terça-feira, 9 de junho de 2009

A número 1 - a locomotiva do Museu Ferroviário

A locomotiva que está exposta no Museu Ferroviário de Indaiatuba, localizado na antiga estação ferroviária da Estrada de Ferro Sorocabana, no centro da cidade, foi a primeira (!) - a número 1 - da Companhia Ytuana de Estradas de Ferro.

A locomotiva de tração à vapor, que está atualmente estática - mas pode ainda funcionar como há mais de um século - foi fabricada pela The Baldwin Locomotive Works, nos Estados Unidos, em 1874. Ela estava exposta na cidade de Saint Louis, nos Estados Unidos, em um dos eventos de comemoração do centenário da independência daquele país, identificada com o nome de "América".

O imperador D. Pedro II, presente na exposição, comprou a máquina e deu de presente para a Ytuana, que imediatamente mudou o nome dela para "D. Pedro II".

Em 1892 ocorreu a fusão entre a Ytuana e a Sorocabana e a locomotiva foi renomeada como a número 10 da Sorocabana. Funcionou em operações de transporte de passageiros até 1967, quando foi desativada, ficando no pátio da antiga estrada de Ferro Sorocabana até 2002, quando veio para Indaiatuba.

Conservada, imponente e importante (ela é uma das mais antigas locomotivas a vapor americanas que operaram em ferrovias brasileiras), fica exposta graciosamente em nosso município, sendo um patrimônio que devemos não só continuar preservando, mas usando como objeto de estudo e referência à memória ferroviária.

Outros dados:
  • Comprimento: 12,50m
  • Peso: 50.000 quilos
  • Bitola: 1,00m
  • Configuração das rodas: 4-4-0
  • Diâmetro dos cilindros: 45cm
  • Curso dos pistões: 40cm
  • No. de série: 3627



O texto abaixo foi publicado na Revista Ferroviária:


Presente do Império

http://www.revistaferroviaria.com/memoriaferroviaria/Imagens/Locomotiva%20n%2010%20de%20Indaiatuba_p.JPG
  Locomotiva estacionada em Indaiatuba (SP): presente de D.Pedro II para a Estrada   de Ferro Ytuana

Projeto Memória localiza locomotivas doadas para as ferrovias brasileiras por D. Pedro II e pelo rei da Bélgica 

A partir da segunda metade do século XIX, a expansão cafeeira foi um fator determinante para o surgimento das ferrovias no País. O imperador D.Pedro II foi um entusiasta da modernidade e do avanço tecnológico, tendo sido o principal responsável pelo início da operação das locomotivas a vapor de origem americana nas estradas de ferro brasileiras.

Uma dessas locomotivas foi localizada pelo Projeto no Museu Ferroviário da cidade de Indaiatuba, em São Paulo. Sérgio Martire, um dos maiores especialistas em locomotivas do Brasil, revela que a máquina foi um presente do imperador D. Pedro II na inauguração da Estrada de Ferro Ytuana, pertencente à Companhia Ytuana de Estradas de Ferro — trecho ferroviário de bitola de 96 cm, que interligava as cidades de Jundiaí e Itu (no Estado de São Paulo). 

http://www.revistaferroviaria.com/memoriaferroviaria/Imagens/Capture_09262005_155239.GIF

“A locomotiva estava exposta na cidade de Saint Louis, nos Estados Unidos, durante as comemorações do centenário de independência daquele país, em 1876, e foi comprada pelo imperador do Brasil.” Segundo Martire, a máquina foi construída pela fábrica Baldwin Locomotive Works em agosto de 1874, com o número 3627 e classificação 4-4-0. Na exposição do centenário, a locomotiva tinha o nome de “América”. Logo que chegou ao Brasil foi batizada de “D. Pedro II”. 

A americana mais antiga

O coordenador do Museu Ferroviário, José Henrique Dercole, afirma que a locomotiva estacionada em Indaiatuba é a mais antiga fabricada nos EUA localizada no Brasil. “Nesta época, as locomotivas em operação eram produzidas pelas fábricas inglesas.” O coordenador revela que em 1892 ocorreu a fusão das companhias de ferro Ytuana e Sorocabana, dando origem à CUSY — Companhia União Sorocabana Ytuana.

