segunda-feira, 14 de agosto de 2023

CLEONICE MATTIOLI CAMARGO SERÁ NOME DE PRAÇA

Na Sessão Plenária de hoje, 14 de agosto de 2023, o vereador Du Tonin apresentou um Projeto de Lei para fazer uma homenagem póstuma para CLEONICE MATTIOLI CAMARGO, autora da da letra de "Luar de Indaiatuba", conhecida como o "segundo hino de indaiatuba". 

O Projeto de Lei - que nomeia a a área de lazer do Jardim Regente como "Praça Cleonice Mattioli Camargo" será votado pelos demais vereadores e seguirá para sanção do prefeito Nilson Alcides Gaspar.

 

Quem foi Cleonice Mattioli Camargo

POETISA, autora da letra da música “Luar de Indaiatuba” (1975) cuja melodia foi composta por seu marido Nabor Pires Camargo

 



Cleonice e  Nabor (s/data) no piano de Nabor que foi doado, junto com seu acervo, para a Fundação Pró-Memória onde foi, por um tempo, usado pela Sociedade Cultural Cantátimo


Cleonice Mattioli Camargo nasceu em São Paulo- SP, no em 6 de novembro de 1915 e faleceu em 25 de fevereiro de 2009, no município de Mococa, SP.(1)

Filha (2) de Alberto Mattioli e Josephina Rodrigo Botet Mattioli, irmã de Celina Mattioli Mendes (casada com Francisco Silveira Mendes) e Cybelli Mattioli.

Casou-se em 1934 com o famoso clarinetista e maestro indaiatubano Nabor Pires Camargo, com quem teve uma filha, Marizaura de Camargo. (3)

O casal viveu junto sessenta e quatro anos, sobre os quais ela escreveu que acompanhou 

“a vida artística de meu marido e sei o quanto ele lutou para conseguir concretizar o que havia planejado em sua adolescência. Felizmente, foi um vencedor!” (4)

Nabor gravou uma música com o nome “Clarice” que foi gravada e compõe um disco gravado pelo músico.(5)

Cleonice sempre gostou de escrever, e não só poesias e poemas. Durante a vida do marido Nabor, ela fez muitos manuscritos sobre as memórias dele e de seus feitos, incluindo prêmios. Seus manuscritos contribuíram para a produção da biografia de Nabor, entre eles um texto que foi reescrito por Fernando Martins Gomes, onde ela narra os três primeiros bailes que Nabor tocou (6). Por esse cuidado em registrar fatos biográficos em diários, o próprio maestro Nabor adquiriu o hábito, a ponto de lançar o livro “Recordações de um clarinetista” (7). 

 

“Poucos músicos em nosso país tiveram a preocupação de registrar suas próprias memórias. Nabor, felizmente, estimulado por D. Cleonice, sua mulher e reconhecida poetisa, teve esse cuidado, razão pela qual podemos ter aqui o relato de sua vida, desde a infância, no alvorecer do século, até seu êxito na capital paulista, tanto no gênero popular como na chamada música clássica, como integrante de orquestra sinfônica. ”

 

Por ter composto a letra da música “Luar de Indaiatuba” - que para muitos é o “segundo Hino de Indaiatuba” - e outras peças musicais através de seu legado literário, D. Clarice, como era chamada, é merecedora de uma homenagem póstuma com seu nome eternizado em um próprio municipal.

 

       LUAR DE INDAIATUBA

 

A lua está tão linda! Tão linda, cor de prata!

Luar assim, é um desafio ao trovador;

Luar assim, é um convite à serenata...

E serenata é confissão de um grande amor!

.

Hoje aqui estou... quero cantar pela cidade

Para evocar outras mil noites como esta,

Este luar me inunda a alma de saudade,

Foi a saudade que inspirou minha seresta

 

Já pode o coração dizer hoje sem medo

Quanta ternura ele sentiu, e ele não disse;

Só por querer que nosso o amor fosse segredo

E que ninguém, ninguém soubesse... ninguém visse.

 

Oh, não zombeis vós, que escutais em meu cantar

O desfilar das melodias prediletas,

Se canto assim, e porque eu não sei chorar,

Porque cantando é que choram os poetas!

 

A lua, em outras plagas, brilhando na amplidão

Pode inspirar canções de rara suavidade,

Porém, ninguém pode cantar sobre esse chão,

Melhor do que eu, com mais amor, com mais saudade.

 .

Parai ó ventos, e impedi que lá nos céus,

Uma só nuvem, nesta noite, desça ou suba

Deixai que a lua, grande lâmpada de Deus

Fique brilhando sobre a nossa Indaiatuba!

 

Em 1985, o casal, que morou praticamente a vida toda em São Paulo, retornou para Indaiatuba. Dois anos mais tarde, tiveram a oportunidade de presenciar a segunda montagem de Ara Erê Uçú – o grande dia de festa. Essa obra-bailada chamada Ara-erê-uçu (outra forma de grafar), que significa “GRANDE DIA DE FESTA”, foi a última obra composta por Nabor, com texto de D. Cleonice, sobre a formação do povo de nossa Indaiatuba, encenada. O espetáculo consiste num bailado que conta a história de Indaiatuba desde o seu nascimento. A primeira montagem de Ara Erê Uçú aconteceu em 1976, a segunda ocorreu em 1987. O casal permaneceu na cidade até o final da década de 1980, quando então se mudou para Mococa onde Nabor faleceu, em 3 de outubro de 1996, aos 94 anos de idade, sendo sepultado em Indaiatuba e Cleonice em 2009.



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(1) Informações sobre o óbito advinda do OFÍCIO DE REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS E INTERDIÇÕES E TUTELAS -  Livro 053, Folha 0029V, Termo 0013194.

 

(2) Informações sobre a família advinda do obituário da mãe Josephina Rodrigo Botet Mattioli, publicado no jornal Correio Paulistano de 11 de março de 1939, ano LXXXV, número 25463, página 4.

 

(3)  BERNARDO, Marco Antônio. Nabor Pires Camargo – Uma biografia musical. São Paulo: Irmãos Vitale, 2002.

 

(4) Palavras de Clarice Mattioli Camargo, publicadas no livro “Recordações de Um Clarinetista” (2000) Coleção Crônicas Indaiatubanas - publicado pela Fundação Pró-Memória de Indaiatuba.

 

(5) Nesse “long play” (Nabor usava esta palavra) foram gravadas as seguintes músicas: “Cleonice”, “Denise”, “Lúcia Helena”, “Nilza”, “Saudade de Mococa”, “Velha amizade” (valsas), “Chorinho da velha guarda”, “Indaiatuba querida”, “No rancho da coroa”, “Vá carregar piano”, “Totorito pescador”, “Polca da princesa”. Essas doze músicas também foram impressas pela Editora Arlequim.

(6) Texto disponível em https://historiadeindaiatuba.blogspot.com/2017/06/os-tres-primeiros-bailes-em-que-nabor.html

 

(7)  Livro lançado pela FUNDAÇÃO PRÓ-MEMÓRIA DE INDAIATUBA, da Coleção “Crônicas Indaiatubanas” no ano 2000.






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