A obra de reforma e recuperação do conjunto histórico do Casarão Pau Preto continuou, inclusive no período entre o Natal e o Ano Novo. Algumas paredes tiveram que ser refeitas de acordo com a técnica original, devido à ação do tempo, ataques de cupins e ao vazamento de água da Rua Pedro Gonçalves.
De acordo com o superintendente da Fundação Pró-Memória, Carlos Gustavo Nóbrega de Jesus, foi feito um preenchimento em um espaço existente por de baixo do prédio para complementar o trabalho sustentação, que funcionar como amortecedor para reduzir o impacto sobre as paredes de taipa.
Gustavo também informa que o trabalho em toda cobertura do Casarão está em andamento. Já foi colocada uma manta térmica em toda sua extensão e as telhas, mais próximas das originais, estão sendo trocadas. Tal situação vai contribuir para o controle de temperatura do prédio e resolver o problema de infiltração de água.
O superintendente do Pró-Memória salienta que o trabalho nas paredes de taipa consiste em uma prática muito específica, que além do barro, do pau a pique e do bambu, conta também com um revestimento feito a base de cal, areia e um pouco de cimento, acabamento necessário para dar sustentação e força para a construção. Tal técnica remete, no mínimo, a dois séculos, com a diferença que no lugar do cimento era usado esterco de vaca.
Gustavo destaca o trabalho em equipe feito na obra, envolvendo as Secretarias Municipais, principalmente Obras, Engenharia e Meio Ambiente, que além de todo apoio logístico está fornecendo o material, e das empresas Exsa e Congesa que estão trabalhando nos banheiros, reserva técnica e cobertura. Para o serviço de recomposição da parte danificada das paredes a Prefeitura conta com a parceria do Saae (Serviço Autônomo de Água e Esgotos), que cedeu funcionários.
Para acompanhar integralmente os trabalhos, a Fundação Pró-Memória de Indaiatuba contratou o arquiteto e professor universitário Eduardo Salmar, especializado em taipa de mão e pilão, por “notória especialização”, nos termos da Lei Federal 8666/93 (art. 13, inciso XVII, cc. art.25, II). A obra também é supervisionada pelo arquiteto Rubens Oliveira, da Secretaria de Engenharia e Planejamento Urbano e membro do Conselho de Preservação.
RECORDANDO
Sobre a taipa, o superintendente da Fundação, afirma que a seu pedido foi feito um minucioso trabalho de prospecção para verificar possíveis patologias, diversidade de técnicas construtivas, para tentar um trabalho de restauração e não somente reconstrução. ”Gostaria que em alguns pontos do prédio fossem retomadas as características originais, mas como o Casarão foi muito modificado desde que foi construído não será possível retomar integralmente a originalidade”, explica. “O Casarão foi construído para outros fins e hoje virou museu, com grande circulação de pessoas, espaço para oficinas e palestras, com fins culturais, voltados à divulgação da história e memória de Indaiatuba”, completa.
A preparação da taipa, como colocação de escoras e a descupinização começou a ser feita em setembro, enquanto era feito o trabalho detalhado de prospecção, que permitirá a recuperação das paredes.
Nesta segunda etapa de obras do Casarão, além da recuperação das paredes que foram danificadas, será feita a revisão de toda a cobertura, incluindo telhas, madeiramento e calhas; instalação de manta de subcobertura; revisão das instalações elétricas; pintura geral; construção de sanitários.
A adequação do anexo para receber a reserva técnica do museu, construção do carroçário e recuperação de pisos danificados também fazem parte dessa etapa da reforma. Segundo o superintendente, as obras da parte do fundo do Casarão e do banheiro acessível já estão bem adiantadas.
Durante a obra, a administração e a superintendência da Fundação Pró-Memória atendem no prédio do Arquivo Municipal, localizado na rua Jácomo Nazário, nº 1.046, bairro Cidade Nova.
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