terça-feira, 20 de março de 2018

Nabor Pires de Camargo - Biografia e Links

autor do texto: ABEL CARDOSO JUNIOR
in 'Recordações de um clarinetista' 
livro de Nabor Pires Camargo (2000)


Nabor Pires de Camargo nasceu em Indaiatuba, SP, em 9.2.1902, e faleceu em Mococa, SP, em  3.10.1996.  Era  o  sétimo  filho  de  um  comerciante  e  criador  de  gado.  Descendia  de  antigas famílias paulistas. O escritor e folclorista tieteense Cornélio Pires costumava dizer a Nabor que eles eram primos distantes. 

Nabor  começou  na  música  com  nove  anos,  praticando às  escondidas  na  clarineta  de  um irmão. Depois recebeu lições de um mestre, que chegou em Indaiatuba para formar uma banda de crianças, na qual foi admitido. 

Com dezenove  anos, em  1922,  foi  para São  Paulo  estudar  no  Conservatório  Dramático  e Musical.  Trabalhou  acompanhando  filmes  mudos  num  cinema  de  bairro  e  depois  nos  cinemas 
centrais por haver demonstrado competência. 

Vinha compondo desde criança e, no final dos anos 20, assinou um contrato com a editora Irmãos Vitale,  com  a duração de 28 meses  sob o  compromisso de entregar  uma  música por mês, tendo sido Triste separação a primeira. 

Gravou suas primeiras músicas na pequena gravadora Brasilphone de São Paulo, em 1927: os sambas No meu sertão, por Pilé, e Lágrima de caboclo, por  A. Longo.  

No mesmo ano, na gravadora  Imperador, também de São Paulo,  Artur  Castro  gravou  seu samba O cavanhaque do bode e o maxixe Mamãe me leva. O cinema falado,  que chegou em  São Paulo em 1929, da noite para o dia, provou grande desemprego entre os músicos, restando a Nabor tocar em orquestras patrocinadas por mecenas paulistanos. A remuneração era pequena, mas valia pela possibilidade dele desenvolver-se na música clássica. 

Em 1929, na recém-inaugurada Colúmbia de São Paulo, gravou com João Cibella sua valsa Rosa, Rosa ( c/ Dicas) e com João Gentiluomo o samba Caboclo saudoso.  

Obteve  o 2º prêmio  no  concurso  promovido  em  São  Paulo  pela  Associação  Nacional  dos Negociantes e  Editores de Música com a  canção Por que  te dei  meu coração,  gravada por  Jorge Fernandes na Parlophon, em 1930. 

Arnaldo Pescuma, em 1931, gravou na Colúmbia seus samba Foi castigo. Nesse ano, solando sua clarineta, lançou  pela  Victor sua  mais famosa  composição  a  valsa-choro  Caindo  das  nuvens, gravada no estúdio que havia na Praça da República  de São Paulo. O nome surgiu-lhe quando um músico,  atrapalhado com a  dificuldade  da  execução,  disse  que  se  sentia  como   que  “caindo das nuvens”. No outro lado desse disco, tocou seu choro Matando saudades.

Ainda em 1931, gravou músicas suas em  vários  discos da Ouvidor  e  Arte-Fone,  ambas de São Paulo, esta instalada, nesse ano, na Rua Hípia, na Moóca e tendo como diretor-artístico Alberto Marino.  Um  desses  discos  foi  gravado  pelo  Trio  Antenógenes  Silva  (Antenógenes-Vicente Lima-Nabor). 

Nessa  ocasião,  os  Irmãos  Vitale  começaram  a  editar os  álbuns  Choros  do  Nabor,  para  o estudo de clarineta, flauta, saxofone e violino. Até 1946, foram 10 álbuns, cada qual com 10 choros.

Em 1934 gravou na Colúmbia suas músicas Venenoso, choro, Último amor, valsa, e, com o Sexteto Camargo, Luar de minha terra, valsa, e Cavando a vida, choro.

Em 1935, para o carnaval Raquel de Freitas gravou seu samba Só pra machucar.

Nesse ano, ingressou como 2º clarinetista da Orquestra Sinfônica Municipal, um  ano depois por  concurso  passando  a  1º clarinetista,  e  nela  se  aposentando.  Esteve  sob  a  regência  de Villa-Lobos, Souza Lima, Eleazar de Carvalho e outros, inclusive os estrangeiros que passaram por São Paulo, como Toscanini e Stravinski. Só em 1954  veio a conhecer com a Orquestra a cidade do Rio de Janeiro, que aí se apresentou pela comemoração do 4º Centenário da capital paulista.

Ganhou 16 prêmios em concursos musicais. Seu samba Vá carregar piano levou o 1º prêmio da categoria, no concurso carnavalesco de 1936 da Prefeitura paulistana, sendo gravado na Victor por Januário de Oliveira e Arnaldo Pescuma. Nesse ano, gravou em solo de clarineta, na Colúmbia, 
de sua autoria, Implorando o teu amor, valsa, e Soluçando, choro.

No carnaval de 1938, gravou a marcha Vem meu bem, com Nestor Amaral, Garota, samba, com Januário de Oliveira, e De tostão em tostão, marcha, com Alzirinha Camargo.

Lecionou clarineta, saxofone e piano. Em 1948, por encomenda dos Irmãos Vitale, preparou um  Método  para  Clarineta,  aprovado  e  recomendado  pelo  Conservatório  de  São  Paulo,  que  se tornou o mais vendido do Brasil e continua em catálogo. Para a Casa Manon, escreveu dois métodos 
para saxofone.

 Em 1948, a Orquestra Fon-Fon gravou na Odeon seu choro Tupy

Pela  continental,  em  1964,  lançou  seu  único  LP,  chamado  Velha  Guarda,  sendo acompanhado por Caçulinha (acordeão) e Poli (violão) entre outros, o qual foi reeditado, em 1988, por Silva & Penna ( Foto e Vídeo), de Indaiatuba.

Em 1929, compôs o Hino Indaiatubano, oficializado em 1974. Em 1975 fez a canção Luar de Indaiatuba, com versos da poetisa Cleonice Mattioli Camargo, sua esposa. Sua última obra foi a peça-bailado Ara-erê-uçu (Grande dia de festa), com texto  de  D. Cleonice,  sobre  a formação do povo de sua terra, encenada.

Entre os  instrumentistas,  chorões  e estudantes  de música  de  todo  o Brasil,  o indaiatubano Nabor Pires Camargo continua a ser um dos referenciais mais importantes e mais lembrados.

Partituras de Nabor, do Arquivo Público "Nilson Cardoso de Carvalho" da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba. Clique para vê-las e/ou para ouvi-las:


(Ajude a compor o repositório abaixo, indicando links)


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