texto de Ana Ligia Scachetti*
Nos registros da história indaiatubana da primeira metade do século XX, encontrados na Fundação Pró-Memória de Indaiatuba, há pelo menos três momentos em que a cidade voltou-se para a aviação. O primeiro em 1921 (1), foi quando um teco-teco pousou por essas bandas. Mas tarde, na década de 40, foi instalado um campo de aviação onde hoje existe a Clínica de Repouso Indaiá. E, para completar, da década de 50 tentaram fundar uma escola de aeronáutica.
A passagem do primeiro avião é contada com detalhes nas crônicas de Archimedes Prandini (publicada na Tribuna em 27/7/1965) e de Antônio Zoppi ( o Teco-teco é o texto mais antigo do livro Reminiscências de Indaiatuba). Ambos lembram que toda a população foi para as ruas conferir de perto a máquina que só tinham conhecido pelo cinema.
Acontece que um problema no motor da aeronave obrigou o capitão Bruci, da Polícia do Estado do Paraná, a descer nas terras de Antonio Pinheiro (local em que atualmente encontra-se o Hospital Augusto de Oliveira Camargo). A multidão de indaiatubanos curiosos acompanhou cada momento do conserto. Em volta do aviãozinho foram instalados até tabuleiros de doces.
Archimedes escreve: "Chega o dia da partida, o aviador despede-se e movimenta a hélice, mas devido ao forte vento produzido pela mesma, faz um dos tabuleiros que se encontrava próximo fosse jogado a certa distância, dano a oportunidade a que a molecada se deliciasse com gostosos doces sem pagar".
Feitos os reparos necessários, o teco-teco finalmente alçou vôo na direção de Itu. Porém, alguns dias depois, Indaiatuba recebeu a notícia de que a aeronave havia caído na cidade de Buri, resultando na morte do capitão.
Juventude
No início da década de 40, alguns jovens indaiatubanos que tenham suas primeiras aulas de vôo tiveram a ideia de construir um campo de aviação na cidade. O projeto foi autorizado pelo então prefeito Jácomo Nazário. Entre notícias de melhoramento e infra-estrutura da cidade, no jornal O Indaiatubano de 16/5/1944, é divulgada a instalação de um "magnífico" campo de aviação para treinamento. O campo, que teve vida curta, tinha 750 metros de comprimento e 150 metros de largura, com um hangar de 15m x 15m.
Poucos anos depois, a Lei Municipal no. 278, de 4/9/1951, autorizou um acordo com o comandante da Escola Santos Dumont para a fundação da Escola Aeronáutica de Indaiatuba, que formaria pilotos e mecânicos. A Lei 305/52, no entanto, revogaria essa decisão acabando com a escola que serviria de sede para o aeroclube.
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* Publicado originalmente no Jornal Tribuna de Indaiá em 22/04/1999 - página 06 e mais tarde, junto com outros artigos da jornalista, no livro "O Ofício de Compartilhar Histórias", na página 48 (veja imagem da capa abaixo)
(1) Nota da autora - Com relação a esta data, há divergência entre os cronistas locais. Enquanto Nabor Pires Camargo afirma que o fato ocorreu em 1915, Antonio Zoppi e Archimedes Prandini dão como certo o ano de 1921. Por outro lado, segundo depoimento de Antonio Charybdes Costa Sampaio, em 27 de maio de 1997, o acontecimento deu-se no ano de 1920.
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avião década de 1940
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