Pesquisa e Texto de Fernando Stein
Originalmente Publicado em 1980
I - ORIGENS
Indaiatuba foi fundada há cerca de 300 anos, nos fins do século XVII, por José da Costa, que residia na região do Caldeira, ao edificar uma capela nas proximidades da foz do ribeirão Votura (atual córrego do Caldeira, também conhecido por Córrego do Barnabé ou Bela Vista) no rio Jundiaí, e, mais precisamente, à margem direita deste e à margem esquerda daquele.
Nessa capela passaram a se reunir os moradores daquelas paragens, para orarem.
A capela, de madeira, foi conservada por José da Costa por toda sua vida, constituindo-se no marco inicial de Indaiatuba. Em razão de a mesma localizar-se a meio caminho das vilas de Itu e de São Carlos (atual Campinas), e junto a aguadas e boas pastagens, o local passou a ser usado para pouso das tropas e tropeiros que por ali passavam em direção às vilas de Itu ou São Carlos. Com isso, pouco a pouco começou a surgir em torno da capela um aglomerado de casas, quase todas de barrote. Era o povoado de Votura, célula inicial de Indaiatuba, que se comprova pelos vestígios que ali existem de antigas moradias.
O povoado de Votura prosperou com o tempo, construindo-se estalagens, casas de comércio e de pouso, para o pernoite de tropeiros em suas idas e vindas em direção ao norte e ao sul. Tornou-se, dessa forma, necessária a criação de Capela Curada, não se sabendo, entretanto, quem tenha sido seu primeiro cura, e em que data.
Uma tragédia, porém, rondava a sorte de Votura. Por volta de 1740, irrompeu com violência na região, uma terrível epidemia de bexigas, dizimando quase todos os moradores do povoado. Na época, Pedro Gonçalves Meyra, Procurador da Câmara da Vila de Itu, aconselhou a segregação dos doentes para combater a doença que grassava por toda a região de Itu.
Os sobreviventes de Votura atribuíram o aparecimento da varíola ao fato de o povoado localizar-se às margens de dois rios (rio Jundiaí e córrego do Barnabé ou Bela Vista), onde predominavam os terrenos alagadiços e insalubres. Por isso resolveram transferir o povoado para lugar mais alto.
Na direção de Campinas, a uns seis quilômetros de distância, existia uma grande quantidade de terras devolutas encravadas entre duas sesmarias e servidas por dois pequenos ribeirões (Córrego do Barnabé ou Bela Vista, e Córrego Belchior ou do Matadouro). Esse foi o local escolhido pelos remanescentes do Votura para construção do novo povoado, no lugar onde hoje fui construída a nova capela que, posteriormente, foi demolida, erigindo-se no seu lugar a Igreja Matriz.
Ao transferir-se para esse novo lugar, o povoado recebeu outro nome, o de COCAIS, em virtude da grande quantidade de uma espécie de palmeira rasteira que vegetava pelos campos, nas cercanias, produzindo rente ao chão cachos de cocos diminutos, conhecidos por "indaiá". Mais tarde, em 1830, receberia oficialmente o nome de INDAIATUBA, que também se deve à existência da singular palmeira de indaiá.
Joaquim Gonçalves Bicudo e Pedro Gonçalves Meyra foram os mais notáveis agricultores e povoadores de Indaiatuba no século XVIII, quando a cana-de-açúcar era a principal atividade agrícola em toda a região. Joaquim Gonçalves Bicudo construiu o primeiro engenho horizontal com cilindros de madeira para moer cana, que houve na então província de São Paulo.
Em 1807 é iniciada a construção da Matriz, no mesmo lugar onde fora construída a capela. Em torno da mesma girava toda a vida de Cocais. Só foi concluída em 1863, pelo entalhador francês Monsieur Bernard.
II - CRIAÇÃO DO DISTRITO DE INDAIATUBA
Em 1830 o povoado é elevado à categoria de Freguesia com o nome de INDAIATUBA, por decreto do Imperador D. Pedro I, datado de 9 de dezembro de l.830, e do seguinte teor:
"Hei por bem sancionar e mandar que se execute o que resolveu a Assembléia, sobre a resolução do Conselho Geral da Província de São Paulo:
"Art. lº - Crear-se-ão Freguesias as Capelas de São João do Rio Claro e de N. S. das Dores da Tatuy, no distrito de Villa de Constituição; de Cabreúva e de INDAIATUBA, no da Villa de Itu; N. S. de Bethlen de Jundiaí; no Bairro das Silveiras, no de Lorena; de Huporanga, no de Apiahy."Art. 2º - O Governo marcará a cada uma o competente DISTRITO. O Visconde de Alcântara, Conselheiro de Estado, honorário Ministro e Secretário de Estado de Negócios da Justiça, o tenha assim entendido, e para expedir os despachos necessários. Palácio do Rio de Janeiro em nove de Dezembro de mil e oitocentos e trinta, e nove da Independência do Império. Com a rubrica de sua Majestade Imperial. a) Visconde de Alcântara."
Indaiatuba, a partir dessa data, passa a existir como um DISTRITO da Vila de Itu, em terras desmembradas das de Itu, Jundiaí e São Carlos (hoje Campinas).
O então distrito, com 2.026 habitantes e apenas 142 na sede, contava com os seguintes povoados: Mato Dentro, Jundiay (hoje Itaici) e Pirahy.
Seu primeiro pároco foi o Pe. Pedro Dias Paes Leme.
2.500 escravos, que não constam da estatística oficial, elevava para 4.526 a população de Indaiatuba.
III - PRIMEIRAS ELEIÇÕES
Criada a Freguesia de Indaiatuba, ficou ela obrigada a participar das eleições, para a respectiva Câmara, bem como eleger o Juiz de Paz para administrar a Freguesia. Assim, depois de dois anos, organizado o quadro eleitoral, a 7 de setembro de 1832, num domingo procedeu-se à primeira eleição que se realizou em Indaiatuba, no recinto da Matriz, eleição essa para Vereadores à Câmara Municipal de Itu e dois Juízes de Paz para a Freguesia de Indaiatuba. Foram eleitos Estanislau do Amaral Campos e Alferes Lourenço de Almeida Prado, sendo este suplente.
