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segunda-feira, 1 de abril de 2024

Como estão os últimos indaiás nativos de Indaiatuba?

                                                                                                                          Charles Fernandes


MINHAS VISITAS EM UM DOS ÚLTIMOS CAMPOS DE INDAIÁS NATIVOS DE INDAIATUBA


A cada visita que faço em um dos últimos refúgios de indaiás nativos de Indaiatuba, localizado na margem direita do Rio Jundiaí, constato que, a cada ano, menos resta deles.

Por que?

O nosso indaiá (Attalea geraensis) é uma planta de grande relação ecológica com seu habitat, e demanda de uma série interações para que prospere, sendo que a extinção de apenas uma delas de um determinado local, acaba por comprometer a ocorrência da espécie ali.

O indaiá pode possuir indivíduos que apresentam somente flores masculinas, outros só com flores femininas, portanto é dependente de polinizadores, no caso abelhas e insetos, em especial a mamangava, que ainda abunda nas margens do Jundiaí.

Os indivíduos podem ter floradas masculinas, femininas ou ambas, e ocupam, com predominância, habitats diferentes. As florações femininas costumam ocorrer na sombra de árvores do Cerrado, como o Angico, ou em  Mata de Borda, nos limites de um fragmento de mata e uma área de Cerrado ou Campo. As florações masculinas, ocorrem predominantemente em campo mais aberto ao sol.  Portanto é importante manter PRESERVADAS áreas de bioma de Cerrado, também de Mata Ciliar. 

Sua dispersão é intimamente relacionada ao seu principal dispersor, a cotia, que coleta o coquinho do indaiá, rói sua casca e o enterra para comer em outra ocasião, o que acaba por germinar os frutos. Áreas de refúgio de cotias estão relacionadas com áreas preservadas de cerrado e mata ciliar, onde também encontram água e outros alimentos.

O clima e o solo também são muito importantes, locais com solos drenados, livres de encharcados, e estações do ano com polarização de chuva e seca, são essenciais a germinação dos frutos que ocorre em até um (1) ano após serem enterrados. É necessário que no local chova muito durante metade do ano, mas que isso não deixe áreas alagadas, e que a estação seca seja severa em toda a outra metade do ano. Atualmente, há locais também em Minas Gerais, com características semelhantes a Indaiatuba, onde esta mesma espécie de indaiá abunda. 

Vamos resumir:  SOLO SECO, ESTAÇÃO CHUVOSA SEGUIDA DE ESTAÇÃO SECA, COTIA, CERRADO, MATA CILIAR, MAMANGAVA E VÁRIOS INDIVÍDUOS DE INDAIÁ JUNTOS. 

POIS É, RETIRE UM elemento desta relação ecológica,  e o indaiá irá perecer. 

Faça um projeto de revegetação, que não entenda estas características e ele não prosperará. 

Existem vários locais aptos a serem berços de projetos de revegetação na cidade.



INDAIÁ NATIVO, VÍTIMA DE QUEIMADA EM 2017



O MESMO INDAIÁ NATIVO EM 2018, SE RECUPERANDO




O MESMO INDAIÁ NATIVO EM 2024






O MESMO INDAIÁ NATIVO EM 2024





COQUINHO DE INDAIÁ EM UM DOS ÚLTIMOS INDIVÍDUOS NATIVOS DE INDAIATUBA



Crédito das imagens e texto: Charles Fernandes








quarta-feira, 22 de novembro de 2023

A FLORADA DO JEQUITIBÁ BRANCO



Nossa cidade se prepara, nos próximos dias, para um dos seus mais incríveis eventos aromáticos: a florada do jequitibá branco.



Gigante da Mata Atlântica, o jequitibá branco (Cariniana estrellensis) tem como características principais, sua altura de até 45m e seu tronco que pode chegar a 1.20m de diâmetro; seu fruto lenhoso  tem formato de fornilho de cachimbo, o que também lhe dá um outro nome popular, de cachimbeiro. 

É uma espécie de “clímax” de floresta, ou seja, é totalmente dependente  de uma série de condições ecológicas que propiciem sua dispersão, polinização e proteção das mudas para que  consiga prosperar  ou até mesmo ocorrer nas matas ciliares e capões de Mata Atlântica remanescentes em nossa Indaiatuba. Esta espécie “climace” necessita que os ecossistemas estejam protegidos para que possa manter  sua população.

É espécie nativa de Indaiatuba e região e uma das árvores símbolo do município.

Onde você poderá achar um jequitibá branco para de deleitar com o aroma adocicado de sua  florada? 

