terça-feira, 26 de maio de 2009

A Centenária Igreja de Friburgo

Quando os primeiros imigrantes (1) chegaram no local onde até hoje está a centenária colônia alemã de Friburgo (Campinas - SP), tudo era mata ou mato. Comprometidos fundamentalmente com a própria sobrevivência, trataram inicialmente de construir seus primeiros abrigos e plantar o que dar de comer para seus rebentos. Nesse tempo de desbravamento, os cultos religiosos resumiam-se em reuniões feitas à luz mortiça dos lampiões nos casebres, hora de um, hora de outro, onde os pioneiros se agrupavam para rezar.

Mas após quase 20 anos desse difícil início, mais exatamente no dia 26 de março de 1880, quando as casas já estavam maiores, a cultura já produzia uma parcela para revenda ou troca e já havia parcas cabeças de gado, a primeira celebração oficiada por um pastor aconteceu no local: foi o batizado de Frederico Gustavo Wellendorf, filho de Karl Wellendorf.

Para esse evento e por iniciativa dos irmãos Samuel e Nilklaus Krähenbühl, juntamente com João Steffen, foi recebido festivamente na colônia, o pastor Johann Jakob Zink, um dos principais (se não o principal) esteio do luteranismo no estado de São Paulo no final do século XIX.

O pastor Johann Jakob Zink nasceu em Unterensingen, Württemberg, em 20/8/1844 e faleceu em Campinas, em 31/3/1918. Foi enviado para o Brasil em 1870, através da Sociedade Missionária de Basiléia (Basler Missionsgesellschaft). Atuou não só na Comunidade Evangélica de Friburgo, mas também em várias cidades da região. Em Friburgo, vinha uma vez a cada trimestre até que Ricardo E. G. Gübel, que fazia os cultos fúnebres e o ensino religioso, assumiu o trabalho dos cultos dominicais. Durante 40 anos esses cultos foram feitos na sala da escola da colônia.

"Até que em 3 de julho de 1932, em uma reunião especialmente convocada, foi deliberada a construção de um templo, em terreno doado pela Sociedade Escolar para esse fim. Em 11 de junho de 1933 foi lançada a pedra fundamental da igreja. Estiveram presentes...representantes das comunidades de Campinas, Monte Mór, Indaiatuba, Rio Claro e outras. 

(...) A construção do templo foi possível graças à colaboração espontânea dos membros de doações em um livro-ouro das 84 famílias pertencentes à comunidade e também de outras, não pertencentes à comunidade. O custo total da construção do templo atingiu a soma de Cr$ 31.500,00 (trinta e um mil e quinhentos cruzeiros)." (3)



Imagem externa (atual) do templo luterano de Friburgo, cedida de acervo particular para este blog.


" O templo se destaca por suas características luteranas. Em seu interior, ao lado do altar, está exposto uma foto de Lutero, de 1517. Na parede dos fundos, onde se encontra o altar, se destaca a pintura artística de uma paisagem, que aparece por entre cortinas abertas, suspensas por cordas. (...) Do alto, acima do púlpito, de entre as nuvens do céu, nos advertem as palavras do profeta Jeremias, escritas em letras grandes, em língua alemã:
"Land, Land, Land, höre des Herr Wort"
"Terra, terra, terra, ouve a Palavra do Senhor"
(Jeremias 22,29) (4)



Imagem interna (atual) do templo luterano de Friburgo, cedida de acervo particular para este blog.


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(1) Segundo Walter Krähenbühl, que escreveu "Friedburg - Castelo da Paz" (1992, mimeo.), os primeiros que chegaram na região entre Indaiatuba, Campinas e Monte Mor onde hoje está a centenária colônia de Friburgo, foi a família de Frederico Thamerus. Logo em seguida vieram os irmãos Samuel e Niklaus Krähenbühl, sendo que esse último casou-se com a filha de Thamerus. Após este início, mas de 30 famílias de imigrantes alemães estabeleceram-se no local, entre eles os Steffen, Jürs, Klement, Armbrust, Quitzau, Wulf, Ulitzka, Albrecht, Schröder, Dolner e Skupien.


(2) Para ler e saber mais sobre pastor Johann Jakob Zink, acesse: http://www.ieclbhistoria.org.br/home/index.phpoption=com_content&task=view&id=3045&Itemid=28
(3) Krähenbühl, Walter. Obra citada, página 26.
(4) Idem, página 27.
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4 comentários:

  1. Bacana a História da Colonia Alemã de Friburgo, que é dificilmente lembrada em Indaiatuba. É legal tambem a história do cemitério de Friburgo.
    sou descendente de duas familias que fundaram o friburgo, Ulitzka e Wülk.

    Parabens pela matéria.

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  2. Estou encantada com a história da imigração alemã na região, sou descendente de uma das Famílias fundadoras da Comunidade, FAHL , meus bisavôs e trisavôs estão enterrados lá...

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  3. Fico cada vez mais emocionada. Sou da Família de Carl Heiderich e de Maria Margaretha Cullma, creio que estão enterrados neste cemitério.

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  4. Cara Nercinda, eu também fico emocionada com a história dos imigrantes. Foi muito esforço, muita luta. Estou preparando mais posts com cartas dos primeiros que chegaram em Friburgo. Lorgo estarão publicadas. Acompanhe também as crônicas de Anton Ambiel, que era suiço, imigrante da Colonia Helveita, que era vizinha da de Friburgo, inclusive os primeiros imigrantes das duas colonias conviveram muito. A ultima cronica que vou publicar que Antonio escreveu (a terceira) é muito emocionante. Ele deixa um recado para as gerações futuras. Não tem como não se emocionar.

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