quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Jardim Morada do Sol


Uma nova Indaiatuba, que cresce a cada dia não somente em número, mas também em força produtiva e até mesmo política. 
Assim define-se o Jardim Morada do Sol, que em 2015 celebrou 35 anos de existência com planos para o futuro e investimentos ainda maiores em infraestrutura e maior qualidade de vida aos seus moradores que somam hoje 50% da população municipal.



Crédito da Imagem: REVISTA EXEMPLO


A história do Jardim Morada do sol remete ao século 19, quando a família Barnabé se reuniu em uma fazenda naregião sul da cidade, chamada Engenho D'Água. A historiadora Eliana Belo revela detalhes do local. “Esta fazenda teve sua sede construída por volta de 1807, utilizando a técnica em construção em taipa de pilão, muito utilizada na época (mais precisamente em barro, com madeira e cipós entrelaçados, com largura aproximada de 64 a 72 centímetros). Mais tarde algumas de suas paredes foram construídas com tijolos”, relata.

Foi neste cenário que surgiu um dos moradores mais ilustres de Indaiatuba e que hoje dá nome a uma das vias mais movimentadas da Zona Sul: a Avenida Ário Barnabé, uma homenagem ao pecuarista e cafeicultor nascido em 29 de abril de 1899, filho de Reinaldo Barnabé e neto de Valeriano Barnabé com Adelina Boseli. De acordo com o livro Famílias Tradicionais e Ilustres de Indaiatuba, publicado em 1997, Ário casou-se com Lilia Curti Elvira Barnabé e teve seis filhos.


Ário Barnabé e esposa
Imagem do Arquivo Público da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba



Entre as heranças que recebeu da família estava a Fazenda Engenho D'Água, onde cultivara café, milho, arroz e algodão, além de manter algumas cabeças de gado. Após muito tempo no local, ele resolveu vender as terras para uma incorporadora em 1977, quando o então prefeito, Clain Ferrari, resolveu, em conjunto com uma loteadora, criar o Jardim Morada do sol, que seria interligado pela Avenida Ário Barnabé. O ilustre morador de Indaiatuba faleceu em 3 de outubro de 1979, com 80 anos.

Nascimento

O loteamento das terras teve início em 1970, com a criação do Núcleo Habitacional Brigadeiro Faria de Lima, mais conhecido como Cecap. Foi então que, em 1980, Clain Ferrari aprovou através do Decreto Municipal 2.081, datado de 19 de março daquele ano, o loteamento denominado Jardim Morada do Sol, contrariando a orientação de pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), que em 1972 pesquisaram o município e diagnosticaram que “a proximidade com o Distrito Industrial traria alguns problemas futuros para seus moradores, como a poluição, trazida pelo regime dos ventos, muito característicos daquela região”.


Crédito: Arquivo Público da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba


Mas nada faria o prefeito Clain Ferrari brecar a "evolução" de uma cidade que crescia exponencialmente, apoiada em uma política industrial que ganhara proporções ainda maiores a partir da década de 60, principalmente após a criação do Distrito Industrial, conforme indica a pesquisadora Adriana Correa Alves em sua tese para o Departamento de Geografia do Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista (Unesp), de Rio Claro, intitulada O Migrante Paranaense em Indaiatuba: Um Estudo sobre o Processo Migratório e suas Implicações, escrita em 1997.

Nele, a historiadora lembra que “a partir de 1960, com a criação do Distrito Industrial, localizado às margens da Rodovia Alberto Santos Dumont, o parque industrial de Indaiatuba passa a ter uma nova estrutura, com a participação de grandes unidades mecânicas e metalúrgicas que se instalaram no município na época”. Assim, em pouco tempo, o cenário se transforma. “Estas novas indústrias progrediram rapidamente, chegando a corresponder em 1970 por 48,2% do valor total da produção, enquanto que o ramo têxtil ficava com apenas 44% do valor produtivo”, lembra.

Este crescimento causou uma grande corrente migratória. “Outro fator que em muito influenciou na vinda dos migrantes paranaenses foi a criação, nos anos 70, de um grande loteamento na zona sul da cidade, próximo ao Distrito Industrial, denominado Jardim Morada do Sol. Devido à considerável distância do loteamento ao centro da cidade (aproximadamente 12 quilômetros), e à falta de infraestrutura do bairro, os lotes tinham um preço muito baixo”, afirma a pesquisadora. “A presença de emprego, associado às facilidades de aquisição de um imóvel foram fatores determinantes que influenciaram a migração em massa de paranaenses para Indaiatuba a partir da década de 60/70”. Outro detalhe seria importante. “Nos anos 70/80, com os problemas da crise do café no Paraná, muitos lavradores vieram para Indaiatuba em busca de prosperidade”.


Crédito da Imagem: REVISTA EXEMPLO

A historiadora Eliana Belo lembra ainda que este fluxo trouxe problemas na época. “Como todo surto migratório, consequências positivas e negativas foram decorrentes. Houve um aumento desordenado da população em curto espaço de tempo, ocasionando falta d'água, escolas, empregos e crescimento da mão-de-obra não qualificada, o que ocasionou uma queda nos salários. Por outro lado, as pessoas se fundiram na cultura da cidade e se integraram ao restante da população”.



