sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Família Brazzi



Para aquelas pessoas que me escrevem dizendo que estão fazendo a árvore genealógica da família ou ainda para aquelas que gostam do assunto mas ainda  não começaram a trabalhar efetivamente nessas pesquisas -que envolvem tanto que até parece um doce vício-, este post será um motivador e tanto!

Trata-se de um texto com a pesquisa parcial feita por Arnaldo Antonio Rodella, pesquisador que mora em Piracicaba e trabalha na ESALQ - USP. Arnaldo pesquisou seus antepassados das famílias Zanetti, Rodella, Braggion, Passini (Pasin), Couto e especificamente da família BRAZZI, que saiu da Itália no final do século XIX e migrou para Indaiatuba.

Lendo este texto, você poderá  não só conhecer a história dos BRAZZI que vieram para nossa Indaiatuba mas também imaginar todos os caminhos que esse meticuloso trabalho que Arnaldo fez trilhou para chegar até o ponto que está. Além do texto cedido para publicação neste blog, as imagens também fazem parte da pesquisa de Antonio e são de diversas fontes, principalmente internet e arquivo de família.

Delicie-se!

Ah! Caso você leia o texto e conheça mais informações sobre os BRAZZI de Indaiatuba, compartilhe com Arnaldo através do e-mail elianabelo@terra.com.br



 FAMÍLIA BRAZZI

texto de Arnaldo A. Rodella



A família Brazzi era da província de Mântua, região da Lombardia, fugindo à regra dos demais antepassados italianos meus que se concentravam na região do Vêneto. Na verdade, se situavam próximo ao ponto onde regiões do Veneto, Lombardia e Emilia Romagna se encontram. A região é cortada pelo maior rio italiano, o Rio Pó.




Vincenzo Brazzi, filho de Giovanni Brazzi e Maria Rosa Lodi, nasceu na frazione de Salina, comune de Viadana, Mântua, Itália, em 1o de Setembro de 1839 as 3 horas da tarde. Foi batizado no dia 2 seguinte, na Igreja de Santo Antonio Abade, em Salina.



  Igreja paroquial de S. Antonio Abade da frazione de Salina, comune de Viadana,
terra natal do tataravô Vincenzo Brazzi, cuja foto foi tirada em Mântua


Tataravô Vincenzo Brazzi

O registro de número 33 informa que Antonio Brazzi e Carlo Lodi eram os avôs paterno e materno de Vincenzo, respectivamente. Os padrinhos foram Domizio Savazzi e Margarita Malacarne.




Registro de batizado de Vincenzo Brazzi na igreja Santo Antonio Abade de Salina, Viadana, província de Mântua





Vincenzo Brazzi casou-se com Rosa Soragni em 24 de novembro de 1867 na prefeitura da comune de Viadana, na época pertencente à província de Cremona. Ele tinha 27 anos de idade, era agricultor, nascido e residente na frazione de Salina. Nessa época o pai Giovanni já tinha falecido, mas a mãe Maria Rosa Lodi era viva. Rosa, 22 anos, era camponesa (contadina) também residente em Salina com os pais Francesco Soragni e Anna Aimani, mas tinha nascido em 22 de Outubro de 1845 em Rio, circondario de Guaslatalla, que ficava na província de Emilia Romagna, Região de Reggio Emilia.


Igreja paroquial de San Giorgio Martire da comune de Rio Saliceto,
província de Reggio Emilia, região da Emilia Romagna.


A província de Emilia Romagna era dividida em duas grandes regiões administrativas, ou circondarios, e uma delas era Guastala. Durante séculos o vilarejo pertenceu à comune de Correggio e somente em 1860 obteve a autonomia administrativa. Inicialmente foi denominada Rio, depois San Giorgio in Rio, até que em 1864 se oficializou a denominação Rio Saliceto, originária das plantas salici palustri que crescem na área.