Em 1842, pela Lei nº 5 de Março desse ano, Itu foi elevada à categoria de cidade e, por força dessa lei, a sua Câmara Municipal teve de aumentar o número de vereadores; realizou-se então a eleição para duas cadeiras, sendo eleitos dois indaiatubanos: João Leite de Sampaio Ferraz e João Tibiriçá Piratininga (Pai).
IV - REVOLUÇÃO DE 1.842
Em 1842 Indaiatuba participou do Movimento Revolucionário eclodido no Rio de Janeiro com a queda do "Ministério da Maioridade" a 23 de março desse ano. Os conservadores foram chamados ao poder. Os liberais inconformados, instigavam as Câmaras a não reconhecerem as novas autoridades nomeadas nas províncias.
Em São Paulo, o movimento visava a derrubada do Presidente da Província. A situação se agravava e o brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar, em Sorocaba, é aclamado Presidente Interino da Província, o qual, com o apoio de Feijó, organiza uma força de 800 homens sob o comando do Cel. Francisco Galvão, e marcha para São Paulo.
O Governo, entretanto, manda o Barão de Caxias à frente de um corpo de tropa de linha, a fim de sufocar a revolução e pacificar a Província.
A Câmara de Itu também aderira à Revolução, e conseguiu organizar uma força de 300 homens. Os distritos de Indaiatuba, Cabreúva e Água-Choca (Monte Mor) enviaram seus contingentes de voluntários para a formação da tropa.
No dia 2 de julho, partiu de Itu uma força de cavalaria formada por 60 homens sob o comando do indaiatubano CAPITÃO BOAVENTURA DO AMARAL, com destino a Campinas. No lugar denominado "Venda Grande", mais ou menos a uma légua de Campinas, encontrou-se com a força do Capitão Antônio Manuel Teixeira, que viera de Campinas e acampara neste lugar.
Na manhã do dia 7, as forças acampadas em "Venda Grande" foram atacadas inesperadamente por um contingente legalista de 200 homens, enviados por Caxias. A surpresa do ataque provocou o pânico nos voluntários revoltosos que, pessimamente armados e treinados, puseram-se em debandada. Somente um pequeno grupo se reuniu em torno do Capitão BOAVENTURA, o qual, demonstrando grande coragem, animava os companheiros declarando que "morreria combatendo e que não se entregaria nem fugiria". A resistência é debelada em pouco tempo, nela perdendo a vida o heróico Capitão Boaventura do Amaral.
Essa derrota desalenta os homens do Cel. Galvão. O Brigadeiro Tobias retira-se, então, para Sorocaba. As Forças sob o comando de Caxias, entretanto, se aproximam de Sorocaba. Há uma debandada geral. O Brigadeiro Tobias, inclusive, foge para o sul, ficando unicamente o Pe. Feijó que, doente e alquebrado, é preso por Caxias.
V - EMANCIPAÇÃO POLÍTICA E ADMINISTRATIVA
Vinte e nove anos após a criação do distrito, Indaiatuba alcançou a sua emancipação política e administrativa, desvinculando-se de Itu, com a elevação de sua sede à categoria de Vila, criando-se o Município de Indaiatuba, pela Lei nº 12 de 24 de março de 1859, do teor seguinte:
"Lei nº 12"José Joaquim Fernandes Torres, do Conselho de Sua Majestade o Imperador, Senador do Império e Presidente da Província de São Paulo, etc., faço saber a todos os seus habitantes que a Assembléia Legislativa da Província decretou e eu sanciono a Lei seguinte:"Art. 1º - Ficam elevadas à categoria de Villa as seguintes Freguesias: Indaiatuba e Cabreúva no Município de Itu, Serra Negra e São João da Boa Vista no de Mogi Mirim."Art. 2º - Fica elevada à categoria de Villa a Freguesia de Santo Antonio da Cachoeira no Município de Nazareth."Art. 3º - Ficam as Villas ora criadas obrigadas a fazerem casa de Câmara à sua custa."Art. 4º - Ficam revogadas todas as Leis e disposições em contrário. Mando portanto a todas as autoridades a quem o conhecimento e execução da referida lei pertencerem, que a cumpram e a façam cumprir tão inteiramente como nela se contém. O Secretário dessa Província a fá-la imprimir, publicar e correr. Dado no Palácio do Governo de São Paulo aos 24 dias do mês de março de 1.859. a) José Joaquim Torres."
A eleição para vereadores realizou-se no dia 03 de julho de 1859.
A primeira Câmara Municipal de Indaiatuba foi empossada no dia 31 de julho do mesmo ano, pelo Presidente da Câmara Municipal de Itu, Sr. Joaquim Pires Pereira de Almeida. Ela estava constituída por 7 vereadores: Vicente Ferrer do Amaral (eleito Presidente), José de Sampaio Bueno, Francisco Xavier de Almeida, João Leite de Sampaio Ferraz, Joaquim Fiuza, Antonio Benedito de Castro e Antonio de Almeida Campos.
A Câmara Municipal, durante os 10 primeiros anos, reuniu-se nas residências de vereadores. Em 1.869 comprou uma casa à Rua Pedro de Toledo para servir de Paço Municipal.
VI - CONVENÇÃO REPUBLICANA DE 1.873
Indaiatuba assumiu um brilhante papel na realização da convenção Republicana de Itu em 1973, e na participação desse evento que, se pouca repercussão ou importância teve na época, foi o marco inicial para a implantação da República.
Muito embora o partido republicano inexistisse na época, ao término da Guerra do Paraguai foram surgindo muitos republicanos. O Clube Republicano de São Paulo decidiu marcar uma assembleia em Itu, região que concentrava muitos adeptos do novo regime, com a finalidade de lançar as bases da propaganda republicana de forma permanente e organizada no interior da Província de São Paulo.
Os republicanos aproveitaram a data da inauguração da Estrada de Ferro Ituana - que ligava Itu a Jundiaí, passando por Pimenta e Itaici -, marcada para 17 de abril de 1873, para promover a célebre Convenção Republicana, pois essa festividade reuniria um grande número de forasteiros de cidades vizinhas, e entre eles muitos adeptos do regime republicano.