Na Praça Prudente de Morais tem dois indivíduos, um ao lado do coreto, e outro em frente do Bradesco. O que está em frente ao Bradesco, possui uma das maiores copas de toda a arborização urbana da cidade, com cerca de 25 metros de diâmetro e mais de 400m² de área, muito maior que a maioria dos lotes urbanos da cidade. 

A Avenida Major Alfredo Camargo da Fonseca e a Avenida Itororó são arborizadas com Jequitibás, e o cruzeiro que formam, na região central de Indaiatuba pode ser visto do espaço. 

O mais belo Jequitibá, e o que rende as mais belas fotos, está no Jardim do Casarão Pau Preto, e é enorme, leve dois ou três colegas para poder abraçá-lo.

Jequitibá do Casarão Pau Preto (2017 - acervo pessoal do autor)


Em frente à Prefeitura, ao lado das figueiras (falsa seringueira),  há jatobás e um belo abacateiro que formam uma bela área arborizada, onde existem também jovens jequitibás que já se destacam em porte. No futuro, esta será uma área ainda mais incrível do que é hoje, pois os jequitibás foram plantados formando uma parede verde a norte. 

No chafariz, existem jequitibás que se destacam pelas cascas rugosas. 

O maior jequitibá da cidade, é o enorme morador do Jardim Jequitibá, que está em uma Área de Preservação Permanente, também protegido pelo Programa de Recuperação de Nascentes do SAAE.


O maior jequitibá de Indaiatutuba e provavelmente o ser vivente mais antigo da cidade

Fenologia: A florada do jequitibá branco ocorre entre os meses de outubro e dezembro, quando recebe também novas folhas. Os frutos amadurecem entre julho e setembro, quando a planta perde grande parte se suas folhas. É considerada uma espécie semidecídua, pois caduca parcialmente na estação seca. Caducar, também é uma expressão usada  para descrever o processo de perder as folhas, para evitar assim a evapotranspiração.  Para humanos, a correspondência mais precisa seria dizer que "caducar" seria o processo de se perder os cabelos com a idade.

Reprodução/Dispersão: O jequitibá tem um fruto lenhoso, típico da família das lecythidaceae, onde também podemos achar a Sapucaia (lembra, quebra o coco e não arrebenta a sapucaia?), e a castanha do brasil. As sementes do jequitibá possuem uma incrível estratégia de dispersão, chamada de ANEMOCORIA. Quando maduros, os frutos destacam uma tampa pela parte inferior, e as sementes saem voando, pois possuem uma membrana que possibilita seu voo. 

Existem diversas espécies na cidade, que se utilizam desta estratégia, as tipuanas, os ipês ou os  jacarandás do campo; mas a mais interessante é a ENORME semente do ARARIBÁ que chega a mais de 15 centímetros e voa. Eu conheço alguns na cidade pra você tentar achar: no Parque Ecológico tem, no Mosteiro de Itaici também, mas o mais fácil fica no Parque do Mirim no fim da subida, em frente  ao Mirante.

Chamamos de dispersão a estratégia que as plantas possuem de espalhar seus frutos e sementes, sendo que anemocoria é caracterizada pela ajuda dos ventos. Também pode ser por hidrocoria com ajuda de água ou zoocoria quando são animais que dispersam as sementes, seja ingerindo-as e defecando longe da planta, transportando de forma consciente como a cotia faz com o fruto do indaiá - ou simplesmente transportando de forma inconsciente como o picão. Quando a planta não possui dispersor externo, dizemos que é autocórica, ou seja, ela mesma dispersa.

Semente do Araribá, que também usa o vento como dispersor


Fruto do jequitibá e suas sementes aladas


Etimologia: jequitibá – do tupi guarani "jequi-ti"= o covo pontuado; "ibá" =fruto. Nome popular e genérico de árvores da ordem ericales, família das lecythidáceas. São árvores de grande porte, com até 50 metros de altura e troncos com diâmetro superiores á 5 metros. São nativas da mata Atlântica e ocorrem apenas na região sudeste do Brasil.

Esquina do Cemitério da Candelária, em frente à Mecânica Gazziola



CURIOSIDADE

Já houve várias tentativas de fazer o tombamento de árvores em Indaiatuba, mas até agora isso não se viabilizou. Já a cidade de Campinas possui um Cadastro de Árvores Tombadas como Patrimônio Ambiental, esta placa com QR code é do Jequitibá Rosa símbolo  da cidade, o "Seu Rozinha", que fica defronte a prefeitura.





