segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

NOTA DE ALERTA À SOCIEDADE

NOTA DE ALERTA DA USP -DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA DA FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

A TV Escola é um canal do Ministério da Educação que tem por objetivo formar a opinião pública e capacitar os professores do sistema educacional brasileiro em diferentes áreas.


Em recente acordo com a empresa LHT HIGGS, a TV Escola iniciou a transmissão da série “Brasil: a última cruzada”. São seis episódios supostamente dedicados à História do Brasil, que foram inicialmente publicados na plataforma do YouTube entre 2017 e 2018.

A série é, de fato, uma peça de propaganda ideológica de um grupo extremista.

Profissionais sem trabalhos de pesquisa e sem formação específica em História dedicam-se a construir uma narrativa fantasiosa, equivocada e preconceituosa do processo de colonização do Brasil. É uma produção alheia aos métodos avalizados pelas instituições e profissionais que têm trabalhado com afinco durante muitos anos.

O objetivo da série é defender uma posição política de extrema direita, alinhada com o pensamento do atual grupo que exerce a Presidência da República e sua guerra particular contra a cultura e o conhecimento científico.

Não se trata de uma série com “visão ideológica de direita e conservadora”, como considerou a Folha de São Paulo (09.12.2019). Efetivamente, a série apresenta uma narrativa negacionista, sem lastro em pesquisas historiográficas reconhecidas pela comunidade científica, produto - como afirmou o historiador Pierre Vidal-Naquet no livro Os assassinos da memória - de uma seita “minúscula mas obstinada”, que “dedica todos os seus esforços e emprega todos os seus meios… para destruir, não a verdade que é indestrutível, mas a tomada de consciência da verdade”.

Para agravar ainda a situação de desmonte das instituições culturais, no momento em que redigimos esta Nota recebemos a lamentável notícia de que o Ministério da Educação pretende não renovar o contrato de gestão que permite a TV Escola funcionar.

Docentes, pesquisadores e alunos do Departamento de História da Universidade de São Paulo manifestam sua indignação com a autorização para que versões mentirosas e sem nenhum amparo na ampla e responsável produção historiográfica nacional e internacional sejam transmitidas em um canal voltado para a formação de docentes, mas também da população em geral.

Profa. Dra. Ana Paula Torres Megiani
Profa. Dra. Antonia Terra de Calazans Fernandes
Prof. Dr. Carlos Zeron
Prof. Dr. Carlos Roberto F. Nogueira
Prof. Dr. Carlos de Almeida Prado Bacellar
Prof. Dr. Daniel Strum
Prof. Dr. Eduardo Natalino dos Santos
Prof. Dr. Elias Thomé Saliba
Prof. Dr. Everaldo de Oliveira Andrade
Prof. Dr. Francisco Alambert
Prof. Dr. Francisco Carlos Palomanes Martinho
Profa. Dra. Gabriela Pellegrino Soares
Prof. Dr. Horácio Gutiérrez
Profa. Dra. Iris Kantor
Prof. Dr. Jorge Luis da Silva Grespan
Prof. Dr. José Antonio Vasconcelos
Prof. Dr. José Geraldo Vinci
Profa. Dra. Leila Leite Hernandez
Prof. Dr. Lincoln Secco
Prof. Dr. Luiz Bernando Pericás
Prof. Dr. Marcelo Rede
Prof. Dr. Marcos Napolitano
Profa. Dra. Marina de Mello e Souza
Prof. Dr. Marcos Silva
Profa. Dr. Maria Cristina Pereira
Profa. Dra. Maria Cristina Cortez Wissenbach
Profa. Dra. Maria Helena Pereira Toledo Machado
Profa. Dra. Maria Helena Rolim Capelato
Profa. Dra. Marcia Regina Barros da Silva
Profa. Dra. Mary Anne Junqueira
Profa. Dra. Miriam Dolhnikoff
Prof. Dr. Osvaldo Coggiola
Prof. Dr. Ozias Paese Neves
Prof. Dr. Pedro Puntoni
Prof. Dr. Rafael de Bivar Marquese
Prof.a. Dra. Raquel Glezer
Prof. Dr. Sean Purdy
Profa. Dra. Stella Maris Scatena Franco
Ulisses Franco (representante discente)
Guilherme P. C. Arruda (representante discente)
Daniel Freitas Porto (representante discente)
Diretório Central dos Estudantes Livre da USP "Alexandre Vannuchi Leme" (DCE-Livre da USP)


São Paulo, 13 de dezembro de 2019
Profa. Dra. Ana Paula T. Magalhães Tacconi
Filipe Petres (representante discente)
Centro Acadêmico de História da USP "Luiz Eduardo Merlino" (CAHIS-USP)

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Fundação Pró-Memória promove curso curso "Debates contemporâneos do campo patrimonial"

Em parceria com o Departamento de História do IFCH - UNICAMP, a Fundação Pró-Memória de Indaiatuba oferecerá um curso de formação e capacitação voltado para os temas Patrimônio, História, Memória e Preservação do Patrimônio Cultural.

