Professora Nhá Chica Thebas é apontada por vários cronistas e memorialistas como tendo sido a primeira professora de Indaiatuba, mas não foi.
Ela ganhou essa "fama" pois foi a primeira a ser "registrada" por cronistas e memorialistas, provavelmente por alunos dela ou pessoas que ouviram falar dela como 'Fernão Dias' (veja crônica abaixo).
APONTAMENTOS OFICIAIS E ACADEMICOS
No jornal O Commercio de São Paulo do dia 11 de novembro de 1893 ela é citada oficialmente como professora de nossa cidade, quando então precisou afastar-se por doença, sendo substituída pela professora Francisca Philomena de Toledo:
Em sua tese de mestrado a pesquisadora Silvane Rodrigues Leite Alves aponta que o primeiro registro de existência de um professor de primeiras letras na então Vila de Indaiatuba, foi no ano de 1854, justamente no ano em que através da Lei nº 1331 A, estabeleceu-se o Regulamento da Instrução Pública Primária e Secundária no município da Corte. Esse Regulamento delimitava o público alvo do ensino primário e secundário. O acesso às escolas, criadas pelo Ministério do Império, era “... franqueado à população livre e vacinada, não portadora de moléstias contagiosas. Os escravos eram expressamente proibidos de matricularem-se nas escolas públicas”.
O Regulamento estabelecia ainda a obrigatoriedade do ensino primário aos alunos cuja faixa etária – impreterivelmente entre 5 e 14 anos – era permitido o acesso às escolas primárias, estabelecendo multas aos responsáveis por crianças que nesta faixa de idade não recebessem instrução pública.
Nesse cenário, aponta a historiadora que, após 24 anos de sua fundação, nesse citado ano de 1854, Indaiatuba não tinha propriamente uma "escola", mas sim um professor de primeiras letras que se chamava Antonio Leite de Carvalho.
Já com a elevação da Freguesia à categoria de Vila, em 1859, a primeira "escola" que consta ter sido apenas masculina, foi provida e mantida pelo governo da província. E o professor era Pedro Antunes da Silva.
As pesquisas de historiadora Silvane apontam que a famosa professora Nhá Thebas veio para Indaiatuba somente em 5 de fevereiro de 1884, removida do bairro de Itatuva, município de Faxina. Posteriormente, em 14 de maio de 1884, ela assumiu a 1ª cadeira feminina da Vila permanecendo até 1893, quando veio a falecer, em 5 de dezembro de 1893.
Em um documento do Arquivo Público Municipal “Nilson Cardoso de Carvalho”, da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba, há a relação de alunas da Escola Pública de Dona Francisca Ferraz de Camargo Thebas dos anos de 1893-1894. Como já dito, era uma classe só de meninas, 58 no total. A lista de chamada nos mostra desafios pedagógicos interessantes que a professora tinha que superar, dada a heterogeneidade do grupo: há meninas entre 7 até 11 anos, inclusive irmãs, há filhas de imigrantes italianos que não falavam português e há meninas que moravam na pequena zona urbana e filhas de fazendeiros cafeicultores, inclusive de outras cidades como Monte Mor. Importante ressaltar que ela era uma professora leiga, e as alunas pagavam para frequentar a escola.
(Repare que ela é chamada por dois nomes diferentes, mas é a mesma pessoa).
MÉTODO
Nhá Chica Thebas ficou famosa entre os memorialistas por obrigar para que seus alunos decorassem o alfabeto de maneira especial, de trás para diante:
_ zyxwvutsrqponmlkjihgfedcba!
Tarefa difícil, desafiadora e com um sentido prático no mínimo questionável. Mas por outro lado, aplicava métodos interessantes de estudo do meio. Levava seus alunos em excursões pelo campo, à procura de flores e folhagens, que eram plantadas no jardim da escola, exterminando-as antes, às saúvas existentes...
As aulas noturnas apresentavam aspecto mais original que as diurnas. Cada aluno levava uma vela de sebo e uma garrafa vazia. Acesa aquela, servia esta, de castiçal...
Com o falecimento da professora Francisca Thebas, a substituta Francisca Philomena de Toledo assume as aulas em 29 de outubro de 1894, plenamente aprovada em exame perante o inspetor literário, em agosto do mesmo ano.
No jornal O Correio de São Paulo de 22 de novembro de 1934, vemos uma crônica descrevendo as aulas dela:
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