“As bitolas das duas ferrovias foram unificadas para métrica e as expansões continuaram no estado de São Paulo”, diz ele. Com isso, em 1905 a locomotiva D. Pedro II passou a fazer parte do acervo da Estrada de Ferro Sorocabana e, com novo prefixo (de número 10), continuou em operação no transporte de passageiros até 1967. “Neste ano, a locomotiva foi ‘aposentada’, tendo sido exposta no pátio da antiga Estrada de Ferro Sorocabana até 2002, quando foi transferida para o Museu Ferroviário de Indaiatuba”, disse ele.

Presente do rei da Bélgica

Ainda no capítulo locomotivas presenteadas às ferrovias brasileiras, o Projeto localizou na cidade de Santos Dumont, em Minas Gerais, a locomotiva a vapor Zezé Leoni, doada pelo Rei Alberto da Bélgica para operação na Estrada de Ferro Central do Brasil (E.F.C.B) em 1920. O nome foi inspirado na Miss Brasil de 1930, Iolanda Pereira, conhecida também como Zezé Leoni. Do tipo Pacific 370, classe 4.6.2 e de número 63433 foi construída pela American Locomotive Company.

http://www.revistaferroviaria.com/memoriaferroviaria/Imagens/_MG_2472%20Santos%20Dumont%20de%20frente_p.JPG
  Locomotiva do tipo Pacific, classe 4.6.2 e número 63433 doada pelo Rei Alberto da   Bélgica para a EFCB

De acordo com Marisa Fontes, chefe de Divisão do Arquivo Público e Patrimônio Cultural de Santos Dumont, os maquinistas que conduziram a locomotiva são unânimes em afirmar que a Zezé Leoni era especial. Ela conta que em 1922, a locomotiva realizou uma viagem entre Rio de Janeiro e Belo Horizonte conduzindo uma composição que tinha entre seus integrantes o príncipe de Gales — que visitava o Brasil na época — sem que houvesse imprevistos.
“Os maquinistas se emprenhavam em mantê-la brilhante em seus cromados e bronzes com cores alegres em seus detalhes, como os frisos das rodas e o interior da cabine”, conta. Após décadas de uso ininterrupto e com o fim da era a vapor nas ferrovias brasileiras, a Zezé Leoni foi retirada de operação e recolhida, na década de 60, às oficinas do 4º Depósito da E.F.C.B em Santos Dumont.
Marisa Fontes lembra que a locomotiva foi salva do sucateamento e desmonte por um grupo de ferroviários aposentados da cidade manieira e hoje, pertence ao Preserfe — Setor de Preservação do Patrimônio Histórico Ferroviário, órgão vinculado à Administração da RFFSA.
Hoje a locomotiva faz parte do patrimônio histórico da Prefeitura de Santos Dumont, mas encontra-se mal conservada. Informações não-oficiais dão conta que o Preserfe está negociando com o Banco Mundial recursos para a sua reforma e recuperação. O objetivo é retomar a operação da Zezé Leoni no transporte turístico e de passageiros em geral. 

http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.revistaferroviaria.com/memoriaferroviaria/Imagens/Locomotiva%2520n%252010%2520de%2520Indaiatuba_p.JPG&imgrefurl=http://www.revistaferroviaria.com/memoriaferroviaria/preser_2005_agosto.html&usg=__-vcMAhL2MMfeTNkF_gApqAJPhEE=&h=299&w=450&sz=33&hl=pt-BR&start=108&sig2=NoJUdSnvPf-8JFmG1lR69Q&tbnid=-NnYktrQwAo7kM:&tbnh=84&tbnw=127&ei=tcCUSZzMMIrKtQPLn5mrBw&prev=/images%3Fq%3Dindaiatuba%26start%3D100%26gbv%3D2%26ndsp%3D20%26hl%3Dpt-BR%26sa%3DN



Estações da Estrada de Ferro Ituana



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