A Escola do Patrimônio é um projeto de extensão que ocorre anualmente desde 2014 e é resultante da parceria entre a Fundação Pró-Memória e o Departamento de História do IFCH – UNICAMP.

O curso "Debates contemporâneos do campo patrimonial" será oferecido nos dias 17 e 18 de dezembro, em três aulas.

I - Esquecimento, memória e identidade: perspectivas sociais e atuação de agências governamentais na seleção e proteção de patrimônios culturais;

II - Usos da memória entre instituições e o ativismo civil contemporâneo: formas de apropriação do passado na elaboração de narrativas do presente;

III - Patrimônio cultural brasileiro: gestão, instrumentos preservacionistas, iniciativas, regulamentações e conflitos sobre memória e cultura.

Os cursos serão realizados na Tulha do Museu Municipal Casarão Pau Preto – Rua Pedro Gonçalves, 477

No dia 17, a aula acontecerá das 14h às 18h e, no dia 18, das 9h às 13h e das 14h às 18h.

O curso será ministrado pelos seguintes professores:

Helena Tavares Gonçalves: graduada em ciências sociais pela Unicamp e mestre em Preservação do Patrimônio cultural pelo Iphan, com pesquisa sobre as diferentes formas de apropriação social de centros históricos. Atuou na gestão da política pública de patrimônio cultural, exercendo a função de coordenadora técnica na Superintendência do Iphan no Amapá e de consultora da Unesco na Superintendência do Iphan em São Paulo em um projeto de salvaguarda de bens culturais imateriais registrados. Atualmente está vinculada ao Programa de Doutorado em Ciências Sociais da Unicamp na linha de pesquisa em Memória Social e Patrimônio Cultural, onde desenvolve pesquisa sobre as formas de habitar os centros históricos tombados.

Fernando Pascuotte Siviero: historiador e professor de história formado pela Unicamp, e mestre em Preservação do Patrimônio Cultural pelo Iphan, com pesquisa sobre Educação Patrimonial como ferramenta de gestão e preservação em centros históricos urbanos tombados. Atualmente, é professor de História da rede privada de ensino e pesquisador autônomo sobre História e Patrimônio Cultural.


As inscrições deverão ser realizadas nos dias dos cursos.

*Haverá emissão de certificados

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terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Nota de Repúdio da Associação Nacional dos Professores de História - ANPUH

ANPUH DIVULGA | NOTA DE REPÚDIO em 10 de dezembro de 2019
A direção da Associação Nacional de História - ANPUH-Brasil expressa hoje sua enorme indignação acerca da presença do pseudo-filósofo Olavo de Carvalho na prestigiada TV Escola. 
A bem da verdade, o que esse senhor tem a nos ensinar?
Os historiadores, historiadoras e os docentes do país já estão cientes de que Olavo de Carvalho quer manter a população desinformada. 
Quais das besteiras recorrentes este senhor irá reiterar em suas palavras, destituídas de erudição, reflexão e compromisso com a Nação?
Olavo de Carvalho, morador dos Estados Unidos, é o avesso do engajamento responsável, e sim um defensor do indefensável: negacionismo, machismo, homofobia e intolerância.
 Conhecido pela sua postura anti-intelectual, este senhor dedica os últimos dias de sua vida a deslegitimar a ciência e a educação do Brasil.
Em resposta, a ANPUH-Brasil e seus associados reiteram que o conhecimento nos liberta, o sofrimento nos mobiliza e a empatia nos protege.
História em Combate
Associação Nacional de História - ANPUH-Brasil

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domingo, 1 de dezembro de 2019

Padre Marcelo Donizetti Previatelli


Padre Marcelo Donizetti Previatelli nasceu no dia 16 de junho de 1969, em Pedreira, SP, filho de Belim Previatelli e Maria Ineide Massani Previatelli. 

Cursou o 1º Grau na EEPG Morvan Dias de Figueiredo, em Pedreira, SP; o 2º Grau no Colégio Técnico João Emílio Begalli, Curso Técnico em Contabilidade, de 1987 a 1989; Filosofia na PUC-Campinas, de 1992 a 1994; Teologia na PUC-Campinas, de 1995 a 1998. 