Fontes: 

Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil I Harri Lorenzi. -- Nova Odessa, SP : Editora Plantarum, 2002.

https://historiadeindaiatuba.blogspot.com/2022/03/biodiversidade-em-indaiatuba.html

https://historiadeindaiatuba.blogspot.com/2020/05/6-curiosidade-sobre-historia-de.html

Dicionário de Palavras Brasileiras de Origem Indígena – Clóvis Chiaradia e Dicionário Informal



sexta-feira, 24 de junho de 2022

Museu da Água retoma programa "Trilha das Águas" com visita presencial

Ó Museu da Água iniciou, nesta semana, o Programa de Educação Ambiental “Na Trilha das Águas”, desenvolvido pelo Museu e realizado pelo Serviço Autônomo de Água e Esgotos (Saae), desde 2009, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação e também faz parte do Programa Município VerdeAzul, iniciativa do Governo Estadual.

O objetivo do Programa na Trilha das Águas é despertar a consciência ambiental, principalmente nas crianças e jovens para que eles tenham o cuidado necessário para a utilização de um recurso, como a água, tão importante para a humanidade e que tem um papel cada dia maior no desenvolvimento do Município. 

Desde março de 2020, com a pandemia da Covid 19, o programa vinha acontecendo de forma virtual nos sites do Museu e do Saae. No período: (1) foi criado um tour virtual do Museu da Água e Parque do Mirim, junto com a Secretaria de Cultura, para que todos pudessem visitar esses espaços, que tive 1300 acessos, e além disso, (2) os professores da rede municipal de ensino fizeram diversos vídeos explicativos no Museu da Água, sobre diversos temas ambientais, principalmente sobre a água, que eram disponibilizados aos alunos acessarem de casa. 

Este ano o Programa está voltado aos alunos do quinto ano do Ensino Fundamental, e iniciou com a Emeb Profª Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro, onde os educandos percorreram a exposição “Origem e Propósitos”, que mostra a formação da água em nosso planeta até sua transformação nos dias de hoje, estiveram na Sala Histórica que conta sobre o abastecimento em nossa cidade e fizeram a trilha ecológica ao redor do museu onde aprenderam sobre a importância da mata ciliar para a manutenção de um manancial, além de vivenciarem o contato com a “bica” ligada diretamente com a nascente do Cupini, que abastece nossa cidade desde 1936.


MUNICÍPIO VERDEAZUL (PMVA)

Lançado em 2007 pelo Governo do Estado de São Paulo com o propósito de medir e apoiar a eficiência da gestão ambiental com a descentralização e valorização da agenda ambiental nos municípios. 

O objetivo é estimular e auxiliar as prefeituras paulistas na elaboração e execução de suas políticas públicas estratégicas para o desenvolvimento sustentável do Estado. 

Assim, o principal objetivo do PMVA é estimular e auxiliar as prefetiruas paulistas na elaboração e execução de suas políticas públicas em dez diretivas norteadoras que abrangem os seguintes temas estratégicos: município sustentável, estrutura e educação ambiental. Conselho Ambiental, biodiversidade, gestão das águas, qualidade do ar, uso do solo, arborização urbana, esgoto tratado e resíduos sólidos.

Indaiatuba já esteve consecutivamente no 28º lugar no Ranking formado pelos indicadores do programa, mas em 2020 caiu para 80º. (Veja os ranking aqui).

HISTÓRICO DO PROGRAMA

No site do SAAE consta que, desde 2009, ano de lançamento do Programa, mais de 15 mil pessoas, entre alunos do terceiro ano do Ensino Fundamental das redes municipal e particular, universidades, empresas, associações de classe já participaram, percorrendo locais históricos do abastecimento de água de Indaiatuba, e conhecendo de perto como é feita a captação e o tratamento de água.

Conforme indica o folder do programa, (copia abaixo) o passeio começava no antigo Chafariz, no final da Rua Cristiano Steffen, no Bairro Pau Preto, uma das primeiras fontes de abastecimento de água da cidade. Do local, o grupo seguia até a Represa de Captação do Cupini, próxima à SP-75, onde fica o Museu da Água.

No local, os grupos eram recepcionados por monitores que davam uma aula aos visitantes, explicando desde a parte histórica da visita até percorrerem trilhas em um dos últimos trechos remanescente de Mata Atlântica do município, moradia de várias espécies de aves e roedores, além de conhecerem inúmeras nascentes existentes naquela área, que alimentam um dos lagos do local, de onde a água é captada para tratamento desde 1937.










quarta-feira, 9 de março de 2022

Biodiversidade em Indaiatuba

Texto de Charles Fernandes

Arquiteto e Urbanista 

 

Porque é tão difícil preservar ou reconstituir nossa vegetação nativa

Em um único estudo realizado em 3.100 m² de mata ciliar do Córrego do Brejão, afluente do Rio Capivari Mirim, foram encontradas 717 árvores, cerca de 1 indivíduo a cada 4,32 m², distribuídos em 126 diferentes espécies de 39 famílias, mostrando como é rica e diversificada a flora em nosso município. Este estudo também reflete a biodiversidade do bioma da Mata Atlântica, presente em Indaiatuba, e a dificuldade em preservá-lo ou reconstituí-lo.

