forma singular do Brasil ser visto em relação a esse grupo de países e ao restante do mundo.

O Atlas Geográfico Escolar do IBGE é uma publicação que tradicionalmente reúne dados sobre clima, vegetação, uso da terra, divisão política e regional, características demográficas, indicadores sociais, espaço econômico e das redes, além de diversidade ambiental do Brasil e de mais de 180 países.

Com mais de 200 mapas, dentre físicos, políticos e temáticos do Brasil e do mundo, a nova edição destaca, ainda, aqueles que indicam os territórios quilombolas e a distribuição de pessoas quilombolas e indígenas, além da cobertura e uso da terra e espécies ameaçadas de extinção.

Como todos os atlas produzidos pelo IBGE, a nona edição contempla a Base Nacional Comum Curricular – BNCC do Ministério da Educação, e reúne, num mesmo volume, dados geográficos, cartográficos e estatísticos, imprescindíveis ao estudo e à análise das dimensões sociopolítica, ambiental e econômica do Brasil e do mundo.

Outra novidade são QR codes disponíveis na publicação impressa que levam a gráficos interativos na versão digital, além de vídeos e links com conteúdos complementares. Também será possível baixar o arquivo da versão impressa e realizar busca por temas e palavras-chave.

A publicação impressa poderá ser adquirida na loja virtual do IBGE  disponível neste link: https://loja.ibge.gov.br/

segunda-feira, 1 de abril de 2024

Os 60 anos do Golpe

Artigo de Marcos Kimura

No dia 1º de abril, há 60 anos, os militares brasileiros derrubaram o então presidente João Goulart e instalaram uma ditadura que durou duas décadas. O País do Futuro anunciado pelos Anos JK, Bossa Nova, Cinema Novo, Teatro de Arena, bicampeonatos mundiais de futebol e basquete, Maria Ester Bueno em Wimbledon, bicampeonato olímpico de Adhemar Ferreira da Silva e, por que não dizer, Brasília; deram lugar ao País do Ame-o ou Deixe-o.  

Para o levante, uniram-se duas correntes entre os militares: a Sorbonne, liderada por Castello Branco, que queria “modernizar” o país, abri-lo ao capital internacional e integrá-lo ao mundo livre americano; e os linhas duras, personificado em Costa e Silva, nacionalista, estatista e determinado a eliminar o comunismo até o último simpatizante. Num primeiro momento, Castello prevaleceu, mas no rodízio de ditadores que se estabeleceu (modelo adotado pela ditadura argentina anos depois), deu lugar a Costa e Silva e o AI-5 (como atenuante ao mandatário da vez, o ato foi decretado quando ele já estava incapacitado). As limitadas garantias jurídicas desapareceram, assim como muita gente que pegou em armas ou simplesmente lutava pela redemocratização. Prisões e torturas viraram rotina enquanto o pais celebrava o tricampeonato mundial no México e o breve Milagre Econômico, com o astuto Delfim Neto usando o crédito internacional barato e o arrocho dos salários para impulsioná-lo. Quando veio a Crise do Petróleo em 1973, a coisa começa a desandar, até chegar à crise econômica de 1983, resultado da política de endividamento. A essa altura, a economia estava estatizada, havia uma estupida reserva de mercado protecionista que incluía desde bebidas alcoólicas a automóveis e informática e os sonhos da Sorbonne se tornaram no pesadelo da inflação, carestia e o Doi-Codi e Operação Bandeirantes relutantes em sair de cena. A Diretas Já, mesmo derrotada no Congresso, era o fim do regime. Um final frustrante porque faltou o que os vizinhos argentinos fizeram: julgamento e cadeia para quem torturou e matou. 


Sou praticamente um ano mais velho que o golpe – ariano, como eu – e cresci durante o regime de exceção, na maior parte aqui, em Indaiatuba, cidade que teve sua versão da Marcha com Deus e a Família pela Liberdade e participou da campanha Ouro pelo Brasil. Eram tempos de cantar o Hino Nacional em datas cívicas (lembro de um Sete de Setembro específico em que estava perfilado no Coticap – hoje Etecap – com uma ressaca dos infernos), cartazes de procurados colocados no ponto de ônibus intermunicipais (só teríamos uma estação rodoviária em 1982), gente exilada (um primo foi para o Chile, até o golpe de Pinochet, e foi para Argentina, até o golpe de Videla) e ufanismo nos meios de comunicação (“Eu te amo, meu Brasil, eu te amo, meu coração é verde-amarelo, branco, azul anil” que de tão ruim, nem foi lembrado pelo povo que acampou nas portas dos quartéis em 2022). De uma professora, dona Jair, ouvi pela primeira vez o nome Lamarca, dito entre dentes cerrados, que se tratava do maior bandido que o Brasil já teve. Incitou mais a curiosidade que o medo.

