quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Fragmentos de Memórias

A Persistência da Memória - Salvador Dalí
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texto de Sônia Maria Fonseca*
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Frequentemente se ouve falar de resgate da memória, equívoco comum, que equivale a pensar que essa, embora desconhecida ou perdida, fosse algo completo, um todo. Desse modo, tem-se a impressão que em algum lugar é possível encontrá-la à espera daqueles que vão resgatá-la do seu estado inerte.
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Memória não se resgata, preserva-se.
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Muitas vezes no afã de preservá-la não nos damos conta de uma condição essencial - a sua multiplicidade: é pessoal, coletiva.

Às memórias pessoais (a que temos sobre nós mesmos e sobre os outros) sobrepõem-se as coletivas (institucionais, de grupos sociais, étnicos, etc.). Múltiplas, fragmentadas, seletivas.
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Retemos de vivências passadas o que nos convém à sobrevivência. O esquecimento, no plano mental do indivíduo, tem o papel de regular o "excesso de memória". Esquecemos para sobreviver ao "cansaço e tensão" que ela provoca. Por outro lado o esforço em preservá-la supre da sua carência e nos torna plenos. Recordar é viver...
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A memória, de um ponto de vista formal, pode ser entendida como matéria-prima da qual se constrói a história. Dos documentos que reunimos, não importa a natureza do suporte, extraímos ensinamentos.

Na própria palavra documento, que possui a mesma raiz da palavra docente, encontramos a função principal - ensinar. Os documentos tampouco nos falam diretamente. Eles nos dão pistas, indícios, sinais ou até evidências que, se bem interpretadas, podem nos levar a algumas verdades parciais.
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Preservar memórias, dito de maneira simples, é algo parecido com o processo de montagem de um quebra-cabeças, onde cada peça (entendida como documetno-fragmento), concorre pouco a pouco para se chegar a alguma forma.
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Cabe a cada um de nós a tarefa de não deixarmos que essas peças se percam, em benefício de nossas vidas, famílias, enfim, de toda uma coletividade.
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* Sônia Maria Fonseca foi superintendente da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba. 
Este texto foi publicado na edição de 26 de outubro de 2001 do jornal Folha da Gente.
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Imagem de Salvador Dalí - cópia eletrônica do site www.art.com
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Leia também o texto "Famílias e Fotografia" no link http://www.oolhodahistoria.ufba.br/artigos/familias-e-fotografia-john-mraz.pdf
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Um comentário:

  1. Fiquei muito feliz ao reencontrá-la.
    E mais feliz ainda por ver o quanto este blog "vingou"...

    Vc merece ser parabenizada e eu me orgulho por compartilhar da sua amizade.

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