Eliana Belo Silva
Publicação original: coluna semanal "Identidade Indaiatubana"
Jornal Exemplo de 30/10/2015
Foi em outubro de 1956, há 60 anos atrás, que Indaiatuba se despediu de um de seus mais queridos e polêmicos párocos, o Pe. Antônio Jannoni, que havia chegado aqui em 1945, tendo ficado, portanto, durante 11 anos e meio, bastante intensos, na função.
O preço por ser diferente
Pe. Jannoni chegou em 13 de abril de 1945, sendo empossado pelo vigário geral da diocese que representou o bispo D. Paulo de Tarso, que não pode vir no evento registrado pelo memorialista Nilson Cardoso de Carvalho como tendo sido muito solene. Tanto esse pesquisador, que escreveu o importante livro “A Paróquia Nossa Senhora da Candelária de Indaiatuba (1832-2000)” como a maior parte da população, classificava o vigário como um profissional dinâmico, diferente, participativo, popular, ativo, portador de uma alegria contagiante e outros adjetivos que obviamente lhe renderam a antipatia e até a rejeição dos quem eram conservadores demais. Teve até quem comemorou quando ele deixou a paróquia, benzendo-se pela volta do ortodoxismo conservador.
Antecedentes
O Pe. Jannoni nasceu em 1914 e ordenou-se no dia 15 de agosto de 1939. Foi seminarista em Valinhos, exerceu trabalhos em Cordeirópolis e quando veio para Indaiatuba - onde residiu com suas irmãs, Lúcia e Anita Jannoni - tinha 31 anos.
Carisma
Gostando ou não gostando, o fato é que o padre Jannoni trouxe novamente o povo para a Igreja, que se encontrava desarticulado devido à doença e posterior morte do Pe. Vicente Rizzo, seu antecessor, que havia feito, sob autorização da Diocese no ano de 1942, a primeira romaria organizada pela paróquia para Bom Jesus de Pirapora, com trinta cavaleiros. Registre-se que os helvetianos já faziam essa romaria bem antes disso.
Vaquinha
Quando chegou na paróquia, Pe. Jannoni fez um inventário de todos os bens da igreja e da casa paroquial. Deu por falta de alguns itens e logo tratou de fazer uma vaquinha entre os comerciantes locais. Angariou fundos e recebeu objetos e mantimentos, registrando todas as doações no livro Tombo, juntamente com os nomes dos colaboradores.
Empreendedor
Em onze anos de gestão construiu nada menos do que sete capelas em nossa Indaiatuba: Santa Maria Goretti, a de Itaici, do bairro Mato Dentro, da fazenda Campo Bonito, da fazenda Cruz Alta, de Nossa Senhora Aparecida e a do Cemitério. Promoveu também uma reforma na Matriz Nossa Senhora da Candelária (que pena... a matriz teve tantas reformas que perdeu muito de suas características originais).
Festeiro
Em uma época sem televisão e internet, as festas religiosas atraiam muito a população. Eram quermesses, procissões, missas campais em alusão ao Dia do Trabalho, ao dia 13 de Maio, a Padroeira da cidade, a São Benedito, a Santo Antonio e até uma festa de cultura popular: a Festa do Divino, que aconteceu no dia 15 de agosto de 1947, quando a Bandeira do Divino saiu às ruas com a autorização da Cúria Diocesana. Ele participava como cavaleiro, sendo um romeiro assíduo em todas as romarias para Pirapora de sua época.
Esportista fanático
O padre foi presidente do Esporte Clube Primavera, time de futebol de Indaiatuba. E no ano de 1949, no domingo em que teve o jogo final do Campeonato Regional Amador do Estado de São Paulo, entre o Primavera e o Gazzola de Itu, o padre suspendeu a missa para receber o nosso time, que havia sido campeão. Não é à toa que Antonio da Cunha Penna narra esse episódio como “O dia em que Indaiatuba parou”.
Padre Antonio Jannoni faleceu em Piracicaba em setembro de 1990, com 76 anos, vítima de complicações de diabetes.
Imagem do Arquivo Público da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba
Cedida por Alcides Gaspar
Dado para: Maria de Lourdes Ré Cogo (acervo da família)
25/06/1954 - Paroquia Nossa Senhora da Candelária – Indaiatuba-SP
Pároco na época: Padre Antônio Jannoni
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