Imagem do Largo da Matriz antes da iluminação pública eletrificada.
A Sombra do Coração
Diz um poeta popular:
onde anda o corpo - é verdade
que a sombra vai pelo chão,
é assim a saudade,
a sombra do coração.
Quem não se lembra?
Quem não se recorda dos nossos tipos populares?
Não retratá-los nestas colunas seria imperdoável omissão.
Ao descrevê-los, tivemos em mente a boa intenção.
Os nomes aqui trazidos surgem de um bem-querer que o passado não conseguiu esquecê-los, enterrá-los.
Não foram eles muitos, porém, os poucos que surgiram, passaram a fazer parte integrante de nosso cotidiano e ainda emocionam pela originalidade.
Poder-se-ia dar-lhes bastante relevo, destacar cada um por si; todavia nos parece que teríamos de usar e abusar do lápis para deixar gravados nas colunas deste nosso semanário a expressão indelével dos nossos personagens - que foram, e ainda são - benquistos pela população e que se confundem nos anais de nossa própria história.
Não seria veleidade querer chegar à tanto, em dedicar a biografia de cada um, espaço destacado e especial.
Quem não se lembra?
Surgiram eles meio século atrás e merecem ser lembrados.
Quem não se recorda do estimado e popular Nenê do Lampião?´
Homem amável no trato. Sorriso largo, bacana. Está ligado à Indaiá por sinceros laços de recordações e amizades que soube muito bem granjear, Gozava conceitos dos mais positivos.
Era visto, infalivelmente, todas as tardes à iluminar nossas vias públicas, silenciosas, que tornavam-se noites gostosas sob o condão mágico de Raul Bicudo, Milóca, Hilário, Zoppi e muitos outros instrumentistas famosos, músicos de escól, de verdade, da velha guarda; sabiam proporcionar serenatas lindas, românticas, de poesias, sob o céu de noites enfeitiçadas, de estrelas, de calmaria impressionante. Tempos esses que jamais voltarão... que pena!
Quantas saudades, nossa velha e amiga Indaiá!
Por Deus, não esqueci, não. O Barba, quem há de esquecê-lo? Transportando seu carrinho de mão com mercadorias, encomendas para o comércio.
Homem simples, humilde, humano, bom, alegre, prestativo, tendo sempre um sorriso brejeiro, a dizer galhofas, a contar estórias, incitando gostosas gargalhadas.
Homem simples, humilde, humano, bom, alegre, prestativo, tendo sempre um sorriso brejeiro, a dizer galhofas, a contar estórias, incitando gostosas gargalhadas.
Que beleza, minha gente!
Ah! E o Cipriano? Poder-se-ia esquecê-lo? Nunca... não!
Esse nosso amigo era apologista inveterado da cachaça. Não havia quem lhe negasse um "taludo martelo" da boa; bem... nem que fosse da ruim.
Esse nosso amigo era apologista inveterado da cachaça. Não havia quem lhe negasse um "taludo martelo" da boa; bem... nem que fosse da ruim.
Além do mais o nosso Cipriano gostava de cantar... e que voz!
Hoje, na certeza seria gongado ao abrir a boca.
Seus amigos, de vez em quando, haviam por jogá-lo em um higiênico banho no tanque do Bicudo. Seus pés viviam inchados pelos bichos-de-pé e o banho trazia seus benefícios.
Foi internado na Santa Casa de Misericórida de Itu, onde veio a falecer vitimado pelos mesmos.
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Luiz Carlos Sannazzaro nasceu em 9 de fevereiro de 1912 e faleceu em 26 de julho de 1980. Chegou em Indaiatuba em 1935 para trabalhar e responsabilizar-se pela Farmácia São José. Era casado com Sylvia Teixeira de Camargo e teve quatro filhos: Carlos Adalberto (que me deu o livro de onde copiei esse texto), Luiz Carlos, Silvia Carolina e Donária Silvia. Tem dois livros publicados: Divagando, de 1977 e Divagando II de 2000, fonte original deste post, que cita indaiatubanos da primeira metade do século XX.
Eliana
ResponderExcluirEste Blog está fabuloso!
Toda a minha admiração.