"Entre os promotores e organizadores da Convenção figurava João Tibiriçá Piratininga, fazendeiro em Indaiatuba, proprietário da antiga Fazenda Taipas, em Itaici. Homem culto e relacionadíssimo e em sendo ele cunhado do Dr. Antonio de Queiroz Telles, Presidente da Câmara de Itu e férreo monarquista, contribuiu para que não apenas os republicanos convictos participassem da histórica reunião, mas toda a 'fazendeirada' simpatizante do regime reinante, constituindo-se numa garantia para os mais desconfiados." (1)
E conforme o planejado, reuniu-se em Itu, no dia l8 de abril de l873, na residência do Barão de Itaim, a Convenção Republicana, e sob a presidência do notável convencional de Indaiatuba: JOÃO TIBIRIÇÁ PIRATININGA.
133 pessoas participaram da histórica Convenção, vindos de Amparo, Botucatu, Bragança, Campinas, Capivari, Indaiatuba, Itatiba, Itapetininga, Jundiaí, Jaú, Mogi-Mirim, Monte-Mor, Piracicaba, Porto Feliz, Rio de Janeiro, São Paulo, Sorocaba e Tietê, além dos residentes em Itu.
A participação de Indaiatuba àquela assembleia histórica foi relevante, não só porque esta foi presidida por um de seus integrantes mas porque a sua caravana foi uma das mais numerosas, tendo assinado a ata da Convenção, por Indaiatuba, os seguintes convencionais: João Tibiriçá Piratininga, Diogo do Amaral Campos, José de Almeida Prado Neto, José do Amaral Campos, José Vasconcellos de Almeida Prado, Ladislau do Amaral Campos, Luiz Augusto da Fonseca, Manuel José Ferreira de Carvalho, e Theófilo de Oliveira Camargo.
VII - O LENTO DESENVOLVIMENTO
Em 1830 quatro ruas e quatro travessas compunham o quadro urbano de Indaiatuba: Rua Nossa Senhora da Candelária (atual Rua Candelária), Rua da Palma (XV de Novembro), Rua da Constituição (Pedro Gonçalves), Rua das Flores (Pedro de Toledo), Rua São José (Dom José), Rua Direita (Augusto de Oliveira Camargo) e Rua do Comércio (7 de Setembro).
Em l863 era concluída a construção da Igreja Matriz N. S. da Candelária, defronte a essa mesma praça.
Com a elevação da Freguesia de Indaiatuba à categoria de Vila em 24 de março de 1859, que equivalia à condição de Município, este ficava obrigado a construir ou adquirir um prédio próprio para o funcionamento da Câmara, tendo como anexo a cadeia.
Mas nos primeiros dez anos de seu funcionamento as sessões da Câmara foram realizadas, trimestralmente, em casa de particulares, não possuindo aquela um prédio destinado ao seu funcionamento.
Só em 1869, no dia 7 de junho, a Câmara adquiriu o prédio localizado à Rua das Flores (atual Rua Pedro de Toledo) para a realização de suas atividades.
Aos 17 de abril de 1873 foi inaugurada a estrada de ferro da Companhia Ituana de Estrada de Ferro e Navegação, que passava com seus trilhos pelos bairros de Pimenta e Itaici.
Posteriormente os trilhos chegaram à sede do Município, mas sem a construção de uma estação.
Em 1875 a ferrovia já havia chegado a Capivari, e Indaiatuba continuava sem estação.
Essa situação levou a população a se cotizar e a construir ela mesma a estação, que foi finalmente inaugurada em 1880.
A estrada de ferro proporcionava à cidade o mais importante meio de transporte na época. Era o primeiro marco de progresso para a cidade que, durante a Monarquia, não logrou expandir-se.
A partir de 1880 Indaiatuba começa a receber os imigrantes alemães, que se estabelecem no Bairro do Burú, e os suíços que se fixam no Bairro Helvetia, além dos italianos. Os imigrantes vão contribuir decididamente para o desenvolvimento do Município, iniciando uma atividade econômica própria, a saber, uma atividade que não estava assentada no trabalho escravo.
Aos 10 de maio de 1873 foi criado o Termo de Indaiatuba, depois de 8 anos de lutas e pedidos. Com criação do Termo Indaiatuba passaria a ter as suas pendências resolvidas por um Juiz itinerante; passava a ficar sob a jurisdição de um Juiz de Fora.
O primeiro Juiz de Fora que exerceu jurisdição no Termo de Indaiatuba foi Frederico Dabney Brotero. O Dr. Campos Sales, campineiro que viria a ser Presidente da República, chegou a atuar no júri de Indaiatuba.
Em 1882 a Câmara Municipal comprou um sino com a finalidade de chamar os permanentes (guardas) e dar o sinal de recolhida às 20 horas, costume que perdurou até fins de l930.
Aos 13 de maio de 1890 a Intendência (com a proclamação da República houve um período de transição em que a administração das vilas ficava a cargo dos Intendentes e não mais dos Presidentes das Câmaras Municipais) transferiu-se para o prédio erguido bem no centro da Praça Prudente de Moraes (demolido em l963). Nesse mesmo prédio funcionava também a cadeia pública.
Até 1888 a cidade vivia às escuras à noite. A partir desse ano passou a contar com a iluminação pública a querosene.
Na segunda metade do século 19 a economia da vila girava em torno das culturas da cana e, principalmente, do café. A agricultura, na época se desenvolvia à base do trabalho escravo, como no resto do País.
Em 1872 quase 50% da população de 3.749 pessoas era escrava, ou seja, 1.689.
Ainda hoje restam vestígios do período da escravidão, e alguns casarões dos antigos donos de fazenda ainda recordam os ciclos econômicos do açúcar e do café, pelos quais Indaiatuba passou.
Durante o período imperial, o Presidente da Câmara exercia as funções do Executivo, não existindo o cargo de Prefeito. O Presidente da Câmara era eleito entre os vereadores mais votados.
Com a República, os Intendentes governavam o município, eleitos também pela Câmara Municipal.
Os Intendentes passaram a chamar-se Prefeitos, mais tarde. Mas eles só foram eleitos diretamente pelo sufrágio universal a partir de 1945.
Com a República a cidade inicia seu desenvolvimento lento e moroso.
A partir de 1905 começa a reforma de quase todos os seus prédios e o calçamento dos passeios públicos.
Em consequência dessa reforma, os prédios da cidade, que eram tipicamente coloniais, a maioria dos quais construídos de taipa, vão perdendo suas características.
