Eliana Belo Silva
Coluna semanal "Identidade Indaiatubana - Jornal Exemplo"
16/12/2015
A FLORA DE NOSSA INDAIATUBA
Nos textos dos cronistas que escreveram sobre nossa Indaiatuba antiga, as árvores, com seus frutos, folhas, flores e sombra acolhedoras, são sempre citadas entre as lembranças mais gratas.
A palmeira de indaiá é a mais frequente, e não é para menos. Havia tantas delas espalhadas naturalmente por nossos campos que os primeiros habitantes do lugar (índios tupis-guaranis, não se sabe ao certo desde quando) batizaram esse local como o nome “indaiá-tuba”, cujo significado topológico é “local de muitos indaiás”.
Tínhamos, no território geográfico onde hoje é Indaiatuba, dois ecossistemas: Mata Atlântica e Cerrado, onde estavam os indaiás largamente espalhados pelas cotias.
Bem mais tarde, com a chegada e domínio do branco português, essas terras entraram na divisão que a Coroa Portuguesa fez de seu território “descoberto” por Cabral: tornaram-se uma sesmaria, subdivisão da Capitania Hereditária de São Vicente, a ‘Sesmaria de Cocaes’, pertencente a Joaquim Gonçalves Bicudo, onde, por ser um local de passagem entre Itu e Capinas (São Carlos) cresceria o povoado também chamado de Vila dos Cocaes, tudo em referência as palmeiras de indaiá, que hoje é raríssima, principalmente por ser muito arredia ao plantio e replantio.
Mangueiras de Nabor
Um dos filhos mais ilustres de nossa terra – senão o mais ilustre, o músico Nabor Pires Camargo, é um dos exemplos dos saudosistas que registraram nossas árvores nativas.
Ele conta que ensaiava clarineta em uma frondosa mangueira que existia no quintal de sua casa, na Indaiatuba da primeira década do século passado.
Em seu livro de memórias “Recordações de um Clarinetista” narra que, inclusive, plantou uma delas, e mesmo depois de mudar para São Paulo, nunca esqueceu de sua cidade natal tão amada, onde havia ‘verdes campos cheios de frutos deliciosos’, os indaiás, os araticuns, os guapicurus, as uvaias, as amoras, as pitangas, os cajuzinhos do campo, as guapevas, os araçás e as guabirobas.
A História é uma ciência com função, engana-se quem pensa que é um amontado de fatos e datas para serem decoradas por gente comprometida apenas com eruditismo.
Entre outras lições, ela nos mostra o cenário de nossa identidade, apontando patrimônios (inclusive ambientais) aprazíveis para a construção e consolidação do nosso “eu”, individual ou coletivo, principalmente de modo a nos sentirmos pertencentes ao local em que vivemos, gostando e por consequência, zelando por ele.
Em 2015 foi aprovado o Plano de Arborização Urbana do nosso município, com o objetivo de determinar políticas públicas para plantar, manejar, preservar e expandir a arborização urbana para atingir, até 2020, a meta de 20% da área urbana do município, para isso tendo que plantar aproximadamente 600 mudas por mês.
O que eu tenho com isso?
Considera-se como ideal a quantidade de 1(uma) muda para cada lote de 250 m2.
Para atingir ou até superar a meta, cada casa precisaria ter, então, pelo menos uma árvore frondosa plantada. A Prefeitura doa mudas na Secretaria de Urbanismo (na Rua Afonso Bonito, 215, Vila Brizola), basta fazer um cadastro para receber as orientações necessárias para o plantio e cuidados com a espécie. Caso a quantidade de mudas solicitada seja pequena, até cinco unidades, pode buscar a muda diretamente no Viveiro de Produção de Mudas localizado no Bosque do Saber. Há também o projeto Click Árvore, com um link disponível no site da Prefeitura, no qual o cidadão escolhe a muda que quer em sua calçada. A equipe do Urbanismo agenda o plantio, que é feito gratuitamente, e ainda orienta sobre os cuidados necessários que o proprietário do imóvel deve ter com a muda.
Em uma época em que líderes do mundo reúnem-se para estabelecer estratégias para mitigar o aquecimento global, criar florestas, bosques e parques urbanos em áreas livres ou degradadas contribui ainda para o sequestro de carbono, ação que qualquer um pode fazer individualmente.
E ainda mais: plantar e cuidar das árvores, de preferência as nativas de nossa região ou outras de espécie frutífera que proporciona alimento, abrigo e local de nidificação para a fauna silvestre, melhora a qualidade do ar, contribui para deixar o clima mais ameno, reduz a poluição sonora, melhora o paisagismo e o aspecto visual da cidade, contribui para o controle de enchentes e inundações e o que é muito importante e está relacionado com o início deste texto: contribui para o equilíbrio psicossocial do homem, através da aproximação com o meio natural, ainda mais quando ele lhe proporciona prazerosas memórias.
Com o projeto Click Árvore o cidadão de Indaiatuba poderá fazer o cadastro pela internet, onde escolherá a espécie de árvore desejada e funcionários da Secretaria de Urbanismo e do Meio Ambiente farão o plantio, gratuitamente, no prazo de 20 dias.
As árvores disponíveis são destinadas ao Plano de Arborização Urbana, que consiste no plantio de árvores nas calçadas de residências.
Para plantio em áreas rurais a Prefeitura possui o Programa de Recuperação de Áreas de Preservação Permanente (APP) por meio do qual o interessado pode solicitar à Secretaria de Urbanismo e do Meio Ambiente o apoio técnico e a doação das mudas e insumos.
Retirada de Mudas no Local
Viveiro de Mudas - Telefone: (19) 3894-1014
Rua Donato de Almeida S/N - Jd. Primavera (fundo do Bosque do Saber)
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