Relíquias do bairro Chácaras
Areal
“Passando o bosque do Parque
Ecológico, a primeira à direita”.
É tendo como referência um dos cartões
postais de Indaiatuba que chega-se ao Loteamento Chácaras Areal.
Tido desde o
início como um espaço nobre, quando tudo não passava de mato foram os lotes com
tamanho acima do padrão que primeiro conquistaram os afortunados.
Hoje, é a
localização privilegiada que garante status ao bairro.
Com a mesma
idade e semelhante valor do elitizado Vila Suíça, a história do Chácaras Areal
tem início há mais de 30 anos, quando, em 26 de março de 1980, o loteamento da família
Nomura foi aprovado pela Prefeitura Municipal, na época administrada por José
Carlos Tonin.
Enquanto os
imigrantes paranaenses optavam por se instalar na região sul - no também
recém-lançado loteamento Jardim Morada do Sol - a média e alta sociedade
vibravam com os lotes tão próximos ao Centro, possuidores de metragens acima do
padrão e consequentes preços elevados. “A área era de propriedade de meu pai,
Tomiji Nomura. Primeiramente foi loteada em chácaras de 5.000 m2 e parte dos
lotes foi doado aos herdeiros. Posteriormente, em acordo com todos os
beneficiados junto com o doador, foi decidido fazer um loteamento urbano pois o
local era uma área próxima ao centro da cidade e achamos que iria caber bem um
loteamento de alto padrão com áreas de lotes maiores que o mínimo exigido”,
lembra Kozo Nomura, um dos herdeiros do imigrante japonês.
Antes de se
transformar em um dos bairros mais bem cotados da cidade, a área foi explorada para a lavoura de tomate
mas, como lembra Nomura, com “a necessidade de rotação de cultura devido às
pragas, ficou como pastagem durante alguns anos”.
O nome foi uma
identidade natural, uma vez que o local pertencia ao bairro Areal e no momento
em que foi subdividido em chácara, foi denominado Chácaras Areal. “Este nome
continuou quando passou para Loteamento Chácaras Areal”, conclui Kozo.
Valorização
Estritamente
residencial, o Chácaras Areal não permite construções coletivas, nem com mais
de dois andares. A única rua que abre exceção para o comércio é que dá vista
para a Avenida Engenheiro Fábio Roberto Barnabé, no Parque Ecológico. Isso se
deve ao fato de, na época da aprovação do empreendimento, não existir restrição
nos imóveis que confrontam com o Corredor de Comércio e Serviços na avenida,
onde são permitidas diversas categorias.
Relativamente
pequeno, o loteamento é formado por três ruas verticais e cinco horizontais. Um
levantamento da Secretaria de Planejamento Urbano e Engenharia mostrou que ele possui 183 lotes, dos quais 81,97% estão
ocupados. “Hoje é raro encontrar um lote ou casa no Chácaras Areal, e quem tem,
não está vendendo”, observa o corretor de imóveis Maurício Anadão, da AVP
Imóveis.
O motivo para
tanto zelo, dentre outras coisas, é a privilegiada localização. “Considero o
Vila Suíça, o Chácaras Areal e o Jardim Esplanada as áreas nobres de
Indaiatuba”, diz, enfático o profissional antes de prosseguir. “Desde o início
ele foi tido como um bairro elitizado”, lembra, “ele é antigo em
Indaiatuba, mas a proximidade ao Parque Ecológico traz uma grande valorização”.
Correto na
afirmação de que o Chácaras Areal foi elitizado desde o começo, é na sua
segunda justificativa que encontra a motivação inicial para tanto desejo. “Ele
oferece terrenos com tamanho acima do padrão, de 450 a 600 metros quadrados. A
média é de 200 metros quadrados a 300, no centro da cidade. Além disso, tem
muitas casas que ocupam mais de um terreno”, explica o corretor.
Isso porque,
na década de 1980 a estrutura do atual Parque Ecológico ainda não existia. O
primeiro trecho daquele que viria a se tornar um dos cartões postais do
município teve seu projeto elaborado pelo Arquiteto Ruy Otake em 1989/90 e sua
execução em 1990/91, de acordo com informações do Departamento de Cartografia
da Secretaria de Planejamento Urbano e Engenharia.
“Quando foi
iniciada a comercialização, por dois anos ou mais não tinha nenhuma construção,
a não ser a sede antiga do sítio, a maioria dos compradores foram investidores,
acredito”, lembra Nomura.
Inicialmente
delimitado pelas chácaras que o mantiveram relativamente isolado dos demais
bairros, nos últimos anos algumas delas deram espaço aos novos loteamentos.
“Alguns loteamentos fechados foram cercando o bairro, que são o Vila Borghese,
o Residencial Santa Clara e o Villa Romana. A entrada desses condomínios de
alto padrão são no bairro, conferindo ainda mais valorização a ele. Além disso,
está próximo ao Vila Suíça e ao Maison du Park, áreas também de alto padrão”,
lembra Anadão.
É assim que,
embora burocraticamente pertencentes a bairros distintos, o Chácaras Areal
acrescentou ao seu território 533 lotes, uma vez que a única entrada para os
referidos loteamentos é pelas ruas verticais do visado espaço.