Comecei a ler jornais em 1975 (meu pai assinava a Folha da Tarde) e no colegial comecei a comprar O Pasquim, já longe dos anos áureos, mas ainda capaz de fazer com que a edição sobre o atentado do Riocentro (1981) fosse recolhida nas bancas. Antes da faculdade, na USP, tive algum convívio com integrantes do PCB e vi pelos jornais e noticiários o nascimento do PT depois de Lula liderar as greves dos metalúrgicos do ABC e ser preso, em 1980. 


Na universidade, as principais correntes do movimento estudantil eram o PC do B, dissidência stalinista que foi lutar e morrer no Araguaia e achava que a Albânia era o farol da revolução internacional; e a Liberdade e Luta – a Libelú – trotskista, que se aliou ao recém-nascido PT, mesmo achando que Lula era um pelego. Para ambas tendências, o velho Partidão era reformista. Colegas do PCB me chamavam de diletante, uma forma de insulto para eles, mas para mim era um cumprimento. Que diria Luis Carlos Prestes ao ver seu partido virar o Cidadania? O presidente da UNE (União Brasileira dos Estudantes) era Aldo Rebelo, do PC do B, posteriormente deputado federal e ministro dos Esportes, e um dos principais líderes no campus da USP era Demétrio Magnioli, da Libelú, hoje analista internacional da Globonews (meldels!).


Fui ao Congresso da UNE em Piracicaba e participei da invasão à Reitoria da USP, que me fizeram concluir que o movimento estudantil era importante só para os estudantes e para dar matéria para os jornais. Por isso, durante a ocupação da reitoria, a Rota de Paulo Maluf se limitou a circular ameaçadoramente pelo campus. Poucos anos antes, em 1977, o então secretário da Segurança do Estado, coronel Erasmo Dias, mandou invadir, bater e prender estudantes reunidos na PUC-SP, mas a repercussão nacional e internacional da repressão caiu mal para a imagem do regime. Em 1982, o clima era outro, embora ainda não soubéssemos disso. 


Na época das primeiras eleições para governador, em 1982, nosso professor de Estatística, Severo, que trabalhava no Gallup, afirmou que, como os primeiro e segundo colocados no pleito já estavam decididos – Franco Montoro (PMDB) eleito e Reinado de Barros (PDS) em segundo – a dúvida ficou para o terceiro colocado. “Se chover, Lula fica em terceiro, se não, será Jânio Quadros”. Por quê? Porque o eleitor do ex-presidente das vassouras era em grande parte de uma idade em que não se é obrigado a votar, que não vai sair de casa se chover. Não choveu, e Lula, segundo a biografia escrita do Fernando Morais, entrou numa depressão da qual só saiu após uma ligação de Fidel Castro. Na eleição seguinte, foi o deputado federal mais votado.


Veio, então, a campanha das Diretas, que surge timidamente, mas foi crescendo, graças em grande parte à adesão da Folha de São Paulo, emergindo como principal jornal brasileiro (quem não viveu os anos 80 não tem ideia do que era a Folha). O movimento culmina em mega-comícios na Candelária, no Rio de Janeiro, e no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, com ambas organizações reivindicando um milhão de pessoas presentes. No Rio, não posso afirmar, mas em São Paulo não havia aquilo tudo (neste século, um milhão virou carne de vaca, da Parada Gay ao ato de Bolsonaro). Lá de trás, comentei com amigos não-militantes, como será que o povo vai reagir quando a Emenda Dante de Oliveira não passar? O consenso foi: não vai.


Passados quase 40 anos do fim da ditadura, e ainda vivemos à sua sombra, da impunidade dos que perpetraram crimes contra a Humanidade em nome de uma suposta guerra ideológica, à estrutura de corrupção e atraso da máquina estatal, que domina toda a economia. Surgiu para combater um inimigo inexistente (achar que o latifundiário João Goulart instalaria um regime socialista e faria uma reforma agrária para valer é um delírio), atrasou a economia estatizando-a de vez e isolando o país dos avanços tecnológicos que aconteciam, a um custo humano irrecuperável. 

Como estão os últimos indaiás nativos de Indaiatuba?

                                                                                                                          Charles Fernandes


MINHAS VISITAS EM UM DOS ÚLTIMOS CAMPOS DE INDAIÁS NATIVOS DE INDAIATUBA


A cada visita que faço em um dos últimos refúgios de indaiás nativos de Indaiatuba, localizado na margem direita do Rio Jundiaí, constato que, a cada ano, menos resta deles.

Por que?