A população abastecia-se de água no velho chafariz, localizado onde hoje tem início a Rua Bernardino de Campos.
A antiga zona comercial da vila se estendia do largo da Matriz até a Rua 7 de setembro.
Aos 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada à categoria de cidade, pela Lei Estadual nº 1.038, e, mais tarde, em razão de seu crescimento, viu a Praça Prudente de Moraes transformar-se no centro de sua vida social e comercial. Nesse logradouro e nas suas imediações se encontravam os cines Recreio e Internacional, a sede da Câmara Municipal, a Delegacia de Polícia, etc.
Ao completar 100 anos Indaiatuba possuía apenas 20 ruas.
Em 1911 a cidade recebeu com entusiasmo a notícia da instalação de rede de energia elétrica, que se concretizou aos 10 de maio de 1913. A partir daí as poucas ruas da cidade passaram a ser iluminadas por energia elétrica fornecida pela Empresa Luz e Força.
VIII - REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DE 1.932
Em 1.932 a cidade se envolveu no Movimento Revolucionário Constitucionalista desfechado pelo Estado de São Paulo contra o Governo Federal.
Organizou-se o M.M.D.C. local e uma milícia composta pelos cidadãos João de Paula Leite, Gentil Lopes, Scyllas Leite Sampaio, José Teixeira de Camargo e Luíz Emílio Bannwart.
Um contingente de 17 voluntários de Indaiatuba foi enviado para a frente sul, no setor de Capão Bonito, que passaram a integrar o 3º B.C.V., juntamente com voluntários de Itu, Porto Feliz e Bebedouro.
Integraram esse contingente os voluntários Ary Duarte Bertoni, João de Souza Aranha, João Fontes, Plínio Pires de Campos, José Antonio Germano, Joel Ribeiro Escobar, Marcílio de Campos, Norberto Luiz de Moraes, José Duarte Bertoni, João dos Santos, Ângelo Bego, Silvio de Barros, Antenor de Quadros, Benedito Avelino Correa, Demerval Viana e João Abel Filho.
Os voluntários enfrentaram as forças ditatoriais em diversos e duros combates que se desenrolaram nas imediações de Capão Bonito. E foi aí, nas proximidades do Rio das Almas, que, no dia 10 de setembro, quando garantia a retirada estratégica de 150 companheiros, caiu mortalmente ferido o soldado JOÃO DOS SANTOS. No dia seguinte era sepultado em Indaiatuba com todas as honras de herói. Aos 9 de dezembro de 1957 seu corpo foi exumado e trasladado para o Mausoléu dos mortos da Revolução Constitucionalista de 32, no Parque Ibirapuera, em São Paulo. No ano seguinte seu busto era erigido na Praça Prudente de Moraes, em Indaiatuba.
IX - A EVOLUÇÃO É DESTE SÉCULO
A partir de 1.920 começam a se instalar no município as primeiras unidades industriais.
Servida de energia elétrica desde 1913, só em 1937 passou a contar com serviço de abastecimento de água encanada.
Em 1.933 concluía-se a construção do magnífico prédio do Hospital "Augusto de Oliveira Camargo", e a 5 de julho do mesmo ano essa fundação beneficente entrava em funcionamento, atendendo pacientes locais e das cidades vizinhas.
O Hospital, construído pelo casal Augusto de Oliveira Camargo e Leonor de Barros Camargo, foi doado à cidade, como um majestoso presente.
A partir de 1935 dezenas de famílias japonesas imigram para o município, e introduzem a tomaticultura que, logo, passa a ser a sua principal cultura agrícola.
As redes de esgotos sanitários começam a ser implantadas na cidade a partir da década de 40. Mas o Município durante muito tempo não conseguiu tratar seus esgotos antes de lançá-los ao Rio Jundiaí, que recebia toda sua carga. Mas na década de 70 foi implantada a primeira estação de tratamento de esgotos, nas proximidades do Distrito Industrial de Indaiatuba.
Mas na década de 70 projetos foram sendo executados dentro de um programa intermunicipal de despoluição do Rio Jundiaí. O principal, no Município, foi a construção da estação de tratamento de esgotos da bacia do córrego Barnabé, nas proximidades da foz desse córrego no Rio Jundiaí, que abrange quase toda rede de esgotos sanitários da cidade.
Após a 2ª Grande Guerra surgem as indústrias têxteis no Município, acelerando rapidamente o seu desenvolvimento.
Em 1.950 é iniciada a pavimentação asfáltica das ruas centrais da cidade.
Na década de 60 o Município recebeu grandes indústrias mecânicas e metalúrgicas que a industrializaram definitivamente e lhe asseguraram um crescimento rápido e promissor.
Em 1963, pela Lei nº 8.050 de 31 de dezembro de 1963, é criada a Comarca de Indaiatuba, desmembrada da de Itu, sendo instalada em 1965 e elevada à categoria de Comarca de 2ª Entrância em 1969.
X - VIDA POLÍTICA E ADMINISTRATIVA
Na Câmara Municipal, durante o período da Velha República, ou seja, de 1892 até 24 de outubro de 1930, quando a Câmara Municipal foi dissolvida pela Revolução que implantou a ditadura de Getúlio Vargas, destacaram-se, entre outras, as figuras dos Vereadores Joaquim Pedroso de Alvarenga e Luiz Copini.
E de 7 de janeiro de 1.905 até 24 de outubro de 1.930 foi prefeito o Major Alfredo de Camargo Fonseca, reeleito que foi por vários períodos pelos membros da Câmara.
