terça-feira, 29 de junho de 2010

Pedágio - O que aconteceu na História?

Eliana Belo Silva


Nos primórdios da sociedade feudal, a vida transcorria sem muita utilização do capital, a economia era de consumo e cada aldeia feudal era praticamente auto-suficiente. Mas havia um certo intercâmbio de mercadorias, em algumas feiras,  quase sempre locais, onde o excedente produzido mais por acaso do que por intenção era trocado: vinhas por casacos de pele; grãos por carne e assim por diante. Durante muito tempo o que dificultou a intensificação dessas feiras foram as condições das estradas: estreitas, mal feitas, enlameadas e frequentadas por duas espécies de salteadores:  bandidos comuns e senhores feudais que faziam parar os mercadores e exigiam que pagassem direitos para trafegar em suas estradas abomináveis.

Eram os pedágios medievais.

"A cobrança do pedágio era uma prática tão comum que quando Odo de Tours, no século XI, construiu uma ponte sobre o Loire e permitiu o livre trânsito, sua atitude provocou assombro", conta Léo Huberman, em seu agradável livro "História da Riqueza do Homem".


Mas o comércio não permaneceu pequeno. As feiras locais foram substituídas por feiras imensas, que passaram a negociar mercadorias por atacado que provinham de tudo quanto é canto do mundo conhecido e alcançável, mesmo que por caravelas. 

Artesãos locais e revendedores errantes foram eclipsados por Mercados onde eram oferecidas mercadorias do mundo todo, ou seja, chegou o dia em que o comércio cresceu. E tanto cresceu que as cidades emergentes convidavam os mercadores de todas as partes para participar de suas feiras - agora urbanas. E para atraí-los, ofereciam uma espécie de salvo-conduto para ir e voltar: ficavam isentos de pagar os pedágios dos arredores.

Ou seja: o pedágio medieval sofreu pressão para ser abolido. Pressão feita pela necessidade da expansão comercial. Pedágio significava uma barreira - uma das - para o crescimento das cidades, um estorvo para o crescimento do comércio.

Bom... acontece que, se os mercadores se livraram de um dos salteadores citados no começo desse texto - o senhor feudal que cobrava os tais pedágios -, não ficaram livres da outra classe de ditos salteadores: a dos bandidos comuns, que continuaram a assaltar - multiplicando-se cada vez mais, os mercadores que iam e vinham de feira para feira. A necessidade de segurança e ordem nas estradas cresceu.

E como quase sempre na História, alguém começou a tomar o poder, desta feita, aquele que era do Senhor Feudal: um rei, um duque, um príncipe ou qualquer outro título de nobreza que o valha. Formaram-se os Estados Nacionais com um desses ditos nobres no poder. E para garantir sua soberania, passaram a cobrar impostos, alguns deles justificados pela necessidade de "por ordem e segurança nas estradas". Sim! Estabeleceu-se um sistema nacional de impostos, esse mesmo, que conhecemos até hoje.

As promessas da época  também eram as mesmas de hoje; nisso a História não mudou quase nada: o trabalhador paga parte do que produz (e também do que consome) em forma de impostos para o governo, que por sua vez investe (promete investir seria mais adequado em alguns casos) na qualidade e segurança das estradas (e outros itens, como educação, saúde, segurança).

Hum... Mas eis que os impostos que atualmente pagamos após esses séculos decorridos, não atingiram seu objetivo. A qualidade e a segurança das estradas não são o primor que deveriam ser  - proporcionalmente à quantidade de impostos que são pagos. Mas uma coisa mudou: além de pagar esses impostos todos... quem diria... também voltamos a pagar pedágios!

Após aproximadamente oito séculos de história aqui resumida, resta-nos uma pegunta: que espécie de salteadores estão nos saqueando agora?



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Dia 1º de Julho - quinta-feira.
6:30 hs.
Na frente da Balila.
Dia da Luta Contra os Pedágios Abusivos do Estado de SP
Proteste, participando da manifestação pacífica na praça do pedágio de Indaiatuba.
                          Acesse no FACEBOOK: http://www.facebook.com/movimentoantipedagio



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