Registro dos proclamas de casamento de Vincenzo e Rosa em 21 de junho de 1867

A primeira filha Doralice nasceu por volta de 1870, não podendo ser descartada a possibilidade de nascimento de algum filho anterior, que não sobreviveu. O primeiro filho com nascimento documentado foi Leandro Brazzi, em 8 de junho de 1872, e depois Enrico Giovanni, em 26 de março de 1874, ambos registrados em Viadana.



Via Parenza Bassa, comune de Virgilio, província de Mântua, mostrando a localização da propriedade agrícola
Corte Bianca, cujo edifico é preservado.

A bisavó Emilia Brazzi nasceu em 31 de março de 1877 na comune de Virgilio, e duas outras filhas mais novas que ela, provavelmente nascidas em Virgilio também, têm o nascimento estimado a partir do registro de entrada no Brasil: Anna Brazzi em 1882 e Maria Brazzi em 1886. Parece ter existido outra filha chamada Adelina, da qual não se tem informação alguma.

Não de sabe quando a família Brazzi se mudou de Salina para Virgilio. Nesta última comune nasceu de Emilia Brazzi no endereço: Via Parenza Bassa número 34, uma propriedade agrícola chamada Corte Bianca que existe ainda hoje.

Registros de recrutamento militar (lista de leva), mostram outros Brazzi contemporâneos de Vincenzo, vivendo em Viadana, mas sem ligação documentada com ele.

Alessandro Brazzi nasceu em 24 de Fevereiro de 1871, filho de Pietro Brazzi e Angela Cavalmoretti; Angelo Brazzi, nasceu a 9 de Abril de 1885, filho de Luigi Brazzi e Maria Fortini, ambos nascidos na comune de Viadana. Celso Brazzi nasceu em 4 de Abril de 1883, como a bisavó Emilia na comune de Virgilio, filho de Domizio Brazzi e Teresa Saviolli, o que evidencia uma possível relação com Vincenzo. Provavelmente, Pietro, Luigi e Domizio fossem irmãos de Vincenzo.


Vincenzo Brazzi emigrou da Itália para o Brasil com parte da família, saindo do porto de Genova em 4 de Dezembro de 1891 no navio Duchessa di Genova, comandado pelo capitão Tulio Mascazini que fez escala 21 horas depois no dia 5, em Barcelona. O navio que transportava 550 caixas de vermute, 1244 passageiros, dos quais 23 desembarcaram em Barcelona, foi construído em 1884, com o nome de México, mudou de nome em 1887, e em 1906 foi sucateado. Tinha 122 m de comprimento e 13,5 m de largura e velocidade média era 15 nós (28 km/h). A capacidade era de 1300 passageiros, sendo 150 em primeira classe, 50 em segunda e 1110 vagas para imigrantes.
Navio Duchessa di Genova Atracado no porto de Santos,
SP, Brasil, em foto do final do século XIX.

A família chegou ao Brasil, no porto de Santos, em 4 de janeiro de 1892. No registro da Hospedaria dos Imigrantes encontram-se os nomes de: Anna, 10 anos; Doralina (Doralice), 22 anos; Emilia, 14 anos; Maria, 6 anos; Rosa, 46 anos; Vincenzo, 52 anos. Deste modo, permaneceram na Itália os filhos Leandro, 20 anos, Enrico Giovanni, 18 anos e, possivelmente, uma filha Adelina, que poderia ser mais velha que Doralina e daí, até mesmo já ser casada.

Do porto de Santos, subindo a serra pela estrada de ferro São Paulo Railway, chegaram a Hospedaria dos Imigrantes, sendo registrada a entrada da família Brazzi, como era usual. Não se sabe se já tinham um destino certo, mas dali ainda por trem provavelmente foram diretamente para Indaiatuba.

A filha Doralice casou-se com Antonio Madasi, não sendo encontrado registro desse evento em Indaiatuba, mas ele foi contador da família Bicudo durante muito tempo antes de se radicarem em São Paulo. A família Bicudo era dona de uma imensa fazenda de café que hoje não existe mais, mas a casa da fazenda sim e foi tombada pela prefeitura como um museu da cidade (1). Nessa fazenda também trabalhou Ana Brazzi, na lavoura de café. Foi nessa casa que nasceu Waldemir Elpídio Madasi, terceiro filho de Doralice e Antonio Madasi.

A família Madasi, em foto por volta de 1910.
O pai Antonio de pé ao fundo, a mãe Doralice Brazzi sentada e, da esquerda para a direita os filhos:
Valdemiro, Oscar , Nestor e Escolástica.

Posteriormente, a família Madasi mudou-se para a cidade de São Paulo onde progrediu financeiramente tendo negócios no ramo de artigos de couro. Vincenzo e Rosa parecem ter morado ocasionalmente com a filha Doralice em São Paulo. Ela faleceu aos 45 anos, declarados em seu atestado de óbito, em 29 de julho de 1913, na Rua do Cortume no. 12, São Paulo, de ataque agudo de epilepsia e foi enterrada no cemitério do Araçá. Deixou uma filha mais velha, Escolástica, já casada nessa época, e os filhos menores Nestor, Waldemiro e Oscar.

Minha bisavó Emilia Brazzi se casou com o marceneiro Francesco Pasin em 3 de junho de 1893, sua irmã Anna se casou em 8 de novembro de 1899 com Domingos Gazinhato e Maria em 13 de junho de 1900 com Ambrogio Lisoni, que foi proprietário de um armazém e vereador em Indaiatuba. Todas se casaram na Igreja N. Sa. da Candelária, em Indaiatuba, SP.

Anna Brazzi

Rosa Soragni


Foto tirada durante viagem a Itália de Escolástica Madasi, usa casaco listrado.
Maria Brazzi aparece ao fundo sentada no carro com a mão no rosto.



Armazém de Ambrogio Lisoni em foto onde aparecem netos de Vincenzo Brazzi.
A moça recostada a parede é filha de Anna Brazzi e o rapaz de gravata é Hugo Lisoni, filho de Maria Brazzi. (2)

Ambos os tataravós faleceram em Indaiatuba, SP e foram sepultados no cemitério local. Vincenzo em 11 de novembro de 1921 e Rosa Soragni, em 2 de Julho de 1935, aos 90 anos de idade.



Túmulo original de Vicenzo Brazzi com placa indicando erroneamente sua data de nascimento.

Minha bisavó Emilia Brazzi teve 16 filhos, dos quais os onze primeiros, inclusive meu avô Nazareno Passini, nasceram em Indaiatuba entre 1895 e 1910. (3)

Só vim conhecer Indaiatuba em 2004, quando decidi visitar o cemitério local numa manhã de sábado. Foi quando encontrei casualmente, o túmulo de meus tataravós Rosa e Vincenzo e daí comecei a conhecer a historia desse ramo de minha família.


.....oooooOooooo.....



(1) Arnaldo refere-se ao Casarão do Pau-Preto, atual sede administrativa da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba. (Nota de EBS).
(2) Essa esquina é onde atualmente é o Banco do Brasil, na rua 15 de Novembro com  rua Cerqueira César. (Nota de EBS).
(3) São  filhos de Francisco e Emília Brazzi: Maria (1894), Mário (1895), Joseph (1896), Arsênio (?), Nazareno (1898), Sebastião (1899), Desidério (1901), Mercedes (1902), Auzilia (1904), Francisco (1905), Dimas (1907), Alzira (1908), Concília (1910), Silvia (1913), Doralice (1914). Demétrio (1918). (Nota de EBS, com informações de AAR).



Complemento (edição feita em 27/12/2021)
Jornal "O Commércio de São Paulo" do dia 18 de fevereiro de 1897


2 comentários:

  1. Legal, gostei muito da iniciativa. Sou filha do Élcio Zicardi (Isabela) e neta da moça que está na esquina do armazém do Lisoni - Alma Gazignato Zicardi, filha de Anna Brazzi. Parabéns pelo trabalho!

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  2. Legal, gostei muito da iniciativa. Sou filha do Élcio Zicardi (Isabela) e neta da moça que está na esquina do armazém do Lisoni - Alma Gazignato Zicardi, filha de Anna Brazzi. Parabéns pelo trabalho!

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