No dia 05 de fevereiro de 1999 foi ordenado Diácono, na Igreja Cristo Rei, em Campinas, por Dom Gilberto Pereira Lopes. Recebeu, no dia 18 de fevereiro de 1999, o Uso de Ordem para exercer seu ministério diaconal na Paróquia Nossa Senhora do Rosário, em Hortolândia. 

Foi ordenado Presbítero no dia 13 de agosto de 1999, na Igreja Cristo Rei, em Campinas, por Dom Gilberto Pereira Lopes. No dia 25 de agosto de 1999 foi nomeado Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora do Rosário, em Hortolândia, onde permaneceu até o dia 19 de outubro de 1999, quando foi nomeado Pároco da Paróquia Santo Antônio, em Indaiatuba. 

Foi Secretário do Conselho de Presbíteros, de 2000 a 2001. Foi nomeado Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Candelária, em Indaiatuba, no dia 07 de janeiro de 2004; Vigário Forâneo da Forania Padre José de Anchieta, em 09 de dezembro de 2008; Coordenador da Região Pastoral Norte-Sul em 07 de dezembro de 2010.

O falecimento ocorreu no dia 30, sábado, de novembro de 2019, às 20h35 no Hospital Centro Medico de Campinas.

O velório aconteceu no dia 01/12, domingo, às 8h, na Comunidade Sagrada Família, av. Domingos ferrarezzi, 837, jardim monte verde em Indaiatuba, pertencente à Paróquia Nossa Senhora da Candelária.

A  missa exequial, de corpo presente, foi às 15h na mesma comunidade e o sepultamento  às 16h30, no Cemitério Memorial, de Indaiatuba.

 

Morre Padre Marcelo Donizetti Previatelli aos 50 anos


Morreu na noite deste sábado (30/11) o padre Marcelo Donizetti Previatelli aos 50 anos, pároco da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Candelária, ele vinha tratando uma doença nos pulmões.

NOTA

É com grande pesar que informamos o falecimento do Padre Marcelo Previatelli, pároco da Igreja Matriz Nossa Senhora da Candelária, ontem, às 20h35.

O Padre Marcelo nasceu no dia 16 de junho de 1969, em Pedreira. Por 12 anos ele lutou contra com câncer no pâncreas. Há uma semana estava internado em Campinas.

O corpo será velado a partir das 8h na Comunidade Sagrada Família. Às 15h será celebrada a missa de corpo presente. O sepultamento será às 16h30, no Cemitério Memorial.

Filho de Berlim Previatelli e Maria Ineide Massini Previatelli, Marcelo Donizetti Previatelli nasceu no município de Pedreira, no dia 16 de junho de 1969. Formou-se inicialmente como Técnico em Contabilidade e, posteriormente, cursou Filosofia e se graduou em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, onde também concluiu o mestrado em Urbanismo.

Foi ordenado padre por D. Gilberto Pereira Lopes, no dia 13 de agosto de 1999, na Igreja de Cristo Rei, em Campinas. Exerceu seu ministério sacerdotal nas paróquias de Nossa Senhora do Rosário, em Hortolândia, de onde foi transferido para Indaiatuba, inicialmente na paróquia Santo Antônio, no Jardim Morado Sol. Em 27 de janeiro de 2004 assumiu a Paróquia Nossa Senhora da Candelária, onde esteve até hoje.

Foi Vigário Forâneo na Forania Padre José de Anchieta, Vigário Regional, é membro do Conselho de Presbíteros e do Conselho Vocacional da Arquidiocese de Campinas. Atualmente é presidente do Colégio Candelária, assumindo a Diretoria Executiva desta instituição de ensino.







quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Semana da Consciência Negra

O Dia Nacional da Consciência Negra é comemorado em 20 de novembro, em homenagem a Zumbi dos Palmares, o líder do Quilombo que é considerado herói nacional por lei, e de combate ao racismo no país. Foi assassinado nesse dia, em 1695, pelas tropas coloniais brasileiras. 

A data é uma forma encontrada para homenagear o líder, fortalecendo assim mitos e referências históricas da cultura e trajetória negra no Brasil, dessa forma, reforçando também as lideranças atuais.