O nosso indaiá (Attalea geraensis) é uma planta de grande relação ecológica com seu habitat, e demanda de uma série interações para que prospere, sendo que a extinção de apenas uma delas de um determinado local, acaba por comprometer a ocorrência da espécie ali.

O indaiá pode possuir indivíduos que apresentam somente flores masculinas, outros só com flores femininas, portanto é dependente de polinizadores, no caso abelhas e insetos, em especial a mamangava, que ainda abunda nas margens do Jundiaí.

Os indivíduos podem ter floradas masculinas, femininas ou ambas, e ocupam, com predominância, habitats diferentes. As florações femininas costumam ocorrer na sombra de árvores do Cerrado, como o Angico, ou em  Mata de Borda, nos limites de um fragmento de mata e uma área de Cerrado ou Campo. As florações masculinas, ocorrem predominantemente em campo mais aberto ao sol.  Portanto é importante manter PRESERVADAS áreas de bioma de Cerrado, também de Mata Ciliar. 

Sua dispersão é intimamente relacionada ao seu principal dispersor, a cotia, que coleta o coquinho do indaiá, rói sua casca e o enterra para comer em outra ocasião, o que acaba por germinar os frutos. Áreas de refúgio de cotias estão relacionadas com áreas preservadas de cerrado e mata ciliar, onde também encontram água e outros alimentos.

O clima e o solo também são muito importantes, locais com solos drenados, livres de encharcados, e estações do ano com polarização de chuva e seca, são essenciais a germinação dos frutos que ocorre em até um (1) ano após serem enterrados. É necessário que no local chova muito durante metade do ano, mas que isso não deixe áreas alagadas, e que a estação seca seja severa em toda a outra metade do ano. Atualmente, há locais também em Minas Gerais, com características semelhantes a Indaiatuba, onde esta mesma espécie de indaiá abunda. 

Vamos resumir:  SOLO SECO, ESTAÇÃO CHUVOSA SEGUIDA DE ESTAÇÃO SECA, COTIA, CERRADO, MATA CILIAR, MAMANGAVA E VÁRIOS INDIVÍDUOS DE INDAIÁ JUNTOS. 

POIS É, RETIRE UM elemento desta relação ecológica,  e o indaiá irá perecer. 

Faça um projeto de revegetação, que não entenda estas características e ele não prosperará. 

Existem vários locais aptos a serem berços de projetos de revegetação na cidade.



INDAIÁ NATIVO, VÍTIMA DE QUEIMADA EM 2017



O MESMO INDAIÁ NATIVO EM 2018, SE RECUPERANDO




O MESMO INDAIÁ NATIVO EM 2024






O MESMO INDAIÁ NATIVO EM 2024





COQUINHO DE INDAIÁ EM UM DOS ÚLTIMOS INDIVÍDUOS NATIVOS DE INDAIATUBA



Crédito das imagens e texto: Charles Fernandes








sexta-feira, 22 de março de 2024

No mês da Convenção de Itu, o Museu Republicano realizará ao longo de abril o ciclo de oficinas “Azulejaria: Técnicas e Histórias”.




As oficinas abordarão a história da azulejaria portuguesa e contará com atividades práticas de técnicas tradicionais de confecção de azulejos. 

Ministradas pela arquiteta e ceramista Gisela Pedroso e mediadas pela educadora do museu, Aline Zanatta, as oficinas acontecerão nos dias 03, 10, 17 e 24 de abril, das 19h às 21h30. As oficinas são complementares e o certificado será entregue exclusivamente àqueles presentes em todos os encontros.

Erguido nas décadas iniciais do século XIX, o prédio do Museu Republicano passou por uma grande reforma em 1867 que resultou em sua fachada azulejada e no número grafado na platibanda do edifício. Já o conjunto de painéis de azulejos do saguão de entrada, idealizado por Afonso Taunay, foi fixado apenas entre os anos de 1942 e 1953.

As inscrições são gratuitas e estarão abertas até 28 de março, por meio do email: edu.mrci@usp.br. São somente 13 vagas disponíveis.

Local: Museu Republicano de Itu/USP. Rua Barão de Itaim, 67, Centro, Itu/SP. 

#MuseuRepublicano  #Itu #Museu #Oficina #Azulejaria #Azulejo

quarta-feira, 20 de março de 2024

Prédio do antigo GESC Randolfo M. Fernandes é classificado para fins de tombamento

Hoje a notícia é muito boa.



O prédio onde funcionou, durante muitos anos o "Grupo Escolar Randolfo Moreira Fernandes" foi classificado de interesse público municipal para fins de tombamento nos termos do artigo 8º da lei municipal 7.628/2021.