Em nosso município podemos encontrar dois diferentes biomas, o da Mata Atlântica, presente em nossas matas ciliares que protegem os cursos d’água e nascentes, e fragmentos remanescentes de mata, em geral de reservas legais de propriedades rurais; e o bioma de Cerrado que se caracteriza por árvores e arbustos retorcidos e espaçados; ambos biomas ameaçados, ambos protegidos pelo Código Florestal Brasileiro de 1965.

Segundo o Programa Reflora do CNPq, somente no estado de São Paulo podem ser encontradas 1587 diferentes espécies arbóreas em seus diferentes biomas, sendo que em vegetação de mata ciliar, é possível identificar até 488 diferentes espécies, sendo 11 delas endêmicas da Região Sudeste, ou seja, que somente ocorrem aqui. Portanto podemos afirmar que uma das maiores riquezas de nossa mata nativa é sua grande biodiversidade.

A biodiversidade da Mata Atlântica presente em Indaiatuba não pode ser representada estritamente pela flora, pois cada espécie possui relações ecológicas específicas, e estratégias de reprodução e propagação que acabam por relacionar animais polinizadores ou dispersores, muitos deles especializados, e que acompanham a ocorrência destas plantas criando uma relação simbiótica, de benefício mútuo, prosperando a planta e o animal, e criando uma complexa rede. Esta característica da Mata Atlântica, também representa uma enorme dificuldade em preservar e a necessidade de conhecimento técnico para se recompor com eficácia. 

O conceito de 'Sucessão Ecológica'

Quando uma mata sofre uma degradação, gerada pela queda de um grande indivíduo, fogo ou outros fatores não antrópicos, ela inicia automaticamente um processo de regeneração, conhecido como sucessão ecológica. Podemos observar diferentes espécies ocorrendo e protegendo umas as outras, criando condições para que uma mata degradada se recupere e retorne naturalmente a uma condição equilibrada. Podemos separar as espécies de árvores da Mata Atlântica, em três (3) grandes grupos ecológicos sucessionais e, assim, melhor entender sua função na recuperação da vegetação nativa. São elas: pioneiras, secundárias e climaces.

As espécies pioneiras são as primeiras a ocorrer em áreas degradadas, em geral possuem baixa estatura e crescimento rápido, o que leva a possuir madeira muito leve e frágil e vida mais curta. Em geral, suas sementes possuem grande dormência e longevidade, são dispersadas por longas distâncias por animais, podem ficar longos períodos sem germinar e são, em geral, ativadas por luz solar. Estas espécies  possuem a função de criar proteção para os indivíduos que vêm em sequência, dos grupos de espécies secundárias e climaces. Estas por sua vez, possuem crescimento mais lento, que torna sua madeira mais resistente, proporcionando um porte maior. As espécies climaces em especial, representam o CLIMAX da floresta, e possuem grande relação de dependência com pequenos animais dispersores e insetos polinizadores. Matas com grande número de espécies climaces podem indicar preservação, enquanto sua baixa população ou ausência pode ser entendida como perda de biodiversidade e degradação.

Os animais dispersores e polinizadores possuem grande mobilidade, e evadem com facilidade um local degradado, fazendo com que, com o tempo, também pereçam as populações das espécies de flora que possuem relação ecológica com eles. Um exemplo deste desequilíbrio em Indaiatuba, pode ser representado pela quase extinção de nossa palmeira símbolo, o Indaiá (Attalea geraensis), ao ponto em que seu principal dispersor, a Cotia, que se alimenta de sua amêndoa e a enterra, também foi afugentada do município.



Cotia (Dasyprocta sp.)

A cotia possui o hábito de roer os cocos da palmeira Indaiá para comer a amêndoa. Enterra vários deles que acabam germinando. Escarificar um fruto roendo ou até mesmo ativar a semente com a digestão torna alguns animais essenciais para a proliferação de várias espécies vegetais e são chamados de dispersores.