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Sendo assim, a Fundação Pró-Memória de Indaiatuba realizará diversas atividades gratuitas que promovem, por meio de palestras, oficinas e apresentações, o acesso e a democratização da cultura afro-brasileira. Confira a programação:

19/11 – Oficina de Boneca Abayomi
Público: Gestantes e Mamães
Limite de 30 vagas
Inscrições na hora do evento
Local: Museu Municipal Casarão Pau Preto


20/11 – Cine-Debate – documentário “Menino 23 - Infâncias perdidas no Brasil"
A sessão de cine-debate contará com a presença de Sidney Aguilar Filho, historiador e pesquisador que inspirou a produção do documentário.
Horário: 18h
Limite de 50 pessoas
Local: Museu Municipal Casarão Pau Preto
* Retirada de ingressos no próprio Museu, a partir de 13/11/2019
** Classificação indicativa: 14 anos


21/11 – Palestra Roda de Saberes: Reflexão sobre identidade negra, por mulheres negras.
Horário: 18h
Limite de 50 vagas
Inscrições na hora do evento
Local: Museu Municipal Casarão Pau Preto
*** Com emissão de certificado.


22/11 – Apresentação de dança com o grupo Afrofunk
Horário: 19h
Limite de 50 vagas
Local: Museu Municipal Casarão Pau Preto


23/11 - Apresentação da Roda de Jongo, com o grupo Filhos da Semente
Horário: 14h
Local: Casarão
Limite de 30 vagas
Local: Museu Municipal Casarão Pau Preto


Oficina: Abrir a Roda e saudar o Jongo com mestra Jociara Souza
Horário: 15h
Limite de 30 vagas
Inscrições na hora do evento
Local: Museu Municipal Casarão Pau Preto


Confira também a atividade que será realizada na Biblioteca Rui Barbosa:
23/11 – Oficina de Boneca Abayomi
Horário: 10h
Público alvo: Livre
Limite de 12 vagas
Inscrições na hora do evento
Local: Biblioteca Rui Barbosa


Compareçam!

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Casarão Pau Preto passa a se chamar “Museu Antonio Reginaldo Geiss”

Os vereadores aprovaram homenagem ao fundador e, por 25 anos, presidente do conselho administrativo da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba, Sr. Antonio Reginaldo Geiss.
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            Com a aprovação do projeto do vereador Luiz Alberto Cebolinha, que recebeu a assinatura de apoio dos demais 11 vereadores, o Museu Casarão Pau Preto, um dos pontos turísticos e históricos mais importantes do município, passará a ter o nome do homenageado, falecido no mês passado.
            O Sr. Geiss, como era chamado, há vários anos já era considerado um dos indaiatubanos mais ilustres. Além da forte atuação na Fundação Pró-Memória, exerceu várias atividades: diretor da Rádio Jornal de Indaiatuba, membro do Rotary Clube, fundador da Federação das Entidades Assistenciais de Indaiatuba (FEAI) e da Associação Brasileira dos Pesquisadores de História (Abrasp) e foi ainda diretor da Associação das Emissoras de Rádio e Televisão do Estado de São Paulo.
            De acordo com o vereador Cebolinha, o Sr. Geiss “contribuiu imensamente com o desenvolvimento de nossa cidade, conquistando respeito e admiração por onde passava”. Além disso, “foi um ser um ser humano fabuloso, homem gentil e prestativo, esposo e pai afetuoso, amigo e possuidor de um coração solidário incomparável. Ele, infelizmente, sempre fará muita falta”. 
Crédito: Câmara Municipal de Indaiatuba.

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

140 anos da Sociedade Escolar do Bairro Friburgo - 27 de outubro

A colônia alemã do Bairro Friburgo em Campinas que tem como objetivo preservar a história da imigração alemã e a cultura por meio de festas e atividades culturais.

 Seu principal meio de divulgação é o grupo de dança Tanzgruppe Friedburg.




Salve galera....

Festa a vistaaaa!!!

Para encerrarmos as festividades de 2019 preparamos, com muito carinho, uma super festa pra vocês.

Esta festa, além de reunir os amigos, os familiares, a comunidade e todos que curtem a cultura e tradição alemã, tem um motivo muito especial....

Comemoraremos os 140 anos de Fundação da Sociedade Escolar do bairro do Friburgo - a nossa querida "Colônia Alemã do Friburgo"

E é com esse espírito de festividade e alegria que convidamos vocês a estarem conosco neste dia para se emocionaram com as homenagens e com a nossa história....

Informações importantes:

* Almoço por adesão até 20/10/219
R$ 35,00 por pessoa (buffet livre conforme cardápio)
Crianças até 6 anos free.
Crianças de 7 a 12 anos 18,00.

Venda de ingressos antecipados até 20/10 pelos telefones do banner.

Garanta já seu ingresso....

* Entrada franca.
* Estacionamento gratuito.
* Brinquedo pra criançada.
* Souvenirs.
* Alegria garantida.

** Bebidas e sobremesa a parte.

Divulguem para suas listas, curtam nossas páginas no Facebook e Instagram e faça parte desta história vc tb...