Relacionamos a seguir os prefeitos de Indaiatuba e seus receptivos períodos de governo:
POSSE PREFEITO
07-01-1905 - Major Alfredo de Camargo Fonseca - 24-10-1930
25-10-1930 - Ten. Roldão Carneiro da Silva - 25-10-1930
26-10-1930 - Major Alfredo de Camargo Fonseca - 19-12-1930
20-12-1930 - Francisco Xavier da Costa - 04-05-1931
05-05-193l - Major Alfredo de Camargo Fonseca - 04-09-1934
05-09-1934 - Scyllas Leite Sampaio - 18-01-1936
19-01-1936 - Dr. José Cardoso da Silva - 20-10-1936
20-10-1936 - Scyllas Leite Sampaio (interino) - 22-09-l937
22-09-1937 - Dr. José Cardoso da Silva - 14-05-1938
14-05-1938 - Major Alfredo de Camargo Fonseca - 12-07-1939
12-07-1939 - Sebastião Nicolau - 07-05-1943
07-05-1943 - Dr. Jácomo Nazário - 28-06-l944
28-06-1944 - Sylvio Talli (interino) - 26-09-1944
26-09-1944 - Dr. Jácomo Nazário - 23-11-1944
23-11-1944 - Sylvio Talli (interino) - 18-01-1945
18-01-1945 - Dr. Jácomo Nazário - 21-10-1945
21-10-1945 -Dr. Olavo Lima Guimarães (interino) - 10-12-1945
10-12-1945 - Benedito Soares Siqueira (interino) - 17-12-1945
17-12-1945 - Dr. Jácomo Nazário - 02-01-1946
02-01-1946 - João Walsh Costa - 19-02-1946
19-02-1946 - Dr. Jácomo Nazário - 25-03-1947
25-03-1947 - Helena Tomasi (interina) - 10-06-1947
10-06-1947 - Jacob Lyra - 31-12-1947
01-01-1948 - Luiz Teixeira de Camargo Junior - 31-12-1950
01-01-1951 - Lauro Bueno de Camargo - 31-12-1951
01-01-1952 - Jacob Lyra - 31-12-1955
01-01-1956 - Lauro Bueno de Camargo - 31-12-1959
01-01-1960 - Alberto Brizzola - 11-04-1962
11-04-1962 - Odilon Ferreira - 30-08-1963
30-08-1963 - Sinezio Martini - 07-10-1963
07-10-1963 - Odilon Ferreira - 31-12-1963
01-01-1964 - Ivan Correa de Toledo - 13-06-1964
13-06-1964 - Romeu Zerbini - 31-01-1969
01-02-1969 - Mário Araldo Candello - 3l -01-1973
01-02-1973 - Romeu Zerbini - 31-01-1977
01-02-1977 - Clain Ferrari - 31-01-1983
01-02-1983 - Engº José Carlos Tonin - 31-01-1988
01-02-1989 - Clain Ferrari - 31-12-1992
01-01-1993 - Flávio Tonin - 31-12-1996
01-01-1997 – Reinaldo Nogueira Lopes Cruz - 31-12-2000
01-01-2001 – Reinaldo Nogueira Lopes Cruz - 31-12-2004
01-01-2005 – José Onério da Silva - 31-12-2008
01-01-2009 – Reinaldo Nogueira Lopes Cruz - 31-12-2012
O Major Alfredo de Camargo Fonseca, embora tenha administrado a cidade por mais de 30 anos, pouco desenvolvimento proporcionou à mesma, em virtude das dificuldades da época e de seu espírito tradicionalista, nada afeito às idéias de mudanças. Viveu-se então o período do coronelismo, pois o Chefe do Executivo praticamente impunha as suas sucessivas reeleições, numa época em que o voto era aberto e não secreto. Entretanto, para que se lhe faça justiça, deve-se destacar o fato de que o Major Alfredo de Camargo Fonseca exerceu os sucessivos mandatos sem visar interesses pessoais, razão pela qual acabou morrendo na mais absoluta pobreza.
O Dr. José Cardoso da Silva e o Sr. Scyllas Leite Sampaio, rivais na política local, implantaram, em 1937, o sistema de água encanada para o abastecimento da cidade que, até aí, era servida pelo célebre chafariz da Rua Bernardino de Campos.
Em 1962 a cidade é agitada politicamente com a cassação do mandato do prefeito Alberto Brizzola, pela Câmara Municipal, num rumoroso processo de "impeachment" que desaguou na Justiça. Durante alguns dias a cidade teve dois prefeitos despachando, até que o vice-prefeito conseguiu se apossar, de fato, do Gabinete no velho prédio da Prefeitura no centro da Praça Prudente de Moraes.
Odilon Ferreira, vice-prefeito que sucedeu a Alberto Brizzola em decorrência do impedimento deste, se destacou por atentar contra o patrimônio histórico do Município, ao demolir, em 1963, o velho prédio da Prefeitura e da Câmara Municipal no centro da Praça Prudente de Moraes, e em seu lugar construir um espelho d’água com uma fonte luminosa.
Em 1964 a cidade volta a se agitar politicamente com a eclosão do Movimento Revolucionário de 31 de março, culminando com a cassação do prefeito Ivan Correa de Toledo por ato do Presidente da República, Mal. Humberto de Alencar Castelo Branco. A cassação fundamentava-se em atividades tidas como subversivas pelas autoridades militares daquela época.
A partir de 1970, em consequência do processo de industrialização do município nas décadas de 50 e de 60 e do aumento da arrecadação municipal, a Administração Municipal consegue ampliar os melhoramentos públicos.
Na Administração do Prefeito Mário Araldo Candello é construída uma moderna Estação de Tratamento de Água e instalado o primeiro serviço municipal descentralizado: a autarquia denominada Serviço Autônomo de Água e Esgotos-SAAE, que é implantado pelo seu primeiro Superintendente: Rafael Elias José Aun. Instalado esse serviço e implantado no município o sistema DDD de telefonia, em 1974, verifica-se, a partir daí, um surto desenvolvimentista sem precedentes, com a instalação de novas e importantes unidades industriais no município.
Em 1969 havia sido aprovado o primeiro Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado do Município, que considerava Zona de Predominância Industrial apenas o quadrilátero situado a partir da Rua Almirante Tamandaré, entre a Rua Presidente Bernardes e a Av. Presidente Vargas.
Essa área, constituída por terras devolutas que haviam sido loteadas pela Prefeitura Municipal, em poucos anos revelou-se insuficiente para abrigar novas unidades industriais.
Nos anos 80, durante a gestão do Prefeito José Carlos Tonin, é criado o Distrito Industrial de Indaiatuba, sobre gleba de terra situada junto ao loteamento Jardim Morada do Sol, mas do outro lado da Rodovia SP-75, com incentivos industriais que promoveram, definitivamente, a industrialização do Município, atraindo para cá muitas e importantes unidades industriais.
O sistema viário é modernizado com o prolongamento de várias vias públicas e construção de outras.
