sábado, 31 de outubro de 2009

Personagens folclóricos que habitam Indaiatuba

Agosto É O MÊS DO FOLCLORE

Dia 31 de outubro, é do Dia do Saci.

A data foi instituída no mesmo dia em que se comemora o halloween - dia das bruxas, uma festa originalmente estrangeira com o objetivo de chamar a atenção para o folclore nacional, que para alguns, ficava em segundo plano pela importância dada a esse "estrangeirismo". . Particularmente penso que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa: é importante que escolas de língua estrangeira deem destaque ao halloween como forma de imersão na cultura americana e mais importante ainda (e sem detrimento disso), é fazer eventos alusivos aos nossos personagens folclóricos, não só o Saci, mas o Boitatá, Diabinho da Garrafa, Curupira, Iara, Mula-sem Cabeça, Negrinho do Pastoreio e outros. .

Entre esses outros, há personagens de origem também estrangeira, como o Lobisomem, Bicho Papão, Bruxa e também os que entraram para o nosso folclore mais recentemente, como os famosos ET de Varginha e Chupa Cabra, esse último, segundo alguns, visto por várias vezes em sítios perto da Toyota, sim, daquela Toyota, que fica entre Indaiatuba e Salto.

A principal característica de um personagem folclórico é que sua estória - mito ou lenda - é passada oralmente, de geração à geração, sem a identificação clara da origem e, portanto, sem comprovação, sem o efetivo limite entre o imaginário e o real e sem depender da mídia institucionalizada para se manter fixamente no imaginário popular. Por tudo isso essas (e tantas outras) manifestações folclóricas são categorizadas como "cultura popular" - conceito que deve ser usado no singular, como sinônimo de folclore. .

Um personagem folclórico que habita em Indaiatuba em diferentes e criativas formas é o boneco de escapamento.

Embora seja concreto aos nossos sentidos - e por isso seja diferente das demais criaturas folclóricas (a não ser que você já tenha visto outra e possa provar!), suas características são as mesmas: foi inventado ninguém sabe por quem (com certeza por alguém que sabia soldar) nem onde (com certeza no meio urbano, em uma oficina ou sucata) nem quando, (com certeza no século XX). Mas se encaixa perfeitamente nos conceitos de criatura folclórica: foi criado por uma comunidade e representa sua identidade social, foi aceito coletivamente, tem tradição, dinamicidade e funcionalidade. .

Os criadores dos bonecos de escapamento são autênticos artistas populares, embora assim não se reconheçam e permaneçam absolutamente anônimos. Dia após dia, seus trabalhos são vistos por milhares de pessoas, em plena rua, atingindo alto nível de popularidade. Contudo, eles próprios não valorizam o que fazem – nem ao menos se julgam donos de suas criações, assim como não conhecem o colega da outra esquina, companheiro de ofício. Não há textos sobre eles em jornais ou revistas e também não adianta buscar referências no Google: será um trabalho inútil. São ilustres desconhecidos.

Mas eles não esperam nada diferente. E enquanto trabalham embaixo dos carros, de maçarico nas mãos sujas de óleo e com cicatrizes das inevitáveis queimaduras de solda, volta e meia desenham na cabeça outra maneira original de encaixar uma nas outras as peças do escapamento velho que normalmente iria para o lixo.
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Quando conseguem uma horinha de folga, transformam essa sucata em criaturas folclóricas, muitas vezes bizarras e surpreendentes: homens, mulheres, robôs, bichos diversos. Nas cidades brasileiras não há quem desconheça essas esculturas, cartão de visita das oficinas. De longe, o motorista vê a figura esquisita e já sabe: ali se troca escapamento. ..

. Conheça criadores e criaturas folclóricas de nossa Indaiatuba:
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Criador Gabriel, com sua criatura - mascote da Morada do Sol, de 2 anos, que habita a CL Pneus na avenida Ário Barnabé, 714


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Paulinho acompanha criatura criada por Claudiney, que tem 4 anos e habita a Av. Francisco de Paula Leite 392, no Bairro Santa Cruz, no Centro Automotivo Claudiney

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Paulo acompanha sua criatura chamada Fran, a mais velha de todas elas, com 15 anos de idade. Habita Fran Escapamentos, na Av. Visconde de Indaiatuba, 717, no Jardim América.
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. Essa criatura, de 3 anos e meio tem um cachorrinho. Habitam a Scapmania na Avenida Conceição 1274, na Vila Maria Helena. 

