quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

CECAP ou Vila Brigadeiro Faria Lima

 Cecap: o segundo 'centro' da cidade





Se algum desavisado chegar à Indaiatuba e perguntar pelo conjunto habitacional Vila Brigadeiro Faria Lima, muito provavelmente receberá em resposta testas franzidas e comentários como “rapaz, não sei onde fica esse lugar, não”.

Fundado no dia 16/08/1977, através do Decreto 1.709, o bairro ficou mais conhecido pelo nome do Programa que o criou: CECAP (Companhia Estadual de Casas Populares). A sigla explica de imediato a vocação inicial do lugar, que era ser um empreendimento residencial e suprir uma carência de habitações no município.

Hoje não se fazem mais Cecap´s, visto que essa função foi transferida para o CDHU. Mas, segundo o dito popular, assim como o hábito não faz o monge, os indaiatubanos não se importaram muito com isso e ninguém quer saber de 'Vila Brigadeiro'; todos estão familiarizados com o CECAP.

O Núcleo foi nomeado em homenagem ao carioca José Vicente de Faria Lima, brigadeiro do exército, falecido em 1969, que, segundo o documento de denominação do bairro, “se notabilizou na Administração Pública paulista”. O nome corrobora o momento de ditadura militar vivido pelo país em sua inauguração, que aconteceu na gestão do prefeito Clain Ferrari.

Depois desse, foram lançados mais dois Cecaps, com o último núcleo tendo sua concorrência vencida em 1982. Dentre suas características, o bairro contava com ruas pequenas e estreitas que permanecem ainda hoje.

Desenvolvimento

Se atualmente todos estão tão familiarizados com o CECAP, isso se deve em grande parte ao fato de a região ter se tornado uma das mais movimentadas da cidade. 

Hoje é um bairro que conta com todas as conveniências para atender às necessidades da população como a proximidade com o Hospital Augusto de Oliveira Camargo (HAOC), escolas de grande porte, opções de entretenimento, docerias,  sorveterias, lojas de roupa e uma ampla variedade de estabelecimentos comerciais. 





Para coroar o sucesso, há um ano foi inaugurado em suas proximidades o Polo Shopping, o maior da cidade, com opções de alimentação, compras e entretenimento. Mais um motivo para a região atrair visitantes de todos os cantos, até aqueles que, anos atrás, torciam o nariz para o CECAP. 

Em números, a Secretaria Municipal de Panejamento e Urbanismo informou que no momento existem 1.360 residências, 115 espaços comerciais, 29 prestadores de serviços e três estabelecimentos educacionais.




O grande porte da região, com toda infraestrutura e desenvolvimento, inevitavelmente criaram alguns problemas, como o aumento do tráfego. Às 18h, horário de pico, a Avenida Francisco de Paula Leite, principal acesso ao bairro, fica movimentada, com períodos de lentidão próximos aos semáforos, retornos e rotatórias.

Ares franceses...

Atenta ao constante e exponencial desenvolvimento, a Prefeitura de Indaiatuba tem realizado uma série de investimentos, como a nova iluminação, instalação de câmeras de segurança e a construção, na rua Geraldo Hackman, do famoso Boulevard da CECAP, uma instalação que, em francês, representa 'um tipo de via de trânsito, geralmente projetada com uma preocupação paisagística'. 

O Boulevard conta com quatro módulos, cada um com um ponto de ônibus, banheiro e quiosques de alimentação à disposição da população. O local também terá ponto de táxi, bicicletários, bancos, chafariz e um paisagismo diferenciado.



Tércio de Almeida, diretor de um tradicional perfumaria da cidade, comenta que decidiu abrir uma segunda unidade da loja justamente por causa das promessas trazidas com o Boulevard. “Quando ficamos sabendo dessa novidade, decidimos montar a filial no CECAP, pois acredito que Indaiatuba tem três grandes centros: o Centro em si, o Jardim Morada do Sol e o CECAP Se a Prefeitura conseguir manter a qualidade que havia antes das obras, ele deve crescer exponencialmente, já que o local possui um comércio bem estabelecido e um vasto mercado consumidor”, examina.

