quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Rua Nhô Hortêncio

Trata-se de uma homenagem de um dos raros personagens da história da escravização de pessoas negras em Indaiatuba, mais especificamente homem que representa o processo de transição do trabalho escravo para o trabalho livre, tema que tem despertado muitas pesquisas. 

Ex-escravo, Nhô Hortêncio era dono de um semblante alegre, mas enérgico. Muito religioso, pertencia à Irmandade de São Benedito. Algumas vezes por ano, vindo do Bairro Santa Cruz, aproveitava as tardes de domingo para percorrer a vila carregando uma imagem de seu amado santo numa capelinha de madeira.

Uma das poucas coisas que tiravam esse preto velho do estado de graça , era falar sobre filmes perto dele. 

O velho Hortêncio achava a sétima arte, invenção do demônio. 

Sabendo disso, a molecada o infernizava com coisas que haviam visto no cinema. 

Dilermando Pedroso de Barros relembra desse personagem em seu livro Lembranças da Mocidade: 

Nhô Hortêncio era para nós uma figura histórica: já bem velhinho usando bengala, um paletó surrado e chapéu de copa alta sem o costumeiro vinco, que abrigava seus cabelos embranquecidos. Andando devagar vinha a pé "doutro lado", até a cidade. Homem pequeno, de olhar inteligente, era uma visita costumeira que nos habituamos a ver". 

Dá para mensurar o quanto esse personagem era amado pela população. 

Seu falecimento foi noticiado na edição de 3-4-1938 do jornal O Indaiatubano. 

 A nota, entre outras coisas diz: 

 "... Estava elle no Hospital Augusto de Oliveira Camargo tratado com todo carinho pelas piedosas irmãs e abnegados médicos. [...] Morreu santamente, recebeu todos os sacramentos da Igreja. 'Bem-aventurados os que morrem no Senhor".

Nhô Hortêncio foi homenageado com a Lei Municipal número 7531 de 17 de dezembro de 2020, cujo conteúdo completo você pode ler aqui.


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