sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Joaquim Emigdio de Campos Bicudo

Joaquim Emigdio, com 28 anos, em foto tirada no Rio de Janeiro
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texto de Nilson Cardoso de Carvalho
1998*
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Nasceu na Freguesia de Indaiatuba a 5 de novembro de 1843[i], filho de João de Campos Bicudo e Ana Gertrudes de Campos, descendentes de antigos habitantes do lugar [ii].

Joaquim Emigdio de Campos Bicudo foi uma das figuras mais importantes da Vila de Indaiatuba na segunda metade do século dezenove. Seu nome está presente a todas as atividades de interesse relevante para a comunidade na época. Foi coletor de rendas gerais e provinciais[iii], comerciante[iv], fazendeiro cafeicultor e industrial em Indaiatuba[v].
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Exerceu os cargos de vereador na época do Império[vi] e de subdelegado no início da República[vii]. Fazia parte das Mesas Paroquiais[viii], cuja função era organizar e proceder às eleições para cargos públicos de vereador, juiz de paz e deputados, provinciais e federais.
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Entre outras atividades de mérito, exercidas por Joaquim Emigdio podemos citar:
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A - Organizou uma subscrição pública para a construção do prédio da estação de estrada de ferro, muito importante, pois não dispondo de local próprio, o trem fazia sua parada em frente às casas da turma de conservação da linha férrea, a céu aberto, sem proteção alguma para cargas e
passageiros. Esse prédio que ficou pronto em 1880, foi doado à Cia Ituana e serviu de estação até 1911, quando, com a construção da nova estação, passou a servir de armazém [ix].
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B - Foi um dos responsáveis pela construção da casa da Câmara e Cadeia[x], prédio inaugurado em 1890 e que durante 74 anos serviu ao município como sede de seus poderes legislativo e executivo.
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C - Participou da junta de classificação dos escravos para serem libertados pelo Fundo de Emancipação no município de Indaiatuba[xi].
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D - Fundou, em 1887, juntamente com outros indaiatubanos ilustres, o diretório do Partido Republicano em Indaiatuba [xii].
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Estes são apenas alguns exemplos de trabalhos de interesse comunitário, realizados por Joaquim Emigdio de Campos Bicudo.
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Casou-se em 1875 com D. Escolástica Angelina da Fonseca [xiii], filha do abastado fazendeiro de Indaiatuba, Capitão José Manoel da Fonseca Leite, de quem o casal recebeu a fazenda Pau Preto como dote de casamento. Esta fazenda, que desde o final do século dezoito produzia cana de açúcar, tinha sua sede e seu engenho na confluência dos córregos Melchior e Barnabé, e se encontrava nesta época em franca decadência; com suas terras abandonadas[xiv].
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Joaquim Emigdio, que era comerciante, deixou sua loja de tecidos para tomar conta da fazenda, onde introduziu com sucesso a cultura do café, chegando alguns anos depois, a ter uma plantação de 90 mil pés.
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Em 1885 arrematou, em praça pública, a chácara que tinha sido do Vigário Antonio Cassemiro da Costa Roris [xv], a qual tinha como sede o casarão situado nas imediações da Igreja Matriz. Juntando esta chácara à uma outra que já possuía, ligou ambas às terras da fazenda Pau Preto, cuja sede transferiu para o casarão, nas imediações da Matriz.
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Ali Joaquim Emigdio construiu, ligado ao casarão, um edifício, onde instalou uma máquina de beneficiar café movida a vapor. Esta foi, provavelmente, a primeira indústria movida a vapor instalada na área urbana de Indaiatuba. Funcionou durante muitos anos, constando, em 1910 como a única máquina de beneficiar café na cidade [xvi].
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Joaquim Emigdio faleceu com apenas 48 anos, quando muito tinha ainda a realizar, deixando viúva D. Escolástica com oito filhos, tendo 15 anos o mais velho e 4 anos a criança mais nova [xvii].
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D. Escolástica da Fonseca Bicudo assumiu as atividades empresariais do marido, dirigindo a fazenda e a máquina de beneficiar café. Criou todos os filhos com dedicação e firmeza, impondo-se como pessoa de destaque e respeito perante a comunidade de Indaiatuba.
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Descendência
O casal teve os filhos:
  • Luiz Gonzaga de Campos Bicudo (1)
  • Francisco de Campos Bicudo,
  • José Francisco Bicudo,
  • Joaquim da Fonseca Bicudo (2)
  • Tereza Bicudo Almeida Prado,
  •  Maria do Carmo Bicudo Ferraz,
  • Ana Fonseca Bicudo e
  • João da Fonseca Bicudo.