Vem!!!

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Morre Walter de Almeida, do Circo Teatro Irmãos de Almeida, que por inúmeras vezes se apresentou em Indaiatuba

Morre (sexta-feira, dia 04 de outubro de 2019) Walter de Almeida, do Circo Teatro Irmãos de Almeida, que por inúmeras vezes se apresentou em Indaiatuba.

O Circo Teatro Irmãos Almeida que, após época de temporada por todo o Brasil, se estabeleceu definitivamente em Campinas em 1960, é uma herança circense iniciada por José Luis de Almeida e continuada por Diógenes de Almeida, respectivamente avô e pai de Walter de Almeida. 

No circo, onde começou a atuar aos 5 anos como trapezista, Walter de Almeida obteve enorme destaque como ator e cantor, interpretando sucessos teatrais como "E o céu uniu dois corações", "A noite do Riso", "O Direito de nascer" e "Carnaval no Rio", compondo um repertório de cerca de 100 peças diversas.



Ao lado de seus irmãos, Alfredo (o palhaço Fredô) e Abegair (a personagem Nhá Tica), Walter de Almeida conquistou um enorme público e, posteriormente, também passou a dividir o palco com a esposa, Paulina Pachelli de Almeida que, assim como ele, obteve grande sucesso no circo. Aos poucos também os filhos, como Abério Diógenes de Almeida - que encenou seu primeiro espetáculo aos 5 anos - foram conquistando espaço sob a lona do Circo Teatro Irmãos Almeida.


Além do grupo, o circo ainda recebia, periodicamente, diversos artistas de renome, como Os Trapalhões, Oscarito, Mazzaropi, Cauby Peixoto, Luís Gonzaga, Tonico e Tinoco, entre outros.


Entre as homenagens rendidas ao Circo Teatro Irmãos Almeida estão o samba-enredo da Escola de Samba Unidos do Indaiá - que sagrou-se campeã do carnaval de rua de 1986 de Indaiatuba, SP - e o programa de rádio "A Hora do Circo", apresentado por mais de 10 anos na Rádio Educadora de Campinas.


Morre o artista circense Walter de Almeida
Picadeiro está de luto com a perda do multiator e empresário
Publicado 06/10/2019 00:22:40



Casal Paulina e Walter de Almeida em cena no espetáculo Quo Vadis
Mesmo em noites de melodramas mais tristonhas e chorosas do circo-teatro, como a do clássico ...E o Céu Uniu Dois Corações, o picadeiro não se vestia de tamanho luto. Não é para menos: na tarde desta sexta-feira, a cena circense de Campinas entristeceu-se em lágrimas com a morte do multiartista e empresário circense Walter de Almeida, proprietário do tão conhecido Circo Teatro Irmãos Almeida. Aos 94 anos, Walter de Almeida, vítima de insuficiência respiratória, deixa a esposa Paulina, com quem foi casado por 74 anos, quatro filhos, 12 netos e seis bisnetos.
Herdeiro de uma família de artistas mambembes da China, Walter nasceu sob a lona circense em 1925, quando a trupe estava em temporada no distrito de Marcondésia, no Interior de São Paulo. A estreia no picadeiro foi aos três meses de idade em um drama circense. No picadeiro, acumulou as funções de trapezista, cantor, encenador, adaptador, empresário, e, claro, ator principal das peças de circo-teatro. Walter também levou a sua voz inconfundível aos ouvintes da Rádio Educadora. Por 10 anos, apresentou o programa A Hora do Circo. Em 1975, em Campinas, resolveu abaixar de vez a lona do Circo Teatro Irmãos Almeida.
“Walter de Almeida, bem como o Circo Irmãos Almeida, tem uma significativa contribuição para as artes cênicas do Interior de São Paulo, especialmente a de Campinas. Por meio da lona da família, os campineiros puderam assistir a espetáculos belíssimos do repertório do circo-teatro, como Mestiça, Quo VadisMarcelino Pão e Vinho e ... E O Céu Uniu dois Corações, além de conhecer figuras emblemáticas de nossa cultura, como Luiz Gonzaga, Cascatinha e Inhana, Tonico e Tinoco, Vicente Celestino, Os Trapalhões e Mazzaropi”, destaca Tiago Gonçalves, jornalista cultural e pesquisador de circo-teatro.
Quem dividiu a cena com Walter de Almeida não esquece jamais. É o caso da circense Iracema Cavalcante, integrante do Circo Guaraciaba. “Aos poucos, vamos perdendo essas grandes figuras do nosso picadeiro. Walter de Almeida é uma delas: um grande amigo, um homem generoso, além de galã das peças. Mesmo tendo uma estatura baixa, que fugia do típico galã da época, ele interpretava magistralmente esse tipo. Isso sem falar que Walter cantava muito bem. As meninas ficavam impressionadas com a sua beleza e com a sua voz”, recorda-se Iracema.
As donzelas suspiravam, relembrava Walter entre gargalhadas. Das peripécias que protagonizou no circo, a maior e melhor delas, como gostava de brincar, foi encontrar o seu grande amor, Paulina de Almeida. “Eles sempre repetiam essa história para mim. Que tudo aconteceu numa noite de chuva. Paulina tinha ido pela primeira vez a um circo. Quando chegou à lona, descobriu que, por conta da tormenta, o espetáculo tinha sido cancelado. Perdeu a encenação, mas ganhou o coração do galã da trupe. Não se separaram nunca mais. Até mesmo no picadeiro viviam os casais apaixonados das peças”, conta o pesquisador.
Em homenagem a esse grande homem do circo-teatro brasileiro, esta reportagem encerra-se com a letra da canção interpretada pelos artistas do Circo Irmãos Almeida ao final de cada espetáculo: 
“Ó, ó meu povo amigo! 
Ó, boa noite! Até amanhã! 
Que sonhes comigo, é meu desejo, é meu afã!”. 
Aplausos e silêncio.