Na década de 80 os serviços públicos são ampliados e melhorados, criando-se as Secretarias Municipais em 1985 e a Guarda Municipal em 1983, implantando-se o Corpo de Bombeiros em 1986, em colaboração com o Estado.
Em 03/10/1985 pela Lei nº 2.162 O Município cria a FIEC - Fundação Indaiatubana de Educação e Cultura e o seu Colégio Técnico, com cursos técnicos regulares de Ensino de 2º Grau.
Em 1984 o Município desapropria o Casarão do Pau Preto como forma de preservar o pouco que restou de seu passado urbanístico.
Em dezembro de 1988 a Instituição Beneficente Augusto de Oliveira Camargo fecha as portas do Hospital Augusto de Oliveira Camargo, e em fevereiro de 1989 a Prefeitura Municipal decreta intervenção nesse único hospital geral do município. A intervenção se prolonga no tempo. A falta de acordo com a Mesa Administrativa da Instituição leva, finalmente, à desapropriação do nosocômio pela Prefeitura, em julho de 1992, desapropriação essa que não se consumou.
Em 1988 a administração municipal cria e instala a Fundação Pró Memória de Indaiatuba, com o objetivo de preservar o patrimônio histórico da cidade. A fundação é extinta em 2022.
Em 1992 é criado o SEPREV – Serviço de Previdência e Assistência à Saúde dos Servidores Municipais de Indaiatuba, pela Lei nº 1885/1992. A autarquia previdenciária é instalada em 05 de fevereiro de 1993.
XI - SÍMBOLOS DE INDAIATUBA
l. O HINO INDAIATUBANO.
Símbolo auditivo do Município de Indaiatuba, o Hino foi composto em l930, a pedido do então prefeito, para as solenidades do lº centenário da criação do Distrito de Indaiatuba, ocorrido a 9 de dezembro de 1930, ocasião em que foi executado pela primeira vez.
NABOR PIRES DE CAMARGO, autor de sua música, nasceu em Indaiatuba aos 9 de fevereiro de 1902.
Desde cedo revelou vocação para a música.
Em São Paulo aperfeiçoou seus estudos e passou a compor centenas de canções e a gravar inúmeros discos, além de atuar na Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo como clarinetista solista, onde se aposentou. Atualmente reside em Mococa.
ACRÍSIO DE CAMARGO, autor da sua letra, muito embora nascido em Jundiaí aos l0 de fevereiro de 1899, viveu toda sua infância em Indaiatuba. Foi farmacêutico, radialista, pintor, escritor e poeta.
Como Escritor e poeta enveredou-se pela literatura folclórica e sertaneja.
Faleceu em Campinas aos 25 de fevereiro de 1953.
Letra do Hino:
"Salve, ó terra querida e venturosa,
santo ninho de amor caro e gentil,
com teu ar e teu clima és uma rosa
no mais lindo recanto do Brasil.
Salve, ó berço querido onde nasci,
berço feito de sonhos e de amor...
Hoje em festa, a cantar, pensando em ti,
os teus filhos te saúdam com ardor.
CORO
"O teu campo florente é tão vasto e bonito!
E tua alma sombria
tem encanto e poesia!
E parece sorrir o teu claro infinito,
a pensar
Indaiatuba sem par!"
Em 1974 o Hino foi gravado por iniciativa do Rotary Clube local, e oficializado pela Lei Municipal nº 1344 de 18-12-1974.
2. O BRASÃO DE ARMAS DO MUNICÍPIO.
Foi instituído pela Lei 930 de 17 de outubro de 1966, por iniciativa do então Vereador Oswaldo Stein, obedecendo aos rígidos princípios da Heráldica.
O brasão da cidade e município de Indaiatuba tem as seguintes características: brasão estilo redondo português, cortado e partido, encimado por uma coroa mural de prata, tendo sobre sua porta principal um escudete de blau (azul) com uma flor de lis, de prata. No primeiro campo, de goles (vermelho) um pé de indaiá, de prata; no segundo campo, no mesmo esmalte, duas polias conjugadas, de prata, e, no terceiro campo, de blau (azul) uma faixa ondulada de prata. Como suportes à destra, um ramo de café frutificado e, à esquerda, um ramo de louro, ambos na sua cor natural. No pé do brasão em listel de prata, com letras de goles (vermelho) a legenda: "9-XII-1830 - INDAIATUBA - 24-III-l859".
SIMBOLOGIA - Símbolos interiores: O brasão tem o formato redondo estilho português peninsular, o que lembra o passado lusíada do Brasil. Os dois campos de goles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade, audácia, intrepidez e combatividade. O terceiro campo de blau (azul) é a lealdade, a glória, a serenidade e o zelo. No primeiro campo, o pé de indaiá é a imediata lembrança do nome da cidade desde os seus primeiros tempos; no segundo tempo, as duas polias conjugadas lembram o esforço industrial da cidade, que marca o seu progresso e a sua evolução constante. No terceiro campo, a faixa de prata ondulada é o rio Jundiaí, que constitui a base de seu sistema hidrográfico. Jundiaí é de "Jundiá", nome de peixe, e "y" que quer dizer "água", significando, portanto, "rio dos jundiás". As duas datas são: a primeira, da formação do Distrito, e a segunda, da constituição do Município.
Indaiatuba, nome do Município, significa: "indaiá", palmeira do gênero "attalea" e "tuba", muito, em abundância, resultando "muito indaiá" ou "terra de indaiás".
Símbolos exteriores: a coroa mural é a simbologia de município em Heráldica, e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata, sobre a porta principal da coroa mural é a evocação da Padroeira do Município, Nossa Senhora da Candelária. O ramo de café frutificado na sua cor natural à destra, é o simbolismo do trabalho dos paulistas que formaram os cafezais, contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidação de seu crédito exterior. O ramo de louros, à esquerda, é a lembrança perene das glórias do povo de Indaiatuba, que tem feito tudo pelo seu engrandecimento, e, consequentemente, de São Paulo e do Brasil.
XII - ALGUNS VULTOS DE INDAIATUBA
Indaiatuba, embora pobre de fatos históricos, é, todavia, relativamente rica em valores humanos que aqui nasceram ou viveram, dignificando a Terra dos Indaiás.