João da Fonseca Bicudo, ancestral da família Bicudo de Indaiatuba, tal como seus pais residiu no casarão da fazenda Pau Preto. Foi casado com sua prima Maria José Ferraz e teve os filhos: Fábio Ferraz Bicudo, Regina Ferraz Bicudo do Valle e Dr. João da Fonseca Bicudo[xviii].
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Residem em Indaiatuba*: João Bicudo do Valle, Engo. Raul David do Valle e o Engo. José Luiz Bicudo do Valle [xix], filhos de D. Regina e Fernando L. Bicudo, filho do Sr. Fábio Ferraz Bicudo.
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NOTAS explicativas e bibliográficas
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[i] Foi batizado na Matriz de Nossa Senhora da Candelária de Indaiatuba pelo Vigário Antonio Cassemiro da Costa Roris, no dia 25 de dezembro de 1843. Os padrinhos foram Francisco Xavier de Almeida e sua mulher Francisca de Almeida Campos. (livro 1o. de batizados da Paróquia de Indaiatuba, 1830-1847, Arquivo da Cúria Metropolitana de Campinas ).
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[ii] João de Campos Bicudo, vereador da Câmara Municipal de Itu, era filho do Alferes Joaquim Gonçalves Bicudo e de sua segunda mulher D. Ana Maria de Campos, proprietários da fazenda Pau Preto. ( ver Inventário do Alferes Joaquim Gonçalves Bicudo, Cartório do 1o Ofício de Itu, ano de 1838, maço 47 ).
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[iii] Com cerca de 24 anos de idade Joaquim Emigdio já ocupava o cargo de agente da coletoria de rendas gerais e provinciais em Indaiatuba. (cf. Livro 8o de Escrituras do Cartório de Notas da Vila de Indaiatuba.).
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[iv] O Sr. Fábio Ferraz Bicudo, neto de Joaquim Emigdio, em depoimento ao autor, datado de abril de 1982, diz que Joaquim Emigdio de Campos Bicudo “era um rapaz esperto e muito bom comerciante. Ia buscar suas fazendas no Rio de Janeiro. Deixou sua loja para tomar conta da fazenda Pau Preto.” Ver também Almanaque da Província de São Paulo para 1873 por Antonio José Baptista Luné e Paulo Delfino da Fonseca, onde à página 365 Joaquim Emigdio consta como “Negociante de Fazendas”.
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[v] CARVALHO, Nilson Cardoso de, Arquitetura em taipa - um dos últimos exemplares em Indaiatuba, ed.a., Indaiatuba, 1984, página 10.
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[vi] “Vereadores Municipais desde 1859” in: GAZETA DO POVO, Indaiatuba, 09-12-1930, páginas 10 e 11.
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[vii] Cf. Documento emitido no Palácio do Governo Provisório do Estado de São Paulo com data de 30 de novembro de 1889, assinado por Prudente de Moraes. (Arquivo J.L. Bicudo do Valle).
[viii] Ver Livro de Atas de Eleições Parochiais, 1860-1876, Arquivo Público Municipal de Indaiatuba.
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[ix] GROFF, Maria Angélica, Pesquisa sócio-econômica do município de Indaiatuba, Indaiatuba, 1963, cópia datilografada, página 36.
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[x] Joaquim Emigdio encabeça uma comissão nomeada pelo presidente da Província de São Paulo “para erigir as obras da Cadeia nesta Vila de Indaiatuba” , cf. Livro de Procurações do Cartório de Notas da Vila de Indaiatuba, 1882.
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[xi] Ver Livro de classificação dos escravos para serem libertados pelo fundo de emancipação, Província de São Paulo, Município de Indaiatuba, Indaiatuba 7 nov. 1880, fls. 2. (Arquivo Público Municipal de Indaiatuba ).
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[xii] O diretório foi fundado aos 7 de maio de 1887, em reunião a que compareceram numerosas pessoas. Foi eleito presidente o cidadão Luis Augusto da Fonseca e Joaquim Emigdio de Campos Bicudo foi o secretário. ( Cf. GAZETA DO POVO, Indaiatuba, 9 dez. 1930, página 2 ).
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[xiii] Casamento no 362 do 2o livro de casamentos da Paróquia de Nossa Senhora da Candelária de Indaiatuba, 1864 - 1885 - Arquivo da Cúria Metropolitana de Campinas.
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[xiv] BICUDO, Fábio Ferraz, depoimento citado.
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[xv] Inventário do Padre Antonio Cassemiro da Costa Roris, Cartório do 1o. Ofício de Itu, ano de 1884, maço 126, fls. 36.
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[xvi] CINTRA, Francelino, Almanaque histórico biográfico e indicativo da comarca de Itu para o ano de 1910, Editor José de Andrade Pessoa, Tipografia S. José, Rua da Palma, no 46, Itu, capítulo VI, Indaiatuba, página 74.
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[xvii] Inventário de Joaquim Emigdio de Campos Bicudo, Cartório do 1o Ofício de Itu, ano de 1892, maço 141, fls. 4 e 4v.
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[xviii] BICUDO, Fábio Ferraz, depoimento citado.
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[xix] O Engo. José Luiz Bicudo do Valle, embora tendo suas atividades empresariais em São Paulo, está ligado à Indaiatuba e reside na casa número 1 do Beco da Matriz, casa de tradição bandeirista, caprichosamente restaurada por ele.
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Notas de Eliana Belo Silva:
(1) No texto de Nilson Cardoso de Carvalho, consta Luiz Gonzaga da Fonseca Bicudo, quando o correto é Luiz Gonzaga de Campos Bicudo.
(2) Consta também Joaquim Emigdio de Campos Bicudo Filho, quando o correto é Joaquim da Fonseca Bicudo.
Correções apontadas por Vera Regina Nogueira Bicudo, bisneta de Joaquim Emigdio de Campos Bicudo.
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Um comentário:

  1. JOAQUIM DA FONSECA BICUDO (um dos filhos de Joaquim Emigdio de Campos Bicudo), foi casado com MARIA ADELAIDE DO AMARAL GURGEL BICUDO e teve um filho JOAQUIM DA FONSECA BICUDO FILHO que foi casado com Maria Antonietta Nogueira Bicudo e tiveram quatro filhos: Maria Adelaide Nogueira Bicudo - Joaquim Emidio Nogueira Bicudo - Vera Regina Nogueira Bicudo - Maria Antonietta Nogueira Bicudo Filha (falecida).
    INFORMANTE: JOAQUIM EMIDIO NOGUEIR A BICUDO

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