 
O artista morador de Campinas que fez história no circo, Walter de Almeida, morreu  sexta-feira (4/10/2019) aos 94 anos, por falência múltipla de órgãos. Ele estava internado desde quinta no Centro Médico, no distrito Barão Geraldo.

Segundo a família, ele teve um desconforto pulmonar. "Mas foi tranquilo, ele foi com a idade. Estamos bem confortáveis com a partida dele. Foi uma insuficiência renal, cardíaca e respiratória. Naturais da idade", disse a neta Mariana Bellucci de Almeida.

Walter, que durante boa parte da trajetória foi galã no picadeiro, interpretou diversos personagens como Raul Gil, Chitãozinho e Xororó, Silvio Santos, Os Trapalhões, Tonico e Tinoco, Mazzaropi e membros da Jovem Guarda.

Ele começou a sua carreira aos 24 anos de idade no Circo Teatro Irmãos Almeida, ao qual fundou em 1950. A companhia era um circo sem animais, com apresentações de dança e música. "Era uma época que não existia televisão, então era uma potência. Só tinha isso de entretenimento", contou a neta.

Quando chegou a televisão, preocupado, Walter comprou um terreno para cada família que vivia no circo, em trailers, para que eles não ficassem desamparados. Walter era casado com Dona Paulina, de 92 anos, com quem ficou por 73 anos. Ele deixa a mulher, quatro filhos, 11 netos e 11 bisnetos.

O enterro de Almeida será às 10h30 deste sábado, no Cemitério dos Amarais, em Campinas.

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

" O Crime do Poço - Uma Tragédia Indaiatubana"


Resenha 

Informações básicas

  • Título: Uma Tragédia Indaiatubana: O Crime do Poço 

  • Autora: Eliana Belo Silva 

  • Ano de publicação / Editora: 2007, Editora Ottoni 

  • Número de páginas: ~120 


Enredo / Sinopse

O livro reconta o sangrento assassinato de Domenico de Luca, um jovem imigrante italiano, ocorrido em Indaiatuba em 1907.  Domenico tinha cerca de 17 anos, vinha a Indaiatuba para comprar grãos (milho e feijão), e trazia consigo uma quantia de dinheiro.  Ele é enganado por Adamo “Adão” Ripabello, que o convida a ver o milho que tinha para vender. Chegando à casa de Adão, ele é atacado: sofre pauladas na cabeça (por Antônio Nugnesi) e facadas na garganta (por Eugênio Cardinale). O corpo é então escondido dentro de um poço no quintal e coberto de terra. 

O crime provoca impacto profundo na pequena comunidade de Indaiatuba, que à época tinha algo em torno de 1.200-1.500 habitantes na zona urbana, e uma vida cotidiana bastante marcada por costumes simples, estrutura rural/comercial incipiente, ausência de infraestrutura moderna (como água encanada) e forte presença de laços comunitários. 

O desvendamento do crime envolve fatores curiosos: investigações locais, participação de autoridades, exame de autos do processo — e até mesmo elementos da memória oral e da imaginação popular, como o sonho da mãe de Domenico, identificando posteriormente uma casa como a casa onde o filho fora morto. 


Estrutura e estilo

  • A autora recorre a múltiplas fontes: autos de processo, jornais da época, fontes memorialistas, historiadores, memória oral. 