O bem ainda não está definitivamente tombado, mas com a Resolução 02/2024 de 19 de março de 2024, o prédio passa a ficar protegido de obras e intervenções que possam alterar ou comprometer suas características atuais, bem como do seu entorno.

O tombamento definitivo, ainda de acordo com a lei referenciada, acontecerá no prazo de um (1) ano, prorrogável por igual período. Ou seja: houve uma avanço, mas esse prazo tem que ser cumprido de forma definitiva, sob pena do bem ser desclassificado como de interesse histórico.






Histórico

A Escola Randolfo Moreira Fernandes que hoje funciona no Jardim Alice foi fundada em 1911 e já funcionou em diferentes lugares e prédios da cidade.

Antes de ser Randolfo, era o Grupo Escolar que funcionava ao lado da igreja Matriz de Nossa Senhora da Candelária. Em 1932, a antiga "Escolas Reunidas do Estado" recebeu seu atual nome, uma homenagem ao primeiro professor com diploma de Indaiatuba. Randolfo Moreira Fernandes era natural do Rio de Janeiro e, antes de ser professor, tentou seguir as carreiras médica e militar.


O prédio situado na Praça Dom Pedro II no Centro de Indaiatuba e conhecido popularmente como Randolfo, foi construído em 1937. Ao longo das décadas de 1940 e 1960 ele recebeu algumas reformas e ampliações. Nesse período a escola chegou a ter mil alunos matriculados e funcionava em três turnos.


A escola funcionou a maior parte de seu tempo em uma construção de planta retangular feita em alvenaria de tijolos. Nas primeiras ampliações, ela recebeu algumas salas geminadas ao edifício principal.


O prédio tem um pavimento com porão elevado, seu piso é de ladrilho hidráulico e madeira e, seu forro, também de madeira. Ao todo, a escola Randolfo Moreira Fernandes chegou a ter oito amplas salas de aulas cada uma com três janelas, pé direito alto e com o piso e o forro de madeira.




Suas portas e janelas possuem formatos variados. Algumas janelas são amplas, altas e retangulares. Outras apresentam verga semi-circular, bandeira, veneziana de madeira para o lado de dentro e vidraça para o lado de fora do prédio. As portas seguem o mesmo padrão das janela, Algumas mais simples, altas e retangulares e outras com moldura detalhada e verga semicircular.


Trata-se de uma edificação escolar exemplar do período e que mantém preservada vestígios da memória da educação e do ensino da cidade de Indaiatuba, embora já tenha sido reformado algumas vezes, inclusive desnecessariamente, como quando as telhas originais foram trocadas por novas, em 2017.


Hoje ela abriga projetos de educação e cultura da Secretaria Municipal de Cultura (Secult), tal como aulas de música, artes visuais e teatro para crianças e jovens da cidade.




Leia sobre Randolfo Moreira Fernandes neste link: https://historiadeindaiatuba.blogspot.com/2010/09/randolfo-moreira-fernandes.html





segunda-feira, 18 de março de 2024

CURSO USO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARQUITETÔNICO ITUANO COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA - FAMA MUSEU



A FÁBRICA DE ARTES MARCOS AMARO – FAMA é um museu predominantemente de Arte Contemporânea, instalado num Complexo Arquitetônico Industrial do início do século XX onde funcionou a Companhia de Fiação e Tecelagem São Pedro. Acontece neste momento, à execução do Projeto de Restauro do complexo arquitetônico, mediante investimento de recursos públicos do Projeto de Restauro do telhado e habilitação de novas galerias para o FAMA Museu trata-se de um prêmio para o Edital do ProAC Nº35/2023 da Secretaria de Economia e Indústrias Criativas do Governo do Estado de São Paulo.

Professora da rede municipal de Indaiatuba é palestratante em Educação Antirracista

 


PRESTIGIE!

A palestra  se dará no dia No dia 20/03 (quarta-feira) às 19h sobre as práticas pedagógicas antirracistas do começo ao fim do ano que será ministrada pela professora Prof. Elisandra Maria dos Santos Camilo e pela OP (Orientadora Pedagógica) Valéria Aparecida Olímpio de Araújo, ambas servidoras da prefeitura de Campinas e Elisandra da rede municipal de Indaiatuba também. 

Além disso, as palestrantes são integrantes do grupo CONNEPPA (Coletivo Negros com práticas pedagógicas em Africanidades) da cidade de Campinas voltados para profissionais da educação empenhados em aplicar as leis 10.639/2003 e 11.645/2008, a partir estudos e experiências trazidas pelo grupo.
 
O evento emitirá certificado aos participantes. 
 
Os interessados poderão se inscrever previamente pelo link abaixo.
 



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