  . A criatura Júnior foi feita pelo criador Miltinho, tem 2 anos e meio e habita a Rua Tuiuti no.4, no Centro. Usa óculos como o sobrinho de seu criador e habita a Miltinho Escapamentos. . . .
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Mais imagens dessas criaturas do folclore que habitam em Indaiatuba:







O que é Folclore?

(texto de Gisleine Carvalho e Cristiane Yamazato)

Se você pensa no folclore como algo distante, que faz parte do passado ou que se resume a festas típicas, crendices de áreas rurais ou personagens como saci-pererê e mula-sem-cabeça, pode repensar seus conceitos. Dinâmico, ele se renova o tempo todo, não está limitado geograficamente e pode revelar aspectos valiosos sobre um povo e sua história.
Existem vários tipos de saberes. Na escola, temos o conteúdo das disciplinas. Mas há um outro tipo de conhecimento tradicional, de domínio comum, que é adquirido e transmitido pelo convívio social. Esse saber é rico e nos identifica", explica Alberto Ikeda, professor de cultura popular e etnomusicologia da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp).

Modos de ser e de pensar
Também chamado de cultura popular tradicional, o folclore é o conjunto de práticas, histórias, tradições e formas de pensar que pertence a um determinado povo, foi disseminado oralmente e resistiu ao tempo.
Todos os grupos sociais, de qualquer lugar do mundo, independentemente do seu nível de desenvolvimento, têm seu repertório de práticas populares.
Por exemplo, quando recorre a um chá calmante que a avó costumava preparar, ensina ao filho a empinar pipa ou repete um ditado como "o pior cego é aquele que não quer ver", um indivíduo está lançando mão dos chamados saberes populares. Todo mundo faz isso e, muitas vezes, esses costumes estão tão incorporados em nossa rotina, que não nos damos conta de que são oriundos dessa cultura popular.
Assim como o folclore revela qualidades interessantes de uma população, ele também pode mostrar características contestáveis. Um exemplo disso são as expressões de cunho preconceituoso. "Ainda assim, é importante atentar para isso e refletir a respeito. Só podemos modificar ou preservar aquilo que conhecemos", pondera o professor Ikeda, especialista em cultura popular.

Isso é folclore

Para que algo seja considerado folclórico ̶ seja um hábito, seja uma brincadeira, seja uma música, seja uma história etc. - ele precisa fazer sentido para um grupo, em um determinado contexto, e resistir ao tempo. A transmissão do saber acontece no convívio social, seja em casa ou na sociedade. "Muitas vezes, quando vai se conceituar o que é folclore, há uma tendência a valorizar o fenômeno em si e o conhecimento é apartado do praticante. Não dá para separar o grupo humano de seu saber. É preciso valorizar as pessoas que são responsáveis pela divulgação dessas informações", alerta o professor Alberto Ikeda, da Unesp.

Outro aspecto que deve ser ressaltado é que o folclore se atualiza. Um trabalho de renda feito artesanalmente por uma comunidade local, cuja técnica foi transmitida por várias gerações, pode ganhar temáticas contemporâneas e também utilizar novos materiais, mas a essência permanece. O mesmo acontece quando surgem variantes de uma cantiga ou brincadeira.

O folclore também pode ganhar novas manifestações. Um exemplo são as frases dos para-choques de caminhão. Esse tipo de comunicação mostra a personalidade, reforça a identidade e os valores de um grupo específico.

Histórias para repartir amor

As clássicas histórias dos mitos brasileiros - como o saci, a iara, o boto - são recontadas há anos. Elas chamam atenção das crianças, despertando curiosidade e também provocando reflexão. Mas é importante que sejam contextualizadas para ampliar a compreensão dos pequenos.

Na lenda do saci, por exemplo, pode-se explicar que o personagem arteiro, que vive aprontando travessuras, surgiu da necessidade das pessoas de justificar uma distração ou arrumar um culpado para uma determinada situação (leia o nosso especial sobre personagens do folclore).

Além dos contos famosos, vale reunir as crianças e contar histórias de família, falar das brincadeiras da infância dos mais velhos, reproduzir quadrinhas e brincar de adivinhas. É dessa forma que esse tipo de saber se propaga e criamos espaço para a convivência.
"Contar histórias é repartir amor, demonstrar carinho e interesse por aquela pessoa. Ninguém conta uma história para quem não gosta", completa o professor Alberto Ikeda.

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