  • Capítulos organizados de forma cronológica, apresentando primeiro o contexto da Indaiatuba de 1907 (geografia, demografia, condições de vida, costumes), depois o percurso da família de Domenico, os suspeitos, o crime em si, as investigações e o julgamento. 

  • A narrativa mistura descrição histórica, reconstrução de cenas e tentativa de captar o clima da época — o que dá ao livro um caráter quase literário, embora seja essencialmente de não-ficção. Há atenção aos detalhes menos conhecidos, que a memória popular esqueceu ou distorceu. 


Significados, impactos e temas

  • Memória e identidade local: Este crime se enraizou fortemente na memória coletiva de Indaiatuba. O túmulo de Domenico De Luca recebe homenagens frequentes, ex-votos, velas. O autor mostra como o episódio deixou marcas profundas na identidade da cidade. 

  • Justiça, violência e poder: O livro mostra como desigualdades, tensões sociais (entre imigrantes, entre pessoas mais pobres ou menos instruídas, entre comerciantes locais) podem alimentar crimes brutais, além da forma como a justiça operava no interior paulista no início do século XX.

  • Fé e sobrenatural: O sonho materno que ajuda a desvendar parte do crime, e o cuidado com o túmulo, com fé atribuída a graças alcançadas, são elementos que ultrapassam o mero registro policial; há uma dimensão simbólica, de crença, de ritual. 

  • Relações internacionais / imigração: O crime se insere no contexto de imigração italiana no Brasil, do ciclo do café, da expansão ferroviária — tudo isso presente como pano de fundo que ajuda a entender por que alguém como Domenico estaria em Indaiatuba, como se deslocavam as pessoas, qual era o papel dos imigrantes no comércio local. 


Pontos fortes

  • A autora consegue trazer luz sobre um caso que é parte importante da história local, mas que pode ser pouco conhecido fora da cidade, mostrando sua complexidade e contexto.

  • A combinação de várias fontes (oficiais + orais) permite uma visão mais rica, menos simplista.

  • O estilo parece acessível, atraente tanto para quem gosta de história quanto para leitores gerais interessados em tragédias reais, mistérios e memória.


Pontos que podem causar ressalvas

  • Por depender bastante de memória oral e de versões populares, pode haver variações ou incertezas nos relatos de certos detalhes — nem sempre as versões se conciliam perfeitamente.

  • Em obras desse tipo, sempre há um risco de romantização ou de dar mais destaque ao sensacionalismo do crime que ao seu entorno social — embora não pareça que Eliana Belo Silva tenha exagerado nisso, segundo os relatos.

  • O livro é relativamente curto (~120 páginas), o que limita a profundidade de análise de alguns temas maiores, como a comparação do caso com outros crimes similares na região, ou a economia mais ampla da imigração italiana.


Conclusão

Uma Tragédia Indaiatubana – O Crime do Poço é uma obra muito relevante para quem se interessa pela história local, pela memória coletiva e pela forma como tragédias moldam identidade. Eliana Belo Silva traz um olhar cuidadoso sobre um crime brutal, mas também sobre a sociedade em que ele ocorreu, com suas contradições, crenças, fragilidades e tensões.

Esse livro não é apenas para especialistas, é para qualquer pessoa de Indaiatuba ou da região que busca entender não só o que ocorreu, mas por que esse episódio continua reverberando até hoje no imaginário da população.


A capela curada que deu origem à Indaiatuba

A formação histórica de Indaiatuba está diretamente ligada à capela curada, instituição religiosa que, nos séculos XVII e XVIII, desempenhava papel central na organização das comunidades do interior paulista.

No contexto colonial, a expansão da ocupação do território se deu por meio das sesmarias e das grandes propriedades rurais. À medida que a população se fixava em determinado local, era comum que os moradores construíssem uma pequena ermida ou capela particular, geralmente em terras doadas por algum fazendeiro da região. Esses templos funcionavam inicialmente como capelas filiais de uma freguesia ou paróquia mais antiga, subordinadas ao vigário local, e só posteriormente recebiam autorização eclesiástica para se tornar capelas curadas.

O termo “capela curada” designava uma capela dotada de certo grau de autonomia administrativa e religiosa, já que possuía um cura (padre responsável), autorizado a celebrar missas, administrar os sacramentos e atender espiritualmente a comunidade, sem que os fiéis precisassem se deslocar para a paróquia-sede distante. Esse passo era fundamental, pois consolidava a comunidade em torno da vida religiosa e favorecia a fixação populacional.

