terça-feira, 24 de maio de 2016

Indaiatuba do açúcar

Texto do Dr. Carlos Gustavo Nóbrega de Jesus
Originalmente publicado na Tribuna de Indaiá.

No século XVII e começo do XVIII, a região de Itu se destacava por ser a "boca do sertão", ponto de partida das expedições de caça ao índio. No decorrer deste mesmo século XVIII, Itu estava prestes a se tornar a "Vila mais rica de toda a província de São Paulo, destacando-se na importante participação política e na economia, em função dos negócios de exportação de açúcar para a Europa" (ALVES, 2007, p.12).
Pode-se dizer que a produção açucareira teve lugar de destaque em Itu nesse momento, prática que refletia o resultado da política de ocupação e revalorização da Capitania de São Paulo feita pelo seu Capitão General e Governador, Dom Luis Antonio de Sousa Botelho, o Morgado de Mateus.
Localizada no "quadrilátero do açúcar", território entre Campinas, Sorocaba, Jundiaí e Mogi Mirim, Itu passou a produzir, depois da metade do século XVIII, açúcar em grande escala, inclusive se tornando um polo exportador. Situação que, automaticamente, também se refletiu na produção das fazendas da futura Indaiatuba.
Pesquisas recentes feitas pela equipe do Pró-Memória no Arquivo Municipal e no Arquivo do Museu Republicano de Itu, mostram que também tivemos aqui uma grande produção açucareira. Situação que se estendeu até o XVIII, quando Indaiatuba já deixara de ser bairro e tinha se tornado Freguesia de Itu, como bem atesta Scyllas Sampaio (1998, p.152), na seguinte passagem: "a produção de açúcar foi a grande riqueza do município de Indaiatuba (...) onde houvesse rio, córrego ou ribeirão ou água suficiente para mover uma 'roda d água', lá se instalava um engenho para o fabrico de açúcar, assim como também de aguardente".
Mas quem produzia açúcar em Indaiatuba? Quais os locais dos Engenhos?
Segundo alguns historiadores, a Fazenda Engenho D'Água, localizada hoje no Bairro Morada do Sol, foi uma das primeiras a produzir açúcar na nossa cidade. Localizada nas margens do ribeirão Indayatuba (depois denominado Barnabé, em virtude de, no começo do XX, uma família de imigrantes italianos com tal sobrenome ter comprado a fazenda) tirava deste leito a energia para o seu Engenho. (PAIVA, 1998, p.75 e KOYAMA, 2011, p. 28).
Dentre os registros na documentação primária pesquisada, a informação levantada é a de que, nessa época, a fazenda pertencia à família Almeida Prado, precisamente a Francisco de Paula Almeida Prado, irmão de José Almeida Prado, o Jica, e Tibiriçá Piratininga pai. Família que, de acordo com tais documentações, tivera um papel econômico e político preponderante na nossa cidade. Mas essa história é assunto para uma próxima coluna.

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