quinta-feira, 31 de março de 2022

Deus e o Diabo no Jardim Morada do Sol

 texto de Marcos Kimura

originalmente publicado no Jornal Indaiatuba 107.1 FM em 18/03/22


Lançamento da pedra fundamental da igreja do Jardim Morada do Sol.
crédito: Silva e Penna Imagens

Quando foi lançado no final dos anos 1970, o Jardim Morada do Sol era maior que todo o resto de Indaiatuba. Empreendimento gigantesco, contou, no mínimo, com a complacência dos poderes Executivo e Legislativo da época para ser implantado, sem áreas verdes e institucionais, sem asfalto, luz, água e esgoto. 

Sua história pregressa tem duas frentes: uma, a antiga Fazenda Engenho d’Água, cuja sede datava de 1807 e que era de propriedade de Ário Barnabé, que hoje dá nome à sua principal avenida. A outra é a Geada Negra. 

Na madrugada de 18 de julho de 1975, o fenômeno destruiu toda a cafeicultura do norte do Paraná, desempregando cerca de 600 mil famílias e mudando o cenário agrícola do país. Saltenses recordam que o prefeito Jesuíno Ruy foi o primeiro a buscar novos eleitores/moradores no Norte do Paraná, com promessas de moradia e trabalho; mas quem trouxe o maior contingente foi o empreendimento do loteador Elias Jorge na antiga fazenda de Ário Barnabé. 

O processo de colonização do Paraná na virada dos anos 1940/50 levou alguns indaiatubanos para o norte do estado, criando cidades como Maringá e Londrina. O compositor Arrigo Barnabé, nascido em Londrina, é descendente dessa leva; e, décadas depois, muitos paranaenses acabaram fazendo o trajeto oposto. 

O Jardim Morada do Sol foi batizado oficialmente em 19 de março de 1980, por meio de um decreto do recém-falecido Clain Ferrari. A rápida venda dos lotes, graças aos preços baixos, mudou para sempre Indaiatuba, para descontentamento de muitos. 

Se o pequeno bairro Santa Cruz, nas redondezas do Hospital Augusto de Oliveira Camargo, já era alvo de preconceito pelas famílias do Centro, o gigantesco Jardim Morada do Sol, faria com que a região “depois da linha do trem” passasse a ser maioria. Foram necessários muitos anos de ação das administrações municipais seguintes para que o bairro surgido no meio do nada não se tornasse um favelão. 

José Carlos Tonin iniciou as obras de infraestrutura; Clain Ferrari, em seu segundo mandato, asfaltou e duplicou a Avenida Ário Barnabé e inaugurou o Mini-Hospital; Flávio Tonin implantou a Estação de Tratamento de Água (ETA) III e a captação do córrego Piraí; Reinaldo Nogueira (em dois mandatos consecutivos) estendeu o Parque Ecológico até lá, como Parque Ecológico até lá, conforme previsto por Ruy Ohtake; e tanto José Onério como Nilson Gaspar prosseguiram as ações que tornaram o Jardim Morada do Sol um local de orgulho de seus moradores. 

Dentro de algumas semanas, o Bodecast, projeto comigo, a historiadora Eliana Belo e a testemunha da História Antônio da Cunha Penna, abordaremos detalhes inéditos sobre a implantação do maior bairro de Indaiatuba. 

Aguardem!

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