sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Esporte Clube Primavera - 1949

. “Mais uma vez nossa coluna se vê honrada com uma grande emoção advinda de uma carta enviada por uma senhora*, o que para nós não deixa de ser motivo de muita satisfação. A leitora que nos escreveu foi a professora Maria Zélia D´Eboux Nizzola, que tem a sua residência na tradicional cidade de Itu.” “Vamos aos dizeres da amável missiva que nos foi endereçada pela dama ituana cujo teor é o seguinte:
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. Itu, 5 de janeiro de 1964. Jornalista Belmiro Fanelli
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. A minha grande emoção deu-se no ano de 1949.
Era eu nesse tempo, aluna do colégio N.S. Do Patrocínio, das Irmãs de São José, em minha terra que é Itu.
O E.C. Oficinas Gazzola, hoje C.A. Ituano, jogaria uma final, série Carlos Rolim, pelo Campeonato Amador da Zona Ituana, contra o E.C. Primavera, de Indaiatuba,
na cidade de Capivari. Sendo eu estudante, e o jogo decisivo numa quarta-feira a tarde, não poderia faltar às aulas, motivo pelo qual deixei de estar presente no embate.
Fiquei aflita durante a tarde toda para saber o resultado de tão importante confronto.
Nem sei se as aulas daquele dia foram proveitosas.
Por volta das vinte horas, começaram a chegar a Itu,
integrantes de nossa torcida que foram a Capivari. A minha decepção foi total!
O E.C. Oficinas Gazzola havia perdido, obra de um frango espetacular do goleiro Mão de Onça!
O chute que venceu o conhecido guarda-valas, que de há muito está ligado ao C.A. Juventus, fora desferido de longa distância, e por isso mesmo era defensável. Naquele dia Mão de Onça me fez chorar! A torcida ituana, após o embate, arrancou de sua co-irmã de Indaiatuba, uma bandeira por ela trazida, e que simbolizava o clube rival do representante de Itu.
Tratava-se de uma bandeira preta e branca com a caricatura de um fantasma,
a quem davam o nome de “Fantasma da Ituana”. Essa bandeira, depois de hasteada na sede do E.C. Oficinas Gazzola, foi queimada em plena rua. Mas não sem antes de eu haver conseguido um pedaço seu,
da parte preta, para ser colocado na blusa de meu uniforme do colégio, junto ao distintivo do meu clube, que era simbolizado por uma “roda deitada”. No dia seguinte apareci no meu colégio com todo aquele luto, mas ninguém disse nada.
Já conheciam o meu modo de torcer no futebol, o que , modéstia à parte,
não me prejudicava, porque as minhas notas eram sempre boas.
Devo acrescentar, no entanto, profunda recordação dos meus inimigos do Primavera de Indaiatuba daquela época: o grande Tuia, seu irmão Didi, Sanã, Santo, Gibi e outros.
No E.C .Oficinas Gazzola lembro-me bem de Capelozzi, Chiquinho, Osmar, enfim, de todos aqueles que escreveram páginas de vulto para minha terra.”
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. Pelo que se pode deduzir da grande emoção sentida pela prezada leitora, a rivalidade existente entre as equipes do E.C. Oficinas Gazzolas, de Itu, e o E.C. Primavera de Indaiatuba, era das maiores.
Aliás, isso não nos surpreende, de vez que, quem como nós viveu dezenas de anos no interior, pudemos ver com os seus próprios olhos dados idênticos. Que o digam os prélios travados entre Leão da Paulista e o Azulão, (Rio Claro FCD); entre a Fera, de Vila Levy, e o Tigre da Paulista, (Rio Branco), de Americana, e também quando a Veterana tinha pela frente Nhô Quim, da Noiva da Colina.
As caravanas de torcedores desses tradicionais rivais, quando dos confrontos em território inimigo, diziam tudo. Por isso que se justifica a grande emoção vivida e sentida pela professora Maria Zélia D´Elboux Nizzola, numa idade em que o mais puro idealismo costuma tomar conta dos jovens de ambos os sexos. Acreditamos que outras emoções idênticas foram guardadas por muitas e muitos jovens de um passado não muito distante e que, quando a oportunidade se lhes oferecer, procurarão exteriorizá-las, a fim de viverem, no presente, uma grande emoção esportiva de épocas mais distantes quando as vibrações eram sentidas com mais intensidade. Por ora, os nossos sinceros cumprimentos à ferrenha simpatizante do E.C. Oficinas Gazzola, sem favor algum, um pedaço de autênticas glórias do futebol da tradicional Itu, ainda a serviço do “esporte rei", da hospitaleira e culta cidade que já tivemos ocasião de conhecer com nome de C.A. Ituano.

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(clique para ampliar)
Imgem dos jogadores do Primavera (sem data)
O goleiro é o famoso "Mão de Onça"
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. *(nota EBS): A carta foi enviada para a coluna Belmiro Fanelli, que se chamava " a grande emoção da minha vida".
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2 comentários:

  1. Reviver a história é algo fascinante, como mostra este post.
    Abraços, Rodrigo
    www.esporteindaiatuba.blogspot.com

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  2. Caros Amigos.
    Se quiserem fotos do TUIA, agora técnico do Primavera de Indaiatuba em 1957 e 1959 eu tenho duas com meu amigo Flavinho que jogou no Primavera e na decada de 1960 mudou para nosso bairro (Agua Rasa em São Paulo).
    Tennho outras fotos do Primavera e se quiserem basta me enviar e-mail.
    boleirosdaaguarasa@yahoo.com.br
    Site com as fotos: www.boleirosdaaguarasa.com
    Waldevir Bernardo.

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