Imagem - Pinterest


Em Indaiatuba são conhecidas as pioneiras: angico, tamanqueira, jerivá, araribá, paineira, sangra d’agua, jacandá mimoso, aldrago, aroeira mansa, embaúba e guapuruvu - sendo que suas presenças em grande número indica que houve degradação na mata, e que se encontra em processo de regeneração. Muitas espécies possuem nomes científicos que fazem alusão, em latim, a alguma característica sua e uma das espécies conhecidas por embaúba, de ocorrência comum por aqui, é a hololeuca que significa “luz branca” ilustrando como sua enorme folha brilha em meio ao dossel da mata.

Árvores conhecidas popularmente como ingá, imbira de sapo, canela, saboneteira e várias espécies de ipê, são classificadas como secundárias.  

Espécies de nossa região como o jequitibá branco, cedro, guarantã, jatobá e cabreúva, representam os estágios de climax de floresta, sendo classificadas como climaces.

Na praça Prudente de Moraes existem dois grandes indivíduos de jequitibá branco, um deles possui copa que chega a 28 metros de diâmetro, e que apesar de seu atual imponente tamanho, ainda crescerão muito mais. 

Os jequitibás plantados na Avenida Itororó e Avenida Major Alfredo Camargo Fonseca marcam uma cruz no desenho da cidade e podem ser avistados do espaço. 

Na nascente do bairro Jequitibás existe um indivíduo nativo, cujo porte ilustra o tamanho que pode alcançar. 

No jardim do Casarão do Pau Preto existem um jequitibá e um jatobá de médio porte disponíveis para visitação. 

Várias destas espécies dos três grupos ecológicos podem ser identificadas dentro da cidade de Indaiatuba, pois foram muito usadas no paisagismo do Parque Ecológico.

A pioneira Embaúba Prateada (Cecropia hololeuca)

Foto: divulgação Parque Ecológico Imigrantes



Uvaia (Eugenia pyriformis)

Myrtaceae é uma numerosa família de espécies de árvores frutíferas nativas de nossa região como a goiaba, uvaia, araçá, gabiroba, cereja do mato, pitanga, jabuticaba,  entre tantas outras. São espécies muito apreciadas pela fauna, em especial de pássaros, formando  importantes vínculos de dispersão.
Imagem: divulgação Jardineiro.net


A ação do homem que degrada e a ação do homem que regenera

Em muitas situações, a ação do homem causa degradação tamanha que a mata não possui condições de se regenerar por meios próprios, tão pouco de estabelecer um ponto de equilíbrio alternativo, e passa a definhar tendendo a desaparecer caso a agressão seja severa e incessante. 

Nestas situações torna-se necessário a aplicação de processos de revegetação usando técnicas que imitem a regeneração natural das florestas. Uma das técnicas mais usadas em nosso município é o de consórcio ecológico, onde são plantadas, simultaneamente, espécies dos três grupos ecológicos, pioneiras, secundárias e climaces, em proporções e populações específicas, onde rapidamente (para uma planta, é claro), e com certos cuidados de manejo, as pioneiras formam um dossel eficiente que protege as espécies de crescimento mais lento. 

Um exemplo a ser observado em Indaiatuba, de uma recomposição realizada em 2015 pelo SAAE, para criar uma nova mata ciliar para o novo reservatório de abastecimento de água do Rio Capivari Mirim, foi o chamado Mega-Plantio. Em especial na margem campineira do Parque do Mirim, ao norte do reservatório, podemos observar hoje, a grande quantidade de árvores de diferentes espécies, e como algumas tiveram rápido e grande desenvolvimento, enquanto outras crescem mais lentamente, mas protegidas do sol, vento e outros intempéries.

Outros exemplos podem ser observados no Programa de Conservação e Recuperação de Nascentes , também do SAAE, que visa, com a revegetação, preservar os vertedouros que abastecem nossos cursos d’água, mantendo e aumentando nossos recursos hídricos.  

O Programa de Conservação e Recuperação de Nascentes faz parte das diretivas do Programa Município Verde a Azul, e sua efetivação, além de proporcionar benefícios ecológicos para a cidade, protegendo ecossistemas, pode dar acesso a linhas de crédito para projetos ambientais e de recursos hídricos com fundos estaduais.


A invasão das exóticas


Chamamos de exóticas, as espécies que não são nativas de determinada região, que não nascem naturalmente naquele local, ou que foram trazidas pelo homem, de outros locais, para fins agrícolas ou ornamentais. Ter uma beleza advinda da flora estrangeira pode, em algumas situações, proporcionar desequilíbrio quando esta espécie prolifera e ocupa o lugar de espécies nativas. Atualmente o maior invasor da região é a leucena, originária de regiões a sul do continente, foi trazida para servir de forrageira para gado na região centro-oeste e já invade quase todo o Estado de São Paulo corrompendo ecossistemas e criando matas estéreis onde somente ela prospera.

