A Persistência da Memória - Salvador Dalí
.
texto de Sônia Maria Fonseca*
.
Frequentemente se ouve falar de resgate da memória, equívoco comum, que equivale a pensar que essa, embora desconhecida ou perdida, fosse algo completo, um todo. Desse modo, tem-se a impressão que em algum lugar é possível encontrá-la à espera daqueles que vão resgatá-la do seu estado inerte.
.
Memória não se resgata, preserva-se.
.
Muitas vezes no afã de preservá-la não nos damos conta de uma condição essencial - a sua multiplicidade: é pessoal, coletiva.
Às memórias pessoais (a que temos sobre nós mesmos e sobre os outros) sobrepõem-se as coletivas (institucionais, de grupos sociais, étnicos, etc.). Múltiplas, fragmentadas, seletivas.
Às memórias pessoais (a que temos sobre nós mesmos e sobre os outros) sobrepõem-se as coletivas (institucionais, de grupos sociais, étnicos, etc.). Múltiplas, fragmentadas, seletivas.
.
Retemos de vivências passadas o que nos convém à sobrevivência. O esquecimento, no plano mental do indivíduo, tem o papel de regular o "excesso de memória". Esquecemos para sobreviver ao "cansaço e tensão" que ela provoca. Por outro lado o esforço em preservá-la supre da sua carência e nos torna plenos. Recordar é viver...
.
A memória, de um ponto de vista formal, pode ser entendida como matéria-prima da qual se constrói a história. Dos documentos que reunimos, não importa a natureza do suporte, extraímos ensinamentos.
Na própria palavra documento, que possui a mesma raiz da palavra docente, encontramos a função principal - ensinar. Os documentos tampouco nos falam diretamente. Eles nos dão pistas, indícios, sinais ou até evidências que, se bem interpretadas, podem nos levar a algumas verdades parciais.
Na própria palavra documento, que possui a mesma raiz da palavra docente, encontramos a função principal - ensinar. Os documentos tampouco nos falam diretamente. Eles nos dão pistas, indícios, sinais ou até evidências que, se bem interpretadas, podem nos levar a algumas verdades parciais.
.
Preservar memórias, dito de maneira simples, é algo parecido com o processo de montagem de um quebra-cabeças, onde cada peça (entendida como documetno-fragmento), concorre pouco a pouco para se chegar a alguma forma.
.
Cabe a cada um de nós a tarefa de não deixarmos que essas peças se percam, em benefício de nossas vidas, famílias, enfim, de toda uma coletividade.
.
.....oooooOooooo.....
..
* Sônia Maria Fonseca foi superintendente da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba.
Este texto foi publicado na edição de 26 de outubro de 2001 do jornal Folha da Gente.
Este texto foi publicado na edição de 26 de outubro de 2001 do jornal Folha da Gente.
.
Imagem de Salvador Dalí - cópia eletrônica do site www.art.com
..
..
......oooooOooooo.....
..
Leia também o texto "Famílias e Fotografia" no link http://www.oolhodahistoria.ufba.br/artigos/familias-e-fotografia-john-mraz.pdf
.
.
.
.
Fiquei muito feliz ao reencontrá-la.
ResponderExcluirE mais feliz ainda por ver o quanto este blog "vingou"...
Vc merece ser parabenizada e eu me orgulho por compartilhar da sua amizade.