Revolucionário

A historiadora Adriana Carvalho Koyama, lembra que o bairro foi criado com a intenção de auxiliar o crescimento do Distrito Industrial. “A intenção na época da criação do Jardim Morada do Sol era atrair mão-de-obra para a indústria, que estava crescendo. Foi então que Indaiatuba passou a receber migrantes de todos os lugares do Brasil, principalmente do Paraná, mas também da Bahia, Minas Gerais e outros estados”, ressalta.

Adriana destaca que, mesmo com os problemas de infraestrutura apresentados pelo bairro em sua origem, as famílias de migrantes não sofreram o impacto da mudança. “O interessante é que estes migrantes vieram para Indaiatuba em grandes comunidades, ou seja, assim que mudaram já havia uma grande rede de solidariedade, uma confraria que permitiria que esta mudança fosse mais tranquila”, revela.

Contudo, a historiadora lembra que o Jardim Morada do Sol não estava previsto no Plano Diretor da época. “É evidente que existia uma política muito clara de expansão industrial na época, mas o Morada do Sol não estava previsto no Plano Diretor do município”, lembra. “Em termos de urbanismo, criou-se um fato que depois precisou ser organizado”. Adriana lembra que estes problemas da época criaram uma ideia equivocada do bairro. “É comum ouvirmos dizer que o Morada do Sol é outra cidade. Esta ideia foi originada exatamente pela falta de planejamento na época. Atualmente, o cenário é outro e o Poder Público vem se esforçando para mudar isso”, acredita.

Adriana lembra ainda um importante personagem da história do Morada do Sol e de toda Indaiatuba: o Parque Ecológico, uma criação do arquiteto Ruy Ohtake. “Tempos atrás, a precariedade do bairro era tanta que o projeto original do Parque Ecológico previa equipamentos urbanos para melhorar a qualidade de vida. Isto foi algo que o Ruy Ohtake não precisou incluir em seu projeto, mas ele teve a visão de auxiliar o Poder Público a dar melhores condições aos moradores do Morada do Sol”, revela. “Além disso, se antigamente havia uma divisão entre o bairro e o restante de Indaiatuba, o Parque Ecológico veio para resolver isso”, afirma.

A historiadora lembra que o projeto de Ohtake foi revolucionário. “No plano dele, o Centro comercial se deslocaria onde hoje existe a Prefeitura Municipal”, lembra, revelando uma possibilidade que muitos ainda acreditam que se tornará realidade. “Hoje, temos uma parcela considerável da população vivendo no Morada do Sol e na última década, tivemos muitos investimentos”, conta. “Mas ainda acredito que o bairro precisa de mais árvores, pois nasceu em um momento da vida pública em que não se pensava em árvores urbanas”, completa.


Crédito da Imagem: REVISTA EXEMPLO


Melhorias

Atualmente, o Jardim Morada do Sol abriga cerca de 100 mil habitantes (isso em 2010) algo próximo de 50% do total da cidade, e conta com 27 escolas municipais, estaduais e particulares. Abriga ainda a sede da Guarda Municipal, que fica anexa ao 1º Distrito Industrial, além da Unidade de Pronto-Atendimento 'Dr. Mário Paulo', mais conhecido como Mini-Hospital. Em breve, o bairro ganhará uma nova Unidade de Pronto-Atendimento, construída em parceria com o Governo Federal, que promete se tornar referência. [A UPA foi inaugurada em 2013 - nota de EBS].

Segundo números oficiais fornecidos pelo Departamento de Rendas Mobiliárias (Derem) da Secretaria Municipal da Fazenda, o bairro conta atualmente com 1.706 comércios envolvendo pessoa física, prestadores de serviços e empresas. Em 2005, este número era de 934, o que representa um aumento de quase 100% em um período de praticamente cinco anos. Tanto crescimento leva a Prefeitura a buscar ainda mais melhorias à população do bairro. “Ainda há muito a fazer e nossa meta é buscar um crescimento sustentável para o Jardim Morada do Sol”, afirma o prefeito Reinaldo Nogueira (PDT). Esperamos que sim, pois hoje o Morada do Sol é muito mais que apenas um bairro. É a engrenagem que movimenta uma cidade em franca expansão.


Crédito da Imagem: REVISTA EXEMPLO


Lembrando que seus primeiros anos na política tiveram como meta a solução dos problemas de infraestrutura apresentados pelo Jardim Morada do Sol, o prefeito admite que ainda há muito trabalho a fazer no Morada do Sol. “Ainda falta muito.  Precisamos alcançar melhorias na sinalização e no trânsito em geral”, afirma. “Quando foi lançado, o bairro possuía um total de oito mil lotes. Hoje temos mais de 12 mil. Nós devíamos ter mais avenidas por todo o Morada do Sol, pois isso facilitaria o trânsito”, enfatiza. 



Texto originalmente publicado na REVISTA EXEMPLO IMÓVEIS em 2010 
quando o Jardim Morada do Sol completou 30 anos
Agradecimentos: Sr. Aluísio Williampresidente do Grupo AWR


Débora Andradesjornalista.


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