texto de Ana Ligia Scachetti
publicado originalmente no Jornal Tribuna de Indaiá de 12 e março de 1998.
(...) este espaço será dedicado à lembrança de algumas mulheres que marcaram (e ainda continuarão marcando) a história de Indaiatuba, seja na política, na vida social ou na educação.
Pouca gente se lembra, mas Indaiatuba já teve uma prefeita. Trata-se de Helena Tomasi, que exerceu a chefia do Executivo de 25 de março de 1947 até 10 de junho de 1947. Ela era tesoureira municipal e foi nomeada para o cargo do ex-prefeito Jácomo Nazário com base no Decreto no. 17754 de 24/3/47, do governo Adhemar de Barros.
Tal decreto determinava a exoneração de todos os prefeitos municipais e transferência do cargo aos secretários. Na ausência destes, a Prefeitura deveria ser comandada pelo tesoureiro municipal, no caso Helena.
Em 10 de junho, ela transmititu o poder a Jacob Lyra, nomeado pelo governador. Helena voltou ao seu cargo anterior e deixou o serviço público com direito a termo de louvor, em 1962. A ex-prefeita faleceu em Campinas, em 28 de abril de 1990.
Alguns anos antes da posse de Helena, mais precisamente em 1937, a Fundação Pró-Memória de Indaiatuba possui registros da participação da mulher na política municipal, na posse do Major Alfredo Camargo Fonseca.
Na cerimônia, as "senhoritas" Sylvia Teixeira de Camargo, Antonietta Milani, Júlia Steffen, Auta Groff, Romilda Civolani, Maria Luíza Cordeiro, Leonina da Silva, Maria João, Sarah Nicolau, Ida Tomasi, Lázara Galvão de Paula Leite de Iracema Steffen apresentaram um discurso oferecendo um ramalhete de flores ao "novo" prefeito.
Por direito
Só em 1983 a primeira mulher indaiatubana foi eleita para um cargo. A pioneira foi Hélen Béssie Leite de Morais Castilho, que exerceu a vereança de 1983 a 1988. Durante este mesmo espaço de tempo, Itamar da Silva Maciel, eleita segunda suplente, assumiu o cargo substituindo vereadores titulares em alguns pequenos períodos.
Mas foi no final do ano de 1997 que as damas bateram seu recorde na Câmara. No dia 8 de dezembro, a vereadora Celi Aparecida Brandt (PT) assumiu o cargo deixado por Carlos Alberto Rezende Lopes (PT), o Linho.
Celi juntou-se às outras duas representantes femininas eleitas em 1996: Rosana de Souza Magalhães (PDT) e Rita Francisca Gonçalves (PT) que tiveram 1073 e 668 votos, respectivamente.
Professoras
Boa parte das mulheres que tê força na memória dos indaiatubanos são professoras aposentadas. Maria Nazaret Pimentel, Lúcia Steffen e Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro.
Maria Nazareth tinha um extremo gosto por estudar e demonstrou tal determinação ao se formar com a primeira turma ginasial da cidade aos 33 anos. Depois disso cursou o Magistério em Itu, formou-se em Administração Escolar pela Universidade de Mogi das Cruzes (1968) e fez vários cursos de especialização.
Sua carreira profissional teve início na Fazenda Quilombo Grande. Na década de 60, ela ingressou na rede estadual e foi dar aulas em São João do Pau D´Alho, na divisa de São Paulo com Mato Grosso do Sul. Depois de passar pela diretoria, aposentou-se como assistente de direção do Grupo Escolar Randolfo Moreira Fernandes.
(...) ela e Lúcia Steffen foram homenageadas há alguns anos [ainda vivas], emprestando seus nomes para escolas municipais de educação infantil, demonstrando que o trabalho delas justifica a exceção à regra de se nomear escolas com pessoas já falecidas.
Lúcia foi professora de Educação Física do EEPSG Dom José de Camargo Barros. Ela é vista como um símbolo de eventos como Desfile de Sete de Setembro que criou e realizou por muitos anos na cidade, tanto que foi homenageada quando esta tradição foi retomada... [em 1997].
A realização de eventos também tem uma presença forte na carreira da professora Sylvia Sannazzaro, que publicou suas memórias no livro O Tempo e a Gente, em 1997. Sylvia, formada com a primeira turma de normalistas da Escola Nossa Senhora do Patricínio de Itu, foi responsável por várias campanhas beneficente, entre elas a que possibilitou a construção da Maternidade Albertina Sampaio de Paula Leite, prédio demolido para a construção do Forum.
Sombra
"Por traz de um grande homem, há sempre uma grande mulher", diz o velho ditado. Mas o fato é que há grandes mulheres que ficam apenas atrás dos homens e não são lembradas por seu valor, mas sim por serem "esposas de fulano de tal".
Um exemplo disso é encontrado em dona Cleonice, esposa do compositor Nabor Pires Camargo. Vista apenas como companheira do célebre músico, ela é responsável, por exemplo, pela letra do celebrado Luar de Indaiatuba.
Na peça musical Ara-Erê-Uçu (Um grande dia de festa), Cleonice escreveu as letras em tupi-guarani. No entanto, recorrendo-se aos jornais da época, o máximo que se encontra é uma afirmação de que o lirismo dela combinava-se à inspiração musical de Nabor.
Embora seja a "esposa do médico Jácomo Nazário", Catherina Ioan Nazário também teve sua importância e chegou a abalar a estrutura da sociedade indaiatubana. Catherina nasceu na Romênia, foi educada na Itália e chegou ao Brasil beirando os 15 anos.
Um ano mais arde, casou-se com Don Sebatian Gomes, em Araraquara, com quem teve sua primeira filha. casamento durou apenas quatro anos, pois seu marido faleceu em 1929. O tempo passou e Rina (é assim que ela é mais conhecida) encontrou o doutor Nazário, que possuía três filhos do primeiro casamento.
Rina aceitou o que ela definiu como missão e veio para Indaiatuba, em 1945, tendo que enfrentar preconceitos para poder continuar a usar calça comprida ou mesmo andar de bicicleta. Um pouco disso está registrado no acervo da Fundação. " (...) enfrentei uma sociedade muito dura na época, pois mulher que se casasse com homem separado era vulgar". relata. "Sempre andei muito bem arrumadinha, penteada, o que já não acontecia com as "beatas" que ora me procuravam para angariar donativos e, ora, quando me encontravam na rua, passavam para outra calçada".
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Sonia Barnabé comentou, via Facebook:
ResponderExcluir"Oi Eliana que maravilha este trabalho que vc vem desenvolvendo sobre as mulheres de Indaiatuba duas delas são minhas tias a Helena e a Antonietta vc sabia que ela tocava piano no cinema quando os filmes eram mudos bjs"
Isney, via Facebook, comentou:
ResponderExcluirFiquei feliz ao ler o nome da minha mãe entre as mulheres de Indaiatuba. Ela ainda vive e está com 96 anos.. cabeçinha fraca ( de tanto pensar gastou) obrigada (Antonieta Milani agora Amaral Gurgel)