Em Indaiatuba, esse processo ocorreu em meados do século XIX. A região, então ainda vinculada à freguesia de Itu, cresceu em torno da Capela de Nossa Senhora da Candelária, erguida graças ao empenho de moradores e proprietários rurais locais. Inicialmente, a capela era apenas um ponto de devoção e encontro comunitário, mas sua elevação a capela curada marcou a institucionalização da vida religiosa, tornando-se o núcleo formador do futuro município.

A criação da capela curada não apenas reforçou o papel da religião na organização social, mas também impulsionou o desenvolvimento econômico e político da região. Em torno dela foram se estabelecendo casas comerciais, pequenas moradias e atividades de subsistência, consolidando um núcleo urbano. Com o tempo, esse crescimento justificou a emancipação política, e a antiga capela tornou-se a Matriz de Nossa Senhora da Candelária, hoje símbolo da cidade de Indaiatuba.

👉 Em resumo, a capela curada de Nossa Senhora da Candelária foi o embrião urbano da atual cidade, atuando como centro religioso, social e comunitário. Ela representou a passagem de um povoado disperso para uma comunidade organizada, capaz de se afirmar como freguesia, depois vila e, por fim, município.

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Sem cargo público ou religioso, Geiss foi um dos mais importantes da história de Indaiatuba

texto de Marcos Kimura
Originalmente publicado no site do Comando Notícias
Antônio Reginaldo Geiss (1929-2019). 
Perto de completar 90 anos, faleceu nesta quarta-feira (11) Antônio Reginaldo Geiss, um dos idealizadores da Fundação Pró-Memória, fundador da Rádio Jornal e do Indaiatuba Clube, além de ser uma referência para os três Rotary Clubs de Indaiatuba por sua longa e ativa militância.
Com biotipo obviamente germânico, aparentemente taciturno, Geiss gostava de rir e se achava engraçado. Daí eu dizer que ele era um alemão que se considerava italiano. É impossível falar da história do século XX em Indaiatuba sem passar por Geiss. Bisneto de José Tanclér, imigrante italiano que atuou na política local no grupo comandado pelo Major Alfredo Camargo da Fonseca; foi criado pelo tio materno Chico.
O pai, o alemão Gustav, deixou a família e suicidou-se em São Paulo, provavelmente vítima da depressão (fato que Antônio não gostava de comentar), deixando à esposa Maria José a tarefa de criar os três filhos (apenas dois chegaram à idade adulta).
Trabalhou desde cedo no armazém da família e depois no banco que viria se tornar o Mercantil, empresa na qual fez carreira e se aposentou. No Rotary, ajudou a criar e alavancar a campanha pela Comarca de Indaiatuba, concretizada em 1963.
Foi um dos fundadores e um dos presidentes mais importantes do Indaiatuba Clube, já que foi dele a iniciativa de construir a atual sede social (“um elefante branco”, diziam na época). Em 1974, protagonizou um debate com Caio da Costa Sampaio, no Rotary, para decidir em qual data em que seria comemorado o aniversário de Indaiatuba. No final, sua proposta de 9 de dezembro foi a vencedora e posteriormente, em 1977, oficializada pelo então prefeito Clain Ferrari.
Quando o amigo e sócio José Costa de Mesquita obteve uma concessão de rádio por ter sido pracinha da FEB na II Guerra Mundial, ambos, junto com Antônio de Pádua Prado e Rafaello Fantelli, que acabou ficando fora da sociedade por ser italiano, criaram a Rádio Jornal de Indaiatuba.
Finalmente, após a luta pela preservação do Casarão Pau Preto (liderada pelo jornalista Sérgio Squilanti), Geiss mais Nilson de Carvalho e Antônio da Cunha Penna começaram o que se tornaria a Fundação Pró-Memória de Indaiatuba.
Ficou à frente da Rádio Jornal até as vésperas da eleição de 2016; e da Fundação Pró-Memória ele só saiu quando a saúde não lhe permitiu mais comandá-la, já neste ano. Sua biógrafa, Eliana Belo, e seu amigo de longa data, Antônio da Cunha Penna, concordam que Geiss parece ter só aguardado o lançamento do livro “História de Indaiatuba sob a perspectiva biográfica de Antônio Reginaldo Geiss” – que ele queria chamar de “Livro do Geiss” – no ano passado. 
A partir daí, a doença de Alzheimer avançou a passos céleres, corroendo aquela que foi, possivelmente, a memória mais privilegiada da cidade.
Na morte, todo mundo vira santo?

Pode ser, mas o fato é que, apesar dos dissabores no final e polêmicas ao longo de uma extensa vida; o balanço que fica é que Antônio Reginaldo Geiss é um dois mais importantes personagens da história de Indaiatuba que jamais exerceu um cargo público ou religioso.

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