Usar demasiadamente espécies exóticas em projetos paisagísticos de parques ou mesmo arborização urbana, próximos a matas nativas, também pode gerar degradação devido ao poder de propagação destas espécies, ao ponto em que utilizar espécies nativas nestas situações pode colaborar com dispersão de sementes ajudando a proteger a biodiversidade local. 

"Muitas vezes é uma escolha simples e óbvia, se há a opção entre uma espécie nativa e uma espécie exótica, espero ter ilustrado dezenas de razões para optar por uma que seja natural de Indaiatuba."

Atualmente existem  estudos relacionados, e resoluções da Secretaria de Meio Ambiente do estado que determinam quais espécies são aceitas e indicadas em projetos de revegetação nativa em nossa região, para que se mantenha a biodiversidade de nossas matas, tanto de flora quanto de fauna dispersora e polinizadora. E o Plano Municipal de Arborização Urbana em vigência desde 2015, indica dezenas de espécies próprias para uso nas ruas e parques urbanos, e que poderiam proporcionar excelente integração com nossas matas nativas.

Mais importante do que marcar ponto efetivando um plantio, é ter a certeza da eficácia da revegetação na reconstituição ou preservação dos ecossistemas locais através da utilização de técnicas adequadas e sobretudo respeitando a biodiversidade da região.


Cambacica (Coereba flaveola)

Ave de grande ocorrência em Indaiatuba, seu bico é especializado para beber o néctar das flores das matas, tornando-se importante polinizadora nativa.

Foto. Wikipedia 

Fontes:

DEMARCHI, Layon Oreste. Florística e fitossociologia da comunidade arbustivo-arbórea em um trecho de floresta estacional semidecidual Ribeirinha no município de Indaiatuba, SP. 2010. 66 f. Trabalho de conclusão de curso (Ecologia) - Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências de Rio Claro, 2010. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/118862>.


REFLORA.

http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/PrincipalUC/PrincipalUC.do?lingua=pt


Matas Ciliares: Conservação e Recuperação / editores Ricardo Rodrigues, Hermógenes de Freitas Leitão Filho. – 2ª ed. – São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: Fapesp,2001.


quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Florística e fitossociologia da comunidade arbustivo-arbórea em um trecho de floresta estacional semidecidual Ribeirinha no município de Indaiatuba, SP

 

Resumo

As formações ribeirinhas são caracterizadas como um mosaico vegetacional complexo, definido principalmente pelo histórico de evolução da paisagem regional, que se expressa nas condições topográficas locais. A mata ribeirinha estudada encontra-se dentro dos domínios da Floresta Atlântica de interior, denominada Floresta Estacional Semidecidual, que constitui-se no tipo florestal mais rápida e extensamente devastado em toda a sua área de ocorrência natural. Atualmente a vegetação remanescente nativa encontra-se em fragmentos, sendo a queda da biodiversidade um dos aspectos mais graves da fragmentação florestal. O presente estudo tem como objetivo principal caracterizar florística e fitossociologicamente a comunidade arbustivo-arbórea presente na faixa ciliar de um fragmento de aproximadamente 50 ha, no município de Indaiatuba, SP. O método fitossociológico empregado foi o de parcelas além de coletas aleatórias complementares para a florística. O critério de inclusão para os indivíduos foi de PAP ≥10 cm, servindo tanto para amostrar indivíduos arbóreos quanto arbustivos. Foram levantadas ao todo 126 espécies distribuídas em 39 famílias. No levantamento fitossociológico amostrou-se 717 indivíduos onde constatou-se 101 espécies e 37 famílias. As espécies mais importantes em VI foram Croton piptocalyx, Myrciaria cf. floribunda e Sebastiana commersoniana, as famílias mais importantes tanto em número de espécies quanto de indivíduos foram Euphorbiaceae, Myrtaceae e Rutaceae. O índice de diversidade (H’), de 3,591, ficou dentre o esperado para Florestas Estacionais Semideciduais. Em relação às comparações florísticas, a área mais similar ao presente estudo foi a Mata do Ribeirão Cachoeira em Campinas, SP, seguidas pela Mata São José em Rio Claro, SP, e outras duas áreas ciliares em Ipeúna e Caconde, ambas no Estado de São Paulo.