O corretor Marcos Antônio da Silva, da JRF Consultoria e Imobiliária, concorda que o bairro tem chamado cada vez mais atenção. “Faz muito tempo que não se tem muitas opções de casas no CECAP. Algum tempo atrás apareceu uma casa popular, mas foi uma das únicas. Sem falar que os preços da região subiram muito”, comenta. “Eu me lembro que, há uns seis anos, negociamos um espaço comercial a R$ 85 mil e, hoje, esse mesmo imóvel custa cerca de R$ 350 mil”.

As informações da Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Engenharia confirmam a posição de Marcos sobre o crescimento da região, e acusam apenas 13 terrenos vazios no bairro.

Histórias

O casal Antônio Alves, de 65 anos, e Maria das Graças Alves, de 64, também sente o rápido desenvolvimento do bairro. Moradores do CECAP há mais de 30 anos, Antônio conta que quando se mudou, não havia nada. “Existiam algumas casas, mas o restante era só mato, não tinha essa avenida enorme, muito menos todas essas lojas”, recorda.

Maria explica que o casal se mudou para Indaiatuba no final da década de 1970, vindos do Paraná em busca de melhores condições de trabalho. “Primeiro veio meu marido para procurar um lugar para nos instalarmos. Dali uns dez dias eu vim com meus filhos e me inscrevi para conseguir uma casa aqui no CECAP. Todo mundo dizia que nós não conseguiríamos, porque éramos de outro estado e a preferência seria pessoas daqui”, lembra. “Apesar de todos os comentários negativos, conseguimos nossa casa e, desde então, estamos aqui. Lógico que fizemos várias reformas, melhoramos muito, mas sempre nesse mesmo lugar”.

O aposentado ainda relembra que o bairro recebeu muitos conterrâneos. “Todo dia chegavam aqui na cidade três ou quatro kombis cheias de gente e, muitas dessas pessoas, vieram para cá. Minha família deixou tudo no Paraná, trouxemos apenas algumas roupas e quando anoitecia, forrávamos o chão com elas para podermos dormir. Tudo o que temos hoje, conquistamos aqui”.

Seu Antônio conta que no início o bairro sofria com a presença de grupos que dificultavam a vida dos moradores. “Era uma espécie de gangue e, muitas vezes, se um casalzinho saía a noite, tinha que vir o pai ou a mãe para buscar, não dava para deixar voltarem sozinhos. Mas hoje isso já não existe, temos uma boa segurança no bairro”, garante.

A participação dele no bairro não se deu apenas como morador. O paranaense, que trabalhou como auxiliar de almoxarifado na então COBREQ, ajudou a construir uma das escolas da região. Já Maria, ao falar do passado, se recorda com saudade dos amigos que fez no CECAP. “Isso é uma família. Tem muitos homens feitos aqui, que eu levava para a escola pequenininho com meus filhos e hoje já pego os filhos deles no colo, é muito gratificante”. 

Sobre o vasto desenvolvimento, Antônio pondera. “Eu gosto daqui, mas se resolver vender a casa, sei que posso conseguir uma boa quantia, até suficiente para comprar um imóvel no Centro. Tudo aqui se valorizou muito, aliás, a Maria mesmo às vezes reclama que o custo de vida da cidade está um pouco alto”. A esposa concorda, mas tece elogios aos novos tempos. “Hoje em dia tem tudo aqui por perto, quando nos mudamos, só tinha uma padaria e outras poucas coisas, ainda tinha um rio nas redondezas, e nós tínhamos que passar pela água muitas vezes. Mas hoje, aqui tem bancos, tem lojas, supermercados, é próximo ao hospital. Sem falar que com a construção do Boulevard, o CECAP deve ficar ainda mais bonito. Hoje quase não precisamos mais ir ao Centro, temos tudo aqui ao lado”, conclui. 


 Seu Antônio e Dona Maria: quase 50 anos de união e mais de 30 de CECAP

Texto originalmente publicado na REVISTA EXEMPLO IMÓVEIS
Agradecimentos: Sr. Aluísio Williampresidente do Grupo AWR
Larissa Ferreirajornalista.
Texto de Alana Martins
 As imagens e o texto deste post possuem créditos. 
Cite-os se utilizar para sua pesquisa.

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