Lembraremos, a seguir, apenas alguns desses ilustres cidadãos.
l. CORONEL ANTONIO PIRES DE CAMPOS
Por volta de 1720 o Cel. Antonio Pires de Campos, explorador dos sertões de Mato Grosso, já possuía um sítio em Itaici, onde os padres Jesuítas, mais recentemente, que também possuíam sua fazenda nesse lugar (retaliada em loteamentos de chácaras), conservam ainda a chamada Vila Kostka, antigo seminário que hoje se destina a realização de retiros e reuniões da CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil).
Tornando-se amigo dos terríveis índios bororós, de Mato Grosso, trouxe grande número deles para seu sítio em Itaici (um povoado rural que se tornou famoso por ter sido um entroncamento ferroviário por muitos anos). Esses índios o cognominaram "PAI PIRÁ".
Foi um dos primeiros exploradores de que se tem conhecimento, desta região que viria a ser o Município de Indaiatuba.
2. JOAQUIM GONÇALVES BICUDO E PEDRO GONÇALVES MEIRA.
Os irmãos Joaquim Gonçalves Bicudo e Pedro Gonçalves Meira foram os primeiros povoadores de Indaiatuba, na segunda metade do século l8, introduzindo a cultura da cana-de-açúcar.
Foram os proprietários da antiga Fazenda Pau Preto, cuja sede foi desapropriada pela Prefeitura Municipal (Casarão do Pau Preto).
Seus descendentes ainda vivem em Indaiatuba e aqui conservam a propriedade de grande parte das terras situadas além do Córrego Bela Vista, também conhecido por Córrego Barnabé, e que não é outro senão o antigo Córrego Votura.
3. JOÃO TIBIRIÇÁ PIRATININGA (PAI)
"Foi o 5º filho entre outros 20 de João de Almeida Prado e de sua primeira mulher Ana de Almeida. Nasceu em 03 de novembro de 1802 em Sorocaba. Seu nome de nascimento era João de Almeida Prado Júnior e ao cursar a Universidade de Coimbra, em Portugal, foi apelidado de "Tibiriçá Piratininga". Adotou desde então o supracitado sobrenome. Casou-se em Itu, em 1828, com Maria Antônia de Camargo, viúva do capitão Agostinho Rodrigues de Almeida, pais de Agostinho Rodrigues de Camargo (que foi proprietário da fazenda "Quilombo" e avós de Augusto de Oliveira Camargo, doador e patrono do nosso hospital).
"Foi João Tibiriçá Piratininga grande fazendeiro em nosso município, proprietário das fazendas "Taipas", em Itaici (a mesma que passou a pertencer aos Jesuítas nas últimas décadas) e "Pimenta", sendo esta adquirida por ele em 1832.
"Homem respeitado, culto, político militante, participava ativamente na administração da "Freguesia", havendo participado em numerosas "mesas paroquiais" para realização das eleições, muitas vezes como secretário, outras como candidato, se elegendo Vereador na eleição de 1836.
"Quando Itu foi elevada à categoria de "cidade" em 1842, e a Câmara Municipal daquela cidade teve aumentada sua representação legislativa, João Tibiriçá Piratininga elegeu-se juntamente com outro conterrâneo (pois aqui residiam e tinham suas propriedades), João Leite de Sampaio Ferraz, vereadores àquela Câmara.
"Pouco tempo porém legislaram, pois aceitando convite do Padre Feijó, envolveram-se no movimento armado de 1842 que visava a derrubada do Presidente da Província de São Paulo. Derrotados os sediciosos por Caxias, foi a Câmara de Itu dissolvida e os participantes do "levante" processados.
"Anistiados os revoltosos em 1844 pelo Imperador, foi novamente eleito João Tibiriçá Piratininga para outros cargos administrativos, como "Juiz de Paz", etc.
"Foi João Tibiriçá Piratininga sogro do Dr. Antonio de Queiroz Telles (fazendeiro também em Indaiatuba), futuro Visconde de Parnaíba e que iniciou sua fulgurante carreira política elegendo-se "Juiz de Paz" em 1856, em Indaiatuba, onde era também eleitor, havendo, contudo, perdido o mandato por mudança de residência para Itu.
"Teve João Tibiriçá Piratininga quatro filhos: João Tibiriçá Piratininga, José Tibiriçá Piratininga, Lourenço Tibiriçá Piratininga e Rita Mbcy (que se casou com o Dr. Antônio de Queiroz Telles, tendo o casamento se realizado na Fazenda Pimenta). Faleceu em 1851." (1)
4. JOÃO TIBIRIÇÁ PIRATININGA (FILHO)
"Nasceu em 1829 em Itu. Era, como seu pai um ilustrado, havendo estudado na Europa, para onde realizou inúmeras viagens.
"Homem de larga visão, de grande cultura, foi um republicano autêntico.
"Sucedeu a seu pai na administração das fazendas que possuía em nosso município, onde tinha sua residência juntamente com seus irmãos, onde eram também eleitores e políticos atuantes (seus irmãos Lourenço e José foram vereadores na nossa Câmara).
"Disputou o cargo de vereador em eleições tendo recebido 11 votos na eleição de 1859 (quando Indaiatuba foi elevada à categoria de Vila e por conseguinte com Câmara Municipal).
"Em 1855, quando viajava pela França, nasceu seu único filho Jorge Tibiriçá (em Paris). Adquiriu nessa viagem uma usina completa de açúcar que, chegando ao Brasil foi transportada em carros de bois e braços de escravos de Santos até a Fazenda "Taipas", levando, dizem, dois anos para chegar ao seu destino. Contudo a "usina" não funcionou a contento, talvez por falta de técnicos e ficou instalada à margem esquerda do rio Jundiaí, defronte a qual foi construída a Estação da "Estrada de Ferro Ituana" (Itaici), como um verdadeiro marco de progresso que, contudo, não atingiu seus objetivos.
"João Tibiriçá Piratininga absorveu na Europa, especialmente na França, as ideias republicanas, tornando-se assim um idealista convicto.
"Foi um dos organizadores e presidente da célebre Convenção Republicana de Itu em 1873.
"Juntamente com outro indaiatubano, Joaquim de Sampaio Góes, foi colaborador e acionista na fundação de importante órgão de imprensa da Capital, o jornal "A Província de São Paulo" (hoje "Estado de São Paulo").