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segunda-feira, 4 de outubro de 2021

TURISMO RURAL E O CIRCUITO DAS FRUTAS EM INDAIATUBA

RESUMO: O Turismo é uma importante fonte de renda para as cidades, quando se tem atrações que agrada a todos. Na RMC (Região Metropolitana de Campinas), o Circuito das Frutas é um projeto para alavancar o Turismo Rural na região, promovendo festas e exposições de frutas. 

Cada cidade faz seu marketing em relação às frutas, como exemplos têm a festa do figo de Valinhos, festa da uva em Jundiaí, Louveira, Vinhedo e festa do morango de Atibaia entre outras, o que atrai visitante, pois são festas conhecidas em todo o estado de São Paulo. 

Para os produtores de frutas, o Turismo Rural, vai abrir as portas para que a suas propriedades sejam visitadas e assim poderem vender seus produtos diretamente para o turista. Indaiatuba também faz parte do Circuito das Frutas e produz frutas para atrair o turismo para a cidade e trabalha para que o produtor permaneça em suas propriedades, cultivando frutas e não perder espaço para o avanço imobiliário. 

Palavras–chave: Circuito das Frutas, Turismo Rural.


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segunda-feira, 13 de setembro de 2021

MAPEAMENTO E ANÁLISE DO USO DA TERRA NAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APP) NO MUNICÍPIO DE INDAIATUBA (SP)

Introdução 

O município de Indaiatuba localiza-se a 90 km de distância da capital do Estado de São Paulo e possui 311,55 km² (SEADE, 2015). Apresenta taxa de urbanização de 98,99% e população de 225.974 habitantes (SEADE, 2015). É detentora de um PIB de R$ 6.163,1 milhões, PIB per capta de R$ 29.251,14 e um IDHM de 0,788 (SEADE, 2012 e 2010). 

Este passou a chamar a atenção por seu rápido crescimento populacional, que nos últimos 45 anos, alcançou taxas médias de crescimento acima da média de Campinas, principal município da região, e de toda Região Metropolitana. 

 A acentuada expansão de sua mancha urbana que vem alterando o uso da terra, bem como expandindo as formas de uso da terra tipicamente urbanas, traz como consequência o avanço sobre o meio natural, que inevitavelmente gera impactos socioambientais. 

Sendo assim, através do mapeamento e análise das Áreas de Preservação Permanente, que são áreas que desempenham importantes papéis ecológicos, almejou-se descobrir se existem impactos ambientais acarretados por essa intensa expansão urbana e, através dos resultados obtidos, desfrutar das informações produzidas para a construção de um conhecimento mais profundo sobre a dinâmica ambiental e urbana de Indaiatuba.


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Terra pitoresca, terra das palmeiras: a distribuição geográfica da palmeira indaiá no município de Indaiatuba (SP).

Resumo em Português

O presente estudo procurou evidenciar a distribuição geográfica da palmeira indaiá (Attalea geraensis Barb. Rodr.) em Indaiatuba (SP). Trata-se uma palmeira, em geral, de caule curto, típica de cerrado e que apresenta diversas utilidades ornamentais e culinárias. A área de estudo pertence à região metropolitana de Campinas e possuiu um dos maiores PIB desse aglomerado. Em sua vegetação, havia o predomínio da Mata Atlântica, além da presença de pequenas áreas do Cerrado. O indaiá era tão abundante que influenciou a toponímia do município: indaiá (palmeira) e tuba (aglomerado), ou seja, local com muitos indaiás. Com o passar das décadas, a alteração da vegetação, o consumo exacerbado do palmito da palmeira e a omissão do poder público, ocasionaram a degradação da espécie. Foi realizada uma revisão da literatura em busca de registros da espécie na região estudada. A sua fartura e utilidades foram relatadas em entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espécie, foi à geração que viveu a infância na época em que a cidade ainda era um mar de palmeiras. Pelos relatos, a A. geraensis estava amplamente distribuída nos antigos bairros do município, no entanto, parecia estar mais presente na Cidade Nova. Em 2017, foram encontrados 11 indivíduos, eles foram mapeados a fim de facilitar as suas localizações pela população de Indaiatuba. Além disso, encontraram-se outras 12 A. geraensis, provavelmente de ocorrência natural.

Título em Inglês: Picturesque land, land of palm trees: the geographic distribution of the Indian palm tree in the municipality of Indaiatuba (SP).

