Por Da Redação - agenusp@usp.br
Agência USP - O Laboratório de Ensino e
Material Didático (Lemad) surgiu no Departamento de História da Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.
Criado em 2008, e
coordenado pela professora Antônia Terra de Calazans, ele tem como um dos seus
principais objetivos desenvolver trabalhos que incentivem alunos a se tornarem
professores de educação básica. O Laboratório, que atualmente é referência na
área, desenvolve trabalhos em parceria com a disciplina ‘Ensino de História:
Teoria e Prática” ministrada pela professora Antônia. Uma das atividades
desenvolvidas é a produção de Sequências Didáticas, propostas de aulas
planejadas pelos alunos, que seguem os princípios do teórico Antoni Zabala.
Segundo a coordenadora do laboratório, nesse estudo é necessário
explicitar não apenas os conceitos e informações sobre as temáticas das aulas,
como também todos os materiais (vídeos e textos), orientações e metodologias
possíveis para que os professores possam aplicá-las. Com o objetivo de
disponibilizar esses e outros materiais, o Lemad elaborou uma plataforma
online, na qual os melhores trabalhos são divulgados. O intuito é ampliar o
acesso ao conhecimento desenvolvido na universidade, incentivando, inclusive,
professores da rede pública a trabalhar com propostas alternativas em sala de
aula. O site conta também com uma seção destinada à disponibilização de
propostas curriculares de história de diferentes estados, tanto contemporâneas
como históricas.
Um das pesquisas desenvolvidas no Lemad é a catalogação e
higienização dos livros didáticos contidos em seu acervo. A partir desse
trabalho, alunos realizam estudos sobre os autores, as temáticas e os aspectos
iconográficos das obras. “Eles nos ajudam e ao mesmo tempo aprendem a fazer
pesquisa com livros didáticos”, afirma a professora. Recentemente, os
estudantes trabalharam com um projeto em que passaram a procurar e digitalizar
livros didáticos traduzidos para diferentes escolas indígenas. Além disso,
realizaram pesquisas com obras didáticas do século 19 e as disponibilizaram
online.
O Lemad também desenvolve um trabalho vinculado ao Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) do Ministério da
Educação, que possibilita a alunos da graduação estagiar na rede pública. Dessa
maneira, os pesquisadores do laboratório, em parceria com os professores das
escolas, produzem oficinas que colocam em prática propostas didáticas na sala
de aula.
Temática indígena
De acordo com a Antônia Terra de Calazans, umas das atividades propostas foi o
trabalho com a temática indígena. O laboratório possuía uma série de objetos
indígenas, fato que levou alunos a realizarem uma pesquisa da história sobre o
material, com o auxílio de dicionários etnográficos, levando-os a elaborarem
propostas sobre como trabalhar este conhecimento didaticamente nas escolas. A
sala de aula foi organizada para que os objetos e os respectivos vídeos que
ilustravam sua utilização pelos indígenas fizessem parte do espaço.
Na oficina, foram distribuídas fichas com o mapa do Brasil e
fotografias dos materiais presentes na sala. A proposta era que os alunos
buscassem a origem desses itens no mapa, assim como, observassem e
explicitassem suas características materiais e culturais. Além de discutir as
propostas realizadas em sala de aula, os estudantes da graduação desenvolvem
pesquisas relacionadas ao estudo do meio. Um dos seus trabalhos foi a visita a
uma aldeia Guarani, em Paraty. “A ideia era poder conhecer realidades
quilombolas e as realidades indígenas”, explica a professora.
Os alunos do ensino médio, por meio da bolsa de pré-iniciação
científica, também desenvolveram pesquisas no laboratório. O projeto, que foi
realizado em parceria com a graduação, tinha como intuito trabalhar com a
temática história da África, a partir dos quadrinhos. Os bolsistas foram
levados ao acervo de quadrinhos da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP
e do Centro Cultural São Paulo. Além disso, realizaram oficinas sobre como
compor um quadrinho com um desenhista convidado.
A Lei nº 11.645 definiu que, a partir de 2008, as escolas de
nível médio e fundamental deveriam incluir em seu conteúdo programático o
estudo da cultura afro-brasileira e indígena. No entanto, de acordo com a
coordenadora do Lemad, mesmo que as universidades tenham dedicado esforços para
incorporar disciplinas de história da África e Indígena em seus currículos, são
muitos os professores atuantes hoje em dia que não tiveram essa formação e que
apresentam, assim, dificuldades de trabalhar com essas novas propostas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário