sexta-feira, 10 de julho de 2015

FAZENDEIROS DA NOSSA TERRA - Antonio da Helvetia


Eliana Belo Silva

Coluna Identidade Indaiatubana

Jornal Exemplo de 10/07/2015

FAZENDEIROS DE NOSSA TERRA – Antonio da Helvetia

Anton Ambiel  era um camponês que nasceu no cantão de Obwalden na Suiça em 15 de novembro de 1862 e veio para o Brasil com 18 anos. Como tantos outros imigrantes, veio ‘pobre de marré, marré, marré’, com seus pais e irmãos, em busca de um futuro que a terra natal não mais prometia. Inicialmente, como outros suíços, a família trabalhou no regime de colonato, estruturado para substituir parcialmente a mão de obra dos trabalhadores negros que eram escravizados e foram libertados. Trabalharam assim em Jundiaí, no Sitio Grande de propriedade do Barão de Jundiaí, até que conseguissem acumular um capital para comprar a própria terra.

A COLONIA HELVETIA

Essa prosperidade aconteceu com outras famílias de suíços e em 14 de abril de 1888, os Ambiel de Antonio e as famílias Amstalden, Banwart e Wolf compraram, perto do Rio Capivari Mirim em Indaiatuba, as terras que formariam a Colônia Helvetia. A colônia cresceu consideravelmente, sendo que dez anos depois, em 1898, já tinha 410 habitantes suíços e de outras origens (considere que em 1917 Indaiatuba toda tinha 1615 habitantes). No site oficial da Colônia Helvetia o sucesso do crescimento é atribuído fundamentalmente, entre outras causas, para a família, que como célula social primária da comunidade, era numerosa, trabalhava em conjunto e tinha sólida formação escolar, religiosa, cívica e moral. E foi neste cenário que Antonio Ambiel despontou como líder comunitário participando da organização da colônia em vários aspectos institucionais como a escola, cemtitério e a igreja (que logo virou paróquia abrangendo as fazendas Itaguassu, Itaoca, Quilombo e Palmeiras) bem como a sociedade de tiro ao alvo, e até a estação ferroviária. Organizou também uma cooperativa para importar sementes de batata e conseguiu isenção aduaneira para o negócio; consta que no primeiro ano seguinte a primeira importação, Helvetia e propriedades de municípios vizinhos produziram 33 mil caixas de “batatas inglesas”.


ESCOLA

Consta em ofícios da Secretaria da Agricultura da então Província de São Paulo, que por várias vezes, os moradores da colônia Helvetia, sempre representados por Antonio Ambiel, solicitaram recursos para a Escola. Algumas respostas vieram como esta: ‘por não tratar-se de uma colônia de regime oficial, não compete a esta Secretaria atender ao pedido’. Mas o fato é que, consultando seguidamente os vários ofícios relacionados ao assunto, constatam-se dois fatos, a persistência de Antonio e o resultado dessa persistência: a Escola da Colônia passou a receber auxílio financeiro como poucas da província recebiam, nem mesmo a escola do ‘centro” de Indaiatuba ou de Itaici, que era um importante e movimentado entroncamento ferroviário. Ele conseguiu, por diversas vezes, trazer especialistas para dar aulas de ensino agrícola, inclusive com demonstrações de máquinas, para os estudantes da escola, desenvolvendo assim, camponeses qualificados com técnicas que iam além das familiares. A Biblioteca da Secretaria da Agricultura chegou a enviar livros para o acervo da ‘Escola Niklaus Von Flüh’.



ESTAÇÃO FERROVIÁRIA

Inaugurada em 1914, a estação ferroviária da Colônia Helvetia pode ser considerada outro exemplo da influência de Antonio Ambiel. Durante o chamado Ciclo do Café, as Estações ou Paradas eram construídas em locais que facilitassem o escoamento dos grãos para o porto de Santos, por consequência era normal que os fazendeiros quisessem esses pontos o mais próximo possível de suas fazendas para facilitar e ter ganhos com a logística. Para isso faziam de tudo: compravam ações das companhias ferroviárias para, quem sabe, pertencer à diretoria e tramitar influência, bajulavam os diretores, ofereciam benesses, faziam acordos variados, etc. No caso da Helvetia o que aconteceu foi uma treta com o pessoal do bairro de Vira-copos, que também queria que a estação fosse construída lá pelos mesmos motivos. Antonio Ambiel representou os interesses da Helvetia e Guilherme Steffen representou o bairro de Vira-Copos e o fim a gente já sabe. Quando ocorriam as festas tradicionais da colônia, a Sorocabana colocava trens especiais à disposição da comissão organizadora que levava convidados à esta Estação.

Antonio Ambiel foi casado com Thereza Amstalden, teve onze filhos e faleceu em 1928.

Anton Ambiel, líder comunitário da Colônia Helvetia, foi vereador em Indaiatuba e deixou muitos descendentes

Crédito da Imagem: Centro de Memória da Helvetia


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