Mas, se por um
lado os empreendimentos agregaram ainda mais valor às construções, por outro,
aproximaram o loteamento dos Nomura do perigo, fadando o bairro a um grande
dilema. “É lógico que hoje, uma casa de R$500 mil, R$ 600 mil, você não vende
do dia para a noite. Mas Indaiatuba está sendo elitizada. É uma cidade de alto
padrão e esses bairros só tendem a valorizar mais ainda. O que acontece é que a
busca é pequena porque quando você tem um imóvel nesse valor, a pessoa
geralmente caminha para os loteamentos fechados. Nessa faixa de preço, não é
difícil encontrar um imóvel. Então, os terrenos e casas do Chácaras Areal ainda
hoje competem com essas áreas”, justifica. “O que tende a acontecer é que as
casas em loteamentos e condomínios fechados valorizem ainda mais e as casas de
bairros de alto padrão se mantenham nessa faixa. Aí vai ser muito mais fácil a
comercialização”, especula Anadão, lembrando ainda que o perfil do cliente é
outro ponto a se considerar. “Tem gente que quer casa nesse padrão, mas não
gosta de loteamento fechado”, finaliza.
O
pioneirismo do Villa Romana
Levando
consigo o título do primeiro loteamento fechado da região, o Villa Romana é
hoje também o mais habitado dentre os três loteamentos que compõe a 'menina dos
olhos' do bairro.
Sua história
tem início em 1999, dezenove anos após iniciado o loteamento do Chácaras Areal,
e, como parte do território, guarda em sua origem histórias que se cruzam com a
do bairro em questão, com é o caso da prática da colheita. “Meu pai sempre
plantou frutas e quando viemos para esse local, já tinha uma plantação de uva e
maracujá”, conta o empresário Tetsuo Murakami, herdeiro de Kachio Murakami,
quem deu início à inovadora tendência no final da década de 90.
“Morávamos em
um sítio depois de onde hoje é o bairro Mato Dentro e meu pai decidiu que
queria se mudar. Acredito que para ficar mais próximo do Centro. Depois de
procurar por toda região, acabou comprando essa área. O problema é que ela era
muito mais cara. Ele foi corajoso, e até ousado, financiou mais ou menos metade
e logo nos mudamos”, lembra.
A compra foi
feita em 1977 e Tetsuo revela que nessa época o Chácaras Areal ainda pertencia
a um único dono e era apenas mato, assim como o Parque Ecológico era um brejo.
Mas, se a
princípio a aposta parecia ousada, em pouco tempo se mostrou certeira. Três
anos mais tarde o Loteamento Chácaras Areal abria as portas para o que hoje é
tido como um dos bairros mais bem quistos do município.
O progresso,
no entanto, teve seu preço. “Começamos a ter a dificuldade de plantio. Meu pai
tinha arrendado uma parte para uma pessoa plantar verduras. Ficamos nessa
parceria por uns três ou quatro anos, mas a vizinhança reclamava do odor do
esterco de galinha. Além das moscas, e assim a atividade se tornou inviável.
Achamos que tinha chegado a hora de pensar em alguma outra coisa. Foi quando
optamos pela parceira e loteamos, criando o Villa Romana”.
O
empreendimento foi realizado em parceria com a Antônio Andrade Empreendimentos
Imobiliários Ltda. e mudou a entrada de acesso pela para Av. João Ambiel para a
segunda rua do Chácaras Areal, superando as expectativas. “Era uma coisa nova.
Nunca estive envolvido na área imobiliária e não tinha como ter noção do
resultado, mas ele foi excelente. Na época não tinham muitos empreendimentos,
principalmente fechados. Não se falava muito deles e não se sabia a aceitação,
mas era a tendência buscar algo mais seguro. As vendas foram muito mais rápidas
do que se esperava”, recorda Tetsuo pontuando que apesar do sucesso, as
lembranças do passado não são fáceis de apagar. “A gente lembra como era onde
viveu por tanto tempo. Principalmente o meu pai, que sempre esteve na zona
rural, sentiu muito com o loteamento”, admite em meio a lama deixada pela chuva
na lembrança do caminho da escola para casa.
Loteamentos
fechados com acesso pelo bairro:
Jardim Vila
Romana
Lançamento:
1999
Total de
lotes: 195
Vila
Borghese
Lançamento:
2002
Total de
lotes: 48
Jardim
Residencial Santa Clara
Lançamento: 2003
Total de
lotes: 290
Quem foi
Tomiji Nomura?
Desde 1987
dando nome à antiga rua 9 do Loteamento Chácaras Areal - um do acessos ao
bairro pelo Parque Ecológico -, Tomiji Nomura foi um dos imigrantes japoneses
que contribuiu para a cidade de Indaiatuba como produtor de tomate.
Filho de
Umesaburo e Tatsu Nomura, Tomiji nasceu em 1912, em Jifu-Ken. Se casou com Yori
Nomura em 27 de agosto de 1936, vindo a ter
três filhos: Toyozo, Yasonory e Kozo Nomura.
Sobrevivente
da 2ª Guerra Mundial como soldado, ele imigrou para o Brasil trazendo toda a
sua família e se estabeleceu na região nos anos de 1957.
Faleceu em Indaiatuba, em consequência de um AVC, no dia 16 de setembro de 1984.
Seu nome foi dado à rua como homenagem graças ao Decreto 3733, de 9 de julho de 1987, assim como o recebeu mérito de Pedro Alvares Cabral como produtor.
Faleceu em Indaiatuba, em consequência de um AVC, no dia 16 de setembro de 1984.
Seu nome foi dado à rua como homenagem graças ao Decreto 3733, de 9 de julho de 1987, assim como o recebeu mérito de Pedro Alvares Cabral como produtor.
Texto originalmente publicado na REVISTA EXEMPLO IMÓVEIS
Agradecimentos: Sr. Aluísio William, presidente do Grupo AWR
e Débora Andrades, jornalista.
Texto de Ana Carolina Lahr
As imagens e o texto deste post possuem créditos.
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