Resumo em Inglês

The present study sought to show the geographic distribution of the Indaiá palm (Attalea geraensis Barb. Rodr.) In Indaiatuba (SP). It is a palm tree, generally of short stem, typical of cerrado and that presents / displays diverse ornamental and culinary utilities. The study area belongs to the metropolitan region of Campinas and has one of the largest GDP of this cluster. In its vegetation, there was the predominance of the Atlantic Forest, in addition to the presence of small areas of the Cerrado. The indaiá was so abundant that it influenced the toponymy of the municipality: indaiá (palm) and tuba (agglomerate), that is, place with many indaiás. With the passing of the decades, the alteration of vegetation, the exacerbated consumption of the palm heart of the palm tree and the omission of the public power, caused the degradation of the species. A review of the literature was carried out in search of records of the species in the studied region. Its abundance and utilities were reported in interviews with people who had contact with the species, it was the generation that lived the childhood in the time when the city was still a sea of palm trees. By the reports, the A. geraensis was widely distributed in the old districts of the municipality, nevertheless, seemed more present in the Cidade Nova. In 2017, 11 individuals were found, they were mapped in order to facilitate their locations by the population of Indaiatuba. In addition, another 12 A. geraensis, probably of natural occurrence were found. 


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quinta-feira, 21 de maio de 2020

6ª curiosidade sobre a História de Indaiatuba - (conteúdo na pandemia do COVID-19) - O ser vivo mais antigo de Indaiatuba

Para auxiliar com conteúdo bacana neste período de isolamento social o blog História de Indaiatuba irá publicar "curiosidades" sobre a História de Indaiatuba com mais frequência, para colaborar na aprendizagem ou mesmo distração dos indaiatubanos, ao mesmo tempo em que se divulga conteúdo sobre nossa História, Memória e Patrimônio.

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6ª curiosidade sobre a História de Indaiatuba

O ser vivo mais antigo de Indaiatuba




Os grandes Jequitibás Brancos, que estão plantados nos canteiros centrais da Avenida Itororó e da Avenida Major Alfredo Camargo Fonseca, podem ser vistos até do espaço e são da espécie de um dos seres vivos mais antigos da nossa zona urbana.



Cruzeiro de Jequitibás  das Avenidas Itororó e Major Alfredo Camargo Fonseca


A urbanização destas duas vias foi incrementada pela então Área Industrial da cidade onde cotonifícios e outras indústrias instalaram-se desde a Rua 24 de Maio, até a Avenida Itororó, tendo como um de seus limites a Avenida Major Alfredo Camargo Fonseca. 

Pelo porte desses jequitibás, estima-se que possam ter mais de 100 anos e podem ter sido plantados no final do século XIX e XX, talvez em data próxima da implementação do Cemitério da Candelária. O que pode ser afirmado é que na mesma época foram plantados jequitibás brancos por mais locais da cidade; além destes, que formam essas alamedas colossais,  destacam-se dois outros encontrados na Praça Prudente de Morais; um ao lado do coreto, outro em frente ao antigo Cine Rex, atual Bradesco;  e outro muito grande, no Jardim do Casarão Pau Preto, que está tombado. 

Existe ainda um outro Jequitibá, especial, localizado em uma área de preservação permanente (APP) próximo ao Bosque do Saber, tão grande e vistoso, que deu nome a seu bairro, o Jardim Jequitibá. Ele possui uma copa de cerca de 30m de diâmetro, e mais de 20m de altura ou o equivalente a um prédio de sete andares. Pelo seu porte ele pode ser apontado como o ser vivo mais antigo de Indaiatuba, ou melhor, pode, até estudos mais profundos, ser o maior concorrente a tal título tendo centenas de anos.

Jequitibá do Jardim Jequitibá - possivelmente o habitante mais antigo de Indaiatuba

Outros indivíduos de mesma altura e tronco que supera o diâmetro de 1.50m tiveram idade avaliada em centenas de anos, então possivelmente esta árvore também seria o mais antigo ser vivo da cidade e um dos poucos remanescentes da Mata Atlântica que forrava originalmente grande parte da área onde hoje é o município de Indaiatuba.

Existem hoje dezenas de novos jequitibás, plantados recentemente, em parques públicos, e que ainda não se destacam na paisagem, passando despercebidos para quase toda a população. Com muita sorte, em algumas dezenas de anos, poderemos ver muitas outras novas formações arbóreas do espaço, marcando o desenho da cidade de Indaiatuba.


Sobre o Jequitibá:
Em 28 de novembro de 2018 o vereador Alexandre Peres indicou o tombamento daquela que pode ser o mais antigo habitante de nossa cidade. Ainda a Fundação Pró-Memória não se posicionou sobre a preservação da mesma. Leia mais sobre essa proposição aqui:
https://sapl.indaiatuba.sp.leg.br/pysc/download_materia_pysc?cod_materia=MjU2ODk=&texto_original=1

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