A
conversa que Antônio teve com Jacob[1]
no dia 19 de outubro teria influenciado, em algum momento, no desenrolar da
premeditação e da execução do crime?
Jacob (sobrenome ilegível no inquérito), 28
anos, viúvo, lavrador, natural e residente em Campinas, declarou em juízo, que
na data citada esteve em Indaiatuba para ir a uma festa na “Água Choca.”
Foi
cortar o cabelo e fazer a barba antes do evento, ocasião em que contou para
Antônio sobre um crime que havia sido praticado em Campinas, naqueles dias.
Pinto Júnior matou um viajante dentro de sua
própria casa... “para furtar um cheque de
quarenta contos contra o banco Mercantil.”
Antônio
então perguntou como é que tinham descoberto o crime quando ninguém o havia
presenciado.
Ao
que Jacob respondeu: “- Por causa de um
negro que tinha ido tapar a latrina na qual estava enterrado o cadáver do
viajante.”
Seria
um sinal?
Será
que era um aviso indicando que não há crime perfeito?
Ou
será que – se serviu para influenciar – foi apenas para incutir a possibilidade
na cabeça de Antônio?
Nunca
se saberá. Mas se conhece que Antônio terminou o assunto dizendo:
- “Malvado.”
Que
significado teria tido aquele fato na vida de Antônio?
Nossa
memória registra melhor os fatos carregados de emoção. Informações
extravagantes, absurdas, divertidas, grandiosas são memorizadas com muito mais
facilidade do que informações inexpressivas.
E se
raciocinar é processar informações em nossa memória, teria Antônio feito uso
desta história para praticar esse mal? E por que não utilizou a informação para
o “bem”?
Coincidência?
Destino?
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