"Faleceu João Tibiriçá Piratininga em Nice, na França, em lº de dezembro de 1888, havendo sido seu corpo embalsamado e transportado até Itu, onde se encontra seu jazigo.
"Seu filho, Jorge Tibiriçá Piratininga graduou-se agrônomo pela Universidade de Zurique, na Suíça. Como seu pai e avô, foi político atuante, tendo sido nomeado Governador do Estado pelo Governo Provisório a 18-10-1890. Secretário do Estado, de 1892 a 1895. Presidente do Estado de São Paulo de 1904 a 1908. Foi eleito Senador, posteriormente, por diversas legislaturas e vice-presidente do Partido Republicano. Faleceu a 30 de setembro de 1928." (2)
5. CORONEL ANTONIO DE ALMEIDA SAMPAIO
Outro proeminente político indaiatubano foi o Cel. Antonio de Almeida Sampaio (1852-1910), proprietário das grandes fazendas Pimenta, Grama e Santa Rita. Foi presidente do Partido Republicano e da Câmara Municipal em Itu.
6. PROFESSOR RANDOLFO MOREIRA FERNANDES
Prestou relevantes serviços à vida escolar do Município.
Seguindo a antiga orientação pedagógica, procurou aperfeiçoa-la estabelecendo na Escola de Indaiatuba, por volta de 1877, um tribunal do júri, encarregado de processar as traquinices infantis e irregularidades escolares, acaso verificadas entre os seus alunos. Deste júri saíam os pequenos absolvidos ou condenados.
Deu nome ao primeiro estabelecimento escolar de Indaiatuba (Escola Estadual de Ensino de 1º Grau Randolfo Moreira Fernandes) que funcionou durante muitos anos ao lado da Matriz, em prédio já demolido, onde hoje foi levantado o prédio escolar da Escola de Segundo Grau Candelária.
7. BISPO DOM JOSÉ DE CAMARGO BARROS
Entre todos os indaiatubanos do passado, realça a figura do bispo Dom José de Camargo Barros, nascido na Fazenda Itaguaçu aos 24-4-1858. Estudou em Itu, Sorocaba e no Seminário de São Paulo, onde se ordenou sacerdote aos 11-03-1883.
Aos 24-4-1894 foi sagrado bispo em Roma, tendo exercido sua missão em Curitiba e em São Paulo, realizando um profícuo trabalho. Dedicou-se também à imprensa.
Aos 05 de agosto de 1906 faleceu vítima do naufrágio do navio "Sirius", que saíra de Gênova e, à altura de Palos (Espanha), batera num recife. Seus restos mortais repousam na cripta da Catedral Metropolitana de São Paulo.
8. ANTONIO STANISLAU DO AMARAL (1896-1938)
Foi um notável silvicultor em todo o Estado, tendo projetado o Parque do Ibirapuera em São Paulo. Fundou o Horto Florestal de Itatuba, localizado nas divisas de Indaiatuba com Itupeva.
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OUTRAS PERSONALIDADES DE INDAIATUBA
Na política indaiatubana, por muitas vezes conturbada, exerceram grande prestígio as figuras do Major Alfredo de Camargo Fonseca, do Dr. José Cardoso da Silva e do Dr. Scyllas Leite Sampaio. Este dedicou-se também às pesquisas sobre a história da cidade e pode ser considerado o seu historiador.
Outras personalidades como o Dr. Jácomo Nazário, José Narciso Monteiro Neto (Zico), e muitas outras aqui se destacaram, pela dedicação e pela conduta exemplar como se conduziram na vida profissional e política, esmerando-se em servir e servir sempre, de modo desprendido; qualidades tão raras nos dias de hoje.
O José Narciso Monteiro Neto, conhecido popularmente por Zico, candidatou-se ao cargo de Prefeito em 1963, mas perdeu a eleição, por um único voto, para o Ivan Correa de Toledo, que assumiu o cargo em 01/01/1964, mas teve o seu mandato cassado pela ditatura militar em 13/06/1964.
O Visconde de Indaiatuba, que dá nome a uma das vias de acesso da cidade à Rodovia SP-75, aqui não nasceu e nada tem a ver com a cidade. Trata-se do Capitão Joaquim Bonifácio do Amaral, nascido em 03-09-1815 em Campinas, que recebeu o título nobiliárquico de Barão de Indaiatuba em 17-2-1876 e de Visconde de Indaiatuba em 19-7-1879. Faleceu em Campinas em 7-2-1884. Foi chefe do Partido Liberal e abastado agricultor em Campinas.
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OBSERVAÇÃO: esta monografia contém dados gerais coletados sobre Indaiatuba, a partir da informação bibliográfica abaixo, com o objetivo de oferecer uma visão sumária e geral para os estudantes do ensino fundamental, sobre as suas origens e seus acontecimentos históricos mais importantes. Em muitos pontos a análise é superficial, de modo que prescinde de uma pesquisa profunda de seus arquivos (até hoje desorganizados) e dos de outras cidades (Itu, Campinas, Jundiaí, São Paulo, e outras) que registram fatos relativos a esta localidade e às pessoas que aqui nasceram ou aqui viveram e contribuíram para a formação de seu patrimônio histórico, social e cultural. Elaborada em 1980 e atualizada até 2022. Muitos desses registros já foram pesquisados por Scyllas Leite Sampaio, mas nunca divulgados por seus descendentes.
(1) e (2): artigos de Scyllas Leite Sampaio.
B I B L I O G R A F I A
l. CAMARGO, Manuel de Arruda, in "Reminiscências - A Propósito do Primeiro Centenário de Indaiatuba", Instituto D. Anna Rosa, São Paulo, 1930.
2. FERREIRA, Jurandyr Pires, in "Enciclopédia dos Municípios Brasileiros", XXVIII volume, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Rio de Janeiro, 1957.
3. NARDY Filho, Francisco, in "A Cidade de Itu", Escolas Profissionais Salesianas, lº, 2º, 3º e 4º volumes, São Paulo, 1928,1930, 1950, e 1951.
4. SAMPAIO, Scyllas Leite - pesquisas e artigos diversos publicados no semanário "Tribuna de Indaiá", Indaiatuba.
5. Anais e arquivos (parte) da Câmara Municipal e da Prefeitura Municipal de Indaiatuba.
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