sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

POLITICAGEM - Sobre a dança das cadeiras e o futuro das nossas nascentes

 As primeiras (ou primitivas) sociedades humanas eram (ou são) igualitárias: não existem ricos nem pobres, tudo é de todos. O trabalho é divido por sexo e por idade: homens caçam, pescam e se necessário fazem a guerra; mulheres coletam, cuidam das crianças e fazem artesanato;  os velhos ensinam (e são muito valorizados por isso), crianças aprendem. Se alguém manda em alguém, o fundamento da autoridade é a competência: um homem que é melhor estrategista na guerra ou na caça, uma mulher que se comunica melhor, alguém que reconhece as características das ervas torna-se curandeiro (pajé), outro ainda que possui características (entre outras) que definimos como fé passa a ser líder religioso e assim por diante. São os chamados líderes carismáticos, que chefiam por competência e não porque possuem capital, exército ou outros meios de coerção. Por terem competência reconhecida por atributos e variáveis pessoais, todos respeitam e muitos admiram, reforçando uma autoridade que já é literalmente natural.


         Sem medo de exagerar, assim foi Alexandre Peres no SAAE: um líder carísmático - o filho da minha querida amiga Bernadete e de meu professor Wanderley Peres (in memorian). Mas não é da genética e da educação pelo exemplo do ambiente familiar que quero falar. Quero destacar resultados, que é o que efetivamente caracteriza uma boa gestão.


          Não há quem não reconheça os resultados de sua gestão baseada em competência técnica. Os aproximadamente 3 anos em que foi superientendente entrarão para a história com marcos e fatos diferenciados:

  • a inauguração da ETE Mário Araldo Candello, uma estação de tratamento de esgoto que visa tratar 100% do esgoto doméstico de nossa Indaiatuba; poucos municípios no Brasil possuem uma obra de infraestrutura como essa;

  • a acreditação do laboratório de análises da qualidade da água, com a obtenção da certificação emitida pelo INMETRO com base na norma ABNT ISO IEC 17025;

  • a política de comunicação e educação ambiental com os cidadãos, através da divulgação de informações sobre nossos mananciais e consequente valorização das bacias e do uso consciente da água; destaque especial para o excelente trabalho feito sobre o Córrego do Barnabé e sobre o Rio Jundíaí;

  • obras de engenharia civil como: a implantação de centenas de quilômetros de adutoras, emissários e redes de abastecimento de água, construção de reservatórios, reforma do escritório no centro da cidade; duplicação da ETA V, modernização da ETA-I, na Vila Avaí, resgate das instalações da represa do Cupini (considerada pelo SAAE como o maior patrimônio ambiental de nossa Indaiatuba), etc.

Atualmente, seu empenho era a implantação do Plano Diretor de Combate às Perdas de Água. Sem dúvida uma lista e tanto de feitos, que não teriam sido viabilizados se todos os funcionários não estivessem do seu lado, devidamente treinados e comprometidos. Grande parte das obras foram financiadas pelo PAC do governo Lula e tiveram o aval do Poder Executivo na figura do Prefeito Reinaldo Nogueira Lopes Cruz. Mas foi sua competência técnica e sua liderança carismática que efetivamente conduziu tudo isso à resultados positivos e por isso mesmo manteve-se durante tanto tempo (eu diria com mais propriedade, tão pouco tempo) no primeiro escalão da Prefeitura. Porque político é que ele não foi, creio que nem será.



Reconhecidamente arredio à "politicagens", mantinha sua liderança carismática  pela formação, pelas habilidades e pelas atitudes. Ordenava, dirigia, comandava com propriedade técnica.


E por tudo isso dançou.


Foi exonerado com a desculpa de que é necessário "oxigenar" o primeiro escalão e foi substituído por um funcionário de confiança do Prefeito. Coitado, por eu ter fortes pressupostos maternais, fiquei com dó do Nilson Alcides Gaspar. Será difícil para ele herdar e superar esse legado. Que diga a Secretária da Cultura Érika Kikuti, sempre comparada ao brilho ofuscante da gestão do genial Wladimir Soares. Por mais que ela faça (e ela tenta, mesmo com um orçamento pequeno), parece que nunca a sua gestão conseguirá eclipsar o brilho que ele deixou. Eita herança difícil, sô!


Parece que a gota d´agua para seu afastamento foi esse episódio de supostos problemas em licitações do SAAE. Ele teria sido transparente como sempre é e partido para sua defesa pessoal com lisura, o que movimentou os holofotes investigatórios da imprensa e da polícia (polícia federal, gente!) para outros focos.


Mas enquanto tudo isso ainda é fofoca, não quero escrever sobre isso, não sou repórter policial e portanto não tenho competência para essa análise.


Mas algo incomoda-me profundamente nessa história: o mapeamento das nascentes de nossa querida Indaiatuba, que é para quem sobra mais pauladas nesses episódios onde os egos lutam de foice. Tínhamos até pouco tempo atrás pouco mais de uma centena de nascentes conhecidas e consequentemente catalogadas. Com o trabalho da equipe do SAAE gerida por Alexandre, foi feito um sério trabalho de busca, reconhecimento e identificação, inclusive com a ajuda de rastreamento via satélite. Pois bem: abra-te sésamo! Descobriu-se aproximadamente 600 nascentes! Um verdadeiro tesouro!


E nesse cenário todo, não podemos deixar de refletir para onde a História vai nos levar, caso não tomemos as rédeas do nosso destino. Nascentes precisam ser preservadas, inclusive de forma correta: com matas ciliares ao seu redor. Ora, ora... a quem a preservação de tantas nascentes incomodaria? Não seria aos proprietários de condomínios e loteamentos, que pupulam em Indaiatuba como pipoca em panela quente? Estaria eu divagando exageradamente? Queira Deus que sim. Que a privatização do SAAE [SIC!] seja apenas mera especulação. E que a exoneração de Alexandre não tenha nada a ver com essas nascentes e essa suposta privatização.


E por falar em Deus, Alexandre, termino esse artigo de uma forma que muitos até considerarão piegas, mas assumo minha fé: "Deus escreve certo por linhas tortas". Se a gente não tiver  esperança, não dá para suportar as injustiças da vida, né gente.


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